A impaciência é uma luta pelo controle
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Marshall Segal Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Daniele Weidle
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Como Deus nos prepara para esperar
A impaciência é um pecado sombrio e comum que amamos justificar. Estávamos exaustos. Estávamos ocupados. Estávamos distraídos. Muito ocupados com as crianças. Estávamos com excesso de trabalho. Nosso cônjuge foi rude, frio ou severo novamente. Não dormimos bem na noite passada. Que desculpas você usa quando sua paciência se esgota?
Eu geralmente recorro ao cansaço. Se eu tivesse tempo suficiente para dormir e ficar sozinho em silêncio, eu penso frequentemente (ou até digo), então não seria tão impaciente. Sou uma pessoa paciente que fica impaciente quando estou cansado. Você consegue se ouvir argumentando dessa forma? Não, a verdade é que sou uma pessoa impaciente, cuja impaciência, muitas vezes, vem à tona quando estou exausto. O cansaço não nos faz pecar; o cansaço e outras pressões como ele, apenas traz o nosso pecado à tona (Mateus 15:11).
Então, de onde vem a impaciência? No fundo, a impaciência surge da nossa relutância em confiar e nos submetermos ao tempo de Deus para nossas vidas.
O que não podemos controlar
A impaciência é fruto do nosso orgulho e da nossa incredulidade. Isso surge da nossa frustração por não controlarmos o que acontece nem quando as coisas acontecem em nossas vidas. Vemos essa dinâmica no deserto, entre o povo que Deus acabara de libertar da escravidão e da opressão:
“Partiram eles do monte Hor pelo caminho do mar Vermelho, para contornarem a terra de Edom. Mas o povo ficou impaciente no caminho e falou contra Deus” (Números 21:4-5, NVI).
Mesmo depois de Deus os ter tirado do Egito, conduzido através do Mar Vermelho, exterminado os seus inimigos e alimentado com comida que caía do céu, eles continuavam impacientes. Por quê? Porque a vida que Deus lhes havia prometido, o tipo de vida que eles realmente queriam, não chegou rápido o suficiente. O caminho que Ele escolheu para eles era mais longo, mais difícil e mais doloroso do que esperavam. Eles ficaram irritados com o quanto não conseguiam controlar. Tanto que, na verdade, eles começaram a sentir saudades da crueldade do faraó - pelo menos naquela época, eles podiam escolher o que comer (Êxodo 16:3).
Nossa impaciência tem muito em comum com a deles. Não podemos decidir quanto tráfego haverá. Não podemos decidir se nossos filhos vão cooperar em determinado momento. Não podemos decidir quando ficaremos doentes, quando um eletrodoméstico vai estragar ou com que frequência ocorrerão interrupções. Tantas decisões são tomadas, todos os dias, sem o nosso consentimento ou sem a nossa opinião. E os planos de Deus para nós são famosos por mudar nossos próprios planos.
Então, quando nos deparamos com nossa falta de controle, quando a vida inevitavelmente interrompe o que havíamos planejado, quando somos forçados a esperar, como normalmente reagimos? A impaciência tenta lutar com Deus pelo controle, enquanto a paciência se ajoelha alegremente, com as mãos abertas, pronta para receber tudo o que Deus planejou e deu. A impaciência resmunga, enquanto a paciência se alegra, mesmo quando experimenta as dores reais do atraso.
Então, de onde vem a impaciência? A impaciência é fruto do nosso orgulho e da nossa incredulidade, a paciência brota da humildade, da fé e da alegria.
A humildade subverte a impaciência
A humildade subverte a impaciência ao admitir com alegria o quão pouco podemos ver em um determinado momento, por mais difícil ou inconveniente que ele seja. Como disse John Piper: “Deus está sempre fazendo milhares de coisas em sua vida e você pode estar ciente de apenas três delas”. Quando ficamos impacientes, superestimamos nossa própria capacidade de julgar nossas circunstâncias e subestimamos o bem que Deus pode fazer por meio de inconveniências indesejadas e atrasos inesperados. Os humildes recebem os mesmos inconvenientes e atrasos como chamados, não como distrações - como Deus revelando Sua vontade e Seu tempo para eles.
Os humildes são pacientes com Deus e com os outros. Como diz em Efésios 4:1-2: “Vivam de maneira digna da vocação que receberam. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor”. A humildade promove o tipo de paciência que o amor exige. Todo relacionamento verdadeiramente amoroso é uma demonstração de paciência e tolerância mútua, pois nossos pecados nos tornam difíceis de sermos amados e nos impedem de amar direito os outros.
“Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes.” (1 Pedro 5:5) Você deseja aumentar a sua paciência e experimentar a mais plena e rica graça de Deus? Revista-se de humildade.
