Ponha de Lado o Peso da Perfeição

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English: Lay Aside the Weight of Perfection

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Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Andreia Frazão

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Há muito que anda por aí o adágio “o ótimo é inimigo do bom”. Recentemente, os especialistas em produtividade deram-lhe uma reviravolta, para enfatizar a consequência: “o ótimo é inimigo de um trabalho acabado.”

Todos conhecemos a verdade destas máximas. Todos nós negligenciamos às vezes a possibilidade de fazermos o que podemos, por medo de não o fazermos de forma perfeita. O nosso termo cultural para isto é “perfeccionismo.”

O Que Alimenta o Perfeccionismo?

Aquilo a que chamamos perfeccionismo não é o mesmo que a busca pela excelência, embora por vezes as linhas possam ser confundidas. Quando buscamos a excelência, estamos determinados a fazer uma coisa tão bem quanto possível, no âmbito de um dado conjunto de limites de talento, recursos e tempo. Mas o perfeccionismo é uma compulsão baseada no orgulho ou no medo, que ou alimenta a nossa fixação obsessiva em fazer uma coisa de forma perfeita ou nos paralisa e impede de agir de todo — resultando ambas frequentemente na prejudicial negligência de outras coisas boas ou necessárias.

O que está por trás das tendências perfeccionistas? Somos seres complexos, por isso raramente é apenas uma coisa. Em casos excecionais, a principal causa é uma perturbação clínica ou uma forma de servidão espiritual. Contudo, regra geral, o perfeccionismo tem quase sempre as suas raízes no nosso desejo de aceitação e no medo da rejeição. Pode ser o comum medo geral, alimentado pelo orgulho, daquilo que as pessoas vão pensar de nós, ou pode ser um medo incapacitante e condicionado de falhar, instilado em nós por uma figura de autoridade abusiva passada ou presente. E, se formos honestos, por vezes é uma desculpa conveniente para não fazermos uma coisa difícil. Por outras palavras, não é realmente perfeccionismo, mas indulgência disfarçada de perfeccionismo.

O perfeccionismo é uma tentação comum ao Homem que todos enfrentamos na nossa luta contra o pecado. E a notícia maravilhosa é que Deus quer que vivamos livres do seu domínio tirânico sobre nós.

“Tem De Ser Perfeito”

Porém, para compreender e acreditar nisto, primeiro, temos de compreender uma coisa que Jesus disse que pode soar a contradição: “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o [vosso] Pai celestial” (Mateus 5:48, NVI). À primeira vista, de certeza que isto parece uma exigência de perfeição. E é, mas por isso mesmo não é.

Jesus fez esta afirmação no Sermão da Montanha, como culminação impossível dos padrões humanamente impossíveis (caídos) do que significa não pecar em ira, em luxúria, em divórcio, em juramentos e em retaliação, e também como o que significa amar os nossos inimigos.

Mas precisamente antes de se lançar à secção sobre “perfeição” do seu sermão, Jesus dá-nos uma pista sobre o que está a querer dizer: “Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir” (Mateus 5:17, NVI). Jesus veio cumprir, perfeitamente e em nosso nome, a exigência que Deus nos faz de perfeição.

É por isso que os autores do Novo Testamento escrevem coisas como “por meio de um único sacrifício, [Jesus] aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados” (Hebreus 10:14, NVI). É esta a chave para o que Jesus quis dizer, e a chave para nos libertarmos da tirania do perfeccionismo. Por ter vivido de forma perfeita, e morrido e ressuscitado por nós, Jesus já comprou a nossa perfeição. E embora Deus Pai não ignore o pecado remanescente que contamina tudo o que fazemos, vê-nos como perfeitamente virtuosos em Cristo.

Aos olhos de Deus, fomos aperfeiçoados pela virtude de nos juntarmos a Jesus pela fé, que nos liberta da necessidade de obter a aprovação d'Ele ou de quem quer que seja através do perfeccionismo. Somos livres de nos dedicarmos imperfeitamente à nossa luta santificadora contra o pecado!

