Preso Entre Deus e o Mundo
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Greg Morse Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Ana Cristina Bonetti
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Como Eu Quase Morri na Indecisão
Alguns textos te marcam para a vida toda. Como Jacó, você luta com eles e, embora saia com uma bênção, você sai mancando. Você pensa diferente. Você ora diferente. Você ama, fala e age diferente. A vida como era antes não pode mais existir.
A pergunta de Elias para o povo de Israel que estava vacilando tem sido um desses textos para mim. Como um jovem universitário, sozinho em meu quarto no dormitório com uma Bíblia que eu tinha acabado de começar a ler, me deparei com ele:
Até quando vocês vão titubear para um lado e para outro? Se o Senhor é Deus, sigam-no; se, porém, é Baal, sigam-no. (1 Reis 18:21)
Quando li isso em meu sofá foi como se eu tivesse testemunhado a cena se desenrolar em primeira mão.
"É você mesmo, perturbador de Israel?" O rei perverso dirigiu-se ao profeta que havia caçado como um cervo na floresta. Ele zombou. Não era comum que a presa atraísse o caçador ou o peixe, o pescador. Mas aqui, desarmado e sozinho, o profeta emergiu de seu esconderijo para desafiar seu perseguidor, e todos os seus profetas, para um confronto público.
"Não tenho perturbado Israel — Elias respondeu — mas sim você e a família do seu pai. Vocês abandonaram os mandamentos do Senhor e seguiram os baalins. Agora convoque todo o povo de Israel para encontrar-se comigo no monte Carmelo. Traga os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá que comem à mesa de Jezabel" (1 Reis 18:18-19).
Acabe concordou de bom grado.
A notícia se espalhou rapidamente; o povo de Israel se aglomerava para ver o espetáculo. Tomei meu lugar em meio à multidão. O entusiasmo era palpável enquanto os profetas e seus deuses se preparavam para a guerra. O rei de Baal e o seu exército de profetas estava em um canto; o profeta do Senhor se aproximou sozinho, tomando posição no outro canto.
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Perfurado Sem Uma Arma
Contudo, conforme o profeta avançava em direção à montanha para enfrentar as centenas de profetas, seus olhos flamejantes (de Elias) estavam fixos em outro lugar. Ele nos fitou, aproximando-se de nós. O competidor caminhou até a multidão, observando-nos lentamente, e levantou sua voz para que todos pudessem ouvi-lo,
Até quando vocês vão titubear para um lado e para outro? Se o Senhor é Deus, sigam-no; se, porém, é Baal, sigam-no. (1 Reis 18:21)
Desarmado, ele atirou sua primeira flecha. Sem espada, ele me atingiu no coração. Sozinho, tremi ao ouvir outra pessoa falar.
Ao ler aquelas palavras, uma vida inteira de indecisão espiritual passou diante dos meus olhos. Tomou forma diante de mim. A criatura anfíbia, fruto de uma mundanidade vigorosa e de uma religiosidade fraca, ergueu a cabeça. Ostentava a beleza horrenda de um demônio. Esse anjo de luz havia agradado minha consciência semiconsciente por toda a vida, enquanto permanecia falso o suficiente para condenar minha alma.
Esse deus que eu seguia não se incomodava com a minha mornidão — os inícios e paradas, os altos e baixos do que eu considerava ser devoção cristã. Nenhum dos meus profetas me interrompia nem protestava quando eu fazia as coisas do jeito. Por mais de uma década, meu deus foi obediente, educado, civilizado. Ele não pedia muito, não me ameaçava e nem me pedia nada do que eu já não havia concordado. Ele permanecia sentado no canto do mundo, apenas sorrindo para mim, seu amado.
Se Ele For Deus
O profeta, contudo, servia a outro Deus. Um Deus zeloso. Um Deus que não toleraria mais um segundo de hesitação. E esse profeta ardia com o fogo do seu mestre. Elias decidiu que, se estava caminhando a passos largos para sua própria morte, deixaria seu povo indeciso com uma simples pergunta: Até quando, ó ave infiel, voarás de um galho para outro?
