Quando o Sofrimento Afasta o Prazer
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Vaneetha Rendall Risner Sobre Sofrimento
Tradução por Natalia Moreira
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Procurando Deus em Lugares Áridos
Eu estava na casa dos vinte quando concluí que a vida cristã é chata.
Eu lia a bíblia regularmente, mas frequentemente sem compreendê-la; apenas não era tão interessante. Eu tinha uma lista de orações para meus amigos, mas sentia que era uma obrigação; minhas preces não pareciam influenciar muita coisa, de qualquer maneira. Eu frequentava a igreja todo final de semana, mas não prestava muita atenção no sermão; grande parte do motivo de estar lá era meus amigos. Eu era grata por Cristo ter morrido por mim e me salvado do pecado, mas pouco disso me deixava animada. Presumi que era assim que todos se sentiam após a animação inicial da conversa passar.
Eu estava contente com minha fé quase superficial até que meu filho estava morrendo, então passei de apatia para raiva em relação a Deus. Por que ele não salvou meu filho depois de eu tê-Lo implorado? Eu me sentia vazia e sem propósito até meses depois, quando gritei em desespero para Deus.
Para a minha surpresa, ele me respondeu ao me rodear com uma presença inegável Dele. Eu comecei a falar com Deus mais honestamente do que antes, frequentemente usando as palavras da Escritura. Era libertador e vivificante, e eu esperava que nunca acabasse. Mas enquanto a intensidade do meu luto diminuía, assim acontecia com minha conexão com Deus também.
Rezando por uma Paixão
Nessa época, eu ouvi um sermão de John Piper sobre amar Deus do jeito que amamos nosso cônjuge. Eu nunca tinha ouvido ninguém falar com tanta paixão sobre Deus antes, e isso me fez reconsiderar meu próprio desejo sobre Deus — ou a falta dele. Em seguida, ouvi outra pessoa cujo amor por Jesus irradiava pelas palavras também, e indaguei se eu mesma poderia desenvolver esse tipo de paixão. Ela falava sobre a intimidade do relacionamento dela com Deus, como Ele apareceu do jeito mais espetacular durante as horas mais sombrias.
Assim, comecei a pedir a Deus para que me desse essa paixão por ele. Eu queria me maravilhar em Deus, mas não havia uma fórmula para seguir, não havia passos a dar, nem como evocá-lo. Eu precisava que Deus fornecesse uma faísca.
A faísca veio quando eu estava batalhando contra uma condição crônica debilitante enquanto criava duas filhas adolescentes após meu marido nos deixar. A vida estava impossivelmente difícil, e eu precisava de Deus de maneiras que nunca precisei antes. Foi nessa época que encontrei uma alegria profunda e permanente que me transformou por completo. Isso é o que eu aprendi sobre encontrar o verdadeiro prazer em Deus.
Caminhos para o Prazer
Primeiro, eu devo ser autêntica com Deus, mesmo na dor. Às vezes, me afasto de Deus, ressentida e amarga, pensando que eu não pude dizê-lo como me sentia. Mas murmurar palavras de oração quando meu coração está longe de Deus não honra o Senhor (Isaías 29:13), e nunca leva a uma paixão mais profunda por Ele.
Ao invés de ser superficial na minha adoração e, internamente, virar as costas, ou então reclamar sobre Deus e me afastar indiferentemente, eu precisava falar com Deus diretamente. Nós podemos contar a ele nossos medos mais secretos e frustrações, como evidenciado pelas palavras de Jó, Jeremias e dos salmistas. Prazer em Deus irradia de dentro (Romanos 7:22), do qual requer honestidade e verdade em nosso ser íntimo (Salmos 51:6).
Segundo, desenvolver uma paixão por Deus requer foco e intenção. Eu não podia simplesmente me deixar levar por ele. Jacó lutou com Deus durante a noite e não deixou o Senhor ir embora nem mesmo ao amanhecer até que Deus o abençoasse (Gênesis 32:26). Essa tenacidade deve nos servir de modelo ao nos apegarmos a Deus até que ele nos dê o desejo de tê-lo. Continue pedindo, continue procurando, continue batendo na porta até estar satisfeito. Desde que o Senhor nos prometa que o acharemos quando o procurarmos de todo o coração, nós devemos esperar que Ele nos responda com nada menos do que si mesmo. (Mateus 7:7-11; Jeremias 29:13).
Terceiro, eu adicionei coisas na minha vida que me guiaram ao prazer, embora, a princípio, elas parecessem apenas deveres. Eu comecei a ler a bíblia com papel e caneta em mãos, esperando que Deus me mostrasse algo — mesmo quando meus dias eram esmagadores e a bíblia parecia não ter vida. Eu rezei com expectativa e procurei pela resposta de Deus às minhas preces — mesmo quando eu estava exausta e me perguntava se Deus estava mesmo ouvindo. Eu fui à igreja e prestei atenção aos sermões, acreditando que Deus falaria comigo através deles. Eu me rodeei de crentes e iniciei conversas sobre fé — mesmo quando meus amigos não-cristãos pareciam mais divertidos.
Todas essas coisas foram os meios da graça de Deus para me levar ao deleite.
Ame-O ao Encontrá-Lo
Quando não desejamos Deus, precisamos começar a andar em direção Dele — uma caminhada que antecipa o deleite está por vir. Se perdermos de vista o objetivo e nos contentarmos com uma vida irrigada por apenas deveres, nossa fé se tornará rígida e sem sentido, e nós provavelmente nos afastaremos quando testados. Uma fé apenas intelectual e superficial não pode nos sustentar. No final, fé sem o menor resquício de prazer não é fé genuína.
Ainda assim, se queremos uma relação vívida e genuína com Deus, não podemos deixar de lado a obediência e simplesmente esperar que o prazer nos domine. Devemos nos entregar totalmente a Deus, pedindo-Lhe continuamente que dê uma vida nova, mais vibrante e mais satisfatória à nossa relação. Paixão por Deus nem sempre se desenvolve de um dia para o outro. Enquanto está crescendo, ler a bíblia se transformará de obrigação a deleite. As palavras de Deus trarão um prazer contínuo que nos sustentará em nossa aflição (Salmos 119:92). Até que isso aconteça, devemos confiar no trabalho lento de Deus ao continuar nos apoiando Nele.
Quando confiamos no Senhor, nos mantemos fiéis e nos comprometemos a Ele, nós aprendemos a nos deleitar em Deus (Salmos 37:3-5). Ao perseguir esse prazer, podemos pedir a Deus para nos ensinar o caminho e a se revelar no processo. Isso começa e termina com Deus.
A prece de Ambrósio de Milão resume isso muito bem:
Senhor, ensine-me a buscá-lo e revele-se a mim quando eu o buscar. Pois não posso buscá-lo a menos que você me ensine primeiro, nem encontrá-lo a menos que você se revele primeiro a mim. Permita-me buscá-lo com anseio e ansiar por você na busca. Que eu o encontre no amor e o ame ao encontrá-lo.
O dever árido e a força de vontade não nos sustentarão durante o sofrimento. Em momentos sombrios, inevitavelmente buscaremos o que nos satisfaz, nos conforta e nos traz alegria. Deus deve ser tudo isso para nós e, se não for, devemos pedir, buscar e bater na porta até que Ele seja. Vamos encontrá-lo no amor e amá-lo no encontro.