A Boa Nova é a força de Deus para a Salvação

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English: The Gospel is the Power of God unto Salvation

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Por John Piper Sobre Evangelho
Uma Parte da série Romans: The Greatest Letter Ever Written

Tradução por Mónica Rodrigues

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Carta aos Romanos, 1,16

Eu não me envergonho da Boa Nova. Nela está a força de Deus para salvar todos os que crêem, primeiro os judeus e também aqueles que o não são.

Sintam-se com vergonha, mas não se sintam envergonhados

Na semana passada, concentrei-me nas primeiras palavras da carta aos Romanos, 1,16: “Eu não me envergonho da Boa Nova.” Tentei deixar claro que existe diferença entre sentir-se com vergonha da Boa Nova e sentir-se envergonhado pela Boa Nova. Ao serem cristãos fiéis, serão envergonhados pela Boa Nova. Ou seja, vocês serão os alvos de um comportamento vergonhoso. Mas existe uma boa razão pela qual vocês não deverão sentir-se envergonhados quando isso acontece.

Comparei o motivo de Paulo com o motivo de Jesus para não se sentirem envergonhados ao sentirem vergonha da Boa Nova. A carta aos Hebreus, 12,2, diz: “Ele [Jesus] suportou a morte na cruz, sem se importar com a vergonha que nisso havia, sabendo a alegria que o esperava.” O comportamento vergonhoso contra Jesus foi tão feio, cruel e degradante. Porém, em vez de deixar que a vergonha o consumisse ou o envergonhasse, ou o tornasse numa pessoa tão fraca e feia quanto aqueles que o envergonharam, ele fixou o seu coração na alegria que o esperava. Por outras palavras, o triunfo garantido da sua morte e ressurreição para salvar os pecadores, sustentar a sua justiça e levá-lo para casa, para junto de Deus, protegeu-o do sentimento de vergonha ou desobediência. Quando ele se sentiu tentado a sentir-se envergonhado, concentrou-se na alegria que o esperava. Ele suportou o sofrimento a curto prazo por causa do ganho a longo termo.

E Paulo era assim, e disse: “Não me sinto envergonhado perante a Boa Nova”, – Não me sinto envergonhado pela mensagem e a realidade de Cristo crucificado pelos pecadores, levantando com poder e salvando quem confia nele. Por que não? Porque “[a Boa Nova] é a força de Deus para a [até] salvação de todos os que crêem.” Da mesma forma Jesus venceu os sentimentos de vergonha quando foi envergonhado pela Boa Nova. Jesus olhou para o alegre triunfo da sua cruz e ressurreição; Paulo olhou para o alegre triunfo da Boa Nova na salvação eterna.

Não evitamos sentimentos de vergonha através da alteração da Boa Nova para a tornar popular e inofensiva (consultar primeira carta aos Coríntios, 1,18). Evitamos sentimentos de vergonha ao lembrarmo-nos de que vai ser justificado no final. Fazemos questão de nos lembrarmos de que a Boa Nova por si só leva os pecadores perdoados à alegria duradoura e derradeira. Nada no mundo pode fazer isto à excepção da Boa Nova de Jesus Cristo. Judaísmo, Budismo, Hinduísmo, Islão – estas religiões não possuem um Salvador capaz de resolver o problema da separação de um Deus sagrado através do pecado, e de oferecer aos pecadores esperança pela graça e não pelas obras. Apenas uma mensagem salva os pecadores e os leva com segurança à presença de Deus – a Boa Nova de Jesus Cristo. Por si só, esta é a força de Deus para a salvação.

Portanto, Paulo diria – o próprio Jesus diria – sofre, sim. Sê mal entendido, sim. Sente vergonha, sim. Mas não te sintas embaraçado pela vergonha. Porque a mensagem da obra da salvação de Deus em Cristo é a derradeira mensagem triunfante no mundo. Sofrimento a curto prazo. Sofrimento a longo prazo. Pela alegria que te espera, pela salvação que só a Boa Nova pode ganhar, pega na tua cruz, segue Jesus e despreza a vergonha.

A Boa Nova é a força de Deus para a salvação

Agora, hoje, quero habitar nas palavras, “porque as palavras [a Boa Nova] são o poder de Deus para a salvação de todos os que crêem”. E coloco apenas uma questão: o que é esta salvação que a Boa Nova prega tão poderosamente? Veremos ao responder a isto como é que a nossa fé está relacionada com a Boa Nova ao pregar a nossa salvação.

