Sete orações por quem você ama

De Livros e Sermões Bíblicos

Com que frequência você ora pelas pessoas que ama? Essa pergunta revela uma verdade desconfortante a nosso respeito (e sobre nossas orações).

Primeiro, oramos por aqueles que amamos? A oração é uma das mais poderosas formas de amar alguém. Mesmo assim, é uma luta interna orar por outras pessoas. Ainda que tenhamos incontáveis e convincentes razões para orar - e pedir para que Deus mova Seu infinito poder, sabedoria e amor na vida de nossos amigos, familiares e vizinhos - conseguimos encontrar muitas justificativas para não fazê-la. O que alguns de nós precisamos é simplesmente lembrar de parar um pouco e orar por aqueles que amamos.

Mas se lembrarmos, sobre o que devemos orar? E mais, sempre pedimos menos do que deveríamos. Na verdade, sei que eu mesmo tenho pedido menos do que deveria - pela minha esposa, filho, pais, igreja. Quando pensamos em orar por aqueles que amamos, nossa mente volta-se para as coisas terrenas - ou seja, para que Deus os guarde e aumente sua saúde e segurança; os prospere em seus trabalhos; abençoe o nosso relacionamento ou qualquer outra necessidade diária. Esses são os principais motivos de oração que, primordialmente, permeiam nossos pensamentos.

Esses tipos de oração, embora sejam boas e até mesmo importantes, não se assemelham àquelas que movem montanhas - como as do apóstolo Paulo. Se nossa oração fosse semelhante à dele, e Deus atendesse, teríamos plena capacidade de orar muito mais por nossos entes queridos.

Por que oramos por menos?

Tim Keller faz a seguinte observação: “É notável que em todos os escritos de Paulo, as orações por seus amigos não são voltadas para mudança das circunstâncias” (Oração, 20.) Pense nisso. Nas treze cartas de Paulo, identificamos, literalmente, dezenas orações do autor pelos cristãos, e em nenhuma delas, ele pedia para que Deus mudasse as circunstâncias que estavam vivendo. No entanto, esse costuma ser o nosso principal alvo de oração.

Por que continuamos orando somente por circunstâncias, ao invés de buscarmos as realidades espirituais, que são maiores, mais profundas e duradouras das que vemos? Existem muitas razões para isso, no entanto, mencionarei apenas algumas.

Primeiro, são orações mais fáceis. Normalmente, mesmo antes de conhecer a Cristo, aprendemos a pensar (e nos preocupar) com a saúde, trabalho, viagem segura e conflitos de relacionamento. Não precisamos de sensibilidade espiritual para desejar e orar pela cura de alguém doente (ou pela saúde de uma maneira geral). Até mesmo as pessoas que não creem em Deus desejam o melhor para os outros. As orações como as de Paulo não estão presas no âmbito natural. As pessoas que odeiam a Deus não conhecem orações como as dele. Esse tipo de oração requer foco, desespero e esperança, os quais só podem ser gerados pelo Espírito Santo. Ele abre nossos olhos para as maravilhosas e surpreendentes realidades que estão sob as circunstâncias do dia a dia.

Segundo, as respostas de Deus para as orações com objetivos espirituais são mais lentas e menos visíveis. Se orarmos pela cura de alguém, poderemos ver o resultado em alguns dias ou semanas. Se orarmos para que alguém faça uma viagem segura, saberemos se a oração foi atendida em apenas algumas horas. Se orarmos por uma entrevista de emprego, muito em breve, teremos a resposta. Mas se orarmos para que Deus forje o caráter de Jesus em um irmão, pode ser que levem alguns anos para vermos os frutos. Se orarmos para que Deus proteja nossos filhos de cair nas tentações de Satanás, provavelmente, não veremos todas as vezes que essa oração foi atendida. Se orarmos para que Deus sustente nosso pastor até o fim, certamente, não saberemos "se" e "como" Ele o fortaleceu, até que, finalmente, ouça: “Muito bem, servo bom e fiel” (Mateus 25.23).

