Será que Estou Pronto para o Ministério?
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Scott Hubbard Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Michael Suzigan
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Muitos homens já se fizeram esta pergunta: “Será que eu tenho vocação para o ministério pastoral?” E muitos líderes sábios os aconselharam a colocar o assunto no banquinho tripé da aspiração, afirmação e oportunidade:
- Você deseja o ministério (1 Timóteo 3:1)?
- As pessoas (especialmente seus pastores atuais) afirmam que você é um homem fiel que será capaz de ensinar os outros também (2 Timóteo 2:2)?
- Deus te deu uma oportunidade para pastorear algum rebanho (Atos 20:28; 1 Pedro 5:2)?
Estas são perguntas esclarecedoras — mas que não esclarecem tudo. Muitos que se sentam neste banquinho sentem que uma perna parece fraquejar. Um homem pode desejar o pastoreio e ter uma oportunidade, mas algumas pessoas levantaram dúvidas sobre seu preparo. Um outro homem pode desejar e receber afirmação, mas Deus ainda não concedeu uma oportunidade. E um terceiro homem pode receber afirmação e ter uma oportunidade, mas se pergunta se seus desejos pelo ministério pastoral realmente se elevam ao nível da aspiração devota.
Por algum tempo, eu me via como o terceiro homem. Sentia o desejo de ministério, mas me perguntava se ele havia sido moldado demais pelas expectativas dos outros. Eu também me perguntava o quanto de egoísmo havia nas minhas intenções; se talvez o que eu realmente queria era um assento à direita de Jesus (Marcos 10:37). E eu sentia o peso desta pergunta. Como David Mathis escreve em seu livro Workers for Your Joy, “O bem da igreja está a mercê do quão santo é o desejo de seus pastores. Eles não trabalharão bem para a sua alegria se não for a alegria deles fazer este trabalho” (47).
Como os homens nessa posição podem discernir se realmente desejam pastorear o povo de Deus? Podemos encontrar clareza fazendo três perguntas diagnósticas, extraídas da exortação de Pedro aos presbíteros em 1 Pedro 5:1–4.
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Pastorear o Rebanho de Deus
Antes de nos voltarmos para os diagnósticos de Pedro, considere o tipo de chamado que o apóstolo tinha em mente quando se dirigiu aos “anciãos entre vós” (1 Pedro 5:1) — para que não aspiremos a um presbitério moldado pela nossa própria imaginação. Pedro escreve:
Aos anciãos, que estão entre vós, admoesto eu, que sou juntamente com eles ancião, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele. . . (1 Pedro 5:1–2)
Pastorear o Rebanho de Deus. Um pastor pode se deparar com uma série de obrigações, mas no centro de seu chamado está essa responsabilidade de pastorear as preciosas ovelhas de Deus. E no âmago do pastoreio está o ensino.
Pedro tinha aprendido a tarefa de ensino do pastor primeiro com seu Senhor. Ele havia notado como Jesus, vendo uma multidão vagando “como ovelhas que não têm pastor”, fez o que um verdadeiro pastor faria: “começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Marcos 6:34). Ele tinha ouvido como aquele bom pastor ensinava e continuava ensinando, e como as ovelhas ouviam sua voz (João 10:27–28). E então, é claro, ele recebeu a ordem tríplice de seu Senhor para alimentar suas ovelhas (João 21:15–17) — uma alimentação que Jesus já havia ligado às suas palavras (João 6:57–58, 63).
E assim, após a ascensão de Jesus, o pastor-apóstolo ensinou, ensinou e ensinou — entre os onze (Atos 1:15), para as multidões (Atos 2:14), por toda Jerusalém (Atos 5:28–29), através da divisão entre judeus e gentios (Atos 10:34–43) e, eventualmente, por carta, inclusive para aqueles “exilados eleitos da Dispersão” que receberam 1 Pedro (versículo 1). Para Pedro, pastorear os cordeiros de Jesus significava, preeminentemente, alimentá-los com as palavras de Jesus.
Agora, a palavra pastorear não exaure a descrição do trabalho de um presbítero. Eles também “exercem supervisão”, como diz Pedro — governando as estruturas da igreja, protegendo-a de ameaças, guiando-a em decisões difíceis. Porém, mesmo aqui, o ensino satura a tarefa pastoral, pois de que outra forma os presbíteros governarão, guardarão e guiarão, senão pela palavra de Deus?
“Os pastores são, em primeiro lugar, homens da Bíblia — homens que pregam, ensinam e aconselham a palavra de Deus.” Os pastores, então, são antes de tudo homens bíblicos — homens que pregam, ensinam e aconselham a palavra de Deus em público e em privado, do púlpito e da cadeira do hospital, nas horas boas e nas ruins. Em sua essência, esta é a “nobre tarefa” a que almejamos (1 Timóteo 3:1).
Três Testes para a Aspiração Devota
Com o que do presbitério em vista, Pedro passa a descrever o como em três pares de “isso não, aquilo sim”:
Apascentai o rebanho de Deus, que há entre vós, não por força, mas voluntariamente, como Deus gostaria; nem por torpe ganância, mas de bom ânimo, nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. (1 Pedro 5:2–3)
Aqui, Pedro nos aponta de onde vem nosso anseio, para onde ele mira e que forma toma.
De onde vem seu anseio?
Apascentai o rebanho de Deus . . . não por força, mas voluntariamente, como Deus gostaria.
Talvez já faz alguns anos que a palavra pastor pareça estampada em seu futuro. Talvez seu pai tenha pastoreado. Talvez amigos e mentores tenham encorajado você a pastorear. Talvez você seja um estudante do seminário neste momento. De qualquer forma, pastorear se misturou tanto com seu próprio senso de identidade quanto com as expectativas dos outros. Mas agora você se pergunta se realmente quer fazer esse trabalho.
