Quatro razões para partilhar as suas lutas pessoais com os não-cristãos

De Livros e Sermões Bíblicos

Recursos relacionados
Mais Por John Piper
Índice de Autores
Mais Sobre Evangelicalismo
Índice de Tópicos
Recurso da Semana
Todas as semanas nós enviamos um novo recurso de autores como John Piper, R.C. Sproul, Mark Dever, e Charles Spurgeon. Inscreva-se aqui—Grátis. RSS.

Sobre esta tradução
English: Four Reasons to Share Your Personal Struggles with Non-Christians

© Desiring God

Partilhar este
Nossa Missão
Esta tradução é publicada pelo Traduções do Evangelho, um ministério que existe on-line para pregar o Evangelho através de livros e artigos disponíveis gratuitamente para todas as nações e línguas.

Saber mais (English).
Como podes Ajudar
Se você fala Inglês bem, você pode ser voluntário conosco como tradutor.

Saber mais (English).

Por John Piper Sobre Evangelicalismo
Uma Parte da série Ask Pastor John

Tradução por Vanessa Medeiros

Review Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).



Transcrição de Áudio

Hannah, uma ouvinte, enviou uma pergunta muito boa: "Olá Pastor John! Tenho um amigo muçulmano e almejo a sua salvação nesta amizade, mas nunca partilho as minhas fraquezas (fraquezas morais, maus hábitos, até as minhas próprias lutas com o pecado). Abstenho-me por medo de que, se eu compartilhasse essas coisas, esse amigo veria a mim e a Cristo de uma forma negativa. Meu pensamento é: por que eu deveria falar sobre minhas fraquezas para um incrédulo, já que eles não podem ajudar de qualquer maneira? Ou, se devo fazê-lo, qual é o objetivo e o que espero alcançar ao falar para esta pessoa sobre as minhas fraquezas? Pode ajudar-me a pensar sobre isso?”

Hannah diz que evita compartilhar suas fraquezas com seu amigo muçulmano ou outros incrédulos por medo de que eles a vejam em Cristo sob uma ótica negativa. Essa é uma preocupação Bíblica real, apropriada, porque a Bíblia repetidamente nos chama a deixar nossa luz brilhar para que as pessoas possam ver nossas boas ações e dar glória a nosso Pai (ver Mateus 5:16; 1 Pedro 2:12). Portanto, não é errado querer que os incrédulos nos vejam como praticantes do bem e não como fracassos morais.

Mas – há sempre um "mas" – mas, a par dessa preocupação, é preciso colocar outra preocupação: comunicar um falso perfeccionismo e uma visão do evangelho que não se deleita com a promessa de perdão contínuo dos pecados e a justificação do não-piedoso. Então, Hannah precisa encontrar um caminho entre ser indiferente à demonstração do poder de Deus, como se isso não importasse por um lado e a comunicação de um perfeccionismo minimizador do evangelho, por outro lado.

Então, eu mencionaria talvez quatro razões pelas quais Hannah deveria compartilhar sábia e humildemente com os incrédulos, incluindo seu amigo muçulmano, suas próprias lutas: lutas para confiar, lutas para seguir, lutas para obedecer a Jesus e viver uma vida consistente com Suas misericórdias e Suas promessas e Sua Palavra.

Então, primeiro, ela deveria fazer isso porque o apóstolo Paulo fez isso. Ele disse muito abertamente em 2 Coríntios 12:7 que um espinho foi dado a ele na carne, um mensageiro de Satanás para assediá-lo, para impedi-lo de se tornar pretencioso. Ele escreve: "três vezes eu implorei ao Senhor sobre isso, que me deixasse. Mas Ele disse" – disse Deus, disse Jesus – "basta-vos a minha graça, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:8-9). Foi por isso que pensei nesta passagem: "fraqueza", porque ela está preocupada em partilhar a fraqueza. E aqui está Paulo engrandecendo a sua fraqueza por causa da glória de Cristo. Por isso, ela tem de incitar isso no seu pensamento.

E em Romanos 7 no final – e sim, eu acredito que Romanos 7 é uma experiência cristã nesse debate – "homem miserável que eu sou! Quem me livrará deste corpo de morte?” E então ele exulta: "graças a Deus por Jesus Cristo, Nosso Senhor!” E então, continua. "Então, eu mesmo sirvo à Lei de Deus com a minha mente, mas com a minha carne" – em outras palavras, quando a minha carne prevalece – "sirvo à Lei do pecado" (Romanos 7:24-25). E ele tão corajosamente expõe isso.

Assim, o exemplo de Paulo deveria libertar-nos para falar do nosso quebrantamento e fraqueza e, penso eu, até da nossa luta contra os pecados, sendo sempre sensíveis ao que é apropriado em cada situação. Então esta é a primeira razão.

Em segundo lugar, penso que deveríamos estar dispostos a partilhar as nossas fraquezas com os incrédulos, para não darmos a impressão de uma falsa visão do que significa ser convertido a Cristo e o que significa ser santificado. João diz em 1 João 1: 8-10: "se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos" – tempo presente – "e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e para nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemos Dele um mentiroso e a sua Palavra não está em nós”.

Agora, muitos incrédulos – esta tem sido a minha experiência ao longo dos anos – muitos incrédulos são impedidos de considerar seriamente o cristianismo porque acreditam que o padrão de comportamento que seria esperado deles é inconcebível. Por um lado, eles não sabem nada sobre o poder do Espírito Santo e, por outro lado, podem ter sérios equívocos sobre a perfeição e sobre as pessoas que são cristãs e como elas são. E Hannah poderia ajudá-los a ter uma visão clara da conversão e da vida cristã, se falasse dela de forma realista em relação ao Espírito Santo.

Em terceiro lugar, deveríamos estar dispostos a falar sobre as nossas fraquezas e lutas, porque isso dará esperança aos incrédulos de que os cristãos são pessoas reais com lutas reais, em vez de uma espécie de raça moral superior que, é claro, eles sabem que não somos de qualquer maneira.

E, por último, em quarto lugar, devemos estar dispostos a partilhar as nossas fraquezas, mesmo com os incrédulos, a fim de magnificar a extraordinária graça e paciência de Deus em Cristo. Então Paulo fez isso em 1 Timóteo 1:16. Ele disse: "Eu recebi misericórdia por esta razão, para que em mim, como o principal, Jesus Cristo, pudesse mostrar sua perfeita paciência como um exemplo para aqueles que deveriam acreditar nele para a vida eterna”. Portanto, o ponto aqui é que a verdadeira natureza do evangelho, a verdadeira natureza da graça e da misericórdia em Cristo, são destacadas quando descrevemos aos incrédulos como o perdão é precioso para nós e como a paciência de Deus é preciosa para nós quando estamos lutando para obedecer, mesmo depois de nos tornarmos cristãos.

Por isso, concluo que Hannah deveria pensar não apenas em quais fraquezas devem ser mencionadas, mas também em porque Cristo é precioso para ela em vista de suas fraquezas. Em outras palavras, falar sobre suas fraquezas não é o ponto. Falar de Cristo, da sua paciência, da sua graça, do seu valor e da sua preciosidade em relação às suas fraquezas: eis a questão. É uma forma de falar de Cristo. Então, talvez ela devesse apenas rever a sua questão. Não apenas, "devo falar sobre minhas fraquezas", mas "devo falar sobre as glórias de Cristo em relação às minhas fraquezas"?

Portanto, pelo menos por estas quatro razões, encorajo Hannah e todos nós a fazer da verdade sobre a nossa vida um meio de celebrar a grandeza de Cristo.