Seis lições para uma boa escuta

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English: Six Lessons in Good Listening

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Por David Mathis Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Diane Lima

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Ouvir é uma das coisas mais fáceis de se fazer e uma das mais difíceis também.

De certa forma ouvir é fácil, ou, escutar é fácil. Não é necessária a iniciativa e a energia que precisamos na fala. É por isso que a “fé vem com a escuta, e ouvir através da palavra de Cristo” (Romanos 10:17). O fato é que ouvir é fácil e a fé não é uma manifestação da nossa ação, mas sim em receber a ação que vem do outro. É justamente o ato de ouvir com fé (Gálatas 3:2, 5) que destaca as conquistas de Cristo. Por isso, esse ouvir é o caminho pelo qual a graça entra na nossa vida, começando e mantendo nossa caminhada cristã.

Mas apesar dessa facilidade, ou talvez exatamente por isso, nós geralmente lutamos contra. Como pecadores, preferimos confiar em nós mesmos do que no outro, acumular nossa própria justiça do que receber a de outro, expressar nossos pensamentos do que ouvir outra pessoa. A escuta verdadeira, sustentada e ativa é um grande ato de fé e um grande meio de graça, tanto para nós quanto para os outros em comunhão.

Tabela de conteúdo

Lições para uma boa escuta

O texto fundamental para a escuta cristã pode ser Tiago 1:19: “Sejam todos prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar se”. A princípio é simples o suficiente, mas quase impossível de viver. Geralmente somos devagar para escutar e rápidos para falar e nos irritar. Então aprender a boa escuta não acontece do dia para noite. Precisa de disciplina, esforço e vontade. Dizem que você fica melhor com o tempo. Se tornar um bom ouvinte não depende de uma grande decisão de se sair melhor em uma única conversa, mas de desenvolver um padrão de pequenas resoluções para focar em pessoas essenciais em momentos específicos.

Após perceber que essa é uma área importante para meu crescimento e talvez também para o seu, quero compartilhar seis lições para praticar uma boa escuta. Pegamos como inspiração o que podem ser os três parágrafos mais importantes a respeito da escuta fora da Bíblia, a seção “o ministério da escuta” no livro Vida em Comunhão, de Dietrich Bonhoeffer, e também o artigo clássico “Como se tornar um bom ouvinte”, de Janet Dunn no Jornal do Discípulo.

1. A boa escuta exige paciência.

Aqui Bonhoeffer nos dá algo para evitar: “um tipo de escuta com meio ouvido que presume já saber o que a outra pessoa tem a dizer”. Ele fala: “é uma escuta impaciente e desatenta, que está apenas à espera de uma oportunidade para falar”. Talvez pensemos saber onde o falante quer chegar, assim começamos a formular nossa resposta. Ou estávamos ocupados quando alguém começou a falar com a gente, ou temos outro compromisso para ir, e gostaríamos que já tivesse terminado a conversa.

Ou talvez estejamos com os ouvidos meio dispersos, pois a nossa atenção está dividida pelo ambiente externo ou pela nossa resposta interna a nós mesmos. Dunn lamenta: “Infelizmente, muitos estão preocupados consigo mesmos quando ouvem o próximo”. “Em vez de nos concentrarmos no que está sendo dito, estamos ocupados decidindo o que responder ou rejeitando mentalmente o ponto de vista da outra pessoa”.

Logo, uma boa escuta precisa de concentração e significa escutar com ambos os ouvidos, até que a pessoa termine de falar. Raramente o falante começará com o que é mais importante e profundo. Precisamos ouvir toda a linha de raciocínio, até o vagão de trem antes de começar a atravessar os trilhos.

Uma boa escuta silencia o celular, e não interrompe a história, sendo atenta e paciente. Externamente tranquilo e internamente ativo. É preciso energia para bloquear as distrações que continuam nos bombardeando, as coisas secundárias que continuam fluindo em nossa consciência e as muitas boas possibilidades que podemos criar para interromper. Quando somos pessoas rápidas para falar, é preciso paciência movida pelo Espírito para não só sermos rápidos para ouvir, mas para continuar ouvindo.

