E Conhecerão a Verdade, e a Verdade os Libertará
De Livros e Sermões BÃblicos
Por John Piper
Sobre Santificação e Crescimento
Uma Parte da série The Gospel of John
Tradução por Carlos Diones dos Santos
Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).
O objetivo desta mensagem é que você possa experimentar o Jesus soberano, ressurreto, vivo, Senhor do universo, como fonte essencial da liberdade verdadeira na sua vida.
Para que isso aconteça, precisaremos de duas coisas: da verdade e da graça libertadora de Deus. Que significa que preciso pregar a palavra de Deus e pedir pelo seu poder.
Então vamos ler a passagem bíblica da qual eu falarei e então orar. João 8:30–36:
- Tendo dito essas coisas, muitos creram nele. Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”. Eles lhe responderam: “Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres?” Jesus respondeu: “Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. O escravo não tem lugar permanente na família, mas o filho pertence a ela para sempre. Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.
Senhor abra nossos olhos para a sua verdade libertadora—para Ti—e nos conceda que sejamos livres do poder da servidão do pecado. Em nome de Jesus, amém.
Todos nós queremos ser livres
Tenho certeza que todos nessa sala desejam, no mais profundo e completo sentido, ser livres. Se o contrário é sujeição e escravidão, ninguém quer isso. Você pode estar sendo escravizado por alguns hábitos que são muito prazerosos, e nesse sentido amar a sua escravidão. Mas quando você dá as costas aos prazeres e considera a felicidade sem ela, você gostaria que não mais estivesse sujeito à ela. Você gostaria de ser feliz em liberdade, e não um escravo dos vícios agradáveis. Todos nós queremos ser livres.
No verso 36 de João 8: "Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres." E isso é o que estamos procurando, "vocês de fato serão livres." Realmente livres. Liberdade em seu significado mais profundo e completo. Jesus nos oferece isso nessa manhã. Isso é a páscoa. A celebração da ressureição de Jesus dentre os mortos. Ele está vivo. Ele não é uma mera lembrança. Uma mera figura histórica como César, Shakespeare ou John Kennedy. Ele voltou dos mortos com um novo corpo glorioso. Ele está vivo e reinando como o rei do universo e ele está nos fazendo essa oferta de liberdade verdadeira nesta manhã.
O Jesus histórico como o Jesus da nossa fé
Reconheço que estou levando muita coisa em consideração quando digo isso. Então me deixem voltar um pouco. Nós cristãos acreditamos que o que os livros do Novo Testamento registraram sobre Jesus é verdadeiro. Esses livros nos ensinam ou supõem de forma uniforme que Jesus participou da história, morreu como substituto pelos pecadores, que ressurgiu no terceiro dia, que ele ascendeu ao céu e que governa o mundo como o próprio Deus (assim como a crença antiga o define).
Esses 27 livros estão repletos de referências à ressurreição física de Jesus dentre os mortos. Por exemplo, no evangelho de João (20:27–28), Jesus aparece para Tomé, um de seus discípulos que tinha se recusado a acreditar que Ele tinha ressuscitado, e disse: "Coloque o seu dedo aqui; veja as minhas mãos. Estenda a mão e coloque-a no meu lado. Pare de duvidar e creia”. Disse-lhe Tomé: “Senhor meu e Deus meu!"
Mil milhas de distância dos mitos
Os relatos do que aconteceu na vida de Jesus estão mil milhas de distância dos mitos—quer dizer, assim como a mitologia grega ou romana estava envolta em um passado remoto que não tinha relação nenhuma com a história real. Os livros do Novo Testamento estão falando da história real, verdadeira. Pilatos, o governador romano, Herodes o rei da Galileia, Caifás, o sumo-sacerdote. Essas não foram figuras mitológicas. Essas pessoas são conhecidas na história secular.
