Restaure Sua Alma com Humildade
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Aline Araujo
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Se você já é cristão há algum tempo, deve ter decorado os seguintes versículos sem muito esforço, simplesmente porque os ouviu sendo citados tantas vezes:
Confie no Senhor de todo o seu coração
e não se apóie em seu próprio entendimento;
reconheça o Senhor em todos os seus caminhos,
e ele endireitará as suas veredas. (Provérbios 3:5-6, NVI)
Essa promessa é tão estimada, porque é muito libertadora. Nós somos limitados e há tanta coisa que excede nosso entendimento, chega a ser sufocante. Mas nesse mandamento, para confiar naquele que é onisciente, encontramos um lugar de refúgio que nos permite manter nossa sanidade. Encontramos paz na promessa de que se formos humildes o suficiente para obedecer esse mandamento bondoso, Deus conduzirá nosso caminho.
Eu me pergunto, então, visto que não os escuto com tanta frequência, por que não estamos tão familiarizados com os próximos dois versículos?
Não seja sábio aos seus próprios olhos;
tema ao Senhor e evite o mal.
Isso lhe dará saúde ao corpo
e vigor aos ossos. (Provérbios 3:7-8)
Creio que a promessa de vigor dada por Deus deveria ser tão preciosa para nós quanto a orientação dada por Ele.
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Parecido, mas não a mesma coisa
Está claro que o escritor teve a intenção de que seu filho (Provérbios 3:1) - e o restante de nós - lêssemos essas oito linhas (quatro versos) juntas. Não acredito que ele tenha planejado para que fossem separadas, pois elas formam um tipo de paralelismo bastante comum na poesia hebraica e nos livros poéticos:
- O mandamento "Confie no Senhor de todo o seu coração", corresponde à "Não seja sábio com seus próprios olhos";
- "Não se apóie em seu próprio entendimento" corresponde à "tema ao Senhor e evite o mal";
- E a promessa no versículo 6 ("ele endireitará as suas veredas") corresponde à promessa no versículo 8 ("Isso lhe dará... vigor aos ossos").
Esse tipo genial de paralelismo é o que permite que o escritor faça declarações que não sejam redundantes. Há uma clara conexão entre o que os versos 5 e 6 dizem e o que os versículo 7 e 8 declaram, mas essas afirmações não são idênticas. Confiar em Deus com todo o nosso coração não é a mesma coisa que não nos apoiarmos em nosso próprio entendimento (apesar de que podemos fazer o primeiro sem fazer o segundo).
O que Deus dá ao humilde
O que o provérbio faz é girar o diamante de uma verdade profunda na luz da sabedoria de Deus para que possamos ver uma refração daquela luz. O que é essa verdade profunda? Nós a entendemos com clareza mais a frente no capítulo: "Ele zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes" (Provérbios 3:34, NVI).
Provérbios 3:34 é um dos versículos mais citados em toda a Bíblia. Se você não o reconheça, talvez esteja mais familiarizado com a tradução grega do versículo (Septuaginta), a qual ambos os apóstolos, Tiago e Pedro, citam: "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes" (Tiago 4:6, 1 Pedro 5:5, NVI).
Esse é o diamante da verdade que o escritor segura nesse capítulo: Deus dá graça, seu favor, ao humilde. Quando ele o vira de um lado, a luz da sabedoria de Deus reflete os versículos 5 e 6 ("Confia no Senhor de todo o seu coração... e ele endireitará os seus caminhos"). Quando ele o vira do outro lado, irradia os versículos 7 e 8 ("Não seja sábio aos seus próprios olhos... [isso lhe dará] vigor aos ossos"). A orientação na vida e a restauração da alma são graças que Deus dá ao humilde.
Mas já que estamos tão familiarizados com os versículos 5 e 6, vamos ponderar um pouco mais na refração da sabedoria de Deus vistas nos versículos 7 e 8, e na graça que nos é prometida se os escutarmos.
