Quando Deus não se aproxima
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Marshall Segal Sobre Sofrimento
Tradução por Adriana Castellari
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Quando você está desesperado para que Deus intervenha em meio às suas provações, em que parte da Bíblia você mais busca esperança?
Durante a última década, 2Crônicas 16.9 tem sido um versículo favorito para mim: “Pois os olhos do SENHOR estão atentos sobre toda a terra para fortalecer aqueles que lhe dedicam totalmente o coração”. Deus não é lento para ver as nossas necessidades. Ele não está distraído ou preocupado. Seus olhos percorrem a terra para dar forte apoio àqueles que são seus. Ele é um Pai atento e um consolador tenaz.
A intensidade e a ternura do amor de Deus neste versículo tornam as próximas cinco palavras ainda mais assustadoras:
“Nisso você cometeu uma loucura.” (2Crônicas 16.9)
Quando o profeta Hanani lembrou ao rei Asa que os olhos de Deus percorrem toda a terra, ele estava advertindo o rei, até mesmo o condenando, e não o tranquilizando ou confortando. Qual foi sua mensagem para Asa? Se você buscar a ajuda de Deus em sua angústia, nada nem ninguém poderá lhe fazer mal. Mas se você buscar ajuda em outro lugar e não se voltar para Deus, ninguém e nada poderá salvá-lo.
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Como confiar em Deus
Asa conhecia a doçura de ver Deus enviar repentinamente um apoio poderoso. Apenas dois capítulos antes, quando um milhão de etíopes avançaram contra seu exército, e ele estava em desvantagem numérica de dois para um,
clamou ao SENHOR, seu Deus: “SENHOR, não há ninguém como tu para ajudar os fracos contra os poderosos. Ajuda‑nos, ó SENHOR, nosso Deus, pois em ti confiamos e no teu nome viemos contra este imenso exército. Ó SENHOR, tu és o nosso Deus; não deixes o homem prevalecer contra ti.” (2Crônicas 14.11)
Que tipo de coração Deus busca apoiar? Primeiro, aquele que reconhece que ninguém e nada pode ajudar como ele: “SENHOR, não há ninguém como tu para ajudar”. Deus não promete ajudar aqueles que o tratam como último recurso, e nem como a primeira defesa. Asa voltou-se imediatamente para Deus quando os etíopes invadiram, não para seus próprios recursos nem para seus aliados, porque sabia que somente Deus era maior que todos os seus inimigos.
Segundo, aquele cujo coração é íntegro para com Deus reconhece sua própria fraqueza e a força de Deus: “SENHOR, não há ninguém como tu para ajudar os fracos contra os poderosos”. Os etíopes eram mais poderosos, em força e em número. Judá, a nação sob o governo de Asa, era fraca. Mas o rei sabia que seu Deus confunde a sabedoria até dos homens mais sábios e desfaz o poder dos exércitos mais fortes; tornando os poderosos fracos e os fracos poderosos para revelar ainda mais sua própria magnificência.
Terceiro, Asa deu o próximo passo com coragem, confiando em Deus. Ele orou: “Ajuda-nos, SENHOR, nosso Deus, pois em ti confiamos e em teu nome viemos contra este exército”. Porque confiaram em seu Soberano Deus para agir, eles não fugiram ou se esconderam, mas avançaram. Eles entraram em uma batalha que não poderiam vencer sozinhos.
O que acontece quando Asa recorre a Deus em busca de ajuda? Deus corre para lutar por Asa: “O SENHOR derrotou os etíopes diante de Asa e de Judá. Judá, e os etíopes fugiram” (2Crônicas 14.12). Asa confiou no SENHOR, e Deus derrotou um milhão de soldados.
Suas guerras não acabarão
Mas o coração de Asa não permaneceu totalmente entregue a Deus. Quando Baasa, rei de Israel, atacou Judá, embora Asa já tivesse visto o SENHOR derrotar um milhão de etíopes porque ele orou, o rei recorreu à Síria em busca de ajuda, e não a Deus.
