Irmãos, Treinem A Próxima Geração
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Mike Bullmore Sobre Ministério Pastoral
Tradução por Francisco José Batista Chambel
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Vejo que existe uma tentação persistente na minha vida e no meu ministério É a tentação de simplesmente acabar o meu percurso com fidelidade.
« E o que é que há de errado com isso?» Poderiamos interrogarmo-nos. Isto até soa bastante bíblico, quase Paulino. «Eu só quero acabar o percurso. Eu não quero ser desqualificado. Eu quero percorrer fielmente até ao fim.» O que é bom, excepto se a nossa compreensão de fidelidade ao Evangelho estiver limitada apenas aos resultados atribuídos durante setenta anos de vida, ou então se por motivo de força oitenta.
Não sei quanto a vocês mas com os desafios e o peso do ministério pastoral, às vezes posso sentir-me reduzido a dizer « Senhor, ajuda-me a ser fiel até ao fim.»
No outro lado desta tentação, existe o simples fato de que é muito difícil estar motivado e manter a motivação, especialmente se esse futuro está para além do nosso limite visual. É fácil para mim estar motivado acerca do bem estar das minhas crianças. E é fácil extender esta motivação aos filhos dos outros. Mas por quantas gerações é que é possível manter essa motivação? Para mim é-me muito difícil ir além das três gerações sem cair na abstração.
Eu partilho isto convosco simplesmente para ilustrar que existe uma dificuldade,mesmo na compreensão de algo bom como a fidelidade ao Evangelho, em manter o futuro claro e justo nas nossas mentes. E isto pode contribuir para uma tendência que define a fidelidade ao Evangelho demasiado centrada nos termos do nosso próprio mandato.
Deixem-me clarificar o meu ponto positivamente: É necessário juntamente com o nosso ministério fiel ao Evangelho, um investimento no ministério que virá a seguir ao nosso. Vejo isto exposto nos primeiros dois capítulos de 2 Timóteo
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Discípulos Homens Fíeis
Paulo diz em 2 Timóteo 1:14, « Guarda, Pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado.» A seguir, alguns versículos depois, usando a mesma linguagem, ele diz a Timóteo, como parte de «guardar», para «confiar a homens fíeis» aquilo que lhe foi confiado, e parte de «confiar» é ensiná-los a transmitir também a mesma coisa aos outros ( 2 Timóteo 2:2)
Paulo está a dizer a Timóteo que uma parte essencial de um ministério fiél é o investimento na próxima geração. Não é nenhum apetrecho opcional. Por outras palavras, quando Paulo diz a Timóteo para «guardar» o Evangelho ele não está só a dizer-lhe apenas para proteger a integridade do Evangelho dos efeitos dos ensinamentos falsos. Ele está também a chamar Timóteo a lutar para preservar a continuação do Evangelho contra a erosão dos efeitos ao longo do tempo, mesmo após o tempo de Timóteo.
Portanto vou repetir É essencial , juntamente, à nossa fidelidade ao ministério do Evangelho este investimento numa geração sucessora de ministros do Evangelho.
Cuidado Com A Síndrome de Ezequias.
Eu creio que o maior desafio que aqui temos a enfrentar é aquilo a que podemos chamar a tendência do « meu tempo de vida», uma tendência que vemos exemplificada num dos reis Israelitas do Antigo Testamento. Talvez se lembrem da história. Ezequias é rei de Judá. Senaquerib, o rei da Assíria, vem atacá-lo. Ezequias, com a ajuda de Isaías, reza e prevalece. Ezequías adoece e recebe instruções de Isaías para por em ordem a sua casa. Ezequias clama ao Senhor e são-lhes concedidos mais quinze anos de vida. Ao ouvir isto o rei da Babilónia manda mensageiros, para ostensivamente felicitá-lo pela sua recuperação. Ezequias no seu orgulho irracional faz uma exibição dos tesouros nacionais. Os mensageiros regressam à Babilónia. Isaías pede contas da sua visita. Ezequias diz a Isaías o que ele fez. Em resposta, Isaías prediz o cativeiro da Babilónia que acontecerá. E depois isto.
Depois Ezequias diz a Isaías, «O Senhor tem razão, é justo o que me acabaste de anunciar.» Pois ele pensou: « Haverá paz e segurança enquanto eu viver.»
