O Alegre Dever do Homem

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English: The Joyful Duty of Man

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Por John Piper Sobre Evangelho
Uma Parte da série À Procura da Alegria

Tradução por Ana Cristina Bonetti

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1 Coríntios 10:31

Assim, quer vocês comam, quer bebam, que façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.

Há duas semanas começamos uma série de mensagens para explicar a base bíblica para o novo panfleto chamado “Busca pela Alegria”. A razão pela qual elaboramos este panfleto é que o evangelho Cristão é uma notícia maravilhosamente boa. É maravilhoso saber e acreditar nisso! É destinado a todos. Todos precisam disso, quer saibam ou não. E se você se importa com as pessoas, você vai querer lhes contar essa boa notícia.

Tabela de conteúdo

Espontaneidade Crescendo a Partir de Uma Compreensão Profunda

Nossa esperança é que o panfleto e os sermões lhe proporcionem uma compreensão mais firme da verdade bíblica e uma maneira possível de torná-la clara para os outros. Esta não é, de forma alguma, a única maneira de compartilhar o evangelho. A verdade de Deus deve se tornar clara às pessoas em mil atos de amor e em palavras que se adaptem a centenas de ocasiões diferentes. Mas, muitos de nós aprendemos que a espontaneidade confiante com os incrédulos surge de raízes firmes e profundas de compreensão.

O retratista mais criativo é aquele que se esforçou para dominar como desenhar um queixo, um nariz e uma orelha. Quando o básico é uma segunda natureza, então começa a verdadeira criatividade. Assim é no evangelismo. Então, por favor, não pense que queremos que você papagueie o que está aqui. Queremos que você compreenda profundamente. Queremos que isso se torne sua segunda natureza em sua maneira de ver a vida. E, então, queremos que você fale as boas novas em amor – e, caso usar o panfleto lhe ajude, use-o.

Ao abrir o panfleto por completo, você vê seis verdades bíblicas declaradas em negrito. Cada uma tem um versículo bíblico citado abaixo dela e, em seguida, um pequeno parágrafo de explicação. As seis verdades estão dispostas em uma ordem bem específica, de modo que cada uma precisa das anteriores para fazer sentido.

Há duas semanas, focamos na Verdade #1, “Deus nos criou para sua glória”, baseada em Isaías 43:7. Em outras palavras, se vamos tornar o evangelho claro, as pessoas precisam saber algo sobre o poder de Deus (ele é o Criador), algo sobre a grandeza de Deus (ele é glorioso – estupendo, incrível, perfeito em todos os sentidos), e algo sobre o propósito de Deus (Ele visa tornar sua glória conhecida e admirada). Então, começamos dizendo, “Deus nos criou para sua glória”.

Porque é Tão Importante Começar com a Glória de Deus

Deixe-me resumir o porquê que começar aqui é tão importante.

1. A Centralidade de Deus

Deus é a realidade central do universo. A Bíblia diz que “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória pelos séculos!” (Romanos 11:36). Ela diz que ele é “para quem e por meio de quem tudo existe” (Hebreus 2:10). O homem não é o centro de todas as coisas. Deus é. Se a verdade não estiver, pelo menos, na mesa para consideração, o restante da mensagem do evangelho será distorcida para se adequar ao nosso egocentrismo natural.

2. Romanos 3:23

Quando chegarmos ao terceiro ponto do evangelho na próxima semana, Romanos 3:23 não fará sentido a menos que tenhamos começado aqui com o propósito de Deus de ser glorificado. Romanos 3:23 diz “pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Agora, o que significaria ser destituído da glória, e por que isto seria um problema, a menos que você tivesse mostrado que Deus nos criou para glorificá-lo, e que falhamos no próprio destino para o qual fomos criados? Em outras palavras, a essência do pecado não pode ser compreendida a menos que você comece com Deus e sua glória. É por isso que as pessoas não sentem a contrição como costumavam sentir. O pecado é visto como algo que me faz miserável, não como algo que ofende a glória de Deus. Hoje nossa visão de pecado é basicamente psicológica, não teológica (falaremos mais sobre isso na próxima semana). Para saber o que é pecado devemos começar com Deus e seus grandes propósitos.