Existem outras perguntas importantes, especialmente sobre a razão pela qual a Boa Nova se torna a força para nos salvar. Porém, este é o ponto do versículo 17, que tencionamos começar a 9 de Agosto. “A Boa Nova... é a força de Deus para a salvação... porque nele é revelada a justiça de Deus de credo para credo” – é por essa razão que a Boa Nova é a força de Deus para a salvação.

Portanto, a pergunta de hoje é: o que é esta salvação que a Boa Nova prega tão poderosamente? “A Boa Nova é a força de Deus para [até] a salvação.” Será que isto significa que a “força de Deus serve para converter as pessoas”? Penso que isso tem alguma verdade, mas não penso que seja esse o significado desta afirmação.

A razão pela qual penso que seja verdade que a Boa Nova serve para converter pessoas – trá-las perante a fé e o arrependimento – é porque se pode ler na carta aos Romanos, 10,17: “Assim a fé vem daquilo que se ouve e o que se ouve é o anúncio da palavra de Cristo.” E na primeira carta a Pedro, 1,23-25 pode ler-se: “Todos vocês nasceram de novo, não de uma origem mortal, mas imortal, por meio da Palavra de Deus que vive para sempre... É esta a mensagem da Boa Nova que vos foi anunciada.” Então, sempre é verdade que Deus nos deu a vida e nos converteu ao escutar as palavras poderosas de Deus, a Boa Nova.

E é verdade que esta conversão se chama salvação no Novo Testamento. Por exemplo, na carta aos Efésios, 2,8-9: “Foi por amor que vocês foram salvos, mediante a fé. Não foram vocês que conquistaram a salvação. Ela é um dom de Deus. Não foi obra vossa; portanto, ninguém se pode gabar disso.” Assim a conversão para Cristo mediante a fé chama-se ser-se salvo. Se fordes crentes em Cristo esta manhã, então fostes salvos. A carta aos Romanos devia ter para vós um valor precioso para além das palavras, porque, como nenhuma outra carta ou livro da Bíblia, revela-vos o que aconteceu quando Deus vos salvou – a vossa eleição, predestinação, chamamento, justificação, santificação e a obediência pela fé. Estas fazem todas parte da salvação que já é uma verdade sobre vocês mediante a fé.

O derradeiro triunfo da Boa Nova

Mas o que é a salvação que Paulo tem em mente na carta aos Romanos, 1,16, quando diz: “Nela [Boa Nova] está a força de Deus para salvar todos os que crêem”? Penso que ele não tem em mente logo o primeiro evento da conversa, mas sim o derradeiro triunfo da Boa Nova por levar os crentes à segurança e alegria eternas na presença de um Deus sagrado e glorioso. Há quatro razões que me levam a pensar que isto é o que ele quer dizer. É olhando para estas razões que se encontra a melhor forma para decifrar o significado do versículo.

1. A força da Boa Nova é o que nos liberta do sentimento de vergonha que sentimos pelo mesmo

A primeira razão é a força da Boa Nova para trazer a salvação e é isso que nos liberta do sentimento de vergonha que sentimos por ela. “Não tenho vergonha da Boa Nova porque é a força de Deus para a salvação”. Mas se isso significasse apenas que a Boa Nova tem o poder de converter, por que resolveria o problema da vergonha? Muitas religiões conseguem converter gente. Muitos movimentos religiosos e seculares diferentes conseguem converter fiéis ao seu credo. Quando Paulo disse que a Boa Nova era assim tão poderosa que ninguém deve sentir-se envergonhado por isso, será que ele simplesmente queria dizer que a Boa Nova faz o mesmo que as outras religiões fazem: arrecadar convertidos? Penso que não.

Jesus triunfou em relação à vergonha olhando para a alegria futura que realmente veio a sentir no momento em que morria. Penso que isto é o que Paulo, também, tem em mente na carta aos Romanos, 1,16. Ninguém tem de se envergonhar da Boa Nova do evangelho porque não converte gente apenas; salva aqueles que a ela se convertem. A Boa Nova traz-lhes a derradeira segurança e alegria que não pára de crescer na presença de um Deus glorioso e sagrado, para a eternidade. É o que nos fascina no evangelho, e não apenas o facto de conseguir converter gente; qualquer religião pode fazê-lo – mas a Boa Nova é a única verdade no mundo que é realmente capaz de salvar pessoas para sempre e trazê-las à eterna alegria de Deus.

