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English: Habits of Grit

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Por David Mathis Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Vanderci Sentello

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Tabela de conteúdo

Atletismo, Graça e a Ética do Trabalho Cristão

Poucos de nós somos agricultores. Não mais. E relativamente poucos de nós serviram como soldados em combate. Mas talvez alguns de nós tenham tentado o atletismo de competição — do tipo que você treina e não apenas aparece para jogar.

Você pode não ter estado ciente disso à época, mas se você foi um soldado, um atleta ou um agricultor, você foi desafiado, como são cada vez menos as pessoas modernas, a aprender como realmente trabalhar. Ou seja, você foi apresentado com algum objetivo e desafio concreto — treinar para a batalha no campo, praticar para o dia do jogo — e você fez o esforço necessário para ter sucesso no campo; ou ficou cansado, cortou caminhos e logo desistiu. Você demonstrou que não tinha coragem de continuar se esforçando contra os obstáculos, para perseverar e atingir o objetivo; ou você o encontrou, sem dúvida, a ajuda de treinadores ou colegas de equipe.

No entanto, em primeira mão, sua experiência como soldado, atleta ou agricultor, as Escrituras estão prontas para preencher, complementar, reformular ou substituir nossas experiências pessoais (ou a falta delas) e nos ensinar uma ética de trabalho cristão — para nossa própria alegria, para o bem dos outros e para a glória de Cristo. E um dos lugares clássicos para ancorar nas Escrituras e ponderar nossa ética de trabalho, menciona as tarefas muito concretas e objetivas dos soldados, do atletismo e da agricultura.

Como o Apóstolo

O que Paulo tem em vista em 2 Timóteo 2:1–7 é o avanço do evangelho por meio da formação de discípulos. O evangelho que ele confiou a seu discípulo, ele agora encarrega Timóteo para o “confiar a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2 Timóteo 2:2; ARC). São quatro gerações em um piscar de olhos: Paulo a Timóteo, a “homens fiéis”, a “outros também” — e está implícito que “outros também”, também discipularão outros.

Mas por mais simples que o plano para a multiplicação do evangelho possa parecer, a obra não será fácil. Será combatido pelo mundo, pela carne e pelo mal, quase constantemente, e muitas vezes nos momentos mais inconvenientes. O próprio Paulo escreve da prisão. Timóteo pode ler a escrita na parede: se tais esforços dedicados ao avanço do evangelho levaram Paulo à prisão, quanto tempo até que ele alcançasse Timóteo? Mas, em vez de se esquivar da tarefa, Paulo chama seu protegido para “compartilhar o sofrimento como um bom soldado de Cristo Jesus”. Em seguida, versículos 4–6:

Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado se não militar legitimamente. O lavrador que trabalha deve ser o primeiro a gozar dos frutos.

Considere primeiro e juntos, as exigências de soldados e agricultores; então voltaremos mais para o atletismo.

Como Soldados e Agricultores

Mesmo que o soldado e a agricultura sejam estranhos para você, como são para mim, a natureza ampla do trabalho é bastante clara.

Os soldados são homens “sob autoridade” (Mateus 8:9; Lucas 7:8), que não servem sozinhos, mas ao lado de outros soldados (em companhias ou batalhões). Um único campeão treinado com uma arma pode ser um inimigo formidável — até ser encontrado por centenas ou milhares treinados para agir como um. O poder no soldado vem dessa força coletiva: homens treinados juntos, para agir juntos, sob a autoridade e direção clara de um comandante capaz. E para fazer isso — tanto para se preparar para a batalha quanto para ficar pronto — os soldados devem superar a tentação de ficar “enredados em atividades civis”.

O soldado é aquele que foi chamado da vida civil normal e recebido em uma nova companhia, para treinar e estar pronto para agir, para defender os civis. E bons soldados, diz Paulo, visam “agradar aquele que os alistou”. Eles negam a si mesmos os apelos e confortos imediatos da vida civil, para perseverar em seu chamado e, no final, desfrutam de uma satisfação maior e mais duradoura do que abandonar sua missão por trivialidades.

Da mesma forma, embora distintamente, a agricultura requer o trabalho árduo da previsão e do trabalho físico. Os agricultores planejam, cultivam e semeiam, removem ervas daninhas, esperam com paciência pela chuva e pelo crescimento e, no final, se envolvem no árduo trabalho de colheita. E ao fazer isso, o agricultor segura em suas mãos e desfruta da recompensa, como deveria: “a primeira parte das colheitas”. Os agricultores têm muito a nos ensinar, não apenas sobre o trabalho árduo e a antecipação de recompensas, mas também sobre a paciência: “Vejam como o agricultor espera pelo precioso fruto da terra, sendo paciente com ele, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Você também, seja paciente” (Tiago 5:7–8).

Como Atletas

Paulo, em particular, pode ter mais a nos ensinar por meio do atletismo do que esperamos. Além de 2 Timóteo 2:5, ele retoma imagens atléticas em 1 Coríntios 9:24–27; Filipenses 3:13–14; 1 Timóteo 4:7–8 e 2 Timóteo 4:7. Hebreus também (não escrito por Paulo, mas alguém em seu círculo como Lucas) se baseia em imagens atléticas (Hebreus 5:13–14; 12:1–2, 11–13). A lição em 2 Timóteo 2 é consistente com o retrato do atletismo em outras partes das cartas de Paulo e em Hebreus.