3. A Justiça de Deus na Centralidade de Deus

É crucial que mostremos que é certo que Deus seja centrado em Deus e não centrado no homem. Muitas pessoas ficam felizes em deixar Deus existir se ele fizer do homem o valor mais elevado do universo. Mas é crucial dizer que Deus é o ser mais valioso do universo. Nós somos bem secundários. E como Deus é o valor máximo do universo, é justo e apropriado que ele seja honesto quanto a isso; que ele nos diga isso e que, para o nosso próprio bem, ele busque nosso amor e admiração.

Algumas vezes, as pessoas perguntam “Por que é certo que Deus busque a sua glória, mas errado que nós busquemos a nossa glória? Por que seríamos vaidosos e Deus seria justo?”. A resposta é que a justiça de Deus e a nossa justiça são exatamente a mesma coisa – Deus é justo por estimar altamente o que há de mais valioso no universo, a saber, Deus. E nós somos justos por estimar altamente o que há de mais valioso no universo, a saber, Deus. Não há inconsistência aqui.

Justiça significa ter a resposta certa para o que é infinitamente glorioso e perfeito. E isso é Deus. Para que sejamos justos, devemos amar a Deus de todo nosso coração, alma, mente e força. Para que Deus seja justo, ele também deve amar a SI MESMO com todo seu coração, alma, mente e força. Caso contrário, ele seria um idólatra. Ele estaria dando devoção suprema a algo que não tem valor supremo.

O que veremos na próxima semana é que a raiz do problema da nossa natureza humana é que não queremos que Deus seja Deus. Nós queremos ser Deus. E uma evidência clara disso é quão rara é a visão bíblica de Deus centrada em Deus, e quão difundida é a visão antibíblica de Deus centrada no homem. Então eu repito, é crucial que coloquemos sobre a mesa a verdade de que Deus nos criou para SUA glória e que isso é algo razoável e correto para Deus fazer.

4. Nosso Propósito de Existir

É útil começar com o propósito de Deus na criação porque isso nos diz o porquê de estarmos aqui na terra e o bom senso diz que se você souber o motivo para o qual algo foi criado, você pode tirar mais proveito dele. Isso é verdade para sua vida. Se você souber que um cortador de grama foi feito para cortar a grama, e não para servir como um ventilador de janela, sua vida será mais feliz. E se você souber que você foi feito para a glória de Deus, você fará melhor uso de sua vida e será mais feliz.

Isso nos leva à Verdade #2.

Todo Humano Deve Viver para a Glória de Deus

É claro que a Verdade #1 e a Verdade #2 estão intimamente conectadas. Mas, elas não são iguais. A Verdade #1 começa com Deus e descreve seu desígnio final ao nos criar. A Verdade #2 muda do desígnio de Deus para o nosso dever. Vamos ler o texto e o parágrafo de explicação.

Apelando às Escrituras e à Razão

“Assim, quer vocês comam, quer bebam, quer façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1 Coríntios 10:31).

Se Deus nos criou para sua glória, fica claro que devemos viver por sua glória. Nosso dever vem de seu desígnio. O que significa glorificar a Deus? Significa que nós o amamos (Mateus 22:37), cofiamos nele (Romanos 4:20), somos gratos a ele (Salmos 50:23) e lhe obedecemos (Mateus 5:16).

Agora, neste ponto, você pode apelar para as Escrituras (os versículos estão listados) ou para a razão (ou bom senso), dependendo do quanto em comum você tem com alguém.

E se Alguém Rejeitar a Verdade #1?

Deixe-me encorajá-lo a não se prender a nenhuma dessas verdades se alguém rejeitar a verdade. Não pense que a única maneira de uma pessoa ser persuadida da verdade do Cristianismo é movendo-se logicamente de premissa a premissa. Não é assim que a maioria das pessoas funciona.

