Mais Uma Vez?
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Matthew Westerholm Sobre Adoração
Tradução por Ana Cristina Bonetti
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Três Maneiras de Adorar Através da Repetição
Como um estudante do 1º ano do Ensino Médio (equivalente à 9th grade nos EUA), eu fiquei perplexo, em um domingo de manhã na igreja, com o que eu vi na tela. Eu conseguia ler a letra da canção, mas eu também estava vendo álgebra? Ali, no final do refrão, estava esse sinal misterioso: (4x).
Minha curiosidade transformou-se em horror quando descobri a verdade. Esse símbolo significava que repetiríamos essa linha quatro vezes. "Por que", perguntei, "devo cantá-la tantas vezes?". Fiquei decepcionado quando descobri que meu líder de louvor planejou finalizar esta música cantando o refrão três vezes consecutivas, o que significava (fiz as contas rapidamente) que cantaríamos aquela mesma linha solitária doze vezes seguidas.
Olhei para meus amigos. Muitos olharam para baixo. Alguns fecharam seus olhos – se perdidos de espanto ou resignados com a derrota, eu não saberia dizer. Eu não sabia o que fazer. Eu já cantei essa parte. E agora?
Por Que Repetir?
Ao pensar sobre o que aconteceu naquela manhã, e muitas manhãs subsequentes, tive que admitir uma coisa: eu não gostava da repetição na adoração. Isso me incomodava.
Isso me incomodava porque eu não estava mais aprendendo a canção. Eu já conhecia bem a canção e, agora, estava ficando cansado dela. Isso me incomodava porque eu não precisava que a canção me fosse explicada – eu já havia entendido. Cantar é aprender e compreender (pensei), e, porque a repetição não fazia nenhuma destas coisas, repetir a letra me deixava desconfortável.
E muitas das pessoas com quem conversei se sentiam exatamente da mesma forma, incomodadas e desconfortáveis. Concordamos: cantar canções repetitivas era estranho.
Nós Somos os Estranhos
Minha perspectiva mudou quando eu estudei a história da música Ocidental e global. De muitas maneiras, nosso desconforto com a repetição revela mais sobre nós do que sobre a canção repetitiva. Simplificando, as canções repetitivas não são estranhas, nós é que somos.
Nosso desconforto se deve, em partes, ao momento em que vivemos: a era da informação. Nossas telas de computador e celulares nos fornecem quantidades surpreendentes de novas informações em velocidades incríveis. A acessibilidade constante a novos conteúdos treina nossos olhos para ver a repetição como conteúdo antigo e, portanto, inútil. Ansiamos por novidades – novas palavras, novos pensamentos, conteúdo adicional.
Nosso desconforto também vem do lugar onde vivemos, se você vive no mundo Ocidental. A cultura Ocidental valoriza a novidade de palavras. Pode parecer que cantar muitas palavras por minuto seja uma preferência cristã mundial. Mas não é. É uma esquisitice Ocidental. Se você ouvisse música indígena de quase qualquer outro lugar do mundo, você poderia descrevê-la como "rítmica, dançante e repetitiva". Mas esta descrição sobre músicas não-ocidentais revela que nossas próprias preferências musicais são a anomalia. Comparada ao resto do mundo, a música Ocidental tem muitas palavras e é prolixa.
Pode parecer estranho descobrir que as nossas preferências pessoais são uma anomalia cultural. Agora, o ponto não é dizer que nós, no Ocidente, "entendemos tudo errado" musicalmente. Mas estamos enganados se pensarmos que não temos nada a aprender de tempos e lugares diferentes do nosso – tal é o orgulho modernista inscrito na adoração. É humilhante descobrir que temos algo a aprender com os outros, mas não é surpreendente. E é o tipo de humilhação que, se estivermos dispostos a aceitá-la, nos abençoará grandemente na adoração.
De Perambular a Se Maravilhar
Quando procuramos aprender com a experiências de crentes de outras culturas, descobrimos que repetir as letras não necessariamente envolve negligência. Na verdade, a repetição na adoração oferece certas oportunidades de atenção plena que são difíceis de acessar em muitos de nossos louvores com muitas palavras. Considere estas três maneiras de envolver sua mente durante um momento repetitivo de adoração.
1. Escolha um atributo divino para meditar.
Comece adorando a Deus porque este atributo O descreve. Lembre-se de momentos nos quais você descobriu quão verdadeiro é este atributo dele. Considere como o universo seria diferente (pior!) se Ele não fosse assim. Louve-O por quem Ele é.
2. Escolha uma verdade espiritual para meditar.
Pense em como sua própria vida é afetada por essa verdade. Contemple o que acontece quando você esquece essa verdade. Mentalmente, quais pensamentos errados lhe ocorrem quando você negligencia essa verdade? Emocionalmente, quais sentimentos inadequados você experimenta? Peça a Deus que o ajude a pensar, sentir e viver nesta realidade.
3. Considere o porquê de Deus estar escolhendo trazer essa letra à sua atenção neste momento específico.
Certamente, esta canção não chegou até você por acaso, mas (parafraseando o Catecismo de Heidelberg) pela mão paterna de Deus. Existe algum fardo específico que você esteja carregando e que poderia ser aliviado ao abraçar a letra que você está repetindo? Existe alguma pessoa específica em sua vida que se beneficiaria em ouvir essa verdade partindo de você? Peça ao Espírito que lhe dê a oportunidade certa e as palavras adequadas para falar com eles.
Deixe Nossos Corações Queimarem
Quando detectamos que nossos corações desejam, ansiosamente, partir para uma próxima tarefa, tome isso como um lembrete de que nosso paciente Deus nos dá a dádiva do tempo. Tal como os discípulos no caminho para Emaús, somos "lentos de coração para crer" (Lucas 24:25).
É uma grande dádiva quando nossa adoração nos concede a oportunidade de insistir na verdade daquilo que cantamos. Vamos receber o dom do tempo de Deus e ativar o dom das letras repetitivas até que nossos corações ardam dentro de nós (Lucas 24:32).