Para todos que precisam de descanso
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Juan Flavio De Sousa De Freitas
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Como Jesus acolhe os cansados
A vida é difícil. Há muitas coisas que nos deixam cansados: nossos trabalhos profissionais, nossos trabalhos como pais, nossos trabalhos ministeriais, nossos conflitos relacionais, nossas doenças repentinas ou prolongadas. Quase tudo o que fazemos pode, às vezes, nos deixar exaustos. Mas o que nos deixa mais cansados não são as coisas que fazemos; é o que acreditamos.
Nossas crenças aliviam nossos fardos ou os aumentam. Jesus sabia disso. É por isso que, às vezes, ele olhava para a multidão de pessoas que o procurava e transbordava de compaixão, “porque andavam desgarrados e errantes como ovelhas sem pastor” (Mateus 9:36).
Pelo menos uma vez, isso o levou a clamar aos cansados,
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. (Mateus 11:28-30)
E por causa de sua grande compaixão, temos um dos mais belos convites evangélicos de Deus aos pecadores em todas as Escrituras. Nessas três frases preciosas, o Salvador revela seu coração de pastor para nós.
Sim, para nós. Jesus sente a mesma compaixão por aqueles que estão sobrecarregados hoje, assim como sentia pelos cansados naquela época. E ele estende seu convite a nós com a mesma urgência e ternura com que o fez àquelas pessoas assediadas e desamparadas. Seu grande desejo é que encontremos o descanso de que tanto precisamos, que é um descanso que somente Ele pode dar. E, por isso, ele nos chama para irmos até ele, um comando carregado de graça e misericórdia que nos faz carregar o fardo.
Cansaço insuportável
“Vinde a mim... e eu vos aliviarei”. Meu Deus, quem não gostaria de receber um convite tão maravilhoso? Muitos, como descobrimos no contexto imediato desses versículos.
Pouco antes e depois de Jesus fazer essa incrível oferta, nós o ouvimos repreender o povo de certas cidades (Mateus 11:20-24) e depois os líderes religiosos judeus (Mateus 12:1-14). Pois eles tinham ouvido seus ensinamentos e visto em primeira mão seus milagres ―obras que demonstravam tão claramente quem ele era (João 5:36) ― e, ainda assim, não acreditavam nele.
De fato, a ofensa dos líderes foi pior. Eles não só estavam rejeitando o descanso de Jesus para si mesmos, como também o que ensinavam estava apenas aumentando o fardo de seus ouvintes, que estavam sobrecarregados. Ouvimos isso em uma repreensão que Jesus fez a eles em outra ocasião: “(Vocês) carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas” (Lucas 11:46).
A incredulidade e a crença errada (e o falso ensino) estavam causando grande sofrimento.
Então, do coração de Deus, o Filho, “a expressa imagem da sua pessoa [do Pai]” (Hebreus 1:3), brotou esse grande convite. Ele brotou de sua dor ao ver os fardos insuportáveis que estavam sendo acumulados sobre as pessoas e de seu desejo compassivo de carregar os fardos por elas. Se elas o deixassem, ele trocaria o insuportável por um jugo suave e um fardo leve.
Deixe-me suportar o insuportável
O que é exatamente esse jugo fácil que Jesus nos oferece? Na verdade, Jesus deu uma resposta a essa pergunta quando uma multidão lhe perguntou: “Que faremos para executarmos as obras de Deus?” (João 6:28). “A obra de Deus é esta”, respondeu ele, “que creiais naquele que ele enviou” (João 6:29). E aos seus discípulos, na noite anterior à sua morte, ele disse o seguinte: «Estai em mim» (João 15:4). Acreditar em mim, permanecer em mim, confiar em mim: esse é o trabalho que Jesus exige daqueles que querem encontrar descanso nele. Jesus quer que vivamos pela fé nele, que descansemos nas promessas de Deus que dão esperança.
