Vidas Cheias de Significado em um Mundo Cheio de Propósito
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Mônica Couto Valadares
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Como A Providência Muda Tudo
Para viver com verdadeira esperança neste mundo, é preciso ter uma visão da realidade que possa suportar o peso da realidade.
O que quero dizer com "realidade"? Quero dizer tudo. Nós, humanos, fomos concebidos para procurar compreender não só o mundo físico (realidade material) mas também o mundo metafísico (realidade suprema). Não basta sabermos como tudo funciona; precisamos saber o que tudo significa.
Queremos saber por que é que existimos. De onde veio o mundo? Por que é que existe uma beleza tão deslumbrante e maravilhas macroscópicas e microscópicas incompreensíveis no mundo natural? Por que é que o mal parece infectar e afetar quase tudo? Por que é que há tanto sofrimento?
Queremos saber porque é que os nossos pais se divorciaram. Por que é que eu sobrevivi a esse acidente? Por que é que meus sonhos desmoronaram? O que é que vai acontecer quando eu morrer?
Mas quando fazemos essas perguntas metafísicas, na maioria das vezes o que realmente queremos não são respostas muito detalhadas, mas saber se, no cerne da realidade suprema, tudo tem ou não um propósito. Ou será que tudo isso não faz sentido? Em outras palavras, devemos ter o que os cientistas sociais chamam de visão de mundo — uma grade ou lente interpretativa através da qual vemos tudo de modo a dar sentido a tudo isso.
Portanto, a pergunta é, Que visão da realidade suprema, que visão do mundo, pode suportar todo o peso da realidade incompreensivelmente vasta e complexa na qual vivemos?
A Visão de Mundo da Bíblia
A Bíblia faz uma declaração clara e ousada sobre o que a realidade suprema é: o Deus trino (Gênesis 1:1; João 1:1–3; Mateus 28:19; Atos 17:28; Romanos 11: 36). Mas como descreveríamos a visão de mundo da Bíblia — a rede ou lente interpretativa, moldada pela realidade suprema de Deus, através da qual a Bíblia nos mostra o que tudo significa? Sugiro que a visão de mundo da Bíblia é a providência de Deus.
O que queremos dizer por providência de Deus? John Piper capta-o numa frase: A soberania sábia e proposital de Deus. Então, por que não apenas descrever a visão de mundo da Bíblia como a soberania de Deus? Piper explica que, embora a soberania de Deus "concentra-se no direito e poder de Deus para fazer tudo o que ele quer . . . não expressa qualquer desígnio ou objetivo." Mas "a providência de Deus leva seus planos [soberanos] à ação, guia todas as coisas em direção ao seu objetivo final e conduz à consumação final."
Se a providência de Deus é a lente Bíblica através da qual ele quer que vejamos e compreendamos a nós próprios e ao mundo, o que a Bíblia nos ensina a acreditar acerca da sua soberania sábia e intencional?
[A Bíblia nos ensina a] acreditar que Deus sustenta e governa todas as coisas — das galáxias (Isaías 40:26) às partículas subatômicas (Colossenses 1:16–17), das forças da natureza (Salmos 147:15–18) aos movimentos das nações (Salmos 33:10–11), e dos planos públicos dos políticos (Provérbios 21:1) aos atos secretos de pessoas solitárias (Provérbios 16:9) — tudo de acordo com seus propósitos eternos e sábios (Salmos 104:24) para glorificar a si mesmo, mas de tal forma que ele nunca peca (Deuteronômio 32:4), nem nunca condena uma pessoa injustamente (Romanos 2:11–12); mas que sua ordenação e administração de todas as coisas é compatível com a responsabilidade moral (Romanos 3:19) de todas as pessoas criadas à sua imagem. (Desejando a Deus Afirmação de Fé)
Esta é a visão de mundo da Bíblia. E se isso é o que acreditamos ser verdade sobre a realidade suprema, veremos o mundo — tão terrivelmente infectado com o mal, o pecado e o sofrimento tal como é — impregnado com grande significado. E viveremos com uma corrente subjacente de profunda esperança.
Mas se não for isso o que acreditamos sobre a realidade suprema, se acreditamos que o mundo é um produto de forças irracionais, veremos tudo fundamentalmente sem sentido e viveremos com uma corrente de desespero. O que vemos através daquilo em que acreditamos faz toda a diferença na forma como abordamos a vida.
Mundo Sem Deus
Essa diferença pode ser vista na maneira como dois homens notavelmente brilhantes e influentes do século XX, Bertrand Russell e CS Lewis, entendiam a realidade suprema.
