Um Jejum Para Um Manancial Cujas Águas Jamais Faltam, Parte 2

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English: A Fast for Waters That Do Not Fail, Part 2

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Por John Piper Sobre Jejum
Uma Parte da série A Hunger for God

Tradução por Roberto Freire

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Isaias 58: 1 – 12
Clama a plenos pulmões, não te detenhas, ergue a voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão e à casa de Jacó, os seus pecados. Mesmo neste estado, ainda me procuram dia a dia, têm prazer em saber os meus caminhos; como povo que pratica a justiça e não deixa o direito do seu Deus, perguntam-me pelos direitos da justiça, têm prazer em se chegar a Deus, dizendo: porque jejuamos nós, e tú não atentas para isso? Porque afligimos nossa alma, e tu não o levas em conta? Eis que, no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interêsses e exigís que se faça todo o vosso trabalho. Eis que jejuais para contendas e rixas e para ferirdes com punho iníquo; jejuando assim como hoje, não se fará ouvir a sua voz no alto. Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixe livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante? Então, romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença, a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda; então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o dedo que ameaça, o falar injurioso; se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. O SENHOR te guiará continuamente, fartará a tua alma até em lugares áridos e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam. Os teus filhos edificarão as antigas ruínas, levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável.

Introdução e revisão

O que vimos na semana passada com respeito aos versos 1 a 5 foi que o modo como tratamos as pessoas na segunda-feira, será o teste da autenticidade do nosso jejum no domingo. Eles clamavam a Deus no verso 3,“porque jejuamos nós, e tu não atentas para isto?” E Deus responde no final do mesmo verso: “Eis que no dia em que jejuais, cuidais dos vossos próprios interesses e exigis que se faça todo o vosso trabalho.” E pergunta, no verso 5:“Seria este o jejum que escolhi?” Isto é, tal jejum não é aceitável. Deus chega, até mesmo, a fazer sarcasmo de tal jejum, quando, no verso 5, pergunta:“que o homem incline a sua cabeça como o junco?” Os gestos religiosos dessa aflição, que infligiam sobre si mesmos, não eram mais espirituais do que o curvar do junco no brejo.

Por que é, esse jejum, inaceitável para Deus? O que há de errado com ele? O que há de errado é o fato de que o povo negligenciava remover o pecado de suas vidas. O único e autêntico jejum é aquele que inclui um ataque espiritual contra nossos próprios pecados. Por qualquer razão ou motivo que jejuemos, devemos jejuar para nossa santificação. Não podemos jejuar por qualquer coisa, com autenticidade, enquanto vivemos em nossos pecados. A única e autêntica oração é aquela que inclui uma luta contra nossos próprios pecados, assim como a única adoração autêntica é aquela que visa, pelo menos, um ataque implícito contra nossos pecados.

E o que esse texto enfatiza é que nossas ações, na segunda-feira, provam se, realmente, intentamos fazer uma agressão contra os pecados existentes em nossas vidas e comprovam, portanto, se nosso jejum e nossas orações e nossa adoração no domingo, foram autênticos. Se no domingo somos sinceros, em uma oposição determinada contra os pecados em nossas vidas, então seremos ativos em lutar contra os mesmos na segunda-feira. Talvez nem sempre obtenhamos o êxito completo como o desejaríamos lograr, mas, se nosso jejum for verdadeiro no domingo, na segunda-feira estaremos declarando guerra contra os nossos pecados.

Se, todavia, existe um foco de pecados em sua vida que ainda esteja por ser resolvido e você está jejuando por alguma outra coisa – alguma bênção, ou alguma cura – Deus virá a você e lhe dirá, “O jejum que eu escolhi é para aquele pecado com o qual você ainda tem que tratar.” A maneira como Ele o faz aqui, é, realmente, muito chocante. O verso 5 diz que eles estavam jejuando e “se afligindo.” Afligiam-se com o passar fome. Deus, porém, lhes diz que esse não é o jejum que Ele escolheu. No verso 10, Ele toma as mesmas palavras, “famintos” e “afligidos”, e diz que havia outros que também estavam famintos e afligidos, mas não porque haviam escolhido estar, senão por causa daqueles religiosos que os oprimiam em vez de alimentá-los como o deveriam fazer. Verso 10: “se abrires a tua alma ao aflito, e fartares a alma aflita … (em vez de oprimi-la.”

