Cegos para nossa Cegueira

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English: Blind to Our Blindness

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Por Paul Tripp Sobre Ministério Pastoral

Tradução por Adriana Misiara Rodrigues

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Você realmente se conhece tão bem quanto pensa? Terminei meu último artigo pedindo-lhes que considerassem a grave e incessante advertência de Hebreus 3:12-13, parafraseada como: "Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha um coração perverso---incrédulo---caído---e endurecido." É uma descrição das consequências do pecado se este não for detectado, exposto e abandonado. O processo de endurecimento do coração começa muito antes deste endurecimento tornar-se aparente.

Tudo começa quando cedemos ao pecado. Porque sou crente, e meu coração de pedra foi removido e substituído por um coração de carne, minha consciência me incomoda quando peco. Este é o maravilhoso ministério de convencimento do Espírito Santo. Quando minha consciência é acionada e incomodada, devo escolher uma entre duas opções. A primeira e melhor opção é admitir meu erro e colocar-me mais uma vez sob as misericórdias justificadoras de Cristo, recebendo seu perdão. Ou posso inventar uma norma de auto-expiação que, em suma, argumentará que minhas ações estão corretas. Desta maneira, promovo meu bem estar frente a atos condenados por Deus e participo da minha própria cegueira espiritual. Todo o que ainda vive em pecado é um hábil auto-enganador.

Então o pastor que acabou de irar-se durante uma reunião com os presbíteros dirá a si mesmo que apenas estava falando como um dos profetas de Deus: "Assim diz o Senhor!" O marido e a esposa fofocando sobre alguém em seu pequeno grupo de estudo se convencerão de ser só um pedido de oração detalhado. O empresário avarento enfrentando dificuldades para contribuir afirmará a si mesmo estar sendo somente um bom administrador dos recursos a ele confiados por Deus.

Próximos passos para o Endurecimento

Este é exatamente o próximo passo deste processo. A incredulidade controla aquilo que fazemos para encobrir nosso pecado e defender nossa retidão. Ao invés de viver uma fé simples e de descansar na Palavra de Deus e na graça suficiente de Cristo, dizemos a nós mesmos que realmente não somos, nesse caso específico, pecadores necessitados de misericórdia perdoadora. Nossos argumentos auto-expiadores são atos de orgulho, rebelião e descrença.

Sentimentos inferiores como o orgulho, a rebelião e a incredulidade dão ao pecado, de maneira inevitável, espaço extra para operar. Porque não confessamos, não nos arrependemos e não buscamos a graça perdoadora, transformadora, fortalecedora e libertadora que precisamos, nos tornamos vulneráveis a outras investidas do mal. A terceira etapa neste processo triste e decaído retrata isto bem. Quando rompemos os laços que nos ligam às Escrituras e ao descanso na graça de Cristo, ficamos cada vez mais sem rumo.

No final, ficamos com um coração endurecido. O que um dia nos incomodou não nos incomoda mais. O que um dia acionou nossa consciência não aciona mais. É uma situação assustadora. O coração está duro e resistente à mudança; nele não há mais ternura, está insensível aos toques das mãos do Espírito. Nos sentimos confortáveis diante do mal dos nossos corações e das nossas ações. Poderia haver um lugar mais perigoso para se estar?

Fundamentalmente Enganoso

Serei franco aqui. Já estive nesse lugar como pastor. Mantinha uma lista implacável de erros contra membros da minha congregação, e tentei ficar em paz com esta situação. Fazia fofocas sobre pessoas das quais havia sido chamado para cuidar, mas não me sentia incomodado. Tinha inveja do ministério dos outros, mas não me sentia afligido. Às vezes pregava para ganhar o respeito de alguns de minha igreja, e não enxergava isto como idolatria.

Precisamos recorrer ao escritor da teologia do pecado remanescente do livro de Hebreus. Em essência, ele declara que o pecado é fundamentalmente enganoso. Mas ninguém nunca entenderá o aviso desta passagem e seu apelo subsequente até entender a teologia da cegueira espiritual, o epicentro desta advertência.

O pecado é enganoso. A quem engana primeiro? Não tenho dificuldade para reconhecer o pecado das pessoas ao meu redor, mas posso me mostrar bastante despreparado quando o meu é apontado. Ele engana dez entre dez pessoas que lêem este artigo. A cegueira espiritual não é como a cegueira física. Esta última é fácil de ser reconhecida e, então, compensada. Mas os espiritualmente cegos não estão apenas cegos; também estão cegos para sua própria cegueira. Julgam enxergar bem. Assim, andam por aí com a ilusão de possuir uma visão mais acurada de si mesmo do que qualquer outro.

Sua necessidade de trabalhar pelo corpo de Cristo nunca será superada. A pergunta importante é: "Quem o ajudará a enxergar aquilo que você não poderia sem ajuda?" O ministério de exortação necessário a todo crente é o assunto tratado no restante de Hebreus 3, tema que considerarei em meu próximo artigo.