Na época de Pedro, ao que parece, alguns homens eram tentados a se tornarem anciãos “sob compulsão” — instigados pelos desejos dos outros ou por um mero senso interno de dever, em vez de impulsionados por seus próprios desejos. Este impulso é compreensível — mas, escreve Pedro, não é “como Deus gostaria” que você pastoreasse seu povo. Jesus, o primeiro e maior Pastor da igreja, não conduz suas ovelhas sob coação. Ele empunha a vara e o cajado com toda a sua alma, e procura homens que encarnam o mesmo espírito de pastor para suas ovelhas. Mathis escreve: “Cristo agarra seus pastores pelo coração; Ele não os torce pelo braço” (46).
Cristo procura homens dispostos. É claro, mesmo os homens que pastoreiam “sob compulsão” o fazem de bom grado em certo sentido. Mas Jesus quer uma disposição que seja mais profunda do que “Todos acham que eu deveria pastorear” ou “Eu posso pastorear se ninguém mais quiser”. Ele quer uma disposição que se ofereça ao cajado (em vez de simplesmente recebê-lo quando solicitado) — e uma disposição que impeça um homem de dispensá-lo quando os problemas surgirem.
O que deseja sua aspiração?
Pastorear o rebanho de Deus . . . não por torpe ganância, mas de bom ânimo.
Torpe ganância se refere mais diretamente ao dinheiro. (Na carta de Paulo para Tito, a mesma palavra que aparece aqui— traduzida como “ávido por lucro” — no lugar da frase "não amante do dinheiro" em sua carta a Timóteo.) Aqueles que pastoreiam por torpe ganância o fazem principalmente porque o pastoreio fornece um salário — e talvez não consigam imaginar de que outra forma ganhariam dinheiro. O ministério perdeu seu foco em Deus, que exalta a Cristo e salva almas, e se tornou uma simples fonte de renda.
Certamente, o pastorado também oferece outros tipos de vantagens desavergonhadas além do dinheiro. O Pastoreio pode trazer desconforto, críticas e o peso das expectativas dos outros, mas também pode trazer honra em uma comunidade, uma quantidade de poder e, para alguns, um horário de trabalho flexível sem muita supervisão. Esses também são tipos de vantagens que podem atrair um homem para o ministério. Mas seja qual for o tipo, Pedro enterra todos eles sob a palavra com avidez.
A avidez carrega certa relação com o voluntariado, pois ambos refletem o princípio que guia o espírito de pastoreio. Mas, dado o contraste com a torpe ganância, a avidez parece sugerir não apenas uma vontade profunda de fazer o trabalho, mas também uma ausência decidida de trabalhar pensando em vantagens.
O presbítero devoto não pondera sobre o que pode obter do ministério para depois trabalhar (ou não). Ele se lança no trabalho, aconteça o que acontecer: com pagamento bom ou ruim, honra ou suspeita, influência ou fraqueza, dificuldade ou facilidade. Para ele, a obra oferece suas próprias recompensas na moeda celestial de pregar a Cristo e ajudar a levar seu rebanho à glória. Os pastores vocacionais serão pagos pelo seu trabalho, como deveriam — “Digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18) — mas por mais que recebam, os devotos sabem que seus bolsos já estão cheios de um tesouro mais valioso.
Qual é a forma da sua aspiração?
Apascentai o rebanho de Deus . . . nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.
Se a palavra apascentar ecoa a exortação de Jesus a Pedro nas margens do Mar da Galiléia, a palavra domínio lembra outra conversa marcante:
Mas Jesus, chamando-os a si [os doze], disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios deles se assenhoreiam [ou os dominam], e os seus grandes usam de autoridade sobre eles. Mas entre vós não será assim. (Marcos 10:42–43)
Pedro nunca se esqueceu dessas palavras. Mais importante ainda, ele nunca se esqueceu daquele que os falava: o Senhor que não impôs sua autoridade sobre seu povo, mas serviu e morreu como se fosse um escravo (Marcos 10:44–45). Por mais que Pedro tenha sido tentado pelo senhorio gentio nos anos seguintes, o poder dessa tentação secou na cruz do seu Rei.
Então, quando Pedro chama os anciãos para dar um exemplo, ele quer que eles sirvam não apenas como exemplo de ovelhas, mas também como pequenos reflexos do Sumo Pastor (1 Pedro 5:4). Cristo deixou o céu mais alto para encontrar suas ovelhas e levá-las para casa nas costas, e o pensamento de imitar sua humildade régia, sua modéstia nobre, faz o coração dos pastores devotos bater mais rápido.
Você Me Ama?
Tendo nos apontado para o antes, o depois e o agora, Pedro termina sua exortação levantando nossos olhos:
E quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória. (1 Pedro 5:4)
O autoexame tem seu lugar no caminho para o presbitério e no presbitério. Precisamos de algum conhecimento dos nossos próprios corações para aspirar sinceramente ao cargo. Mas a aspiração em si vem do olhar para cima, não para dentro.
Então, à medida que procuramos discernir se nossos desejos de presbítero correspondem ao perfil de Deus para o presbitério, podemos fazer bem em retornar frequentemente às praias da Galiléia, onde antes de Jesus emitir sua tripla acusação, ele fez sua tripla pergunta: "Simão, filho de Jonas, amas-me?" (João 21:15-17). Você ama a voz que te pede para fisgar aos homens? Você ama a glória que brilha no monte? Você ama as mãos que lavaram seus pés e pagaram pelos seus pecados? Simão, filho de Jonas, você me ama?
A disposição, a ânsia e o desejo de dar um exemplo semelhante ao de Cristo repousam e se elevam em um sim diário e cada vez mais profundo.