2. Escutar é um ato de amor.

Não ouvir com atenção, diz Bonheoffer, “Despreza o irmão e só espera uma oportunidade para falar e assim se livrar da outra pessoa”. Ouvintes ruins rejeitam, e bons ouvintes acolhem. A escuta ruim diminui a outra pessoa, enquanto uma boa escuta a convida a existir e a ser importante. Bonhoeffer escreve: “Assim como o amor a Deus começa com a escuta de sua palavra, o começo do amor pelos irmãos é aprender a ouvi-los”.

Seja o modo de pensar de vocês o mesmo de Cristo Jesus (Filipenses 2:5). Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas considerem humildemente os outros superiores a vocês mesmos (Filipenses 2:3). Cuidando, cada um, não somente dos próprios interesses, mas também dos interesses dos outros (Filipenses 2:4). O amor é paciente, o amor é bondoso (1 Coríntios 13:4).

3. Bons ouvintes fazem perguntas claras.

Em Provérbios este conselho está escrito com grande ênfase. “O tolo não tem prazer no entendimento, mas sim em expor os seus pensamentos.” (Provérbios 18:2) e assim “Responde antes de ouvir e comete insensatez” (Provérbios 18:13). “Os propósitos do coração do homem são águas profundas, mas quem tem entendimento os traz à tona.” diz Provérbios 20:5.

A boa escuta faz perguntas claras e abertas que não levam a respostas como sim ou não, permitindo descascar delicadamente a cebola e investigar além da superfície. Ele observa cuidadosamente a comunicação não verbal, mas não interroga nem se intromete em detalhes que o falante não quer compartilhar. Em vez disso, os colhe docilmente e ajuda a apontar novas perspectivas ao falante por meio de perguntas cuidadosas e genuínas.

4. A boa escuta é ministério.

De acordo com Bonhoeffer, em muitas ocasiões “Ouvir pode ser um serviço superior ao falar”. Deus quer mais do que apenas uma boa escuta por parte do cristão, mas não menos que isso. Haverá momentos em que a nossa maior ação no ministério será simplesmente oferecer um ombro amigo para alguém que esteja sofrendo, descruzar os braços, nos aproximar com atenção, olhar nos olhos da pessoa e ouvir tudo o que ela tem a dizer, do começo ao fim. Dunn fala:

Uma boa escuta quase sempre desarma as emoções que são parte do problema em discussão. Muitas vezes liberar essas emoções é tudo o que é preciso para resolver o problema. O falante pode não esperar uma resposta de nós.

Um dos conselhos de Dunn para cultivar uma boa escuta é: “Colocar mais ênfase em afirmações do que em respostas. Deus muitas vezes só quer me usar como um canal de seu amor enquanto escuto com compaixão e compreensão.” Bonhoeffer reflete: “Muitas vezes, uma pessoa pode ser ajudada somente por ter alguém que a ouça com atenção.” Às vezes, o que o nosso próximo mais precisa é de alguém que saiba disso.

5. Uma boa escuta nos prepara para falar bem.

Às vezes, uma boa escuta apenas ouve e ministra melhor em silêncio. No entanto, geralmente nos prepara para ministrar palavras de graça exatamente onde o outro precisa. Bonhoeffer escreve: “Precisamos ouvir com os ouvidos de Deus para podermos também falar a sua palavra”.

Enquanto o tolo “responde antes de ouvir” (Provérbios 18:13), a pessoa sábia tenta resistir à atitude defensiva e ouvir sem julgamentos, treinando-se para não formular opiniões ou respostas até que toda a história seja ouvida.

6. Uma boa escuta reflete nosso relacionamento com Deus.

Nossa incapacidade de ouvir com atenção os outros pode ser sintoma de um espírito tagarela que abafa a voz de Deus. Bonhoeffer avisa:

Aquele que não consegue mais ouvir seu irmão, logo também deixará de ouvir a Deus; e, na presença dele não fará nada além de tagarelar. Este é o começo da morte da vida espiritual. Aquele que pensa que seu tempo é valioso demais para ser gasto em silêncio não terá tempo para Deus e para o seu irmão, somente para si e suas tolices.

Uma boa escuta é um grande meio de graça na dinâmica da verdadeira comunhão cristã. Não é só um canal pelo qual Deus continua a espalhar sua graça em nossas vidas, mas também uma forma Dele nos usar como instrumentos de graça na vida das outras pessoas. Talvez seja uma das coisas mais difíceis que aprenderemos a fazer, mas valerá cada esforço.