Como Ferir um Coração Entristecido
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Vaneetha Rendall Risner Sobre Sofrimento
Tradução por Mônica Couto Valadares
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Amar aos que Sofrem Começa com Saber Ouvir
Eu ainda tenho dificuldades com o que dizer aos meus amigos que estão sofrendo.
Eu gostaria de ter as palavras perfeitas, os versículos mais apropriados, o consolo mais eficaz. Quero escolher minhas palavras cuidadosamente porque clichês e atitudes do tipo "conte suas bênçãos" podem tornar uma ferida aberta ainda mais profunda. As pessoas geralmente não estão procurando conselhos ou palavras de incentivo — elas primeiro querem que alguém chore com elas.
Eu gostaria de ter as palavras perfeitas, os versículos mais apropriados, o consolo mais eficaz. Quero escolher minhas palavras cuidadosamente porque clichês e atitudes do tipo "conte suas bênçãos" podem tornar uma ferida aberta ainda mais profunda. As pessoas geralmente não estão procurando conselhos ou palavras de incentivo — elas primeiro querem que alguém chore com elas.
Crueldade Bem-Intencionada
Quando tiramos uma roupa em um dia frio, nos sentimos expostos e inseguros. Despojados de nossa proteção, somos vulneráveis às intempéries. Forçar alguém a ouvir músicas alegres quando está sofrendo, pode deixá-lo do mesmo jeito — sentindo-se sozinho, vulnerável e desprotegido.
Vinagre na soda conduz a uma erupção. Quando tentamos continuamente alegrar as pessoas tristes, elas podem explodir de raiva. Eu fiz. Mesmo assim, em várias ocasiões, demonstrei uma atitude excessivamente positiva. Quando vejo os olhos dos meus amigos cheios de lágrimas ou com raiva, percebo que minhas tentativas em animá-los parecem insensíveis.
Cantar músicas alegres para um coração entristecido é cruel. Dizer às pessoas enlutadas que sua dor é um presente pode parecer um julgamento. Fazê-los cantar canções de louvor quando não querem pode ser hipocrisia. As pessoas precisam de espaço para lamentar e processar o que estão enfrentando sem se sentirem julgadas. Todo mundo sofre de maneira diferente; até mesmo um marido e uma esposa que perderam um filho podem experimentar uma dor única. Como Provérbios 14:10 nos diz: "O coração conhece a sua própria amargura."
Então, em vez de cantar músicas alegres para um coração entristecido, sente-se e ouça. Reze. Seja solidário se puder e fique quieto se não puder. Você só precisa aparecer.
Descobrindo O Lamento Juntos
Uma amiga do nosso pequeno grupo está lutando contra uma doença debilitante e terminal. Todos nós a amamos e queremos ajudar, mas frequentemente não sabemos o que dizer. Sua dor e perdas progressivas são pesadas, quase esmagadoras e, ainda assim, ela nos pediu especificamente para apoiá-la no Senhor.
Como chorar a dor de alguém enquanto apontamos para Cristo sem soar enfadonho? Nosso grupo tem lutado, tanto ouvindo silenciosamente quanto falando ativamente, na dúvida de qual direção se inclinar. E então descobrimos o poder do lamento coletivo.
Em Nuvens Escuras, Misericórdia Profunda, Mark Vroegop encoraja os fiéis a lamentarem juntos como forma de consolar a dor. Reconhece a dor deles enquanto oferece esperança no Senhor. Ele diz,
Já vi grupos tropeçarem na dor alheia. Por exemplo, durante o momento de oração em um pequeno grupo, um casal compartilha uma questão dolorosa pela qual está passando. Sua dor franca e sincera cria um peso desconfortável. O que deve acontecer a seguir? Como você evita que [alguém] ofereça seu conselho bem-intencionado, mas superficial, sobre como corrigir o problema?