A Bíblia Está Repleta de Santos Imperfeitos

A Bíblia não nos encoraja em parte alguma para o perfeccionismo. Promete-nos a perfeição — perfeição imputada agora (2 Coríntios 5:21) e perfeição futura num tempo que há-de vir (Apocalipse 21:3–4) — como generosa dádiva da graça de Deus, para que nos libertemos do perfeccionismo.

É por isso que Deus faz tudo ao seu alcance para expor os imperfeitos pés de barro dos heróis bíblicos da fé. Abraão, o grande modelo de fé, teve o seu episódio com a escrava Hagar. Moisés, o grande profeta semelhante a Cristo, teve o seu incidente desqualificante com a pedra. Aarão, o grande sumo-sacerdote semelhante a Cristo, teve o seu desastre com o bezerro de ouro. David, o grande rei semelhante a Cristo, teve o seu caso com Bate-Seba. Pedro, o grande apóstolo e confessor de Cristo, tropeça nos seus pés de barro ao longo dos Evangelhos e para lá deles (Gálatas 2:11–14). E Atos e Epístolas dão-nos uma perspetiva com todos os defeitos das vidas imperfeitas dos primeiros cristãos.

Deus conhece as nossas tentações e tendências perfeccionistas, e por isso recheia a Bíblia de histórias da sua graça espantosa e fenomenalmente paciente para com os pecadores que continuaram a lutar de forma imperfeita contra o seu pecado, e a tombar nele ao longo das suas estadias terrenas. Deus quer que saibamos que a perfeição, no comportamento e na motivação, está completamente fora do alcance da nossa experiência neste tempo.

Viva Livre Do Perfeccionismo

Deus tem uma coisa muito melhor para nós nos esforçarmos do que as nossas imaginações idealizadas da perfeição, que acabam apenas por nos escravizar.

O perigo subtil do perfeccionismo, embora também seja o maior, é a sua auto-orientação. Uma vez que é um esforço alimentado pelo medo ou pelo orgulho para obter a aprovação para o nosso ego, o seu principal foco é de facto no ego, não em Deus nem nos outros. Por outras palavras, o perfeccionismo, mesmo na batalha contra o pecado, não é motivado por amor nem por fé. E “tudo o que não provém da fé é pecado” (Romanos 14:23, NVI).

Mas Deus quer que estejamos livres — livres da tirania do orgulho e do medo. Deus quer que vivamos na liberdade de saber que os nossos problemas do passado, do presente e do futuro relativamente à perfeição estão completamente cobertos.

Nas nossas contínuas batalhas contra o pecado, Deus não pretende de nós um comportamento desempenhado externamente de forma perfeita nem uma motivação desempenhada internamente de forma perfeita. Deus está à procura de amor e de fé, tendo plena consciência de que ambos serão imperfeitos, independentemente de quanto crescermos em amor e em fé.

É Livre de Lutar de Forma Imperfeita

Deus está a chamar-nos para a experiência maravilhosamente revigorante de tirarmos os olhos de nós mesmos e de como estamos ou não a corresponder, para os termos fitos em Cristo (Hebreus 12:2). Deus quer que paremos de perseguir ou de ficarmos paralisados por causa do perfeccionismo, para que estejamos livres para buscar o amor (1 Coríntios 14:1; 1 Timóteo 1:5) e para buscar a confiança nele com todo o nosso coração (Provérbios 3:5). E se o perfeccionismo tiver uma influência desmedida sobre nós, Deus irá, de forma misericordiosa, delinear circunstâncias para derrotar os nossos melhores esforços para combater o pecado “com sucesso” até aprendermos de onde a nossa liberdade realmente vem.

Em Cristo, vocês são livres! São livres de seguir Jesus imperfeitamente. São livres de travar a batalha da fé de forma defeituosa, porque esta é a única forma através da qual podem lutar pela fé neste tempo.

O perfeccionismo é um peso ponderoso que temos de pôr de lado na corrida para a fé (Hebreus 12:1). Deus não quer que nos concentremos em apresentar um desempenho perfeito; Deus quer que nos concentremos em viver com a fé de uma criança, determinada por atos de amor autêntico (Gálatas 5:6).