Grandes orações requerem mais graça, fé e esforço, pois as experiências espirituais não costumam permear nossa mente, além de que, as respostas para essas orações costumam ser difíceis de serem reconhecidas - pelo menos por enquanto. Por centenas de milhares de anos, porém, provaremos, veremos e testemunharemos as preciosas respostas das grandes orações que fizemos - orações que moveram as montanhas nos corações das pessoas, que fizeram uma reviravolta em suas vidas espirituais e mudaram, para sempre, o curso de suas eternidades.

Sete orações diárias

Pelo fato de as cartas de Paulo terem sido direcionadas à igreja, a maioria das orações registradas é voltada para os cristãos. Sabemos que ele orou insistente, apaixonadamente, e derramou muitas lágrimas por aqueles que ainda estavam perdidos. (Romanos 9:2-3; Filipenses 3:18-19). No entanto, muito do que conhecemos da vida de oração de Paulo, são as que ele devotou para os irmãos e irmãs na fé, incluindo essas sete grandes orações - das quais podemos orar constantemente pelos nossos irmãos em Cristo.

1. Abra seus olhos para que possam te ver

A oração é uma das mais poderosas, amorosas e carinhosas coisas que possamos fazer por aqueles que amamos. E a oração mais poderosa, amorosa e carinhosa que possamos fazer por alguém, é que eles possam desfrutar cada vez mais de Deus. Novamente, Keller escreve, “Paulo não vê a oração simplesmente como o meio pelo qual conseguimos as bênçãos de Deus, mas o meio para ter mais de Deus” (Oração, 21). Paulo ora:

“Por isso também eu, tendo ouvido falar da fé no Senhor Jesus que há entre vós, e do vosso amor para com todos os santos, não cesso de dar graças por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações, para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, sendo iluminados os olhos do vosso coração [...]" (Efésios 1:15-18)

Porque ele ouviu da fé do povo, orou para que eles vissem mais a Deus. Você faz esse tipo de oração pelos irmãos em Cristo que ama? Paulo sabia que precisamos de força espiritual em nosso interior para experimentar a largura, comprimento, altura e profundidade do amor de Deus por nós em Cristo (Efésios 3:16-19) — não apenas receber, mas experimentar cada vez mais. Precisamos de graça para desfrutar de Deus.

2. Encha seus corações de amor uns pelos outros

Se Deus respondeu a primeira oração, essa graça revelará seu amor pelas pessoas.

“E peço isto em oração: Que o vosso amor aumente cada vez mais no pleno conhecimento e em todo entendimento, para que aproveis as coisas superiores, a fim de serdes sinceros e irrepreensíveis até o dia de Cristo, cheios do fruto de justiça, que vem por meio de Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus.” (Filipenses 1:9-11)

Paulo clama para que outros lugares também recebam esse tipo de amor que é extraordinário, contagioso e transbordante (1 Tessalonicenses 3:11-13; Romanos 15:5-6). Ele não presumiu que os cristãos iriam simplesmente amarem-se uns aos outros. Ele pediu a Deus para que eles se amassem cada vez mais.

Não é uma grande surpresa que essas duas primeiras orações estejam de acordo com os dois mandamentos de Jesus: amar a Deus e ao próximo (Mateus 22:37-39). Esses são os dois pilares que devem estar inseridos nas orações por nossos cônjuges, filhos, igreja e vizinhos: "Deus abra seus olhos para que possam te ver cada vez mais, e encha seus corações de um amor transbordante pelas pessoas".