Os relatos do Novo Testamento (os 27 livros) foram todos escritos enquanto as testemunhas oculares ainda estavam vivas. As cartas de Paulo foram escritas entre 15 e 30 anos depois da morte de Jesus. Em uma delas, ele menciona o fato de que aproximadamente 500 pessoas, de uma vez, tinham visto Jesus ressuscitado e que a maioria deles ainda estavam vivas (1 Coríntios 15:6). A maioria dos livros, talvez todos eles, foram escritos antes do ano 70 d.C., quarenta anos depois da morte de Jesus. E até mesmo se o Evangelho de João foi escrito pelo apóstolo já idoso por volta de 90 d.C., o tempo é muito curto.
História real—lembrado e testemunhado
Pense nisso. Se fôssemos os escritores do Novo Testamento agora em 2011, para alguns de nós Jesus teria vivido no final da década de 1980, para outros na de 1970 e talvez para um, na de 1950. Isso não é mitologia. Isso é história. História lembrada. História testemunhada.
Vamos adicionar a isso o fato de que os inimigos do cristianismo adorariam se pudessem ter tido a oportunidade de carregar o corpo de Jesus para Jerusalém em um carrinho de mão, e provar que tudo não passava de uma peça, porém não puderam. O túmulo estava vazio, e não havia um corpo morto. Os discípulos roubaram o cadáver, e criaram a estória da ressurreição? Sério? Só de pensar que aqueles discípulos medrosos que abandonaram Jesus por temerem as suas vidas, que diziam, "e nós esperávamos que era ele que ia trazer a redenção a Israel" (Lucas 24:21)—a ideia de que eles repentinamente entrariam em acordo para encenar tudo aquilo, e então morrer por isso, é ridículo.
Malucos não, testemunhas
Não, os apóstolos de Jesus não eram malucos; eles eram testemunhas. O que temos no Novo Testamento não foi mitologia, mas o Jesus na forma que as testemunhas o lembravam. Richard Bauckham, ex-professor de Novo Testamento na Universidade de St. Andrews, pôs dessa maneira em seu livro Jesus and the Eyewitnesses: The Gospels as Eyewitness Testimony: "O Jesus que os evangelhos mostram é o Jesus que as testemunhas retratavam, o Jesus do testemunho" (p. 472). Essa foi a conclusão de quase 500 páginas de um estudo histórico meticuloso.
Uma daquelas testemunhas—a que estamos estudando, João—Bauckham dedica outro livro inteiro, The Testimony of the Beloved Disciple: Narrative, History, and Theology in the Gospel of John. E o ponto do livro é que o autor é uma testemunha ocular e que, "ele pretende ser fiel à história" (p. 27).
A ressurreição, historicamente falando
O ponto disso tudo é para dizer simplesmente que quando nós cristãos falamos que Jesus ressuscitou dos mortos, não estamos afirmando isso baseados na mitologia, nem falando como cegos desconhecedores da verdade. Não estamos falando de forma espiritual ou emocional. Estamos falando historicamente. No final, Ele é quem tem que ganhar a sua confiança. E o meu argumento é que o Jesus histórico não é tão inacessível como você dever ter imaginado. Então deixe Ele falar com você.
Uma grande afirmação: todos estão escravizados ao pecado
Então deixe-o falar com você sobre liberdade. Em João 8:32, Ele disse: "E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará." As pessoas o responderam, assim como alguns de nós podemos responder: já somos livres! Eles responderam no verso 33: "Somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como você pode dizer que seremos livres?" Eles estavam focando em alguns aspectos da liberdade, mas não aquela que Jesus tinha em mente.
Então Jesus deixa mais claro no verso 34: "Digo-lhes a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado." Essa foi uma afirmação e tanta. Precisamos de várias semanas só para desembrulhar os fundamentos e implicações disso. Infelizmente não temos tempo. Só vamos repeti-la, e assim deixamos, pois Ele nos conhece melhor do que nós mesmos. Todos pecam. Portanto, Jesus estava dizendo que todos são escravos do pecado. Isso significa que o pecado não é apenas um ato ruim, mas um poder que se esconde em nossos corações que nos faz cometer coisas ruins. Pecamos porque somos pecadores.