Russell era um naturalista metafísico. Ele não acreditava na existência de Deus; para ele, portanto, a realidade material era a realidade suprema. Sem nenhuma providência divina para guiar o mundo, ele o via como "o resultado de colocações acidentais de átomos" e, portanto, "sem sentido." O que significava, quando se tratava da história da humanidade, ele acreditava
que todos os trabalhos das eras, toda a devoção, toda a inspiração, todo o brilho do meio-dia da genialidade humana, estão destinados à extinção na vasta morte do sistema solar, e que todo o templo da conquista do Homem deve inevitavelmente ser enterrado sob os escombros de um universo em ruínas.
C. S. Lewis entendia bem a visão de mundo de Bertrand Russell, tendo sido ele próprio um naturalista metafísico. Mas depois de passar por uma conversão gradual e árdua ao Cristianismo, a maneira como ele via tudo mudou.
Mundo Guiado por Deus
Olhando através das lentes da revelação bíblica, Lewis viu um cosmos encantado, repleto de significado proposital, tudo apontando para a única coisa que poderia possivelmente endereçar o seu "segredo inconsolável" (29), o seu inegável "desejo [de alegria] que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer" (181): Deus.
Quando se trata da história da humanidade, o que Lewis chegou a ver, não poderia ter sido diferente do que Russell viu:
É uma coisa séria viver numa sociedade de possíveis deuses e deusas, lembrar que a pessoa mais chata e desinteressante com quem você pode conversar, pode um dia ser uma criatura que, se você a visse agora, ficaria fortemente tentada a adorar, ou além disso, um horror e uma corrupção como os que você encontra agora, se é que encontra, apenas em um pesadelo. O dia todo, estamos, de alguma forma, ajudando uns aos outros a alcançar um ou outro desses destinos. . . . Não existem pessoas comuns. Você nunca conversou com um mero mortal. Nações, culturas, artes, civilizações — são mortais, e a sua vida é para nós como a vida de um mosquito. Mas é com os imortais que brincamos, trabalhamos, casamos, desprezamos e exploramos — horrores imortais ou esplendores eternos. (O Peso da Glória, 46–47)
Ah, a diferença que uma visão de mundo faz. Através de sua compreensão da realidade suprema, Russell viu um mundo sem sentido no qual alguém deve edificar a vida "sobre firme alicerce do desespero inabalável." Mas Lewis, através de sua compreensão da realidade suprema, viu a mão providencial de Deus guiando todas as coisas em direção ao seu objetivo supremo, uma parte significativa da qual é, em última análise, dar àqueles que o amam o que suas almas desejam mais profundamente: ele mesmo.
O Que Pode Suportar A Nossa Realidade?
Tanto o naturalismo metafísico de Bertrand Russell quanto o Cristianismo de C. S. Lewis são formas logicamente coerentes de acreditar no que é verdadeiramente real — ambos fazem sentido lógico interno. Qual crença, no entanto, se alinha com mais precisão com o que é verdadeiramente real?
Creio que uma pista reside na forma como respondemos a esta pergunta: Que visão da realidade pode suportar o peso da realidade? Ninguém pode realmente edificar uma vida sobre "o firme alicerce do desespero inabalável." Ninguém pode realmente suportar uma desesperança existencial. Precisamos do alicerce firme do significado supremo para alimentar a esperança que precisamos para viver e prosperar num mundo como o nosso. No fundo, na parte mais visceral e intuitiva de nosso ser, precisamos saber que nossas vidas, com todas as suas alegrias e agonias, de alguma forma se encaixam em algum propósito maior.
Em outras palavras, quer articulemos isso dessa forma ou não, precisamos enxergar o mundo pelas lentes da providência de Deus. Como diz John Piper,
É aí que se encontra o significado supremo. Se quisermos entender alguma coisa, no nível mais importante, começaremos com esta realidade: Deus criou o mundo, mantém sua existência, e governa tudo isso para os seus propósitos. Tudo se relaciona com tudo, porque tudo se relaciona com Deus. O conhecimento disso e o temor do Senhor, é o princípio da sabedoria (Salmos 111:12).
Essa é a visão da realidade que suporta, de outra forma, o peso insuportável da realidade, pois, embora não responda a todas as nossas perguntas confusas, nos fornece a estrutura para compreender as nossas profundas questões existenciais. E, ao fazer isso, direciona as necessidades profundas e inabaláveis da nossa alma por esperança real e alegria duradoura.