3. Ensine-os a sabedoria da Sua vontade

Nossas orações devem começar com um crescente amor por Deus e um amor transbordante pelas pessoas; mas Paulo não para somente nessas duas grandes orações. Ele vai além e sobe outros níveis. Ora por sabedoria e discernimento espiritual:

"Portanto, desde o dia em que soubemos disso, nós também não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do pleno conhecimento da sua vontade, em toda sabedoria e entendimento espiritual. Assim, oramos para que possais viver de maneira digna do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra e crescendo no conhecimento de Deus.” (Colossenses 1:9-10)

Não conseguiremos honrar a Deus simplesmente por ser nossa vontade. Precisamos que Deus nos ensine como fazer isso. É muito importante para Deus querermos; e, o porquê de querermos caminhar de maneira que o honre, mas, ainda assim, nós temos que aprender como. Não importa o tempo de caminhada que já temos, todos nós estamos em algum lugar no caminho das incontáveis novas oportunidades e desafios que encontramos todos os dias, até alcançarmos o “totalmente agradável”. Por mais que estejamos distantes de nosso objetivo, para alcançá-lo precisamos de sabedoria e discernimento espiritual, não somente disciplina e vontade humana; por isso, oremos pedindo que Deus nos ensine o que precisamos saber.

4. Dê-lhes coragem para falar de Jesus

A grande comissão que Jesus nos deixou é muito clara (Mateus 28:19-20). Podemos até nos esquecer ou negligenciar por algum momento da vida, mas, não é porque a tarefa é confusa. Deus chama para que cada cristão ganhe mais uma pessoa para Jesus, e ensine-a a obedecer a todos os mandamentos de Cristo. Por esse motivo, Paulo escreve:

“Perseverai na oração, nela permanecendo atentos com ações de graças, Ao mesmo tempo orando também por nós, para que Deus nos abra uma porta para a palavra, a fim de anunciarmos o mistério de Cristo, pelo qual também estou preso, para que o revele como devo.” (Colossenses 4:2-4)

E ele pede oração em outro lugar “e também por mim, para que a palavra me seja dada quando eu abrir a boca, para que possa, com ousadia, tornar conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador na prisão, para que nele eu tenha coragem para falar como devo” (Efésios 6:19-20).

Deus age de três maneiras diferentes para responder esse tipo de oração. Primeiro, Ele nos dá palavras para pregar; depois, coragem para dizê-las quando achamos que seremos rejeitados (ou pior); e, por último, Ele abre os olhos espirituais de nossos ouvintes para verem e entenderem o evangelho de Seu Filho. Quando oramos por nossos irmãos, podemos pedir os mesmos dons da graça para testemunhar.

5. Dê-lhes bons amigos na fé

Em muitos momentos nas cartas de Paulo, o vemos pedir para que Deus o permita estar com outros irmãos em Cristo. Por exemplo:

"Pois, quanta gratidão podemos expressar a Deus por vós, diante da grande satisfação com que nos alegramos por vossa causa diante do nosso Deus, rogando continuamente, noite e dia, para que possamos ver o vosso rosto e suprir o que falta à vossa fé?" (1 Tessalonicenses 3:9-10; também Romanos 1:9-10; 15:30-33)

A maioria de nós, no contexto de igrejas saudáveis, nunca ficou tão desesperada por comunhão, nem varamos a noite orando sinceramente para que pudéssemos estar pessoalmente com nossos irmãos. Estamos tão acostumados a ver nossa família cristã domingo após domingo (e mais), que nos esquecemos do quão vital é a comunhão para vida cristã.

Se não fosse a misericórdia de Deus e das orações de outros irmãos, qualquer um de nós poderia “ser endurecidos pelo engano do pecado” (Hebreus 3.13) e nos perder por amar este mundo (2 Timóteo 4.10). Portanto, uma das orações mais importantes que poderíamos fazer por aqueles que amamos é pedir que Deus lhes dê uma igreja saudável e fervorosa, além de alguns amigos consagrados e firmes na fé.

