‘Ame o que os Outros Têm’

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English: ‘Love What Others Have’

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Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Michael Suzigan

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Certo dia, enquanto Jesus pregava, um homem na multidão gritou: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança” (Lucas 12:13). Pois, se estivéssemos naquela multidão, depois do sentimento de vergonha alheia diante de uma questão tão embaraçosa levantada em público, o que teríamos presumido que provavelmente motivou o pedido desse homem? Certamente uma injustiça familiar.

Mas o que Jesus ouviu? Cobiça. E poderíamos ter sentido vergonha alheia com a resposta de Jesus mais do que com o pedido do homem. Surpreendentemente, Jesus usou o apelo do homem por justiça não para repreender os opressores injustos, mas para advertir não apenas o homem, mas todos os seus ouvintes (presentes e futuros) do maior perigo que a riqueza terrena representa para toda alma que a anseia: “Acautelai-vos e guardai-vos da a avareza; porque a vida de qualquer não consiste na abundância dos bens que possui.” (Lucas 12:15).

Isso não foi porque Jesus não se importava com a injustiça. Foi porque Jesus sabia o quão enganosa e espiritualmente perigosa era a riqueza terrena para o demandante que clamou naquele dia — e para todos nós. Então, ele fez um alerta marcante para estar atento contra toda a cobiça. Então ele ilustrou com uma poderosa parábola e nos mostrou o caminho para fugir de sua tentação.

Tabela de conteúdo

O que é Cobiça?

O último dos Dez Mandamentos deixa claro o que é cobiça:

Não a cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo. (Êxodo 20:17)

Cobiçar é desejar sinceramente, até mesmo obsessivamente, o que seu próximo tem. É um pecado primo da inveja, embora não seja o mesmo, como Joe Rigney explica convenientemente,

A cobiça é um desejo arrogante por aquilo que não é seu. Ou, como tento explicar aos meus garotos, a cobiça é desejar algo tanto que te deixa exigente. A cobiça quer o que o outro tem; a inveja é a raiva pelo que o outro tem. A cobiça é orientada para as posses do seu próximo; a inveja pelo próprio homem. (Killjoys1, 22–23)

A inveja levou Caim a assassinar seu próximo, seu próprio irmão (Gênesis 4); a cobiça levou Acã a tomar um tesouro proibido para si, resultando na morte de vários de seus vizinhos (Josué 7). A inveja levou Saul a continuar tentando assassinar seu próximo, Davi (1 Samuel 19); a cobiça levou Davi a roubar a esposa de seu vizinho e depois matá-lo para encobrir (2 Samuel 11).

Tanto a inveja quanto a cobiça são pecados destrutivos, até mesmo letais, contra o nosso próximo, mas por razões diferentes. Embora a inveja seja um modo maléfico, perverso e distorcido de valorizar o nosso próximo (gostaríamos de ser ele), a cobiça é um modo maléfico, perverso e distorcido de desvalorizar o nosso próximo (nos importamos mais com as coisas dele do que com ele).

Idolatria com uma Faca de Dois Gumes

O mal único da cobiça é que valorizamos mais o que nosso próximo tem do que o que nosso próximo é. Desejamos as posses do nosso próximo para nós mesmos, em vez de amar nosso próximo como a nós mesmos. O que torna a cobiça uma forma particularmente abominável de idolatria (Colossenses 3:5).

Na idolatria literal, “[trocamos] a glória do Deus incorruptível em semelhança de imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis”; valorizamos as criaturas mais do que o Criador, aquele que lhes dá valor verdadeiro (Romanos 1:23, 25). Mas a cobiça dá outra dimensão a isso. Pois trocamos a glória de Deus inerente a uma pessoa (a imago dei, embora danificada pela queda) pelas coisas criadas que uma pessoa à imagem de Deus possui. Ao fazer isso, roubamos de Deus a glória que Ele merece e roubamos de nosso próximo a dignidade que ele merece. A cobiça é uma forma de idolatria de dois gumes.

Quando cobiçamos, amamos as coisas mais do que a vida humana, mais do que a Vida Divina e mais do que a vida eterna. É por isso que Jesus disse ao homem, à multidão e a nós que “a vida de qualquer não consiste na abundância dos bens que possui.” (Lucas 12:15). E então Ele justificou com uma poderosa parábola.

Para Onde a Cobiça Leva

A princípio, não parece que a parábola tenha algo a ver com cobiça:

A herdade de um homem rico tinha produzido com abundância; E arrazoava ele consigo mesmo, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos. E disse: Farei isto: Derrubarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali recolherei todo o meu produto e os meus bens; E direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, e alegra-te. (Lucas 12:16–19)

Esta história parece ser sobre um homem que confia mais em sua carteira de investimentos do que em Deus, mas não diz nada sobre o homem que deseja as posses de seu vizinho. Então, o que isso tem a ver com cobiça?

