A estranha maneira que Deus arranja para perdoar
De Livros e Sermões BÃblicos
Por John Piper Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Juan Flavio De Sousa De Freitas
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Uma das coisas mais estranhas sobre o livro de Jó é como os três “amigos” (Elifaz, Bildade e Zofar) são restaurados a Jó e a Deus. Isso é muito indireto e nos ensina lições surpreendentes sobre a oração.
Sucedeu, pois, que, acabando o Senhor de dizer a Jó aquelas palavras, o Senhor disse a Elifaz, o temanita: A minha ira se acendeu contra ti, e contra os teus dois amigos; porque não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó. Tomai, pois, sete bezerros e sete carneiros, e ide ao meu servo Jó, e oferecei holocaustos por vós, e o meu servo Jó orará por vós; porque deveras a ele aceitarei, para que eu vos não trate conforme a vossa loucura; porque vós não falastes de mim o que era reto como o meu servo Jó. (Jó 42:7-8)
No versículo 7, Deus diz que sua ira se acendeu contra Elifaz e seus dois amigos “porque não dissestes de mim o que era reto”. Como, então, eles serão restaurados à comunhão de Deus e escaparão de sua ira?
Deus diz que eles devem pedir a Jó que ore por eles ao oferecerem um holocausto para si mesmos, pois “a ele aceitarei, para eu vos não trate conforme a vossa loucura”. Então eles fazem isso. “E o Senhor aceitou a face de Jó” (v. 9).
Tudo isso aconteceu não apenas para o bem dos três amigos, mas para o bem de Jó. Quando ele orou por eles, tudo mudou para ele. “E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos” (v. 10).
Portanto, parece que a condição para que os amigos de Jó fossem restaurados a Deus era a intercessão perdoadora de Jó por eles. E parece também que a condição para que Deus restaurasse a sorte de Jó era a mesma.
É notável que Deus não aceitasse simplesmente as orações arrependidas desses três amigos por eles mesmos. Eles tiveram que fazer com que Jó orasse por eles. Deus ouviria a oração de Jó, não a deles.
Talvez a razão para isso seja o fato de que essa é a maneira de Deus exigir (nos moldes de Mateus 5:18-23) que haja reconciliação antes de aceitar a adoração e o perdão.
A oração do Senhor diz: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Jó precisava de perdão. Ele também precisava perdoar. Seus inimigos também precisavam do perdão de Deus. Assim, Deus os trouxe a Jó, buscando sua intercessão em favor deles, e esse é exatamente o tipo de amor que Jesus ordena; “orem por aqueles que os perseguem”.
E os três amigos precisavam buscar o perdão de Jó antes que suas orações pudessem ser ouvidas, porque a animosidade de Jó em relação a eles era, em grande parte, culpa deles. Se seu irmão tem alguma coisa contra você, vá e reconcilie-se com seu irmão.
Mas o texto não diz que Deus ouvirá as orações deles quando fizerem as pazes com Jó. Ele diz que a oração de Jó por eles será ouvida. Portanto, a dinâmica aqui não é simplesmente o perdão humano abrindo o caminho para que os três sejam ouvidos no céu. A dinâmica é que Deus ordena que as orações de algumas pessoas sejam recebidas pela culpa de outras.
Parte do processo de reconciliação é a intervenção vertical de Jó em favor dos três adversários, não apenas a reconciliação horizontal com eles. A oração de Jó por esses três foi essencial para que Deus não os tratasse “segundo a sua loucura”.
O que aprendemos é que Deus deseja fazer algumas coisas em resposta à oração que Ele quer fazer, mas não fará de outra forma. E devemos ser diligentes em orar por outras pessoas cujas orações por si mesmas podem não ser aceitas por motivos que desconhecemos. Isso significa que podemos ser o meio designado para que alguém escape das consequências de sua insensatez, das quais talvez não consiga escapar de nenhuma outra forma.
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