Nós, as pessoas, éramos os únicos indecisos frente àquela montanha. Os profetas de Baal estavam decididos, a ponto de derramarem seu próprio sangue. Eles se cortavam com espadas para invocar uma resposta de Baal. O rei Acabe também estava decidido. Ele e sua perversa esposa, Jezabel, perseguiam os profetas de Yaweh e banqueteavam com os profetas de Baal. Elias estava decidido. Ele permaneceu sozinho frente a uma legião espiritual das trevas, certo de que seu Deus poderia engolir todos aqueles poderosos peixinhos.
Nesse momento, um pensamento quase inédito invadiu minha mente: Um Deus, se de fato for Deus, deve ser seguido integralmente. Qualquer Deus verdadeiro deve ser completamente obedecido. Ele exigia uma decisão. Ele deve ser a realidade mais importante na vida de alguém. E então, a surpreendente conclusão que eu professava há anos finalmente me alcançou: Eu acreditava que Deus existia. Um ser eterno, uma Pessoa infinita, um monarca supremo.
Elias olhou-me nos olhos e disse: "Se o mundo, sua carne ou você mesmo são deuses — siga-os. Coma e beba pois amanhã você morrerá. Mas, se o Deus das Escrituras é Deus, então a razão, a justiça e a própria sanidade clamam: se este Deus glorioso, poderoso e belo o quer, então você deve segui-lo — sem reservas, sem questionamentos e sem hesitação".
Como eu respondi ao profeta?
"O povo, contudo, nada respondeu" (1 Reis, 18:21). Juntei-me a multidão em silêncio solene.
Os mais ousados entre nós ficaram calados. Os valentões não protestaram. Nenhum pio foi ouvido frente a montanha; todos os bicos se calaram. O que poderíamos dizer em nossa defesa?
Se Cristo é Deus
Antes que o sol batesse forte contra os esquecidos e ensanguentados profetas de Baal, antes que o fogo caísse do céu e desse a Elias, que estava em menor número, a vitória decisiva, antes que o povo se reunisse e matasse os profetas e Elias fugisse para salvar a própria vida, a pergunta do profeta me impactou profundamente: Até quando vocês continuarão indecisos?
Quantos dias, meses e anos passarão enquanto você finge ter tomado uma decisão? "Se Cristo é Deus, siga-o. Se é o mundo, siga-o."
Será que a pergunta de Elias perdeu a força? Para aqueles que não se recusam a associar-se a Jesus, mas simplesmente O acrescentam a uma coleção de outras lealdades: "Até quando você voará entre dois galhos?". Entre Cristo e o amor ao dinheiro. Entre Cristo e este mundo. Entre Cristo e o seu pecado preferido. Entre Cristo e a sua vida confortável e ininterrupta.
Até quando, cristão professo, você também viverá com o coração dividido e a mente vacilante? Até quando você persistirá com um compromisso morno com Cristo? Até quando você pensará em Lhe dar apenas as migalhas da sua atenção, as notas amassadas do seu afeto? "Se Jesus é Deus, siga-o; mas, se sua namorada é deus, sua reputação é deus, seus prazeres terrenos e sua carreira são deus — siga-os."
Brincando Com o Todo-Poderoso
"Eu, o Senhor, o seu Deus, sou Deus zeloso" (Êxodo 20:5). "Derrube os seus altares, despedace as suas colunas sagradas e corte os seus postes de Aserá. Nunca adore nenhum outro deus, porque o Senhor, cujo nome é Zeloso, é Deus Zeloso" (Êxodo 34:13-14). Não se pode brincar com o fogo consumidor por muito tempo.
O Deus cristão é Deus e Ele não ficará inerte em meio a um panteão de outros deuses e prazeres. Ele não tolera rivais. A amizade com o mundo é adultério e inimizade contra Ele (Tiago 4:4). Foi este texto, nesta realidade, que Deus usou para me despertar e me trazer a Jesus.
Querido leitor, o seu Jesus é realmente Deus? Se ele é Deus — e o Jesus da Bíblia é Deus — então siga-O. Anseio que o fogo caia novamente, suplicando com Elias, "Responde-me, ó Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, ó Senhor, é Deus e que fazes o coração deles voltar para ti" (1 Reis 18:37).
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