O Que O Preocupa Sobre O Cristianismo Protestante Dos Dias De Hoje?

De Livros e Sermões Bíblicos

Tento não fixar demais meus olhos nos fatos desanimadores que observo simplesmente porque preciso me cuidar para não me tornar amargo e cético. Por ser escocês, eu já tenho predisposições naturais suficientes para ser melancólico! Mesmo assim, é verdade que há muitos fatores preocupantes. A passagem comentada na minha cerimônia de ordenação foi 2 Coríntios 4:1-6, a qual desde então tem me servido como um tipo de guia. Paulo diz que colocou de lado não apenas os caminhos vergonhosos e dissimulados, mas que também não “executa”algo apenas porque “funciona.” Ao invés disso, expõe a verdade e o faz de forma que o verdadeiro Evangelho e a sua própria integridade sejam visíveis. Nós, ao contrário, nos tornamos uma igreja bastante pragmática; temos sede por tamanho (o maior é visto como melhor.)

Temos também semeado um culto à personalidade e ao líder espiritual. Tenho observado comitês de contratação nas igrejas declarar com todas as letras sua necessidade de um “excelente comunicador” para ser o seu pastor. A maioria dos nossos pensamentos têm, na verdade, se tornado completamente seculares.

Uma recente indicação deste fenômeno é a facilidade com que Cristãos agora falam sobre “a qualidade da nossa adoração.” Entretanto, diferentemente dos seus antepassados, adoram apenas uma vez aos domingos. Muitos pastores sabem que um culto noturno^[1] não teria boa frequência por diferentes motivos,os quais suspeito que não teriam validade diante do Deus do universo que é digno de ser honrado e adorado por toda a eternidade! Fico imaginando o que Ele pensa sobre a qualidade da nossa adoração.

Também me preocupa o fato de estarmos vivendo na era do líder da adoração e do conselheiro ao invés da era do pregador (nossas ações e conversas — infelizmente na maior parte do tempo sobre nós mesmos — têm prioridade sobre o que Deus fala conosco.)

Mais uma vez, a oração e a Igreja em oração estão em falta. Para mim, esta situação é a mais alarmante pela seguinte razão: temos construído igrejas aparentemente fortes, grandes, bem-sucedidas e ativas. Todavia, muitas delas nunca se encontram como congregação para orar. Digo,nunca! O que isto indica sobre a comunhão na vida da igreja? Em contrapartida, a marca de um espírito verdadeiramente apostólico na Igreja é que nos consagremos à oração e ao ministério da palavra(Atos 6:4). Não é de se estranhar que “crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos” (Atos 6:7). Se é assim, não deveria nos espantar que, apesar de muitas igrejas notarem certo crescimento, com frequência trata-se apenas de um ajuste de números, e não de conversões. Desejo muito que nossas igrejas aprendam a centralizar as coisas essenciais, que saibam ser Igrejas verdadeiras, comunidades de oração, de evangelismo e ensino cheias de vida e de amor genuíno. No final das contas, esta Igreja apenas precisa “existir” para visitantes que a percebam como um novo e completo preceito da realidade e que são atraídos para Cristo.

1. ↑ os cultos na Europa acontecem normalmente no período da manhã, durante os chamados "culto da família", pois suas crianças não costumam sair à noite.