Suponha que uma pessoa diga, após você compartilhar a Verdade #1, “Não posso acreditar nisso. Eu nem acho que exista um Deus. E a teoria da evolução torna sem sentido toda aquela conversa sobre o desígnio e propósito divinos”. O que você deveria fazer? Você deveria desistir porque não consegue nem mesmo fazer com que eles concordem com a primeira verdade fundamental?

NÃO! O que você deve dizer é algo assim: “OK, eu entendo que você não concorda com esta primeira verdade. Mas, você poderia me ouvir e me deixar tentar lhe dar uma visão geral para que você possa fazer seu julgamento com base em como tudo pode se encaixar?”. Então você passa para as verdades #2 e #3 e assim por diante.

A razão para isso é que a maioria de nós não abraça uma ideia ou uma causa porque classificamos todas as suas premissas e as testamos logicamente, uma por uma, da mais básica em diante. A maioria de nós abraça uma ideia ou uma causa (ou uma pessoa!) porque a coisa toda, ou uma parte crucial dela, faz com luzes se acendam para nós. Isso nos dá um lampejo de percepção. Combina com coisas que já sabemos. Faz sentido a partir de coisas que eram confusas ou preocupantes.

Em outras palavras, se você conseguir colocar a visão geral – todas as seis verdades – na mente de uma pessoa, pode ser que algo nas outras cinco atinja o alvo com tanta força que ela irá reconsiderar a rejeição da primeira. Ou pode ser que mais tarde – às vezes muito mais tarde – uma experiência devastadora os leve a reconsiderar a verdade destas coisas. Se você tiver dado a eles a visão geral, o Espírito Santo poderá, então, aplicar qualquer parte disso à necessidade deles. E se eles tiverem uma cópia que possam guardar, melhor ainda. Nunca pense que você falou a verdade de Deus em vão. Ela não é dita em vão.

Então, você vai explicar a Verdade #2. Aqui está um jeito de se fazer isso.

A Ordem de Deus para Glorificá-lo e o Amor de Deus

A Verdade #1 disse que Deus nos criou para refletir, exibir ou manifestar sua glória. Devemos ser como espelhos bem polidos da verdade de Deus ao mundo. Ou como prismas que pegam os raios da grandeza de Deus e os dividem em variadas cores para que o mundo veja nossas palavras e ações (Efésios 3:10; Mateus 5:16).

É a isso, então, que todo homem, mulher e criança deveria dedicar sua vida. É por isso que vivemos. Este é nosso dever. Ou você pode dizer que essa é a lei de Deus.

Mas, para algumas pessoas – a maioria das pessoas – as palavras “dever” e “lei” não são palavras felizes. Elas tendem a soar como opressivas e pesadas. Então, não parece que Deus seja muito amoroso. Parece que ele não pensa no nosso melhor interesse. Talvez ele esteja tão interessado em sua glória que nós não contamos, exceto como escravos para trabalhar para ele.

Este tipo de objeção deve ser enfrentada. E não é difícil de fazê-lo. Você a enfrenta fazendo esta pergunta: Se Deus é perfeito, completo, autossuficiente, infinitamente grande e glorioso, e não nos criou para atender às suas necessidades, porque ele não tem nenhuma necessidade, então, como você glorifica um Deus assim?

Não é trabalhando para ele como um escravo. Isso daria a impressão de que ele é fraco ou deficiente. Não é se encolhendo na incerteza sob seu poder. Isso daria a impressão de que ele é instável, caprichoso ou cruel.

Como Você Glorifica um Deus Todo-Glorioso?

Como você traz glória a um Deus autossuficiente, perfeito, infinitamente belo, infinitamente sábio, infinitamente poderoso, transbordante? Aqui você pode usar os textos do panfleto ou ilustrações da vida cotidiana.