Em outras palavras, seu jejum e sua aflição do domingo não eram, realmente, um ataque contra seus próprios pecados de injustiça e de dureza de coração. Se o fosse, suas ações na segunda-feira seriam as de aliviar a fome e a aflição do pobre, especialmente a dos seus próprios empregados. Há, aqui, uma visível ironia que Deus quer que entendamos. O pobre está faminto e aflito, diz o verso 10. Enquanto isto, esses pretensos religiosos também o estão – com seu jejum. Mas para o que jejuam? É esse jejum, primariamente, uma batalha contra os seus próprios pecados? De abusar dos seus empregados? De pôr jugos pesados sobre os pobres? De negligenciar as necessidades dos pobres de roupa e abrigo? Não. Esta não é a razão do seu jejum. Seu comportamento da segunda-feira o demonstra. Assim, pois, Deus dirige-se a eles e lhes diz, “ O jejum que eu tenho escolhido não é para que vocês se façam religiosamente famintos e aflitos, mas para que façam o pobre menos faminto, e menos aflito. Se vocês quiserem combater o pecado – por se absterem de pão em vossas próprias bocas - então ponham o pão na boca dos pobres. Só assim veremos se vocês estão, verdadeiramente, jejuando por uma causa justa."

Quando estamos vivendo em nossos próprios pecados – digamos, nos pecados da dureza de coração, ou do engano ou da injustiça – o jejum que Deus tem escolhido não é para que acobertemos estes pecados, mas, sim, o jejum de um assalto frontal e direto contra os mesmos. Para aqueles que estavam jejuando, seu jejum não era um combate contra os pecados que envolviam suas vidas; era uma camuflagem. Si se fizessem apenas um pouquinho, famintos e aflitos, talvez não importasse tanto o fato de que fossem indiferentes à fome e à aflição do pobre. Portanto, Deus vem e lhes diz, “Eu atesto contra os vossos corações. Vivam sem o pão, mas pela causa do pobre. Dêem-no a ele. Este é o jejum que eu tenho escolhido.”

O jejum que Deus escolheu: uma prescrição médica ou uma descrição de serviço

Então, o que faz Deus, nos versos 6 – 12, é dar uma descrição do que implica esse jejum, e quais as espetaculares recompensas por viver assim. Você estará lembrado de que Jesus disse, “Vosso Pai celeste que vê em secreto, lhe recompensará.” Bem, aqui estão algumas das coisas que Deus promete fazer para aqueles que fazem essa classe de jejum (Salmo 41:1-3).

Primeiro, vejamos a descrição deste jejum, e, então, notemos as promessas de Deus àqueles que vivem dessa maneira. Mas não cometa o engano de pensar que essa é uma descrição das obras que Deus dá, para ensinar ao Seu povo como ganhar recompensas. Não existe nenhum pagamento aqui. O Deus de Isaías não é um Deus com quem se negocie. Ele é soberano e livre, e dá graciosamente àqueles que confiam nele. Isaías 30:15 diz, “Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranquilidade e na confiança, a vossa força.” A força para o jejum que Deus nos chama a fazer não provém de nós. Provém de Deus. E provém de confiarmos nele.

O que Deus convoca o Seu povo a fazer, não é uma descrição empresarial, mas uma prescrição médica. Podemos perceber isto no verso 8, onde nos diz que, se agimos de certa maneira – se seguimos a prescrição médica do jejum – “Então romperá a tua luz como a alva, a tua cura brotará sem detença.” Se você confia no médico, e o demonstra por obedecer suas instruções, ficará curado. Não pense, entretanto, que você vai ganhar alguma coisa de Deus. Confie em Sua graça soberana e siga Sua prescrição, e você será poderosamente abençoado. Nunca lhe ocorra pensar que você foi pago, ou que teve algum merecimento.