Tudo. Só precisamos entender que esta parábola não é sobre a cobiça do homem, mas sobre a nossa. Jesus não está nos mostrando como é a cobiça; Ele está nos mostrando para onde a cobiça leva. A tentação de cobiçar nos promete que, se pudermos ter o que outra pessoa tem, seremos felizes. Jesus está prestes a nos mostrar o vazio dessa promessa através do destino do homem rico. Então, vamos deixá-lo terminar a parábola:

Mas Deus lhe disse: Louco, Esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será? Assim é o que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. (Lucas 12:20–21)

Este homem tinha essencialmente o que a maioria das pessoas acredita que as fará felizes: riqueza material e segurança e uma aposentadoria de lazer e entretenimento à sua frente. Muitos ao seu redor teriam cobiçado seu estilo de vida. Então, de repente, a morte levou tudo a um fim terrível. A vida cobiçada acabou sendo uma vida tola e trivial, já que não era essencialmente sobre a vida. Pois a vida nunca consiste na abundância de nossas posses.

Fim da Cobiça

Isso levanta a questão mais acalorada: então, no que consiste a vida? É para isso que Jesus se volta a seguir (Lucas 12:22–34), e sua resposta é bastante chocante: a vida, de fato, consiste na acumulação de riqueza — um tipo que nos liberta do pecado da cobiça.

Espera. Jesus não acabou de dizer que a riqueza é perigosa, e por isso você não deve orientar sua vida em torno de acumulá-la? Não, Jesus disse que um certo tipo de riqueza é perigoso, então não oriente sua vida em torno de acumulá-la. Jesus não é contra a riqueza. Jesus é contra a riqueza enganosa, que em última análise empobrece. Mas ele é muito a favor da verdadeira riqueza. É por isso que ele se baseia nesta parábola para encorajar a todos nós a buscar um tesouro verdadeiro.

Portanto, vos digo: Não estejais ansiosos pela vossa vida, com o que comereis, nem pelo corpo, com o que vestireis. Mais é a vida do que o sustento, e o corpo, mais do que o vestuário. (Lucas 12:22–23)

Ele reitera aqui que a vida não consiste de posses. Ele continua,

Buscai antes o reino de Deus, e todas essas coisas vos serão acrescentadas. Não temas, ó pequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino. Vendei o que tendes, e dai esmola. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que nunca acabe, aonde não chega ladrão, e a traça não rói. Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração. (Lucas 12:31–34)

Este é o fim — a morte — da cobiça: desejar e prover para nós mesmos, através da fé, um tesouro infinitamente mais valioso, mais satisfatório, mais duradouro que não é possuído por nenhum ser humano, mas é dado gratuitamente a nós por Deus e é, em seu coração, o próprio Deus. Esta é uma bolsa sem furos, um tesouro que não pode ser roubado, um excedente que não acaba, mas na verdade começa com a morte. Este é um tesouro tão libertador que nos liberta de acumular com medo as riquezas terrenas para, em vez disso, distribuí-las em amor.

Busque o Verdadeiro Tesouro com Todo o Seu Coração

O homem rico não estava errado em querer acumular tesouros para si; ele estava errado em qual tesouro ele queria acumular (Mateus 6:19–20). Tudo o que ele queria era um céu de aposentadoria totalmente financiada por alguns anos trabalhosos e problemáticos, quando Deus estava oferecendo um céu de aposentadoria eternamente financiada da mais plena alegria e delícias perpetuamente (Salmo 16:11). O homem queria ser rico com o que não é vida quando ele poderia ser rico com a vida eterna: Deus. E Deus o chamou de tolo.

E talvez a única coisa mais tola do que a busca desse homem seja cobiçarmos o tesouro que esse homem possuía.

Este foi o grande perigo que Jesus viu para o homem implorando por sua parte de uma herança, e é por isso que ele usou esta oportunidade para explicar por que Deus nos ordena a não cobiçar (Êxodo 20:17). Ele queria que todos nós afastássemos nossas vidas do amor ao dinheiro (Hebreus 13:5), uma vez que “o que apetecendo alguns, se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores.” (1 Timóteo 6:10), apenas para descobrir que tudo termina tragicamente com a morte.

Jesus sabia que a liberdade de “toda cobiça” só é possível se valorizarmos um tesouro superior. E assim, sua mensagem desta seção de Lucas 12 é para nos proteger da armadilha que mergulha tantos na ruína e na destruição (1 Timóteo 6:9), instruindo-nos a buscar o tesouro real, verdadeiro, superior e eterno com todo o nosso coração.

Pois ele sabia que “onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração” (Lucas 12:34).


1 Estraga-prazeres.