Por Que Você Tem Esse Espinho

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English: Why You Have That Thorn

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Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Lorena Sales

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Eu tenho um "espinho na carne." Não gosto dele. Muitas vezes eu gostaria de não tê-lo. Às vezes fico exasperado por causa dele. Ele torna quase tudo mais difícil, diariamente me perseguindo enquanto eu cumpro minhas responsabilidades familiares, vocacionais e ministeriais — quase tudo o que faço. Ele me enfraquece. Muitas vezes sinto que eu seria mais eficaz e frutífero sem ele. Eu implorei a Deus, às vezes em lágrimas, para que fosse removido ou para que houvesse mais poder para superá-lo. Mas ele continua aqui.

Não, não vou explicar o que é. Os detalhes não são relevantes para o ponto que quero destacar, e acredito que eles na verdade tornariam este artigo menos útil. Porque você tem seu próprio espinho na carne, ou se você viver o suficiente, receberá um (ou mais). O seu será diferente do meu, mas o seu propósito será semelhante. Pois nos são dados espinhos que nos enfraquecem significativamente para nos tornar mais fortes.

Tabela de conteúdo

O Espinho Mais Famoso

Obtemos o termo "espinho na carne" do apóstolo Paulo:

Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. (2 Coríntios 12:7, NVI)

O espinho de Paulo está entre as aflições mais famosas da história, e nem sabemos o que foi. Tem havido muita especulação ao longo dos anos. O espinho de Paulo poderia ter sido uma aflição física. Isso é plausível, considerando toda a violência física e privação que ele sofreu (2 Coríntios 11:23-27), e alguns pensam que ele pode ter sofrido de uma doença ocular (Gálatas 4:15).

Ou, já que ele se referiu ao seu espinho como um "mensageiro de Satanás" que o atormentava, ele poderia ter sido vulnerável a grandes dificuldades espirituais e psicológicas. Isso é plausível, considerando o trauma acumulado de perseguir violentamente os cristãos, depois sofrer perseguições violentas, viver em perigo constante como cristão e, ainda, conviver diariamente com "preocupação com todas as igrejas" (2 Coríntios 11:28, NVI).

Ou, considerando o contexto de 2 Coríntios 11-12, seu espinho poderia plausivelmente ter sido os "super-apóstolos" e falsos irmãos constantemente perseguindo-o e causando estragos nas igrejas que ele plantou (2 Coríntios 11:5, 26). Ou poderia ter sido algo completamente diferente.

O fato de realmente não sabermos qual era o espinho de Paulo acaba sendo tanto misericordioso quanto instrutivo para nós. É misericordioso porque, dadas as várias possibilidades, todos nós podemos nos identificar com Paulo, em certa medida, em nossas aflições. É instrutivo porque o espinho de Paulo não é o ponto. A questão é qual era o propósito de Deus para o espinho.

Enviado da Mão de Deus

Paulo faz duas declarações surpreendentes e, inicialmente, um tanto perturbadoras, sobre seu espinho doloroso — na mesma frase:

Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. (2 Coríntios 12:7, NVI)

A primeira afirmação surpreendente que Paulo faz é que Deus lhe deu seu espinho. Está claro pelo contexto que Paulo identificou Deus como quem lhe deu o espinho, e não Satanás. E ele entendeu que o propósito de Deus era manter Paulo humilde e dependente do poder de Cristo (2 Coríntios 12:9).

Agora, a maioria de nós não consegue se identificar com os tipos de revelações que Paulo recebeu, e quando lemos os tipos de sofrimento que Paulo experimentou (2 Coríntios 11:23-27), provavelmente é seguro assumir que nossos espinhos não perfuram tão profundamente quanto o dele. Mas o propósito de Deus em nossos espinhos é semelhante.

O orgulho, em todas as suas manifestações, é o nosso pecado mais presente e o mais perigoso para nós espiritualmente. Tudo o que Deus nos dá para nos manter humildes e dependentes dele em oração é um grande presente — mesmo quando esse presente nos causa dor. E aqui vemos claramente que Deus disciplina os seus filhos com aflição, a fim de os proteger de terem a sua alegria destruída pelo pecado do orgulho. Reflita sobre isso: a dor pode nos proteger da dor; a dor redentora pode nos proteger da dor destrutiva.

Perseguição Satânica

A segunda declaração surpreendente de Paulo é ainda mais chocante: a dor redentora que Deus lhe deu para protegê-lo da dor destrutiva de seu orgulho foi entregue por meio de "um mensageiro de Satanás". De repente, nos vemos mergulhados ainda mais fundo nas águas da teologia. E dada a facilidade com que Paulo diz isso, ele claramente espera que os cristãos consigam nadar por essas águas.

Satanás nos fere com um espinho de Deus? Sim. Isto nos incomoda? Nos incomoda que isso não tenha incomodado Paulo? Paulo não sente necessidade de qualificar ou explicar como Deus pode dar ao seu filho um presente redentor de dor por meio de um meio maligno. Por quê? Porque esse fenômeno ocorre em toda a Bíblia. Paulo conhece o seu Antigo Testamento como a palma da sua mão, e tem verdades como esta tecidas ao longo dele: "Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem" (Gênesis 50:20, NVI). E ele sabe que o presente de dor mais redentor da história, a morte de Cristo, o Senhor, nos foi dado pelos meios mais malignos.

Nossos espinhos redentores também podem ser enviados por um mensageiro satânico. Mas podemos saber disso: será apenas mais uma maneira de Deus despojar os poderes e as autoridades e fazer deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz (Colossenses 2:15). Nosso Deus é tão poderoso e tão sábio que ele pode fazer todas as coisas — incluindo nossos espinhos enviados por Satanás — cooperarem para o nosso bem (Romanos 8:28). A confiança nesse tipo de soberania é o que alimenta nossa alegria, confiança e satisfação enquanto experimentamos a fraqueza e o cansaço de nossa aflição.

Ferido por um Propósito

Assim como os de Paulo, nossos espinhos nos enfraquecem. Às vezes, são visíveis para os outros, mas muitas vezes estão escondidos da vista do público, conhecidos apenas por aqueles que nos conhecem melhor. E eles nunca são românticos, nunca heroicos. Pelo contrário, quase sempre nos humilham de maneiras embaraçosas, e não nobres. Não apenas parecem impedir nossa eficácia e frutificação, mas também são mais propensos a prejudicar do que a melhorar nossa reputação. É por isso que, assim como Paulo, suplicamos a Deus que os remova (2 Coríntios 12:8).

Mas é assim que os nossos espinhos têm de ser. Porque, se fossem nobres e heroicos, se melhorassem nossa reputação, não ajudariam em nada a nos proteger de nosso orgulho onipresente. É por isso que, como aconteceu com Paulo, Deus muitas vezes responde aos nossos pedidos de libertação com um "não". Porque, sem o espinho, jamais experimentaríamos que a "graça de [Deus] é suficiente para [nós]" e que o seu "poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9, NVI).

É por isso que temos os nossos espinhos. São enfraquecedores que nos fortalecem. Sem eles, escolheríamos uma força mais fraca e perderíamos a oportunidade de experimentar a glória da poderosa graça de Deus, assim como desfrutaríamos de alegrias menores como consequência. É apenas mais um maravilhoso paradoxo do Reino: nossos espinhos agonizantes acabam produzindo maior alegria em nós e, por fim, nos tornam mais eficazes e frutíferos. Quanto mais nos aprofundamos nesse paradoxo, mais diremos com Paulo:

Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte. (2 Coríntios 12:9-10)