O que o Médico prescreve

Observemos a prescrição: o jejum que Deus tem escolhido. Começando no verso 6: “Porventura, não é este o jejum que escolhi:

Então, nos versos 8 e 9a, vêm as promessas que acontecerão quando você confia no Médico, isto é, nas direções que Ele dá para o jejum. Mas, agora, por um momento, deixemos este aspecto e vejamos o resto da prescrição nos versos 9b – 10a:

Esta, a prescrição médica e, este, o jejum, que o Médico prescreve para o paciente Israel, que está doente com a doença da hipocrisia e dureza de coração contra o pobre.

Existem, aqui, treze componentes que parecem caber em sete categorias diferentes, as quais compartilho a seguir, neste meu chamado à vida da igreja. Temos que descobrir como juntar-nos a esta prescrição do jejum.

1. Retire o jugo da servidão

Nesse jejum, somos chamados a aliviar o jugo da servidão.
Cinco desses componentes exortam à liberdade. Verso 6:

Verso 9:

Ligaduras, ataduras, opressão, jugo, jugo … Conclusão: viva para libertar as pessoas, não para sobrecarrega-las. Jesus disse assim em Lucas 11:46, “Ai de vós também, intérpretes da Lei! Porque sobrecarregais os homens com fardos superiores às suas forças, mas vós mesmos nem com um dedo os tocais.” Somos chamados para libertar os povos de suas cargas, e não para sobrecarrega-los com elas.

2. Dê de comer ao faminto

Nesse jejum nós somos chamados a dar de comer aos famintos.
Verso 7: “não é também que repartas o teu pão com o faminto …?”

3. Abrigue o sem casa

Somos, também, chamados a abrigar aqueles que estão desabrigados.
Verso 7:“e recolhas em casa o desabrigado …?”

4. Vista o nu

Somos, ademais, chamados a vestir o nu.
Verso 7:“se vires o nu, o cubras”

5. Seja compreensivo

Nesse jejum, somos chamados a ser compreensivos; a sentir o que os outros sentem porque temos a mesma natureza que eles têm.
Verso 7: “e não te escondas do teu semelhante.” O pensamento deve ser o mesmo que lemos em Hebreus 13:3, “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis maltratados.” Você tem a mesma carne que eles têm. Assim, pois, coloque-se no lugar deles e sinta o mesmo que eles sentem.

6. Pare de desprezar os outros

Nesse jejum somos chamados a deixarmos de lado os gestos e as palavras que expressam um frio desprezo pelos outros.
Verso 9: “Se tirares do meio de ti … o dedo que ameaça.” (No original isso se aproxima mais a uma expressão de desdém), e “o falar injurioso.” Destarte, não faça gestos, nem use expressões, ou palavras ofensivas.

7. Dê-se a si mesmo e farte a alma do aflito

Finalmente, nesse jejum nós somos chamados não somente a saciar a fome, mas a nos darmos a nós mesmos – nossas almas – e não somente a satisfazer o estômago do pobre, mas a alma daquele que está aflito.

Verso 10:“Se abrires a tua alma ao faminto e fartares a alma aflita.” Esta foi uma das mensagens que ouvimos nesse fim-de-semana com John Hayes: ministrar ao pobre não significa apenas dar-lhe coisas. É dar-se a si mesmo. Não é meramente auxílio. É, ademais, relacionamento pessoal.

Os resultados prometidos em seguir a prescrição do Médico

Agora, pois, se confiamos suficientemente em Deus e o seguimos nesses sete diferentes aspectos do jejum, o que deverá acontecer em nossas vidas e na vida de nossa igreja? Essas promessas serviriam para sete diferentes sermões. Mas, mencionarei aqui as diferentes categorias e orarei para que Deus lhe dê um coração que possa meditar nelas o suficiente para poder contemplar suas riquezas.

1. As trevas se tornarão em luz

Se jejuamos dessa maneira, nossas trevas se tornarão em luz.

Verso 8: “Então, romperá a tua luz como a alva.” Verso 10 (ao final): “a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.”

