Nove palavras para cada Casamento
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Josh Squires Sobre Matrimônio
Tradução por Sofia Stoffel Cardoso
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Um dia, meus filhos me apresentarão à pessoa com quem pretendem se casar. Quando o fizerem, há três frases — nove palavras simples no total — que saberei se eles podem dizer, com sinceridade, antes de poderem ter a minha bênção. Eu estava errado. Sinto muito. Por favor, me perdoe.
Casamento é um exercício diário de arrependimento e perdão. Não há como o cônjuge ser perfeito; sou um pecador e meu pecado machucará a todos à minha volta. Mesmo na nossa imperfeição, nós podemos apontar um Salvador perfeito. A disposição disso — perecer no nosso orgulho para que outro possa ser glorificado — mostra realmente que compreendemos a bondade e o poder do evangelho.
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‘Eu estava errado’
A nossa arrogância odeia essa frase. Cada palavra fica presa no fundo da nossa garganta. Dilatando, fervendo, fumegando, nosso ego nos diz que não podemos admitir nossa falha. Fazê-lo só arruinaria nossa reputação. Isso ameaçaria o valor que obtemos de nosso desempenho e minaria a garantia que obtemos de nossa aptidão percebida. Nossa habilidade de pensar em nós mesmos como especialistas (ou talvez até mesmo apenas competentes!) seria abalada. Proferir essas três pequenas palavras parece a morte do nosso orgulho.
Mas existe alguma verdade bíblica que clareia que você e eu erramos? E que o fazemos conforme o barulho do relógio? Pela sabedoria de Salomão (Eclesiástico 7:20), até a experiência de Paulo (Romanos 7:18-19), para a especialidade pastoral de João (1 João 1:8), todos testemunham nossa incapacidade de sermos seres sem falhas.
No entanto, a Bíblia pode falar de maneira mais clara sobre o perdão de Deus? As Escrituras nos dizem que, quando reconhecemos nossos erros, somos livrados das consequências eternas. Você e eu somos livres em Cristo para admitir quando cometemos enganos (Romanos 8:1), lembrando não haver nada, mesmo a altura da nossa competência, que nos possa separar dele (Romanos 8:31-39). Aquelas promessas devem nos dar o tipo de alegria resoluta que nos permite olhar reciprocamente nos olhos e admitir nossas falhas sem hesitação ou qualificação.
Quando surge um conflito, meu primeiro instinto é reforçar minha própria e relativa inocência enquanto exagero na culpa do meu cônjuge. Meu orgulho ferido quer ser acalmado com o bálsamo da justiça própria. Mas a justiça própria não é solução alguma. Ela apenas atiça a chama da mágoa em um inferno de raiva e preocupações, sem se importar com quem fere ao longo do caminho. Em vez disso, preciso apagar o fogo de um ego dolorido, aplicar as promessas de Deus de nenhuma condenação e proferir estas três palavras. Eu estava errado.
‘Sinto muito’
Admitir as falhas pode-se sentir como a morte do ego, mas lamentar os resultados dos nossos enganos se sente como a morte do coração. Não é de se admirar que nossas almas abominem tanto a vergonha — a primeira vez que vemos isso é na esteira do surgimento do pecado no mundo. Nossas almas não foram desenhadas para sentir vergonha, elas não foram desenhadas para participar do pecado.
Contudo, a vergonha é a resposta certa e mais natural quando pecamos. E a consequência de reconhecer nossa pecaminosidade, intencional ou não, tendo um efeito negativo direto sobre outros. Se eu contar a um amigo ou membro da família que fiz algo errado, mesmo que eu não mostre nenhum sinal de que meu coração foi despedaçado pelos resultados, então eu não deveria estar surpreso quando eles acharem minhas desculpas difíceis de acreditar. Nem deveria ser pego de surpresa quando eles lutam para me perdoar.
David pode apenas admitir a falha em seu pecado com Bate-Seba? Não, ele deve lamentar:
Tenha Piedade de mim, Deus.
Segundo o teu amor constante;
segundo a tua abundante misericórdia.
Perdoa as minhas ofensas.
Lava-me completamente da minha iniquidade;
e purifica-me do meu pecado!
Pois conheço as minhas ofensas,
e o meu pecado está sempre diante de mim. (Salmo 51:1–3)
Digo que David deve lamentar, não porque o lamento é algum tipo de pré-requisito para a transformação, mas sim porque é a reação saudável do coração ao ver seu pecado em um espelho.
Quando digo à minha mulher “Sinto muito”, de uma maneira certa, eu não digo com um sorriso. Vergonha e tristeza não são emoções leves e eu quero que minha esposa saiba algo que sinto pesando na minha alma. Eu não fico deprimido. Eu não imploro. Eu não faço isso para mostrar. Eu apenas quero que ela saiba — até o mais profundo de sua alma — que percebo que a magoei e que sinto muito por isso. É importante que ela entenda um pouco da profundidade da minha tristeza, porque arrependimentos superficiais muitas vezes levam ao fracasso do perdão.
‘Por favor, me perdoe’
Embora admitir as falhas e demonstrar tristeza possa ser doloroso, este processo misericordiosamente encontra alívio no perdão. Quando cometemos um erro que causa danos às almas de nossos companheiros portadores da imagem, devemos estender a mão e pedir que eles tenham a coragem de restaurar a comunhão conosco. Esse não é um pequeno pedido. Quando mostramos, por ignorância ou intenção, que podemos machucar aqueles que dizemos que amamos, é um ato de fé da sua parte confiar que nos cuidaremos das suas almas outra vez.
Mas o evangelho é, no seu cerne, uma mensagem de restauração. E não importa o quanto queremos correr para longe de nossos erros ou fazer o mínimo possível deles, devemos honestamente pedir por perdão se quisermos tornar a restauração semelhante ao evangelho evidente para eles, para nós mesmos e para um mundo que observa. É por isso que Jesus diz que, se lembrarmos que alguém tem algo contra nós, devemos abandonar todas as outras atividades — até mesmo a adoração! — para buscar a reconciliação (Mateus 5:23–24).
Frequentemente, eu busco pelo perdão, então podemos simplesmente ir adiante. Minha alma quer ser restaurada, meu coração quer parar de afundar-se na vergonha e minha mente, quer contemplar algo melhor que a minha falha. Contudo, meu pedido de restituição não deve ser motivado pelo cansaço, mas sim energizado pela graça do evangelho. O perdão pode colocar meus olhos e os olhos da minha esposa não em um cônjuge fraco e frágil, mas em um Salvador crucificado e ascendido. O perdão é uma realidade que foi comprada e paga no Calvário. Posso alcançá-la porque Jesus já me alcançou. Por trás do meu pedido “por favor, me perdoe” está a declaração de Cristo para mim: “Você está perdoado”.
Bem-vindo à família.
Sei que, no meu próprio casamento, a quantidade de esforço preciso para pronunciar essas três linhas parece mais subir montanhas do que falar frases simples. No entanto, há poucas ações que demonstram mais completamente uma compreensão funcional do evangelho do que a disposição de se desculpar e buscar perdão.
E uma compreensão funcional e vibrante do evangelho é a chave para o sucesso em todos os relacionamentos — o meu e, um dia, até mesmo o dos meus filhos. Futuros pretendentes, tomem nota: ter um coração que pode dizer sinceramente, “Sinto muito” resulta em um futuro sogro que pode dizer claramente, “Bem-vindo à família”.
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