A hora da refeição é um momento espiritual com Deus
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Abigail Dodds Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Jonathan Josua
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Cultivando a comunhão à mesa
"Comer fora é minha linguagem do amor" — era isso que eu falava para o meu marido no início do nosso casamento. Eu era iniciante em toda essa ideia de fazer comida todos os dias e achei essa responsabilidade um tanto demais para mim; algumas vezes, isso me desencorajava.
Meu lema era o seguinte: "A comida é mais gostosa quando é outra pessoa que faz". Meus fracassos na cozinha — que hoje se tornaram histórias famosas na nossa família —, como os lindos biscoitos que meu marido, recém-casado comigo, teve de cuspir fora no meio do jantar, me deixaram com medo de tentar novas receitas. Quem diria que um pouquinho mais de fermento faria com que biscoitos tão lindos ficassem totalmente intragáveis?
Mas a minha falta de talento na cozinha não fez sumir a necessidade de alimento; ela só fazia aumentar, com a vinda dos filhos. Cada criança era uma nova barriga para alimentar, uma nova pessoa para cuidar e um novo paladar, com gostos peculiares que precisavam ser treinados e satisfeitos. Cozinhar não era simplesmente um hobby que eu podia praticar caso tivesse vontade; era uma necessidade, que eu poderia negligenciar e cumprir de forma mal feita ou suprir de forma fiel, abençoando outras pessoas.
Para a minha felicidade, a prática realmente leva à perfeição; no meu caso, pelo menos, ajudou bastante. Após anos de tentativas, fazendo pratos sem graça aqui, alguns outros mirabolantes ali (e, vez ou outra, errando tudo), comecei a gostar desses momentos de jantar em família e a ansiar por eles. O planejamento, a preparação, o cozinhar, o arrumar da mesa, o servir a comida, tudo isso se tornou uma extensão do meu amor pelas pessoas que Deus me deu.
Nessas novas aventuras, minha criatividade não era motivada por uma autoexpressão, uma forma de mostrar meu talento ou esforço. Era motivada pela expressão do amor: uma forma de abençoar e tornar nossa refeição um momento alegre e memorável.
Servindo uma comida que permanece
A comida que eu preparo para nossa família nunca dura. Ela é consumida, ingerida e, às vezes, descartada, depois de ficar muito tempo na geladeira. Jesus falou a seus discípulos sobre uma "comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem lhes dará" (João 6:27).
O alimento físico diário é uma necessidade da qual não podemos escapar. Precisamos dele para sobreviver. Mas Jesus nos diz que há uma comida ainda mais importante do que aquela que colocamos na mesa. É uma comida que permanece, que dura para sempre. Que comida é essa? O Filho de Deus. "Pois o pão de Deus é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33).
Só há um ingrediente que é verdadeiramente essencial ao jantar de família: O Senhor Jesus Cristo. Quando o Espírito do Senhor Jesus está presente à nossa mesa, uma refeição modesta, com a comida mais básica e sem graça, como cuscuz, ou a comida mais culturalmente desprezada, como pão com mortadela, se torna uma oportunidade para sermos gratos a Deus. “Pois tudo o que Deus criou é bom, e nada deve ser rejeitado, se for recebido com ação de graças, pois é santificado pela palavra de Deus e pela oração.” (1 Timóteo 4:4–5).
Como podemos trazer o Senhor Jesus para nossa mesa? Abrindo sua palavra juntos, ou simplesmente conversando sobre os fatos que aconteceram naquele dia à luz da sua palavra, ou cantando um salmo ou hino que seja cheio das verdades da sua palavra. Assim como comemos o alimento físico todos os dias para sobreviver, também comemos a palavra de Deus todos os dias para sobreviver. E, assim como as refeições físicas foram feitas para serem desfrutadas à mesa em comunhão com outras pessoas, também o ato de se alimentar da palavra de Deus é uma refeição em família: o compartilhar do alimento da comunhão eterna.
Selos comestíveis de comunhão
Há algo profundo no ato de compartilhar uma refeição física com outras pessoas, porque isso representa uma comunhão mais profunda. Paulo chega até a alertar os coríntios de que não devem comer com um homem que se diz cristão, porém permanece arrogantemente obstinado em algum pecado (1 Coríntios 5:11–13). O ato de comer fisicamente juntos, enquanto cristãos, é um sinal de nossa comunhão espiritual uns com os outros.
Por isso, todo jantar é uma oportunidade para acolher uma criança (assim como um vizinho, amigo ou estranho) na comunhão cristã que há entre um pai e uma mãe. É uma oportunidade para oferecer um alimento físico que nutre e alegra e, ao mesmo tempo, oferecer diariamente o alimento eterno de Cristo que dura para sempre.
Se tudo isso parece uma ideia mirabolante ou idealista demais, longe da realidade, me permita esclarecer. As refeições em família são feitas por pessoas reais. E pessoas reais derramam suco, choram, brigam e podem ser bem chatas e exigentes. Mas lembre-se: a prática conduz à perfeição; ou, pelo menos, ajuda bastante. Minha habilidade na cozinha só melhorou depois de muita tentativa e erro, assim como anos de trabalho.
As refeições em família não se tornam momentos alegres de comunhão simplesmente porque nos sentamos à volta de uma linda mesa na hora do jantar. Comunhão exige esforço. É preciso prática e paciência. É preciso, por exemplo, esquecer ou resolver rápido as coisas — se arrepender de pecadinhos que assolam a convivência, pedir perdão, conceder perdão, tratar momentos em que houve rispidez ou falta de respeito ou empatia, se recusar a ser um pai ou mãe preguiçosa ou negligente quando os filhos precisam ser disciplinados em amor. Compartilhar juntos o alimento físico e o alimento da palavra de Deus à mesa dá trabalho e é algo repetitivo, mas é uma obra que dá frutos eternos.
Preparando refeições como Deus
Em uma coisa eu estava certa durante aqueles anos iniciais em que estava aprendendo a cozinhar. A comida realmente é mais saborosa quando é outra pessoa que faz, pelo menos quando essa pessoa sabe cozinhar. É por isso que a criança sempre ama a comida da mãe. É por isso que é tão bom comer uma comida de um restaurante, feita por um chef talentoso. E é por isso que a comida preparada por Deus para nós — seu único Filho, o pão da vida — é a melhor comida de todas.
A comida que Deus faz, Ele faz sem a nossa ajuda. Ele não nos chama para jantar e pede para cada um trazer um prato. Nós só trazemos nossa fome e nossa necessidade dEle. Chegamos à mesa cheios de fé, esperança e grande expectativa. Ele nos convida à Sua mesa e nos oferece comunhão com Ele e com Seu povo. Ele é o Provedor; é Ele quem faz a comida que permanece; é Ele quem nutre tanto corpo como alma para sempre. Temos o privilégio de sermos como Ele, quando reunimos nossas famílias à mesa para desfrutar do trabalho das nossas mãos e participar da provisão e comunhão de Cristo.