Vroegop sugere rezar um Salmo de lamentação, convidando o grupo a ecoar as palavras do salmista em nome de seus amigos.
Usando o Salmo 142, nosso pequeno grupo lamentou em voz alta, lendo uma linha do salmo juntos e, em seguida, acrescentando nossas próprias palavras. Fomos diretos e honestos, oferecendo palavras sinceras de pesar e lamentação, de súplica e promessas, de confiança e louvor. Ao invés de conversar sobre Deus e nossas frustrações, estávamos conversando diretamente com Deus.
Todos nós saímos de lá modificados. Nossa amiga sentiu-se ouvida e encorajada. Vimos o poder de rezar os Salmos juntos, clamando por Deus, com as mesmas palavras que ele nos transmitiu. Eu concordo com Vroegop, que diz: "Sou apaixonado por lamentações. Ela tem a possibilidade de fornecer um caminho e uma linguagem que permitem às pessoas não apenas lidar com a realidade de sua dor, mas também voltar a concentrar-se na lealdade de Deus." Tendo testemunhado sua eficácia, voltarei frequentemente ao lamento coletivo.
Comece Ouvindo com Atenção
Às vezes, não estamos em condições de lamentar juntos por meio das Escrituras, mas podemos aplicar esses princípios à conversa cotidiana. Podemos convidar nossos amigos para falar sobre seus sentimentos sem julgamento, começando a conversa dizendo: "Isso deve ser tão difícil. Teria aberto uma série de dificuldades para mim. Como você está se sentindo?" Compartilhar nossas próprias batalhas e tentações convida os outros a falar, sabendo que não serão julgados.
Quando nossos amigos falarem, deixe-os falar sem interromper ou corrigir. Convide-os a compartilhar seu diálogo interior. Para expressar o que eles têm dito a si mesmos sobre seu sofrimento. Falamos conosco o dia inteiro, seja falando palavras de medo, desespero e raiva, ou de coragem, determinação, esperança e alegria. E o que dizemos a nós mesmos importa.
A conversa começa com a escuta ativa, mas pode, como no caso da minha amiga, passar a encorajá-los no Senhor. Os trechos de lamentos começam com perguntas ou declarações de medo e angústia, mas quase inevitavelmente mudam para declarações de confiança e louvor. Deus, às vezes, nos chama para falar, para ajudar nossos amigos a se voltarem para suas promessas, lembrando-os de que Deus está com eles no fogo (Isaías 43:2). Que ele nunca os deixará (Hebreus 13:5–6). Que há uma alegria incomparável e uma recompensa esperando por eles no céu (Lucas 6:23).
Acima De Tudo, Reze
Não precisamos pensar demais em nossas palavras, como se fossem a única esperança para nossos amigos. E não devemos supor que nosso papel é sempre fazer com que eles se sintam melhor no momento. Às vezes, depois da oração, podemos ser chamados a desafiar seus pensamentos, para o bem deles. Mas, independentemente do que fazemos ou dizemos, a melhor coisa que podemos fazer é rezar pacientemente e persistentemente — por sua cura (Tiago 5:16), por sua saúde e bem-estar (3 João 2), por bênçãos espirituais como aumento da fé (Lucas 22:32), para que sejam santificados através do sofrimento (João 17:17) e fortalecidos pelo Espírito, cheios da plenitude de Deus (Efésios 3:14–19).
Isso é o que aprendi nas Escrituras sobre ministrar àqueles que estão sofrendo: seja gentil e não os pressione a falar ou contar suas bênçãos enquanto não estiverem prontos (Provérbios 25:20). Lamente com eles e clame a Deus por eles. Não segure suas lágrimas. Sente-se com eles em sua dor (Jó 2:12–13). Ajude-os a encontrar força no Senhor (1 Samuel 23:16). Conforta-os como o Senhor te confortou (2 Coríntios 1:4). E, acima de tudo, reze sem cessar (1 Tessalonicenses 5:17).
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