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English: The Gospel Cure

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Por Elyse M. Fitzpatrick Sobre Sofrimento
Uma Parte da série Tabletalk

Tradução por Vanessa Braganholo

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Após pouca reflexão, podemos facilmente perceber que o remédio mais atual de tratar a depressão somente com medicamentos está baseado em pressuposições bem específicas. Pressupõe-se que o início da depressão está sempre no corpo (principalmente no cérebro) e que nós não temos uma mente interna e invisível que direciona atividades cerebrais. Se isto for verdade, então, anestesiar sentimentos que incomodam é a escolha mais sábia. No entanto, se as Escrituras ensinam algo diferente, mais especificamente que somos feitos de corpo e mente, ou seja, um homem interior, categorizar a depressão simplesmente como uma disfunção cerebral e se voltar para a medicina como primeiro recurso, silenciando assim a voz emocional da mente, irá inevitavelmente impedir o trabalho árduo que o sofrimento determinado por Deus deveria produzir. Certamente terão ocasiões em que remédios serão uma opção viável. No entanto, pelo fato de haver enorme quantidade de graça maravilhosa disponível para nós e por existirem tantas desvantagens no uso de anti-depressivos, talvez remédios devessem ser considerados como último recurso, ao invés do primeiro.

Bem, você pode se perguntar qual a cura bíblica para a depressão espiritual? Esta pergunta pede por outra: Devemos supor que sempre haverá uma cura para os desconfortos desta vida? Não é verdade que cristãos reconhecem que o sofrimento faz parte do que significa viver em um mundo triste? Cremos ou não, que o sofrimento em si é freqüentemente benéfico para nossas vidas, sendo que ele vem das mãos de um Pai amoroso assim como todas as coisas (Rm 5:3-5)? Claro, isto não quer dizer que não devemos buscar aliviar o sofrimento quando for apropriado (1 Co 7:21), mas significa que devemos injetar uma perspectiva diferente em nossa busca pela sabedoria. Então, vamos reformular nossa busca: Se existe uma sabedoria pragmática que poderá ajudar o depressivo, onde podemos encontrá-la? Em Jesus Cristo, claro (1 Co 1:30).

“Todo progresso na vida cristã depende de uma recapitulação dos termos originais de quando uma pessoa se acertou com Deus” (John Stott, A cruz de Cristo, p.27). Esta paráfrase encantadora nos direciona para um remédio duradouro para todas as nossas lutas, até mesmo a depressão espiritual. Cada passo que tomamos em nossa caminhada cristã, especialmente quando aprendemos a lutar contra nossas inclinações de sermos introvertidos, autocríticos, iracundos, ansiosos, amargurados, desesperançosos, incrédulos e desanimados depende de uma redescoberta intencional do evangelho. Afinal de contas, o que uma pessoa triste precisa mais do que ser continuamente e gentilmente lembrada das boas novas? Devemos lembrar-nos sempre do sofrimento dEle por nós. Devemos lembrar-nos de Sua encarnação, vida sem pecado, morte vicária, ressurreição do corpo e ascensão. Resumindo, temos que intencionalmente reconhecer a Jesus, principalmente durante aquelas horas tristes quando somos tentados a pensarmos somente em nós mesmos. Embora cada um de nós necessite de uma dose diária de recapitulação do evangelho, aqueles de nós que sentem os ataques do Desespero Gigantesco precisa disso ainda mais.

Como seria essa recapitulação do evangelho? Seria simplesmente encorajar os desanimados com a verdade sobre Jesus Cristo. A pessoa depressiva precisa de uma correnteza de encorajamento e não de banalidades antigas como: “Ânimo, as coisas vão melhorar,” ou “ Você não está triste, você é uma pessoa maravilhosa.” A pessoa depressiva precisa de medicamentos fortes como: “Deus não nos destinou à ira, mas para recebermos a salvação por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” 1 Ts 5:9-10.

A verdade contra-intuitiva que o depressivo precisa ouvir não é “você é uma pessoa maravilhosa.” Ao invés disso ele precisa ouvir que ele é mais pecador e imperfeito do que ele imaginava. Quando ele lamenta sobre seu fracasso, você deveria concordar com ele, pelo menos em certo nível. Devemos concordar que todos nós fracassamos a ponto do Filho perfeito de Deus ter que morrer para que pudéssemos ter comunhão com Ele. Todos nós fracassamos totalmente em amar a Deus e ao próximo. Fracassamos não só pelo fato de não amarmos como deveríamos, mas também pelo fato de acharmos que somos capazes de amar. Na realidade, não acreditamos na avaliação de Deus sobre a profundidade da nossa depravação. Podemos ser libertos de nossa consciência super escrupulosa, das análises e re-análises das nossas decepções quando percebemos que não deveríamos esperar por sucesso ou por sermos bem tratados. Pelo contrário, merecemos o fracasso, a decepção e a ira. Aqui está um aspecto libertador do evangelho: Nós nunca iremos atingir os nossos padrões! E os outros tão pouco irão conseguir atingi-los! De fato, a percepção de que deveríamos ser capazes de fazê-lo flui de uma crença orgulhosa em nossas próprias habilidades, auto-suficiência e auto-justiça, crenças que são contrárias ao evangelho. Não precisamos de pequenos reajustes, precisamos desesperadamente de um Redentor totalmente suficiente. A pessoa depressiva deveria perguntar: “O que penso que mereço? O que espero de mim mesmo e dos outros? Será que realmente acredito que sou tão pecador como as Escrituras revelam que sou? Creio que posso ser bem-sucedido, estimado ou que não tenho pecado?”