Você não é tão sábio quanto pensa
Primeiro, veja o mandamento "Não seja sábio aos seus próprios olhos; tema ao Senhor e evite o mal" (Provérbios 3:7, NVI).
Ouvir "não seja sábio aos seus próprios olhos" gera uma sensação diferente em nós do que "confie no Senhor de todo o seu coração". Imediatamente aumenta nossa conscientização e confronta "a soberba da vida" (1 João 2:16), o orgulho que todos nós temos como parte da nossa natureza pecaminosa. Esse é o orgulho que pressupõe que temos o conhecimento adequado do bem e do mal, e que sabemos julgar corretamente entre eles. Essa é uma suposição perigosa.
O autor proverbial sabe o quão encantadoramente enganoso esse orgulho é, e nos alerta sobre sua insensatez durante todo o capítulo. O que é tão encantadoramente enganoso é como a escolha do mal parece sábia devido aos benefícios que ela aparenta proporcionar. Quando lemos seus exemplos de más condutas (Provérbios 3:28-34), talvez sejamos tentados em nos achar superiores a tais comportamentos. Mas fato é que nós notoriamente subestimamos o quão confuso as coisas parecem na pressão das situações da vida real, quando estamos com medo, com raiva, sofrendo ou quando somos ameaçados.
Esse mandamento é uma grande misericórdia para todas as situações e decisões difíceis e complexas que enfrentamos. Há momentos que precisamos mais do que uma simples orientação para confiar em Deus. Precisamos de uma sacudida, um alerta escancarado, para não confiarmos em nosso próprio entendimento e nos distanciar do mal. Precisamos ser lembrados de que a nossa própria sabedoria não é confiável.
O poder restaurador da humildade
Por último, veja a promessa poderosa para aqueles que não são sábios a seus próprios olhos, mas confiam em Deus e se afastam do mal:
Isso lhe dará saúde ao corpo
e vigor aos ossos. (Provérbios 3:8, NVI)
Perceba as palavras escolhidas pelo autor: "saúde" e "vigor". Esses são termos restauradores. Porque ele os utiliza?
Porque esse pai experiente sabe da brutalidade causada na alma por fazer o mal e ser tentado ao mal. Ele sabe que "o coração em paz dá vida ao corpo, mas a inveja apodrece os ossos" (Provérbios 14:30, NVI). Ele sabe o que Davi quis dizer quando escreveu "Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer" (Salmos 32:3, NVI). Ele sabe que o mal infringe a consciência e cria um conflito terrível entre Deus e o homem. E ele quer que seu filho, e todos os seus leitores, experimentem a paz (Provérbios 3:2), ou o retorno para a paz se estiverem se desviado para o mal.
E o caminho para a paz profunda e revigorante de Deus é viver humildemente diante dele.
Se humilhem
O apóstolo Paulo estava contemplando o diamante da verdade em Provérbios 3 quando escreveu,
Sejam todos humildes uns para com os outros, porque "Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes". Portanto, humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês. (1 Pedro 5:5-7, NVI)
Deus concede graça ao humilde. Para aqueles que humildemente confiam nele com todo seu coração, Ele concede a graça da orientação. Para aqueles que humildemente recusam a sabedoria dos seus próprios olhos, Ele dá a graça da paz restauradora. Para aqueles que se humilham debaixo da sua mão, Ele dará a graça de exaltação. E para aqueles que humildemente lançam sua ansiedade sobre Ele, Ele dará a graça de carregar suas preocupações.
É muito bom nos familiarizarmos com os versículos 7 e 8 de Provérbios 3 da mesma forma que os versículos 5 e 6. Há momentos que devemos lembrar em confiar no Senhor com todo nosso coração, e momentos que devemos lembrar de não sermos sábios a nossos próprios olhos. Elas são parecidas, relacionadas e complementares, mas diferentes refrações da sabedoria de Deus. E ambas nos fazem lembrar que cultivar a humildade diante de Deus está entre uma das coisas mais saudáveis que podemos fazer para nossa alma.