O indesejado dom da espera

De Livros e Sermões Bíblicos

Recursos relacionados
Mais Por Vaneetha Rendall Risner
Índice de Autores
Mais Sobre Santificação e Crescimento
Índice de Tópicos
Recurso da Semana
Todas as semanas nós enviamos um novo recurso de autores como John Piper, R.C. Sproul, Mark Dever, e Charles Spurgeon. Inscreva-se aqui—Grátis. RSS.

Sobre esta tradução
English: The Unwelcome Gift of Waiting

© Desiring God

Partilhar este
Nossa Missão
Esta tradução é publicada pelo Traduções do Evangelho, um ministério que existe on-line para pregar o Evangelho através de livros e artigos disponíveis gratuitamente para todas as nações e línguas.

Saber mais (English).
Como podes Ajudar
Se você fala Inglês bem, você pode ser voluntário conosco como tradutor.

Saber mais (English).

Por Vaneetha Rendall Risner Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Victor Menezes

Review Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).


Esperar pode ser angustiante.

É mais difícil esperar quando não tenho certeza do resultado. Quando espero em Deus pelo melhor, mas ao mesmo tempo me preparo para o pior. Seria muito mais fácil se eu tivesse a garantia de um bom resultado. Ou, ao menos, uma promessa de Deus a que me agarrar. Ou alguma confirmação para sustentar minhas orações. Mas frequentemente Deus parece estar em silêncio quando estou esperando. Eu não tenho ideia se ele irá algum dia responder a minha oração. Então, parece que estou esperando no escuro.

Eu li e reli Salmos 13:1-2: “Até quando, Senhor? Para sempre te esquecerás de mim? Até quando esconderás de mim o teu rosto? Até quando terei inquietações e tristeza no coração dia após dia?”. Ó Senhor, até quando? Eu me fiz essa pergunta muitas vezes. Se eu soubesse que em algum momento Deus responderia a minha oração com um “Sim”, seria diferente. Mas sem essa garantia, na maioria das vezes até mesmo um “Não” seria mais fácil do que “Espere”.

Quando Deus diz “Não”

Muitos anos atrás, eu vasculhei a Bíblia em busca de uma promessa que me ajudasse em meio a uma espera que me atormentava. Eu queria uma palavra que eu pudesse “reivindicar”, um versículo que me garantisse a satisfação futura. Algo - qualquer coisa - a que me agarrar. Enquanto esperava, eu li: “Mesmo assim não duvidou nem foi incrédulo em relação à promessa de Deus, mas foi fortalecido em sua fé e deu glória a Deus, estando plenamente convencido de que ele era poderoso para cumprir o que havia prometido” (Romanos 4:20-21).

Embora eu admire a fé de Abraão, essa passagem muitas vezes me frustrou. É claro que Abraão nunca hesitou. Ele recebeu uma palavra direta de Deus. Se eu tivesse uma promessa direta de Deus, uma garantia da minha resposta, eu também ficaria contente em esperar. Abraão pôde esperar porque ele sabia que, no final, receberia o que desejava. Eu queria que Deus me desse uma promessa como aquela que deu a Abraão. Então, eu continuei implorando a Deus por um sinal.

Não chegou nenhum. Nenhum versículo. Nenhuma confirmação. Apenas silêncio a respeito daquele assunto. Por anos. E no final, a resposta de Deus foi “Não”.

No início, parecia injusto e sem propósito. Eu lutei para tentar entender o sentido daqueles anos aparentemente desperdiçados. Ainda que tenha me aproximado de Deus, de alguma forma eu sentia que tinha recebido um presente menor. Passado algum tempo, tirei isso da cabeça. Não fazia sentido continuar me torturando. Mas sempre que eu lia aquela passagem de Romanos, isso me atormentava. Por que Deus não me disse a resposta desde o começo?

Um modelo para esperar bem

Muitos anos depois, começando a ler Romanos novamente em meu momento de reflexão, me deparo com Romanos 4. Ele dolorosamente me lembra daquela época de questionamento e espera. Sentindo-me desligado de Abraão, decido olhar para sua vida no Gênesis. Eu vejo a humanidade de Abraão na forma como ele, às vezes, duvidou da proteção de Deus. Ele até tentou cumprir a promessa de Deus por si mesmo, através de Agar. Talvez pensasse que Deus precisasse de sua ajuda e engenhosidade.

Eu consigo me identificar com essa parte. A luta de Abraão contra a impaciência me soa bastante familiar. Por várias vezes, tentei ajudar Deus a realizar seus planos – isto é, os planos que eu gostaria que ele tivesse. Planos que me dariam o que eu queria. O que eu acho que mereço.

Na medida em que estudo o Gênesis, eu vejo que, enquanto Abraão estava esperando, Deus estava trabalhando. Moldando o seu caráter. Ensinando-o a ter paciência. Construindo a amizade entre eles. Foi durante aquela espera de 25 anos que Abraão conheceu Deus mais intimamente. Foi durante aqueles anos aparentemente desperdiçados que Deus o transformou. E após décadas de espera, Abraão estava preparado para o teste supremo de sua fé, quando foi instado a sacrificar Isaque, o filho da promessa. O filho que ele esperou.

Então eu percebo. Por que não percebi isso antes? A fé de Abraão não estava baseada na promessa de descendentes. Se assim fosse, ele nunca teria levado Isaque para ser sacrificado. Ele não teria abdicado do que Deus prometeu a ele anos antes. Ele teria se agarrado firmemente a Isaque, sentindo possuir direito sobre seu filho. Pois Isaque era o cumprimento da promessa, tão longamente esperada, de Deus a Abraão.

Abraão não estava se apoiando em seu próprio entendimento acerca do cumprimento da promessa de Deus. Deus poderia cumprir sua promessa da maneira que escolhesse, inclusive ressuscitando Isaque, caso fosse preciso (Hebreus 11:19). Portanto, em última instância, a fé de Abraão baseava-se na fidelidade de Deus.

A resposta mais preciosa

A fé de Abraão não estava apenas na promessa. Sua fé estava alicerçada no Promitente. Uma vez que sua fé não estava no que Deus iria fazer por ele, mas no próprio Deus, Abraão estava disposto a arriscar. Ele podia fazer o que quer que Deus lhe pedisse. Ele não estava se agarrando a um resultado específico. Ele estava se agarrando a Deus. A espera de Abraão fortaleceu a sua fé. Ensinou-lhe os caminhos de Deus. Mostrou-lhe a fidelidade de Deus. Abraão sabia que Deus proveria tudo o que ele precisasse.

Eu tenho a mesma convicção que Abraão tinha – de que Deus proverá tudo o que eu precisar. Na medida em que assimilo essa promessa, eu olho para a minha espera de forma diferente. Talvez Deus esteja me fazendo - e te fazendo - esperar pelas mesmas razões que ele fez Abraão esperar. Para forjar a nossa fé. Para nos tornar atentos à sua voz. Para aprofundar o nosso relacionamento. Para consolidar a nossa confiança. Para nos preparar para o ministério. Para nos transformar à sua semelhança.

Olhando para trás, consigo ver que “espere” é a resposta mais preciosa que Deus pode nos dar. Ela nos faz agarrar-nos a ele, em vez de nos agarrarmos a um resultado. Deus sabe do que eu preciso; eu não sei. Ele vê o futuro; eu não. Sua perspectiva é eterna; a minha não. Ele me dará o que é melhor para mim. Quando for melhor para mim. Como diz Paul Tripp, “esperar não é apenas sobre o que eu recebo ao final da espera, e sim sobre quem eu me torno enquanto espero”.