E, em troca, Jesus retira de nós o antigo jugo e o carrega em seus próprios ombros: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pedro 2:24). Na cruz, Jesus levou nosso jugo inconcebível e insuportavelmente pesado da condenação e penalidade do pecado. E essa obra redentora não apenas adquiriu nossa justificação (2 Coríntios 5:21); ela também garante o cumprimento da promessa de Deus de suprir todas as nossas necessidades (Filipenses 4:19) e subscreve seu convite para que lancemos continuamente todas as nossas ansiedades sobre ele, já que ele cuida de nós continuamente (1 Pedro 5:7).
Nessa troca, Jesus suporta todos os insuportáveis fardos de nossa alma e nos dá o descanso de que tanto precisamos.
O descanso de que mais desesperadamente precisamos
É isso que desejamos profundamente: descanso para nossas almas. Pois os fardos mais difíceis de suportar são os fardos de nossa alma. E, muitas vezes, o que sobrecarrega nossa alma são os efeitos de falsas crenças o meias-verdades que acreditamos sobre Deus, nós mesmos, os outros, o mundo, o futuro e a vida, que sobrecarregam nosso coração com tristeza, medo, ansiedade, desânimo ou desespero.
O grau em que algo em que acreditamos nos priva de esperança é o grau em que essa crença sobrecarrega nossa alma. Pois nossa alma só encontra paz e descanso na esperança. É por isso que encontramos nas Escrituras registros do povo de Deus dizendo coisas como,
Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus. (Salmo 42:11)
Ó minha alma, espera somente em Deus,
porque dele vem a minha esperança.
Só ele é a minha rocha e a minha salvação,
É a minha defesa; não serei abalado. (Salmo 62:5-6)
Ora, o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. (Romanos 15:13)
Esperança é o que procuramos freneticamente sempre que nossas almas estão pesadas. Mas a esperança só é boa se aquilo em que ela se apoia for verdadeiro. Uma falsa esperança acabará se tornando seu próprio fardo insuportável para a alma.
E é por isso que Jesus clamou: “Vinde a mim!” O próprio Deus da esperança, o Deus da compaixão, o Deus que deseja suportar nosso pecado, suportar-nos diariamente (Salmo 68:19), pastorear através de lugares de refrigério e perigo (Salmo 23), dar-nos tudo o que precisamos e “livrar-nos de toda má obra e guardar-nos para o seu Reino celestial” (2 Timóteo 4:18), esse Deus nos convida a vir a ele e receber dele o descanso para nossas almas.
Pois somente Jesus pode proporcionar esse descanso.
O descanso que torna possível o caminho difícil
Vir a Jesus para descansar a alma não muda o fato de que a vida é difícil. Isso não significa que nossos trabalhos vocacionais, paternais e ministeriais, ou nossos conflitos relacionais, nossas doenças ou as inúmeras outras lutas que poderíamos incluir não nos cansarão mais. Jesus deixou isso claro quando disse: “É apertado o caminho que leva à vida” (Mateus 7:14).
De fato, em outro grande convite, ele disse: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lucas 9:23). Isso soa muito diferente de Mateus 11:28-30. Jesus está nos chamando para uma vida de descanso revigorante ou para uma vida de morte sacrificial?
A resposta, como você pode esperar, é: ambos. Esses convites não são de forma alguma contraditórios. A verdade é que aceitar o convite para o descanso dado por Cristo torna possível aceitar o convite para viver e morrer como Cristo. Pois quando uma alma é aliviada de seus fardos insuportáveis e abunda em esperança e alegria capacitadas pelo Espírito por acreditar nas promessas de nosso Senhor que carrega o fardo, podemos dizer com Paulo,
Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente, não atentando nós nas coisas que se veem, mas para as que não se veem. Porque as coisas que se veem são temporais, mas as que não se veem são eternas. (2 Coríntios 4:17-18)
Vir a Jesus para descansar não nos protege das aflições. Ele transforma as aflições de dominadoras do medo, geradoras de ansiedade e sem esperança em “leves e momentâneas”. Esperar no Deus da esperança faz toda a diferença.
Então, Jesus nos diz: “Vinde a mim”. Seu coração de pastor para conosco está cheio da mesma compaixão, e seu convite é tão urgente e terno como sempre. Mas é um convite que deve ser aceito. Muitos não o fazem.
Você aceita?