Por Que Você Quer Ir Para O Céu?
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Vívian Andrade Oliveira
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Enquanto eu ministrava uma classe na igreja por volta dos meus 20 anos de idade, começamos com o tópico do Céu - como seria estar lá e porque gostaríamos de ir para lá. Eu me lembro distintamente que um dos líderes da classe disse, muito seriamente, “Não posso esperar para ter minha mansão e meu Maserati!”
Então, dado o quão pouco eu conhecia deste homem (e o quão descuidado eu mesmo posso ser com as palavras, as vezes), não irei assumir que sua afirmação capturou o todo de seus desejos profundos para o céu. Entretanto, isso teve um efeito imediato e duradouro em mim. Enquanto eu ponderava uma vaga imagem mental de uma mansão celestial com o carro esportivo luxuoso estacionado de fora, isso me encheu de uma profunda sensação de vazio. Isto não é porque casas grandes e carros caros nunca tiverem muito apelo para mim, mas porque a mais clara, mais apaixonada expressão da antecipação de alguém sobre a alegria do céu naquela manhã, não mencionava Deus.
Eu não sei o quão bem eu devo ter articulado isso naquele momento, mas intuitivamente eu sabia que se Deus não estava, de longe a maior alegria do céu, se a recompensa eterna para os Cristãos estava essencialmente vinculando formas de coisas terrestres, que devemos aproveitar ao máximo agora, isto não seria o céu de maneira alguma - pelo menos não o céu que eu queria. A ideia tinha um tipo da vaidade da Aliança de Eclesiastes. O que me deixou com um gosto de desespero.
Aquela aula foi um momento de clareza para mim. Eu comecei a ver que eu não esperava tanto pela vida eterna como eu esperava por aquela Única Coisa que faria a vida eterna fazer sentido. Eu não queria tanto os prazeres criados do céu como eu queria aquela Única Coisa que faria aqueles prazeres prazerosos. No fundo, o que eu realmente queria era, nas palavras do velho hino, a “fonte da alegria de viver,” a única coisa que faz o céu celestial. Eu queria Deus.
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O Céu Em Cada Página
Ao me referir a “céu”, estou apenas utilizando a o termo da taquigrafia comum para tudo que um Cristão experiencia após a morte de nossos corpos esmorecidos, desde o estado intermediário (2 Coríntios 5:8) a ressurreição de nossos corpos (João 5:28-29) e a nova criação (Romanos 8:18-21) - tudo que antecipamos na “a vida eterna” (Lucas 18:29-30).
Em um sentido, a Bíblia relativamente nos conta um pouco sobre as especificidades do céu. Descrições do céu são normalmente analógicas ou simbólicas, concebidas em imagens arcaicas que podemos achar estranhas. Em outro sentido, entretanto, a Bíblia fala do céu em todas as partes, e em maneiras muito relevantes para nós. A Bíblia, em quase todas as suas páginas, não fala muito das mansões e Maseratis que podem vir, mas da grande Satisfação da qual nossas almas desejam profundamente.
C.S Lewis colocou isso da seguinte maneira: “Em certas ocasiões penso que não desejamos o céu; mas, mais vezes ainda, fico imaginando se, em nosso íntimo mais profundo, jamais desejamos outra coisa.” (O Problema do Sofrimento, 150). O que ele está falando é sobre o anseio no centro de todo o nosso desejo, a sede que nunca é saciada por nada que encontramos nesse mundo: nosso anseio por Deus.
Nosso Desejo Insaciável
Lewis chama esse desejo básico de “É a assinatura secreta de cada alma, o desejo incomunicável e insaciável, a coisa que desejamos antes de encontrar nossas esposas ou fazer nossos amigos ou escolher nosso trabalho, e que continuaremos desejando em nossos leitos de morte, quando a mente não mais conhece esposa, nem amigo, nem trabalho” (152).