Você quer obter luz em sua vida, em vez de escuridão? Veja os graciosos recursos de Deus – ouça o seu Médico – e derrame-se por outro ser em necessidade.

2. Fortalecimento físico

Se seguimos esse jejum, encontraremos fortalecimento físico.

Verso 8: “a tua cura brotará sem detença.” Verso: 11: “… e fortificará os teus ossos.” Quem poderá dizer o quanto da fraqueza que existe em nós não é simplesmente o resultado de não estarmos derramando nossas energias sobre a fraqueza de outros?

3. Seremos rodeados por Deus com sua justiça e glória

Se persistirmos em seguir esse jejum, Deus estará adiante de nós, por detrás de nós e em nosso meio, com justiça e com Sua glória.

Verso 8:“a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda.” Deus irá adiante de nós com justiça e, em nossa retaguarda, com Sua glória. Verso 9: “então, clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás por socorro, e Ele dirá: Eis-me aqui.” Sempre que O invocamos, Sua resposta é, “Eis-me aqui.” Quando estamos imitando ou fazendo o mesmo que fez Seu Filho, no poder que Ele nos dá, pois que,“sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2 Coríntios 8:9) – então Deus se move em nós, em nossa retaguarda e adiante de nós, e nos rodeia com seu todo-poderoso amor, proteção e cuidado.

4. Deus nos guiará continuamente

Se seguimos esse jejum, Deus nos promete guiar continuamente.

Verso 11: “O SENHOR te guiará continuamente.” Oh, que maravilhosa e preciosa promessa é esta para nós, agora como igreja, e para a Equipe Mestra de Planejamento. Fico pensando em quanta confusão e incerteza pode estar existindo nas vidas de alguns entre nós, proveniente da negligência de um ministério aos pobres. Parece-nos que o Senhor concede suas mais íntimas orientações àqueles que se dispõem a atender as necessidades de outros – especialmente as do pobre.

5. Deus satisfará nossas almas

Isto o que Ele nos fará, se seguirmos esse jejum. Satisfará nossas almas.

Verso 11: “fartará a tua alma até em lugares áridos.” Nossas almas almejam ser satisfeitas em Deus. Mas nós já temos suficientemente aprendido que esta satisfação em Deus, somente é consumada quando a estendemos a outros. Derramar-nos pelo bem do pobre é o caminho à mais profunda satisfação.

6. Deus nos fará como jardins regados

Se perseveramos em seguir este jejum, seremos como jardins regados e como mananciais cujas águas nunca falham em jorrar.

Verso 11, no final: “Serás como um jardim regado e como um manancial cujas águas jamais faltam.” Esse é um princípio espiritual, um paradoxo, na Escritura: enquanto você se derrama, você se torna ainda mais cheio. Enquanto você dá, mais você recebe. E quando regado com a graça de Deus, você não somente se torna molhado e húmido e um jardim vivo; você se torna uma nascente.

Essa promessa veio a ter seu cumprimento no Novo Testamento quando Jesus a usou em João 7:38, “Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva [um manancial cujas águas nunca faltam]. Isto Ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem.” Assim, você pode ver que a questão é confiar em Jesus: “Quem crê em mim”, disse o Senhor. O Espírito se manifesta mais abundantemente quando nós, pela fé, nos entregamos com Jesus na vereda do amor e da misericórdia para com o destituído.

7. Deus restaurará Seu povo e as ruínas de Sua cidade

Concluindo, se seguimos esse jejum, isto é, se nos dedicamos ao pobre, Deus irá restaurar as ruínas de Sua cidade – e restaurará o Seu povo.

Verso 12:“Os teus filhos edificarão as antigas ruínas; levantarás os fundamentos de muitas gerações e serás chamado reparador de brechas e restaurador de veredas para que o país se torne habitável.”

Vamos, portanto, confiar no Grande Médico – O Senhor, nosso sanador. Aceitemos o jejum que Ele nos tem prescrito. Isto nos será luz e cura e guia e vigor e restauração e versatilidade – e tudo isto, com Deus diante de nós, em nossa retaguarda e em nosso meio. Nada poderá ser melhor que isto.