A fé subverte a impaciência
Se a humildade subverte a impaciência ao admitir o quão pouco podemos ver em meio às nossas provações, a fé subverte a impaciência ao se manter firme nas promessas de Deus, mesmo quando a vida as coloca em dúvida.
“Portanto, irmãos, sejam pacientes até a vinda do Senhor. Vejam como o agricultor aguarda que a terra produza a preciosa colheita e como espera com paciência até virem as chuvas do outono e da primavera. Sejam também pacientes e fortaleçam o coração, pois a vinda do Senhor está próxima.” (Tiago 5:7-8)
Para cultivar é preciso saber esperar e o mesmo se aplica a viver bem. A fé confia que Deus é soberano e bom, que todas as suas promessas são verdadeiras em Cristo, que o sofrimento produz perseverança, que Jesus realmente voltará e renovará todas as coisas e, por isso, podemos esperar, suportar e ser pacientes. “E não nos cansemos de fazer o bem, pois no tempo próprio colheremos, se não desanimarmos.” (Gálatas 6:9)
E o que Tiago fala no próximo verso? “Não se queixem uns dos outros” (Tiago 5:9). Esse tipo de fé subverte a nossa impaciência com os outros. O agricultor acredita que as sementes brotarão e darão frutos, por isso ele suporta semanas ou meses de seca com paciência. O cristão acredita que em breve experimentará a plenitude da alegria e dos prazeres para sempre - e não sozinho, mas com todos os que acreditaram - por isso, ele suporta as ofensas dos outros. Ele não reclama como os outros reclamariam. A promessa do que está por vir o torna mais resistente no amor, mais gentil em seus julgamentos, mais paciente nos conflitos.
A alegria subverte a impaciência
Essa fé, no entanto, não é apenas confiar nos versículos, mas uma alegria transbordante pelas maravilhas vividas. O apóstolo Paulo ora para que a igreja possa ser “fortalecida com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria” (Colossenses 1:11). Os pacientes não resmungam secretamente, eles não estão simplesmente reprimindo a irritação e a amargura e escondendo isso dos outros. A paciência deles brota da fonte da alegria que sentem em Deus. Eles estão muito felizes com Ele para serem abalados por interrupções ou inconveniências.
Onde vemos esse tipo de alegria resiliente? Paulo escreve em 2 Coríntios 8:1-2: “Agora, irmãos, queremos que vocês tomem conhecimento da graça que Deus concedeu às igrejas da Macedônia. No meio da mais severa tribulação, a grande alegria e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade”. Eles não murmuraram como Israel no deserto. Eles não se ressentiram do que não podiam controlar. Não, quando suas vidas foram viradas de cabeça para baixo e eles foram lançados ao fogo, sua alegria não apenas permaneceu, mas transbordou em generosidade.
“Eles estão muito felizes com Deus para serem abalados por interrupções ou inconveniências.” Os pacientes podem esperar e aceitar os problemas, porque aconteça o que acontecer hoje, amanhã ou na próxima terça-feira, seu tesouro está seguro no céu e, portanto, sua alegria está garantida. A felicidade deles não está ligada aos seus planos, por isso, quando seus planos são interrompidos, a felicidade deles permanece e continua transbordando em amor.
Aceitando os transtornos com alegria
A mesma paciência milagrosa aparece em Hebreus 10:32-34:
“Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento. Algumas vezes vocês foram expostos a insultos e tribulações; em outras ocasiões fizeram-se solidários com os que assim foram tratados. Vocês se compadeceram dos que estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes.”
Eles aceitaram com alegria o confisco de seus bens. Eles não estavam apenas dispostos a ter seus bens vandalizados e roubados por seguirem Jesus, mas estavam felizes em sofrer por causa Dele. Se estivéssemos nas mesmas circunstâncias, os outros poderiam dizer o mesmo de nós? Aceitaríamos com tanta alegria o confisco de nossos bens, nossas casas, nossos orçamentos? Aceitamos agora com alegria a perturbação dos nossos horários, o descarrilamento dos nossos sonhos, os contratempos no nosso trabalho, a monotonia e a dificuldade da nossa parentalidade, os problemas das nossas vidas?
Nós o faremos se, como eles, soubermos que temos uma posse melhor e duradoura - se soubermos que temos Deus para sempre e, Nele, mais do que o suficiente para suportar tudo o que formos chamados a suportar por enquanto. A paciência advém de uma aceitação humilde do que não sabemos e não podemos controlar. Isso decorre da nossa profunda e inabalável confiança de que Deus cumprirá as suas promessas, por mais improvável que isso possa parecer neste momento. E isso flui de corações profundamente felizes por tê-Lo como nossa alegria suprema.