Portanto a nossa escravidão é a submissão a esse poder dentro de nós. Podem existir alguns tipos de liberdade que podemos criar para nós mesmos, mas não essa. Isso é o que Jesus queria dizer. Esse tipo de escravidão é tão profunda. E todos nós estamos sujeitos à ela. Somente Jesus pode nos libertar. Então Ele disse no verso 36: "Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres."
O pecado escraviza de duas formas
Então o pecado escraviza de duas formas. E, por consequência, a liberdade vem de duas maneiras também. Em primeiro lugar, o pecado nos escraviza por produzir em nós desejos atraentes. O pecado nos escraviza quando faz com que qualquer outra coisa pareça ser mais interessante do que Jesus. O pecado é: desejar algo além de Jesus e agir nisso.
E a segunda forma que o pecado escraviza é através da condenação. Ao menos que algo intervenha, nos levará ao inferno. Chamo isso de escravidão porque alguém pode dizer: "Pra mim tudo bem desejar outras coisas que não sejam Jesus. Soa bem pra mim." Mas você não diria isso se você vê claramente que o fim dessa estrada te levará à perdição.
Libertação do poder do pecado e da perdição
Somente Jesus pode nos libertar desses dois tipos de escravidão: a dominação e a condenação do pecado. Ele nos liberta da condenação do pecado quando se tornou maldição por nós. "Cristo nos redimiu da maldição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar," (Gálatas 3:13). E Ele nos livra da dominação do pecado quando muda a nossa natureza na raiz através do novo nascimento. E a essência disso é que Ele nos dá olhos para ver que o nosso Salvador é mais desejável do que qualquer coisa no mundo.
Quando nossos pecados são perdoados, e a ira de Deus aplacada, vemos Jesus como um tesouro maior do que o mundo todo; estamos livres tanto da condenação quando da dominação do pecado. Estamos verdadeiramente livres. Isso é o que Jesus está te oferecendo hoje.
O que é liberdade completa
Agora me permita voltar um pouco e relatar que tipo de libertação é essa que realmente desejamos. Pode acontecer de você escutar tudo isso e ainda dizer: "Já sou livre. São vocês cristãos que estão todos amarrados em nós morais. Eu só faço o que acho que devo. E sou grato pelo país onde eu possa fazer o que quero. E esse é o tipo de liberdade que me importa.
Então vamos finalizar essa mensagem deixando bem claro o que realmente é liberdade verdadeira. "De fato serão livres," disse Jesus. Isso é o que somente Ele pode dar. Então quais são os outros tipos de liberdade? Qual liberdade deixa de ser "verdadeiramente livre"?
Quatro tipos de liberdade
Existem quatro tipos de liberdade pelo menos. E cada uma adiciona uma dimensão crucial de liberdade à última até que cheguemos à liberdade completa—"verdadeiramente livres." Deixem-me tentar sumarizar esses quatro tipos de liberdade em uma única definição do que é liberdade completa: Você é completamente livre—livre de verdade—quando você tem o desejo, a habilidade, e a oportunidade de fazer aquilo que fará você feliz em mil anos. Ou poderíamos ter dito, você é realmente livre quando você tem o desejo, a habilidade, e a oportunidade de fazer aquilo que não fará você se arrepender, jamais.
- Se você não tem o desejo de fazer algo, você não é totalmente livre para fazê-lo. Ó, você pode juntar a vontade de fazer aquilo que você não quer fazer, mas ninguém chama isso de liberdade completa. Não é a maneira que queremos viver. Existe uma restrição e uma pressão em nós que não queremos.
- E se você deseja fazer algo, mas não tem habilidade para fazê-lo, você não é livre para fazê-lo.
- E se você deseja e tem habilidade, mas não tem oportunidade para fazê-lo, você não é livre para fazê-lo.
- E se você deseja, tem habilidade, e oportunidade para fazê-lo, mas no fim isso te destrói você não é completamente livre—verdadeiramente livre.