O versículo de Mateus 6:21 “Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração” também fala diretamente ao depressivo. De certa forma, a depressão é uma morte vagarosa e dolorosa dos desejos. É uma doença do coração que surge após repetidas perdas de esperança (Pv 13.12). A esperança que sustentava o coração enquanto buscava um desejo precioso se enfraquece ou desaparece na pessoa depressiva. Qual é então o seu tesouro? O que você acha que te trará felicidade? À quem ou o que você está adorando? O que daria significado à sua vida? Você cobiça a vida de alguém?

A verdade regozijante é que talvez essa depressão dolorosa seja uma maneira do Senhor revelar falsos deuses a você. Deuses de sucesso, romance, aceitação, segurança, reputação. O seu coração está doente? Que desejos esperados têm sido privados? Por que você os ama dessa forma? Por que um Deus amoroso o privaria desses desejos?

Banhar a nossa alma na mensagem do evangelho transformará com poder o foco do nosso tesouro. Ao invés de almejarmos sucesso e auto-aprovação, podemos aprender a almejarmos o Senhor, pois Ele tem derramado tamanho amor aos não-merecedores (1 João 4:7-10). Tesouro que nos satisfaz por completo é encontrado na mensagem do evangelho: “ É certo que sou mais pecador e imperfeito do que ousava acreditar, e esta verdade me liberta da ilusão de que poderei aprovar a mim mesmo. No entanto, também sou mais amado e aceito do que jamais esperei ser, e esta verdade me conforta e encoraja quando meu coração me condena e meus desejos preciosos são privados. Esta verdade me assegura de que por mais que eu lute para aceitar a mim mesmo, o Espírito Santo já me declarou justo. Aquilo que realmente preciso, perdão e amor duradouro, já tenho em Cristo.

“Esta é a verdade libertadora que você pode aprender com sua depressão: você não foi criado para amar e adorar nada além do que você ama e adora a Deus, e quando o faz, se sentirá mal. Deus o moldou para sentir dor quando tem outros tesouros no lugar dEle. Ele quer ser o seu tesouro." (Elyse Fitzpatrick, Medicina Parará a Dor? p. 102)

Podemos lutar contra a fadiga, o desespero e a falta de esperança quando consideramos Jesus, o autor e até mesmo consumador da nossa fé (apesar de parecer fraca). Podemos pensar bem na maneira como “Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se a direita do trono de Deus.” Devemos “pensar bem...” para que não nos cansemos e desanimemos (Hb 12:1-3). Ao invés de pensarmos em nós mesmos, nossa ficha, humilhação, fracasso, devemos pensar nEle.

A pessoa depressiva precisa ouvir repetidamente esta frase: “Anime-se, meu filho, seus pecados estão perdoados. No evangelho de Mateus lemos sobre um paralítico que foi levado a Jesus por seus amigos. Apesar de não sabermos quem eles eram, podemos assumir o que queriam. O que eles esperavam? A cura de seu amigo, claro. Aquela pessoa inválida e seus amigos esperavam que Jesus o fizesse andar. No entanto, Jesus tinha uma perspectiva diferente sobre esta necessidade real do homem. Ao invés de dizer primeiramente: “ Seja curado, levante-se e ande,” ele disse, “tenha bom ânimo, filho, seus pecados estão perdoados” (Mt 9.2-3).

Os depressivos não precisam apenas sentir-se melhor. Eles precisam de um Redentor que diz: “Tenha bom ânimo, filho/a; aquilo que você realmente precisa já foi providenciado. A vida não mais precisa girar em torno de sua bondade, sucesso auto-justiça ou fracasso. Tenho dado a você algo infinitamente mais valioso do que sentimentos bons: seus pecados foram perdoados.” Este perdão não só o limpou dos pecados visíveis e indiscretos como também daqueles encobertos como a descrença, falta de fé, orgulho, auto-suficiência e apatia. Ao invés do evangelho ser apenas um auxiliar na vida do depressivo, tudo na vida deve girar em torno do evangelho.

Assim como os amigos do paralítico, precisamos levar nossos irmãos desanimados a Jesus. Sua doce verdade deve ser comunicada com amor a eles através de uma comunidade de fé sábia e paciente. Eles devem ser encorajados a acreditar no evangelho ao invés de acreditar nas mentiras de Satanás. Eles devem ser encorajados a dar passos de fé, quer seja simplesmente abrindo as janelas ou dando uma volta no quarteirão. Este encorajamento deve vir de pessoas que sabem que são exatamente como a pessoa depressiva: imensuravelmente indigno, mas apesar disso, imenuravelmente amados jarros de barro cheios de tesouro transformador. Dessa forma, o evangelho não é apenas recapitulado, mas reencarnado antes do sofrimento.

O poder para transformar a pessoa depressiva pertence somente a Deus, portanto confiamos que “ aquele que ressuscitou o Senhor Jesus dentre os mortos também nos ressuscitará com Jesus e nos apresentará com vocês...por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” (2 Co 4.14-16).