2. A palavra “salvar” está referida no futuro em outra parte qualquer em Paulo e no Novo Testamento

A segunda razão pela qual penso que “salvar” no versículo 16 se refere ao derradeiro triunfo da Boa Nova em trazer os fiéis até à segurança e alegria eternas na presença de um Deus glorioso e sagrado, é que a frase “para salvar” ou “para a salvação” tem este significado futuro em qualquer outra parte em Paulo, e em outros autores do Novo Testamento.

Por exemplo, na segunda carta aos Tessalonicenses, no capítulo 2 versículo13, Paulo diz: “Pois ele escolheu-vos para serem os primeiros a receberem a salvação, através da acção do Espírito e da aceitação da verdade.” Vejamos que aqui salvação não é apenas o que acontece pela conversão, e que leva à santificação. Em vez disso, a salvação é o que vem mais tarde “através da santificação” e está no futuro. Por outras palavras, a salvação é o triunfo do futuro que leva o santo até à presença de Deus com alegria eterna.

Ou ainda, na segunda carta aos Coríntios, capítulo 7 versículo 10, Paulo fala com os cristãos que foram convertidos e salvos, mas que precisam de arrepender-se dos seus pecados: “Pois, a tristeza que Deus quer, leva à mudança de vida e conduz a uma salvação, da qual nunca nos arrependemos, ao passo que a tristeza inspirada em motivos humanos, produz a morte.” Aqui mais uma vez, a expressão “uma salvação” não se refere à conversão, mas ao derradeiro e futuro estado seguro e alegre na presença de Deus. (Consultar também a segunda carta a Timóteo, 3,15.)

Da mesma forma, a carta aos Hebreus, capítulo 9 e versículo 28, diz: “Cristo... há-de aparecer outra vez, não já para tirar o pecado mas para salvar aqueles que esperam por ele.” Esta salvação final e completa acontece na Segunda vinda. Na primeira carta de Pedro, capítulo 1 e versículo 5, pode ler-se: “[Crentes] estão guardados pelo poder de Deus para a salvação que está para se manifestar nos últimos tempos.” Esta salvação está “para se manifestar nos últimos tempos”. Não se trata de conversão. Trata-se da última grande obra de Deus para nos salvar e conduzir-nos à segurança e alegria eternas na sua presença.

Na carta aos Romanos, capítulo 5 e versículos 9 a 10, Paulo fala sobre esta salvação que há-de vir para nos resgatar do castigo final de Deus: “Pela sua morte, nós agora estamos em boas relações com Deus [é a realidade actual da salvação!]. Com maior razão, seremos livres do castigo final por meio dele. Deus, pela morte de Cristo, pôs-nos em boas relações consigo próprio, quando ainda éramos inimigos [aqui mais uma vez está presente a realidade actual da salvação!]. Com maior razão, nós que agora estamos em paz com Deus, seremos salvos pela vida de seu Filho.” Por outras palavras, a experiência completa da salvação, de acordo com o pensamento de Paulo, ainda está no futuro. Carta aos Romanos, 13,11: “A nossa salvação está agora mais próxima do que na altura em que recebemos a fé.”

Portanto, quando Paulo diz na carta aos Romanos, 1,16, que “Nela [a Boa Nova] está a força de Deus para salvar todos os que crêem”, entendo que ele quer dizer que a Boa Nova é a única mensagem no mundo que poderosamente pode levar uma pessoa não só à conversão, como também à segurança e alegria eternas na presença de um Deus glorioso e sagrado.

3. A crença contínua é a condição para esta salvação

A terceira razão pela qual eu penso que a “salvação” na carta aos Romanos, 1,16, é o triunfo final da Boa Nova ao levar os crentes até à segurança e alegria eternas na presença de um Deus glorioso e sagrado, é que a crença contínua é a condição para esta salvação. Notem que o versículo 16 não diz: “A Boa Nova… é a força de Deus para espalhar a fé e a salvação”. Mas sim que “A Boa Nova é a força de Deus [em direcção a] para salvar todos os que crêem [o tempo do verbo está no presente em grego e significa uma acção contínua].” Por outras palavras, aqui a ideia fulcral de Paulo não é a de que a força de Deus cria a fé. Em vez disso, a ideia é a de que para aqueles que acreditam, a Boa Nova traz a salvação. Portanto a ideia não é definitivamente que a Boa Nova seja a força que converte à fé, mas sim a força que traz a salvação futura através de uma vida de fé.

