O que cada pastor precisa ouvir e confessar
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Paul Tripp Sobre Ministério Pastoral
Tradução por Priscilla Borges
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Para que seus relacionamentos ministeriais sejam sadios aos olhos de Deus, você deve se comprometer a plantar boas sementes intencionalmente no solo desses relacionamentos. Isso precisará de compreensão, empenho, disciplina e perseverança. Gálatas 5:13 ss é muito útil aqui. Paulo descreve esse estilo de vida relacional desta forma: "Sirvam uns aos outros mediante o amor" (Gálatas 5:13). Em seguida, ele diz algo surpreendente: "Toda a Lei se resume num só mandamento: ‘ Ame o seu próximo como a si mesmo'" Se você tivesse escrito as palavras: "Toda a Lei se resume num só mandamento," o que você escreveria em seguida? Eu teria escrito: "Ame a Deus acima de tudo." Mas, surpreendentemente, não é isso que Paulo escreve. Em vez disso, ele diz, "Ame o seu próximo como a si mesmo." Como o amor ao próximo resume tudo a que Deus nos chama? A resposta é simples e profunda. Aqueles que amam a Deus acima de tudo amarão o próximo como eles amam a si mesmos.
Esta é uma percepção diagnóstica dos relacionamentos ministeriais que todo pastor precisa ouvir. O problema em nossos relacionamentos de ministério não é em primeiro lugar que não nos amamos o suficiente; não, o problema é que nós não amamos a Deus o suficiente, e porque nós não amamos a Deus o suficiente, nós não amamos um ao outro como deveríamos. Será que estamos tão ocupados em amarmos a nós mesmos e a assegurar de que os outros nos amem da maneira que nós queremos ser amados, que temos pouco tempo e energia para amá-los como deveríamos? Será que estamos tão ocupados trabalhando para levar os outros para o serviço de nossos desejos, necessidades e sentimentos que estamos distraídos demais para percebermos as oportunidades de amar que cada dia nos dá, e ocupados demais certificando-se que somos amados para fazermos algo a respeito destas oportunidades, mesmo se as percebessemos? Por que isso acontece? Isso acontece porque temos substituído o amor de Deus e o descanso em seu cuidado pelo amor a nós mesmos e pela ansiedade de "carência".
Vertical, não horizontal
Novamente, isso significa que você não conserta relacionamentos ministeriais em primeiro lugar horizontalmente; você as corrigi verticalmente. Só quando tivermos confessado a nossa falta de amor a Deus --- seu plano, seu propósito, e seu chamado --- e somente quando admitimos que temos substituído a sua agenda para nós com a nossa agenda egoísta, só então, seremos livres para amarmos uns aos outros da maneira que a sua graça o torna possível. Então, a manipulação é substituído pelo ministério. Em vez de trabalhar para levar as pessoas com as quais você vive e trabalha para dentro do seu serviço, você encontra alegria e satisfação em descobrir maneiras de serví-las. Você vai querer olhar para frente para as necessidades iminentes. Você quer fazer coisas que lhes tragam alegria. Você vai querer compartilhar suas dores e carregar suas cargas. Quando esses desejos se tornarem mútuos, suas relações ministeriais não se tornarão perfeitas, mas tornam-se um lugar onde a unidade, a compreensão e o amor verdadeiros têm espaço para viver, respirar e crescer.
Este tipo de serviço não nos é natural, porque todos nós temos um resíduo do pecado, e o DNA do pecado é o egoísmo. Então, se vamos viver assim, cada um de nós precisa de resgate, intervenção e capacitação que só a graça de Deus pode dar. Precisamos ouvir estas palavras: "A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza" (2 Coríntios 12:9.). Seja honesto: você tende a acreditar que você é o forte nas relações, levando a carga da fraqueza dos outros. Mas o pecado deixa bolsões de fraqueza em todos nós. Ninguém que está lendo este artigo está orgulhoso de tudo o que disse nesta semana. Ninguém que está lendo está orgulhoso de tudo o que tem feito esta semana. Ninguém defenderia tudo o que ele pensou ou desejou. Assim, a mudança não é encontrada em defender a nossa justiça, mas em admitir nossa fraqueza e em clamar por ajuda, que Deus, em graça, nos prometeu.
Chega de apontar o dedo. Chega de ouvir o seu advogado interior defender sua causa. Chega de carregar por todos os lugares o registro dos erros das outras pessoas. Chega de julgar, criticar e culpar. Chega de colocar para o outro um padrão mais elevado do que o que você coloca para você mesmo. Chega de reclamar, discutir, retirar-se, e manipular. Chega de impasses hipócritas que nunca levam a uma mudança. Chega de machucar e de ser rude. Chega de pintar-se como a vítima e a outra pessoa como o criminoso. Chega de exigências e direitos. Chega de ameaças e de culpa. Chega de falar aos outros o quanto você é bom e como eles deveriam ser gratos por viverem com uma pessoa como você. Chega de um silêncio raivoso e auto-justificado. Chega de observar outros de maneira hiper-vigilante para ver se eles estão cumprindo. Chega de andar de montanha-russa de seus altos e baixos. Chega de olhar para os outros para serem o seu messias pessoal, satisfazendo os desejos do seu coração. Chega.
Está na hora de parar de apontar o dedo e começar a confessar sua fraqueza profunda e penetrante. A mudança nos relacionamentos de seu ministério começa com a confissão da sua necessidade. Esta na hora de dizer: "Senhor, há momentos em que eu acerto, mas muitas vezes eu erro. Então, muitas vezes eu deixo a impaciência e a irritação receber o meu melhor. Tantas vezes eu sou ciumento e implacável. Tantas vezes eu não consigo encontrar alegria no servir e satisfação no dar. Então, muitas vezes eu prefiro ganhar do que ter unidade e paz. Digo a mim mesmo que vou fazer melhor, mas acabo caindo nas mesmas e velhas armadilhas. " Todos nós precisamos orar: "Senhor, fortaleça-me hoje pela sua graça para que eu possa amar como o Senhor me chamou a amar.”