Aquietai-vos (e saibam que vocês são amados)
De Livros e Sermões BÃblicos
Por R.C. Sproul Jr.
Sobre Medo e Ansiedade
Uma Parte da série Tabletalk
Tradução por Ligian Oliveira
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Os filhos de Deus são um tanto quanto diferentes dos filhos dos homens. Nós fomos renascidos por um Deus soberano. Eles, não. Nós fomos redimidos por um Deus soberano. Eles, não. Nós estamos sendo refeitos por um Deus soberano. Eles, não. Apesar dessas coisas que nos distinguem, que nos separam, ainda existem circunstâncias que nos fazem muito semelhantes àqueles que não pertencem ao reino. Ambos, os que pertencem e os que não pertencem ao reino, bebemos profundamente do conceito modernista de que somos definidos pelo que sabemos. assim, pensamos que a diferença entre nós e eles, entre ovelhas e cabras, é uma questão de conhecimento. Nós fomos abençoados com a verdade revelada. Quando um dos que não pertencem ao reino é exposto à verdade revelada, tendemos a pensar que ele se tornará exatamente como nós.
Jesus, claro, desmantelou esse absurdo. De fato, suas palavras mais duras, enquanto ministrava na terra, foram dirigidas aos escribas e fariseus, os mais bem letrados, os mais bem educados, os que sabiam mais. No final, o que nos separa não é o fato de sabermos que Jesus é o Filho de Deus, o Messias prometido; o que nos separa não é o fato de sabermos que ele sofreu a ira do Pai no nosso lugar, na cruz; o que nos separa não é o fato de sabermos que ele ressuscitou no terceiro dia. Lembre-se que o próprio diabo sabe de todas essas coisas. A diferença é que nós não somente sabemos essas verdades, mas acreditamos nelas, nos apegamos a elas, dependemos delas.
É certo que dentro do reino de Deus, entre seus filhos, ainda existem diferenças. Nós, os reformados, ou calvinistas, sabemos que fomos renascidos do alto. Outros, afirmam que eles foram renascidos de dentro para fora. Nós sabemos que fomos soberanamente redimidos. Outros, afirmam que cooperaram com Deus em sua salvação. Nós sabemos que estamos sendo soberanamente santificados. Outros, afirmam que eles determinam como e até mesmo se eles crescerão em graça. Contudo, nós, os reformados, cometemos o erro de pensar que o que nos separa dos irmãos menos reformados é o que pensamos. Nós pensamos que é por causa de sabermos que Deus é soberano e que se eles apenas fossem informados dessa verdade, eles se juntariam a nós.
Isso também é absurdo. Em última análise, nosso chamado não é apenas para afirmar que Deus é soberano, mas para descansar nessa soberania, acreditar nela, nos apegar a ela, o que, por sua vez, significa que não devemos nos preocupar. O livro da sabedoria de Deus desenha um duro contraste entre como aqueles que pertencem e aqueles que não pertencem ao reino lidam com o medo. Salomão nos diz que: “Fogem os perversos, sem que ninguém os persiga; mas o justo é intrépido como o leão” (Pv 28.1). A diferença não é que os perversos sejam ignorantes de que não existe nada para se temer, mas que os justos foram informados; nem que os perversos estão cientes dos perigos e estão com medo, mas que os justos superam esses medos. A distinção corre em dois trilhos diferentes, os perversos têm medo quando eles não deveriam e os justos têm coragem mesmo quando estão diante do perigo. Uma folha faz um ruído e os que não pertencem ao reino tremem, enquanto o homem de Deus anda pelo vale da sombra da morte e não teme mal nenhum. O que nos separa deles é que eles são covardes medrosos, enquanto somos, ou deveríamos ser, heróis corajosos. A diferença é constatada em efetivamente acreditar, confiar, descansar na soberania de Deus.
Como, então, podemos passar de simplesmente afirmar a soberania de Deus para descansar nela? Nós descansaremos em sua soberania quando nos lembrarmos que ele não somente é o Todo-poderoso, mas que ele ele é o Todo-poderoso que nos ama com um amor eterno. É porque ele está conosco no vale da morte que nós não tememos, é porque ele nos prepara uma mesa na presença dos nossos inimigos que nós somos certificados de que bondade e misericórdia nos seguirão todos os dias de nossas vidas. No final, nossos medos estão fundamentados no fracasso em acreditar em sua força ou no fracasso em acreditar em seu evangelho. A solução é acreditar em ambos.
Se nosso zelo consumidor é ver o reino em sua completude, se nossa prioridade é buscar primeiramente o reino de Deus e se sabemos que ele irá, de fato, sujeitar todas as coisas debaixo de seus pés, o que temeremos, a não ser o próprio Rei? Essa é a razão porque, no final, somos mais do que vencedores e porque nós não somente temos a coragem de um leão, mas temos a coragem do Leão da Tribo de Judá. Não deveríamos ter bom ânimo ao saber que ele já venceu o mundo? Ele nos tomou para si, exatamente como o salmista descreve em Salmo 46.8-11:
“Vinde, contemplai as obras do Senhor, que assolações efetuou na terra. Ele põe termo à guerra até os confins do mundo, quebra o arco e despedaça a lança; queima os carros no fogo. Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; Sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra. O Senhor dos exércitos está conosco; o Deus de Jacó é nosso refúgio.”