O tempo do verbo “crer” é muito importante aqui. Significa uma acção contínua e não apenas o primeiro acto de fé de quando uma pessoa se converte: “A Boa Nova... é a força de Deus para salvar todos os que crêem” – aqueles que continuam a crer. O mesmo acontece na primeira carta aos Coríntios, no capítulo 15, versículos 1 a 2, onde Paulo diz: “... que vos anunciei [a Boa Nova] e vocês acolheram e na qual se têm mantido firmes. É ela que vos há-de salvar, se lhe forem fiéis, tal como eu vo-la comuniquei. A não ser que a vossa fé tenha sido em vão!”. A fé que não é posta em prática está morta – o que Tiago chama de “fé morta” (Tiago, 2,17-26).

Assim, a ideia contida na carta aos Romanos, 1,16, é a de que ninguém deve sentir-se envergonhado pela Boa Nova, porque esta é a única verdade no mundo que, se continuardes a investir nela dia após dia, superará qualquer obstáculo e levar-vos-á à segurança e alegria eternas na presença de um Deus glorioso e sagrado.

4. Paulo diz que a Boa Nova é para os crentes, e não apenas para os que não crêem

A última razão pela qual eu penso que “salvação” significa isto no versículo 16 é porque o versículo é a razão pela qual Paulo quer pregar a Boa Nova aos crentes (não apenas a não crentes). Já vimos isto, mas olhem outra vez. No versículo 15, Paulo diz: “Daí, o meu grande desejo de levar a Boa Nova também a vocês que estão em Roma.” Ele tem o grande desejo de levar a Boa Nova a “vocês” – crentes – e não apenas aos que não crêem. E, em seguida, ele diz porquê: “Eu não me envergonho da Boa Nova. Nela está a força de Deus para salvar todos os que crêem”.

Assim, concluo que a razão pela qual Paulo não sente vergonha da Boa Nova é porque esta é a única verdade em todo o mundo que não vos desiludirá quando lhes entregardes a vossa vida na fé. A Boa Nova guiar-vos-á sempre através da tentação, perseguição, morte e julgamento, em direcção à segurança eterna e crescente alegria na presença de um Deus glorioso e sagrado. Todas as outras “Boas Novas” do mundo, que convertem tanta gente, acabarão por vos desiludir. Apenas uma nos pode salvar do castigo final de Deus e conduzir-nos à total alegria na sua presença e aos prazeres que teremos sentados à sua direita, para sempre. Posto isto, não há que sentir vergonha da Boa Nova, seja o que for o que os outros digam ou façam. E devemos mesmo sentir o grande desejo de levar igualmente a Boa Nova aos que são crentes e não crentes. Ledes a Boa Nova todos os dias?

Vou terminar com uma implicação daquilo que disse. Alimentais a vossa fé todos os dias com as promessas desta Boa Nova triunfante? Na condição de crente, consultais o evangelho todos os dias e saboreais a respectiva força em versículos como a carta aos Romanos 8,32: “Ele que não nos recusou o seu próprio Filho mas o ofereceu por todos nós, como é que não nos dará tudo com o seu Filho?” O evangelho são as boas notícias que nos dizem que Deus nos deu o seu Filho, de modo a dar-nos tudo o que é bom para nós. Neste sentido, a Boa Nova é a força que nos ajuda a vencer as tentações do desespero, orgulho, ganância e luxúria. O evangelho por si só pode superar qualquer obstáculo e trazer-nos a alegria eterna. Custe o que custar, mantenham-se firmes na Boa Nova, creiam nela, alimentem-se dela, saboreiem-na, valorizem-na mais do que à prata ou ao ouro. A Boa Nova salvar-vos-á. E só ela.

Adoro contar a estória; aqueles que a conhecem melhor
parecem sedentos de a ouvir, assim como os restantes.
E quando, em cenas de glória, eu cantar a nova, nova canção,
passará a ser a velha, velha estória que há tanto tempo adoro.
Adoro contar a estória,
será a minha canção na glória
Contar a velha, velha estória
De Jesus e o seu amor.