Para ser totalmente livre, devemos ter o desejo, a habilidade e a oportunidade de fazer aquilo que nos deixará felizes para sempre. Sem arrependimentos. E somente Jesus, o Filho de Deus que morreu e ressuscitou por nós, pode tornar isso possível. Se o Filho te libertar, você será verdadeiramente livre. Para ser feliz para sempre, nossos pecados devem ser perdoados, a ira de Deus retirada e Cristo se tornar em nosso tesouro supremo. Somente Jesus pode fazer isso. Na verdade, Ele já fez. Ele morreu por nossos pecados. Ele absorveu a ira de Deus. E Ele ressuscitou dos mortos e hoje é, portanto, supremamente precioso. E nos oferece isso hoje como um presente.
Deixe-me desenhar uma imagem dessa liberdade para ver se consigo torná-la o mais clara possível.
Uma imagem da liberdade
Vamos saltar de paraquedas, por exemplo. O que você quer experimentar é a mais completa alegria possível da liberdade quando saltar. Vamos supor então, que você está a caminho do aeroporto para ir para o seu primeiro salto de verdade, mas o seu carro passa por um buraco na Avenida Hiawatha, você tem um problema mecânico, e você bate em um poste telefônico. Você não está mais livre para saltar, tendo a habilidade ou não, porque a oportunidade passa enquanto você espera o reboque. Você não tem a liberdade da oportunidade.
Ou vamos supor que você consiga chegar até o aeroporto, mas aí acontece que você faltou todas as aulas e não sabe a primeira coisa sobre saltar de paraquedas. Você não tem as habilidades mais básicas—como o de como abrir um paraquedas. A oportunidade está lá, mas você não tem a liberdade da habilidade. Eles não deixarão você saltar.
Mas vamos supor que você consiga chegar até o aeroporto, você foi a todas as aulas e tem as habilidades necessárias. Você decola no pequeno avião, mas assim que abrem a porta e você olha para baixo, toda a sua vontade de saltar vai embora e aparece um medo aterrorizante. A oportunidade está lá, a habilidade também, mas você não tem a liberdade da vontade.
Porém há um último requisito para a liberdade completa. Vamos supor que você consiga chegar ao aeroporto sem nenhum obstáculo (você tem a liberdade da oportunidade); você tem todo o conhecimento necessário (liberdade da habilidade); você olha por fora da porta e vê os aglomerados de silos, celeiros e casas de fazenda algumas milhas abaixo, e não pode esperar para pular (liberdade da vontade). Então você salta.
E conforme vai caindo livremente, se divertindo em cada segundo, sem você saber, o paraquedas está com defeito e não abre independentemente do que você possa fazer. Você é livre—completamente livre, verdadeiramente livre?
Não. O que você está fazendo, com tanta alegria e tão livremente, vai te matar. Mesmo que você ainda não saiba disso, você está em servidão à destruição. Parece liberdade. Mas prontamente a coisa toda—toda a alegria—provará ter sido uma ilusão. Em trinta segundos você estará morto.
Para que você seja totalmente livre—verdadeiramente livre—o Filho de Deus deve te libertar.
Morrendo e ressuscitando para te tornar verdadeiramente livre.
Não temos paraquedas feitos por homens. Temos um Salvador. Porque Ele morreu por nós, não há mais condenação. A puxada gravitacional inexorável, mortal de nossos pecados está desfeita. Ele nos pegou no meio de nossa queda e se tornou em nosso tesouro supremo. O nosso destino e desejos agora são novos. Ele é a fonte disso, e também o conteúdo. Ele nos deu uma nova vontade, Ele é a nova vontade. "Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres."
Não é bobagem total para um cristão invejar a tão chamada liberdade daqueles que se lançam fora pelas janelas de um arranha céu de pecados e se alegram por um momento na hilaridade da queda-livre da fama ou da queda livre do luxo absorto de Jesus. Toda essa liberdade é como vapor, mas para aqueles que confiam em Jesus, e que o valoriza acida de tudo, voarão alto com asas de águia, e estarão contentes—mil anos a partir de hoje. Eles serão verdadeiramente livres.
Jesus não está apenas te informando nesta mensagem. Ele está te convidando. Confia n'Ele. Valorize-o. Ele morreu e ressuscitou para te tornar verdadeiramente livre.