Então, Asa ajuntou a prata e o ouro do tesouro do templo do SENHOR e do seu próprio palácio e os enviou a Ben-Hadade, rei da Síria. . . . Ben-Hadade aceitou a proposta do rei Asa e ordenou aos comandantes dos seus exércitos que atacassem as cidades de Israel. Eles conquistaram Ijom, Dã, Abel-Maim e todas as cidades de armazenamento de Naftali. (2Crônicas 16.2,4)
Com a ajuda da Síria, Asa venceu a batalha, mas perdeu o apoio do SENHOR. Os olhos ardentes que antes iam de um lado para o outro para ajudá-lo, agora se esconderam dele. “Nisso você cometeu uma loucura”, diz o profeta, “de agora em diante, terá que enfrentar guerras” (2Crônicas 16.9).
Deus não o ajudará
Quando corremos para alguém ou algo, excluindo Deus, revelamos que, no fundo, confiamos em nós mesmos em vez de confiarmos nele. Confiamos que sabemos mais do que Deus o que seria melhor para nós. Em vez de parar, orar e buscar a Deus por apoio e direção, desbloqueamos nossos telefones e percorremos nossos contatos em busca de alguém como a Síria.
Quando o conflito surge em nossos casamentos e amizades, e negligenciamos a necessidade de parar e pedir a ajuda de Deus, deveríamos nos surpreender quando os conflitos se tornam mais frequentes e voláteis? Quando nossos ministérios estão atolados em pântanos de problemas relacionais ou organizacionais, e continuamos adiando orações concentradas sobre as questões, esperamos que as águas não subam ainda mais enquanto nossos pés afundam cada vez mais? Quando decisões importantes pairam como uma nuvem de tempestade, e fazemos tudo o que podemos pensar em fazer, exceto a coisa mais importante, não sentiremos como se um milhão de inimigos tivesse se alinhado contra nós?
Asa nos ensina por meio de um fracasso persistente: se confiarmos em nós mesmos e procurarmos ajuda em outro lugar, Deus não só nos deixará nos virar sozinhos, como as guerras podem nunca acabar.
A pior maneira de morrer
E se Asa tivesse visto o quanto ele perdeu quando venceu a batalha sem Deus? E se ele tivesse visto o quão rasa e temporária era sua vitória? E se ele tivesse ouvido? Em vez disso, Asa odiou a mensagem do profeta: “Asa irritou‑se contra o vidente por causa disso; ficou tão indignado que mandou prendê‑lo” (2Crônicas 16.10). É assim que a teimosa autossuficiência responde quando é confrontada com a verdade, em Asa e em nós.
Três anos terríveis se passaram até a morte de Asa: “No trigésimo nono ano do seu reinado, Asa foi atacado por uma doença nos pés, e a doença se agravou. Mesmo assim, na sua doença, ele não buscou ajuda do SENHOR, mas apenas dos médicos” (2Crônicas 16.12). Existe uma morte mais lamentável? Ele preferiu morrer nas mãos dos médicos a se entregar nas mãos de Deus. Jesus diria: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Marcos 2.17); mesmo quando a doença subiu de seus pés até o coração.
Quando você precisa dele
Quando Deus nos lembra, por meio de sua palavra, o quanto precisamos dele, ou o orgulho se levantará em fúria para se defender, ou a humildade nos coloca de joelhos com alegria e um coração quebrantado. Quando sentimos nossa necessidade de Deus, mas resistimos a correr para ele, não devemos esperar que ele corra para nós. Ele não apoiará nossa autossuficiência, pois isso diz muito pouco sobre quem ele é. Outro rei, o humilhado rei Davi, teria advertido Asa (e qualquer um como ele), "Embora esteja nas alturas, o SENHOR olha para os humildes; já os arrogantes, ele os reconhece de longe” (Salmo 138.6).
No entanto, se corrermos para Deus e confiarmos nele, lançando sobre ele nossa ansiedade, porque ele cuida de nós (1Pedro 5.7), crendo que aquele que não poupou seu próprio Filho por nós, nos dará graciosamente tudo o que precisamos para a alegria eterna (Romanos 8.32), o próprio Deus nos ajudará — sempre que precisarmos dele, mesmo se nos sentirmos fracos, independentemente de quem ou do que esteja contra nós, custe o que custar.
Se seus olhos percorreram toda a terra para resgatar um rei antigo e errante, quanto mais ele correrá para resgatar aqueles por quem seu Filho morreu para salvar.