Esse “desejo insaciável” é uma experiência diária para nós diminuirmos ou aumentarmos níveis. Sua presença é disseminada nas nossas buscas. Ainda assim, saciar essa sede nos escapa em cada bem mundano do qual bebemos. E tampouco nenhuma mansão celestial ou Maserati irá satisfazer. Apenas Uma Coisa irá. Como Randy Alcorn diz,
Podemos imaginar que queremos um milhão de coisas diferentes, mas Deus é a única que realmente aspiramos. Sua presença traz satisfação, sua ausência traz sede e anseios. Nosso anseio pelo Céu é um anseio por Deus. (Céu, 165)
Deus mesmo é “a fonte de águas vivas”; longe dele qualquer outra cisterna que escavarmos nós deixará secos (Jeremias 2:13). Somente Ele pode nos dar a água que acabará para sempre com nossa mais profunda sede (João 4:14). Nossa sede insaciável, nosso querer insaciável, é um anseio por Deus (Salmos 63:1-2). Isto é o que a Bíblia revela de capa a capa.
Céu dos Céus
Nós ouvimos esse anseio por Deus através dos Salmos, especialmente aqueles que expressam o vazio das cisternas mundanas:
A quem tenho nos céus senão a Ti?
Não há ninguém na Terra que eu deseje mais do que a Ti.
O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar,
Mas Deus é a rocha do meu coração e a minha herança para sempre. (Salmos 73:25–26)
Nós ouvimos em suas declarações que “Melhor é um dia nos teus átrios do que mil noutro lugar (Salmos 84:10) e que Deus era sua “fonte de plena alegria” (Salmos 43:4).
Nós vemos o anseio no profeta Moisés, que “Por amor de Cristo, considerou a desonra riqueza maior do que os tesouros do Egito, porque contemplava a sua recompensa” (Hebreus 11:26) - a única recompensa que ele realmente desejava: Deus (Êxodo 33:18).
Nós vemos o anseio no apóstolo Paulo, que “considerou tudo como perda devido ao inexcedível valor de conhecer a Jesus Cristo [seu] Senhor” e “sofreu a perda de todas as coisas... considerando-as como tolices, a fim de que [ele] poderia ganhar a Cristo” (Filipenses 3:8) - o único prêmio que ele realmente valorizava (Filipenses 3:14).
E nós ouvimos esse anseio dos próprios lábios do próprio Lorde Jesus: “ Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (João 17:3). Deus não nos dá meramente a vida eterna, Ele é a vida, a verdadeira fonte e essência da vida eterna (João 11:25-26).
Nesse sentido, a Bíblia é verdadeiramente um livro sobre o céu. Pois no centro da história redentora, no ápice da revelação bíblica, nós descobrimos que a real razão pela qual Jesus veio à Terra, a razão pela qual ele “sofreu [na cruz brutal] outrora pelos pecado, o justo pelo injusto,” foi para “que ele pudesse nos levar a Deus” (1 Pedro 3:18). E ao nos dar Deus, ele nos deu o céu. Deus, em sua plenitude trinitária, é Ele mesmo nossa vida, nosso ganho máximo, nossa grande recompensa, nossa alegria superior, nossa parte para sempre, nossa casa eterna. Ele é o verdadeiro Céu do céu.
Substância, Sol, Oceano
Poucos viram o Céu dos céus tão claramente da Escritura como Jonathan Edwards:
O deleite de Deus é a única felicidade com a qual nossas almas podem ser satisfeitas. Ir para o céu, para desfrutar plenamente de Deus, é infinitamente melhor do que as acomodações mais agradáveis aqui. Pais e mães, maridos, esposas ou filhos, ou a companhia de amigos terrenos, são apenas sombras; mas Deus é a substância. Estes são apenas raios dispersos, mas Deus é o sol. Estes são apenas riachos, mas Deus é o oceano.
Isto não desvaloriza as sombras, os raios dispersos, os riachos desta palavra. Toda boa dádiva vem de Deus. (Tiago 1:17). A dádiva de Deus em si, entretanto, é o que dá, em primeiro lugar, a qualquer outra dádiva, seu inestimável valor. Sua única desvalorização quando separada da Substância, do Sol, do Oceano.
E toda boa dádiva e todo dom perfeito que recebemos de Deus agora e sempre, sejam mansões e Maseratis ou qualquer outra coisa que Ele tem preparado para nós, será bem melhor do que tudo que recebemos e experienciamos nessa vida (1 Coríntios 2:9). E ainda assim, mansões e Maseratis nunca irão se comparar a Alegria das alegrias, ao Amor dos amores, a Luz da luz, a Vida da vida, ao Céu dos céus. Pois Deus sempre será, como diz Lewis em Até que Tenhamos Rostos, no satisfatório “o lugar de onde veio toda a beleza.”