O que faz este relato ainda mais interessante e sóbrio como um aviso para nós, é o fato de que Ezequias foi extremamente influencial na reforma da vida espiritual de Judá: purificar o templo, restaurar a adoração no templo, instituir novamente a Páscoa; reorganizar o sacerdócio. Vejam no relato de 2 Crónicas. Ele deu um contributo impressionante em pontos muito importantes.
Mas depois há este episódio mais tarde na sua vida que trai tanto o seu orgulho como a sua miopia. Apesar do seu zelo, havia aparentemente, uma falta de zelo por aquilo que se passaria após a sua saida de cena.
Evitar a Miopia Temporal
Richard Baxter traz-nos uma forma maravilhosa de encarar isto no livro O Pastor Reformado. Ele escreve, « Se vocês glorificarem a Deus nas vossas vidas, devem estar firmemente empenhados no bem público, e na difusão do Evangelho no mundo.» A alternativa, de acordo com Baxter, era «uma privada, e estreita alma sempre fechada em si mesma que não vê como é que as coisas se passam no mundo. Os seus desejos e orações não vão para além daquilo que ela é capaz de ver ou viajar.»
Baxter fala acerca da possibilidade de uma miopia geográfica, mas nós podemos ser culpados de uma miopia temporal. Este foi o caso de Ezequias.
Baxter chamava a atenção aos seus leitores para o oposto — uma grandeza de alma que «contempla toda a terra e deseja saber como é que tudo está a correr com a causa e com os servos do Senhor.» As palavras de Paulo em 2 Timóteo chamam-nos à atenção para isto mas pondo os nossos olhos no futuro. « Como irão correr as coisas com a causa? E o que posso fazer eu para fazer progredir esta causa para o futuro?»
Não nos acontentemos em simplesmente dizer: « Enquanto tudo estiver bem enquanto eu for vivo.»
Cultivar Uma Visão De Longo Alcance
Em contraste com a miopia de Ezequias, vemos a visão de longo alcance de Paulo, e torna-se especialmente pungente em vista da partida iminente de Paulo. Lembremo-nos que esta é a mesma carta na qual ele diz: « A minha hora de partir está a chegar.»
Ele agora pede a Timóteo para pensar de uma certa forma acerca do ministério do Evangelho. E ele pede a Timóteo para treinar a próxima geração para pensar desta forma acerca do ministério do Evangelho. E Deus pede-nos para pensar assim também acerca do ministério do Evangelho. É necessário juntamente com a nossa fidelidade ao ministério do Evangelho um investimento na próxima geração de ministros do Evangelho.
Isto deveria traduzir-se numa realidade muito concreta na nossa vida quotidiana. Isto é uma responsabilidade que a Igreja partilha corporativamente, mas que irá requerir individualmente de cada um de nós, um definido investimento de tempo, energia e propósito.
Investir Na Próxima Geração do Evangelho
E isto irá assemelhar-se com o quê? Deixem-me sugerir quatro possibilidades. Primeiro, dediquemo-nos ao ministério do Evangelho com fidelidade, especialmente ao ministério da palavra. A melhor maneira para treinar homens para fielmente anunciar o Evangelho é anunciar o Evangelho fielmente. 1William Perkins escreveu: « Portanto, deixemos cada ministro no seu ensino e no seu trabalho de diálogo, trabalhar de tal forma que ele possa honrar o seu chamado, para que ele possa atrair outros a partilharem do seu amor por ele.
Segundo, prestemos atenção aos jovens de várias idades nas nossas congregações. Façamos atenção a como eles recebem aquilo que anunciamos. Façamos atenção a como eles processam aquilo que está a ser anunciado. Façamos atenção a afeções profundas por Deus e pela sua palavra. Estejamos atentos e de olhos bem abertos.
Terceiro, criar contextos para os homens jovens, que nos chamem à atenção para que 2eles possam praticar e crescer no seu manuseamento da palavra.
Quarto, e isto deve ser dito, rezemos muito especificamente para que Deus possa criar a próxima geração de ministros do Evangelho. Rezemos pelos nossos substitutos, mas rezemos também por mais do que isto. Rezemos com os olhos, e com o coração, direcionados para o futuro e para o sucesso contínuo do Evangelho até que Cristo venha.
Nota do tradutor
1William Perkins: possivelmente refere-se a um clérigo e teólogo inglês, considerado um dos maiores líderes do Puritanismo na Igreja da Inglaterra durante o período Elisabetano.
2Tradução literal: “No seu manuseamento da palavra”, uma outra tradução mais contextual seria:” na forma como interagem e transmitem a palavra.”