Senhor, Me Livre da Distração
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Jon Bloom Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Michael Suzigan
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Desde a queda do homem, as pessoas têm tido dificuldade para manter o foco, mas hoje vivemos em uma era de distrações sem precedentes. Como você já está lendo isso em algum dispositivo eletrônico, não preciso explicar.
Muitos especialistas falam sobre os efeitos negativos que isso tem sobre nós. Muitos de nós a sentimos: o zumbido no cérebro, a atrofia da atenção, a diminuição da tolerância à leitura, especialmente a leitura de livros.
Estamos nos tornando condicionados à distração, e isso está prejudicando nossa capacidade de ouvir e pensar com cuidado, de ficar quietos, de orar e meditar. O que significa que é um perigo espiritual, um mal do qual precisamos do livramento de Deus (Mateus 6:13).
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As Causas da Distração
A distração, pelo menos do tipo perigoso a que me refiro, está direcionando nossa atenção de algo de maior importância para algo de menor importância.
Nosso problema fundamental e mais perigoso na distração está em sermos distraídos de Deus — nossa tendência a mudar a orientação da nossa atenção do maior Objeto existente para inúmeros outros menores. A Bíblia chama isso de idolatria.
Essa direcionamento fundamental de atenção nos perturba de maneira generalizada. Percebemos que nossa tendência de nos distrairmos do mais importante para o menos importante em cascata, afetando negativamente nossos relacionamentos e responsabilidades. Então, no nível mais profundo, somos passíveis de distração por causa de nossa natureza decaída e egoísta; temos o mal dentro de nós.
Mas nem todos os nossos problemas de distração são devidos ao nosso mal residente. Alguns são simplesmente o resultado da futilidade que infecta a criação (Romanos 8:20–23). Essa futilidade pode infectar nossa biologia, bem como nossos ambientes. Todos nós temos cérebros e corpos defeituosos e, portanto, alguns de nós lutam contra a distração mais do que outros devido a fatores como TDAH e outras doenças mentais ou físicas. Fatores ambientais como má nutrição, sistemas familiares insalubres e forças culturais/tecnológicas (como o fluxo constante de mídia) também podem afetar nossa capacidade de concentração.
Todos esses fatores se misturam na maioria dos casos, tornando quase impossível dizer quanto o pecado, a biologia decaída ou o ambiente são os culpados por nossa distração. Mas se pedirmos a Deus, Ele nos livrará do mal, seja qual for a causa, usando esses inimigos poderosos em nosso benefício, ajudando-nos a ver o que nossos corações amam e impulsionando-nos por sua graça a níveis maiores de fé humilde e autocontrole.
Um Revelador do Coração
Quando estamos regularmente distraídos por algo, precisamos tomar nota. Nossa atenção muitas vezes se volta para o que nos é importante. Portanto, a distração pode revelar o que amamos. Isso aconteceu com a amiga de Jesus, Marta.
Marta estava ocupada na cozinha enquanto Jesus ensinava em sua casa. Quando Marta reclamou que sua irmã, Maria, não estava ajudando porque ela estava sentada aos pés de Jesus, Jesus respondeu:
“Marta, Marta, andas ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada”. (Lucas 10:41-42)
Marta estava distraída de Jesus. O que a distraía? Servir seus convidados. Por quê? Porque ela estava ansiosa. Ansiosa com o quê? Ansiosa por alimentar a todos e, muito provavelmente, ansiosa sobre o que todos pensariam dela e de sua família se ela não o fizesse bem.
Mas Marta não reconheceu sua distração até que Jesus a ajudou a ver seu coração. Ela achou que estava fazendo a coisa certa ao servir a todos. Mas Jesus demonstrou para Marta que seus valores estavam desordenados. Ela direcionou sua atenção da maior importância para a menor.
Então, em nossos afazeres, devemos perguntar: qual é a verdadeira distração? O que nosso coração deseja? Estamos escolhendo “a boa parte”, buscando a grande “coisa” (Salmo 27:4), ou algo menor?