Primeiro, a maturidade vem por meio de treinamento, não por meio de custos ou indulgências de desejos para conforto imediato. Ou seja, mesmo antes da competição, mesmo antes do desconforto de resistir no dia da corrida, é o obstáculo do treinamento. O treinamento eficaz requer desconforto (Hebreus 12:11). O corpo não é condicionado pelo lazer, mas pelo estresse e pela tensão, e especialmente pela persistência no desconforto. Tanto o corpo quanto a mente são “treinados pela prática constante” (Hebreus 5:14), levando à maturidade. “Aqueles de nós que somos maduros”, escreve Paulo, “avançando para o que está por vir ... prossigo para o alvo do prêmio.” (Filipenses 3:13–15). Todo treinamento, seja corporal ou espiritual, requer alguma medida de trabalho e esforço (1 Timóteo 4:7–10).

Em segundo lugar, então, na própria competição, os atletas avançam por meio do cansaço, frustração, desânimo e dor. Aprender a lidar com a pressão e suportar o desconforto no treinamento, preparará o corpo e a mente para resistir no dia da corrida. O versículo 5 destaca uma tentação específica a ser superada: cortar caminhos. “Um atleta não é coroado, se ele não compete de acordo com as regras.” Seja no treinamento ou na competição, o atleta de sucesso sabe que seus desejos subjetivos não governam as regras objetivas da competição. Ele não é maior do que a corrida ou o jogo. Ele não pode treinar ou competir como quiser, de acordo com seus desejos momentâneos, mas deve exercer autocontrole. Este é o testemunho do próprio Paulo em 1 Coríntios 9:24–27:

Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado.

Em terceiro lugar, e mais significativamente, em todas as passagens do Novo Testamento, a chave para suportar o desconforto é olhar para a recompensa. Seja no treinamento ou no próprio evento, Paulo e Hebreus enfatizam a recompensa, a coroa, o prêmio — um elemento vital que torna a lição de ética de trabalho, particularmente, Cristã. Paulo elogia explicitamente o prêmio: “Então corra para que você possa ganhá-lo” (1 Coríntios 9:24). A coroa imperecível que nos espera não é a cereja no topo do bolo, mas a recompensa a ser mantida em mente e lembrada, para nos manter em movimento, quando encontramos obstáculos e resistência. O próprio Paulo, ao chegar ao fim de sua “corrida”, não se envergonha (mas intencionalmente) de chamar a atenção para a recompensa, que, por antecipação, alimentou sua perseverança:

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda. (2 Timóteo 4:7–8)

Mas não apenas Paulo. Onde ele aprendeu isso? Ninguém nos ensina a olhar para a recompensa como Jesus, em seu ensino, seu exemplo e muito mais.

Como Jesus

Em seu ensino, Jesus repetidamente chama nossa atenção para a recompensa que é “de seu Pai” e “grande no céu”. Somente em Mateus 5–6, ele menciona explicitamente a recompensa cerca de nove vezes (e então o faz novamente em 10:41–42; veja também Marcos 9:41 e Lucas 6:23, 35). Talvez tenha sido esse fio claro, quase hedonista, que levou Paulo a capturar um aspecto do ensino de Cristo como “Mais bem-aventurado é dar do que receber” (Atos 20:35).

No entanto, tão claro quanto o ensino de Jesus é o poder de seu exemplo. O clímax do décimo primeiro capítulo de Hebreus volta nossa atenção, várias vezes, para a recompensa vindoura (10:35; 11:6, 26) e, em seguida, apresenta o próprio Cristo como o paradigma de pressionar e persistir através da dor, olhando para a recompensa:

Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hebreus 12:1–2)

Quando olhamos para Jesus, olhamos para aquele que suportou a maior dor e vergonha — a cruz — olhando para sua recompensa: pela alegria que foi colocada diante dele, isto é, estar sentado à direita de seu Pai. Ele terminou o curso, olhando para a recompensa. E assim também, da mesma forma, e olhando para ele, Hebreus nos faria correr nossa corrida com perseverança, não nos cansando ou desanimando, mas levantando nossas mãos caídas e fortalecendo nossos joelhos fracos (Hebreus 12:1, 3, 12).

Como um Cristão

Mas Jesus não apenas nos ensinou a olhar para a recompensa e, em seguida, praticou o que ensinou. Ao terminar seu curso e alcançar a vitória da cruz, ele nos assegurou, que temos fé nele, como seus. Observe o seguinte: não o ganhamos com nossa coragem sagrada, mas ele nos ganhou com a dele. Continuamos, como Paulo, “porque Cristo Jesus me fez seu” (Filipenses 3:12). Não inverta a ordem. A escravidão ou a liberdade dependem da sequência. A coragem perfeita de Cristo vem em primeiro lugar, o que torna possível nosso esforço imperfeito, mas crescente. Ou, você pode dizer, a plena aceitação de Cristo vem primeiro; então ele vai trabalhar em nossa ética de trabalho.

Portanto, um fio comum liga a ética de trabalho de soldados, atletas, agricultores, do próprio Cristo e dos cristãos: reconhecemos e possuímos os detalhes de nosso chamado; exercemos autocontrole para superar os desejos imediatos da carne; suportamos o desconforto, com a ajuda de Deus, pela recompensa, a maior alegria final prometida, que flui no presente para nos dar significado e força e nos manter querendo e tentando.

E o que o torna particularmente Cristão e não simplesmente humano é o seguinte: fazemos toda a nossa pressão, a partir da plenitude e segurança da alma, não do vazio e da insegurança, sabendo que Cristo Jesus me fez seu.