Por exemplo, se você quer glorificar uma bela pintura, você não se sente obrigado a trabalhar para melhorá-la. Você simplesmente a desfruta. Você a ama. Você fala sobre ela com entusiasmo a seus amigos. Ou se alguém prepara uma refeição maravilhosa e a serve diante de você, como você glorifica a excelência da refeição? Não é colocando um avental e indo para a cozinha para preparar mais pratos ou adicionar alguns temperos. Não. Você glorifica uma refeição perfeita comendo bastante, sentindo-se satisfeito e dizendo ‘aaahh’. Em outras palavras, se é seu dever glorificar algo infinitamente belo e maravilhoso, isto não é um fardo. É um prazer. De fato, quando você se compraz nisso, você revela que isso é um tesouro.

Ou suponha que é seu dever glorificar a força de uma nova liga de metal que sustenta uma ponte. Como você glorifica a força do metal? Não é trabalhando duro para fornecer algum apoio extra, mas, é entrando em seu carro com toda a sua família e confiando sua vida à ponte conforme atravessa tranquilamente, sem qualquer ansiedade. Você glorifica a força confiando nela e não trabalhando para complementá-la. Portanto, o dever de glorificar o poder não é um fardo. É um prazer repousante.

Ou suponha que seu dever fosse glorificar a generosidade de alguém. Suponha que alguém seja tão rico e generoso que simplesmente transborde em amor, generosidade, graça e bondade para com você. Como você glorificaria essa qualidade neles? Não é tentando pagá-los de volta. Isto transformaria sua gentileza em um acordo de negócios. Isto trataria seu presente gratuito como uma troca. Olho por olho. Isto não glorificaria a riqueza de sua generosidade. Não; a maneira de glorificar sua generosidade e bondade é ser genuíno em sua gratidão e agradecimento. E isso não é um fardo. Se você ganhar um presente de um bilhão de dólares, não reclame sob o dever de ser grato. É um prazer, não uma dificuldade.

Finalmente, suponha que seja seu dever glorificar a grande sabedoria de alguém? Talvez a sabedoria do seu treinador (se você estiver em algum time) ou do seu conselheiro (se você estiver em algum tipo de terapia)? A resposta é que você não glorifica a sabedoria deles tentando vigorosamente ajudá-los a descobrir a resposta para algum problema. Você glorifica a sabedoria deles fazendo o que eles dizem. Se você quer mostrar que seu treinador é realmente sábio, corra e faça os treinos dele sem duvidar ou resmungar. Se você quiser glorificar a sabedoria de seu conselheiro, cumpra suas tarefas sem dúvidas ou resmungos. Em outras palavras, a obediência alegre glorifica a grande sabedoria. E isso não é um fardo (1 João 5:3).

Deus é Mais Glorificado em Nós Quando Estamos Mais Satisfeitos Nele

Agora, você vê o que tudo isso significa? Significa que Deus é amor. Significa que quando ele nos criou para sua glória ele também nos criou para nossa alegria. Como assim? Porque a maneira pela qual ele busca ser glorificado em nós é nos satisfazendo nele. As boas novas do Cristianismo é que Deus é o tipo de Deus que é mais glorificado em nós quando estamos mais satisfeitos nele.

Ao compartilhar a verdade do Cristianismo, a Verdade #1 é que Deus nos criou para SUA glória. A Verdade #2 é que este é, portanto, o dever de cada homem, mulher e criança – viver para a glória de Deus. E o maravilhoso é que este dever não é um fardo. É liberdade e alegria. Você glorifica a beleza e a excelência de Deus amando o dever e se deleitando nele. Você glorifica o poder de Deus confiando nele em todas as coisas difíceis e ameaçadoras da sua vida. Você glorifica a generosidade, a bondade e a graça de Deus transbordando com gratidão. E você glorifica a sabedoria de Deus obedecendo seus conselhos. E todo mundo sabe que isso não é um fardo. Esta não é uma lei pesada. Isso é amor.

Deus é um Deus de amor infinito porque deseja compartilhar tudo o que é conosco para nosso desfrute e para sua glória.

Este foi o maravilhoso começo da verdade Cristã. E, então, algo aconteceu. Na próxima semana passaremos às Verdades #3 e #4: “Alegria Trocada” e “Alegria Perdida”.