Uma Luta que Edifica a Fé Humilde
A distração é um lembrete frequente de nossa fragilidade e dos nossos limites, de que realmente não somos Deus. E como somos propensos a níveis de orgulho tão injustificáveis e verdadeiramente ridículos, isso é muito bom para nós. A distração nos torna humildes e nos obriga a pedir a Deus a ajuda que tanto precisamos.
E isso pode edificar nossa fé. Deus não está tão interessado em nossa eficiência quanto em nossa fé. Você se lembra de como Ele deixou os inimigos assediarem Neemias e seus trabalhadores dos muros de Jerusalém, retardando a obra (Neemias 4)? Da mesma forma, Deus nos permite combater distrações ineficientes para edificar nossa fé dependente nele. É isso que Deus está construindo em todas as ineficiências de nossas vidas.
Se virmos as graças da humildade e da fé dadas pelo Espírito crescendo em nós através das nossas lutas contra a distração, contaremos isso dentre “todas as coisas” pelas quais damos graças (Efésios 5:20, ARC).
Edificando o Músculo do Autocontrole
Deus também usa a distração para fortalecer nosso autocontrole. O autocontrole cristão é um fruto do Espírito (Gálatas 5:22–23). E como quase todos os frutos de santificação do Espírito em nós, eles são cultivados através do dom primário e decisivo do Espírito e do nosso árduo trabalho intencional, secundário, mas indispensável.
É bom lembrar que fortalecemos o autocontrole da mesma forma que fortalecemos os músculos: através da resistência. Os músculos não ficam mais fortes sem enfrentar resistência. Com o autocontrole é a mesma coisa. Não há como contornar o trabalho árduo de nos aplicarmos e descobrirmos o que funciona melhor para nós. Mas se nos aplicarmos fielmente em oração, o Espírito condicionará nossos esforços e veremos nossa capacidade de autocontrole melhorar.
Agora, assim como com a força e a habilidade física, alguns são agraciados com maior capacidade de foco do que outros. Se você é uma dessas pessoas, então a boa administração desse dom parece diferente do que para pessoas menos talentosas. Como um atleta talentoso, você é feito para ter êxito. Procure maximizá-lo, pois “a qualquer que muito for dado, muito se lhe exigirá” (Lucas 12:48).
Se você é uma pessoa que, por alguma razão, tem uma luta mais difícil com a distração, não precisa se sentir condenado (Romanos 8:1). Para você, boa administração é lutar contra a distração da melhor maneira possível. Esforce-se. Você pode não ser capaz de fazer o que os outros podem fazer, mas Deus só o responsabilizará na medida da graça que lhe foi dada (Romanos 12:6).
O que For Preciso
É certo que vejamos certas distrações como males em si mesmas. Cada uma delas é um imposto de tempo que pagamos, um imposto para o qual não há reembolso. O tempo gasto simplesmente significa que temos menos para gastar. Cada minuto de distração é um minuto irrecuperável, agora congelado no passado permanente. É certo procurar fazer o melhor uso do nosso tempo nestes dias maus (Efésios 5:16).
E, no entanto, também não precisamos ficar mais paralisados por isso do que por qualquer outra luta com o pecado ou a futilidade. Nosso Pai quer que cresçamos na graça do foco alimentado pela fé e, por meio de Cristo, fará com que nossas lutas difíceis contra a distração trabalhem para o nosso bem (Romanos 8:28). Por meio de seu Espírito, Ele as usará para nos libertar da idolatria e do orgulho, e para nos ajudar a crescer em autocontrole. Então, com fé confiante, podemos nos aproximar de seu trono da graça com esta oração:
Custe o que custar, Senhor, aumente minha determinação de buscar apenas o que o Senhor me chama para fazer e me livre do efeito fragmentador da distração infrutífera.