6. Proteja-os dos inimigos da alma

Quando oramos para que Deus faça com que as pessoas o amem mais, que amem mais uns aos outros, que sejam corajosos para falar a respeito de Jesus, precisamos saber que eles encontrarão resistência e hostilidade. Paulo enfrentou esse tipo de oposição em todos os lugares que passou, e por isso ele pediu orações:

“[...] irmãos, orai por nós, para que a palavra do Senhor seja divulgada e glorificada, como também aconteceu em vosso meio, para que nos livremos de homens perversos e maus;” (2 Tessalonicenses 3:1-2)

Enquanto oramos uns pelos outros, lembremos que “não é contra pessoas da carne e sangue que temos de lutar, mas, sim, contra principados e potestades, contra os príncipes deste mundo de trevas, contra os exércitos espirituais da maldade nas regiões celestiais" (Efésios 6:12). Satanás e seus demônios não atacam esporádica e aleatoriamente, mas específica e incansavelmente. Uma das maneiras mais eficazes de orar por nossos entes queridos é clamar contra os inimigos de suas almas.

Oramos com Jesus, “e não nos deixeis entrar em tentação; mas livra-nos do mal” (Mateus 6:13). Não apenas eu, nós. Jesus nos ensina a não orar somente pelos nossos interesses — nossas tentações, lutas e pecados — mas orar regular e apaixonadamente pelos interesses dos outros, além de considerar as pessoas superiores a nós mesmos (Filipenses 2:3).

7. Deem bom testemunho de Jesus

Finalmente, orar para que Jesus seja glorificado em todas as coisas que façam.

“Por isso, também oramos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos do chamado e cumpra com poder todo bom desejo e toda ação que resulta da fé. Para que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.” (2 Tessalonicenses 1:11-12)

Paulo reúne três grandes orações em uma. Primeiro, pedir para que Deus direcione e purifique suas ambições. Isto não se refere a qualquer decisão, mas decisões para o bem, e não apenas trabalho, mas a obra da fé. Nossas orações os guardarão das más decisões e do trabalho egoísta.

Segundo, não orarmos somente para que Deus os fortaleça para a obra, mas que Deus lhes dê a Sua força para sua obra. Se essas decisões e trabalhos glorificarão a Deus, então, deve ser feito “através de Seu poder”, e não pelo esforço próprio. Desejamos que eles sejam cheios de força e talentos divinos, a fim de capacitá-los para trabalhar e servir.

Por último, e mais evidente, que Deus conclua Sua obra em suas vidas — que sejam completos e frutíferos (Filipenses 1:6,11). Resumindo, precisamos que Deus glorifique a si mesmo em tudo o que eles fazem.

Agradeça a Deus pela graça

Se Deus responder estas orações, veremos o fruto ao longo do tempo — e devemos agradecer por toda graça visível. Uma das melhores maneiras de acender a chama das nossas grandes orações pelos outros é louvar a Deus por tudo que O vemos fazer dentro e através deles.

Esta é a oração que Paulo mais orou: “Agradeço a Deus por você.” Porque sua fé está crescendo (2 Tessalonicenses 1:3). Porque vocês têm amado aos santos (Efésios 1:15-16). Por causa da sua parceria no evangelho (Filipenses 1:3-5). Porque Deus tem te presenteado com maior conhecimento Dele mesmo (1 Coríntios 1:4-7). Porque o evangelho está se espalhando através de vocês (Romanos 1:8). Porque você não perdeu a sua esperança em Jesus Cristo (1 Tessalonicenses 1:2-3).

Quantas vezes agradecemos a Deus pela garantia dos frutos espirituais, no lugar das bênçãos inferiores e passageiras? As maiores, mais valiosas e duradouras obras de Deus (como as sete descritas acima) não acontecem em apenas um dia ou uma semana. Para serem perceptíveis, precisamos olhar mais perto por meses e anos. Quando vemos as mãos de Deus agindo no coração de quem amamos, poucas realidades inspirarão nossa fé, intensificarão nossa alegria e fortalecerão nossas vidas de oração, como as respostas de Deus para essas orações.