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English: We Seek a Better City

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Por David Mathis Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Ana Sant'Anna

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Tabela de conteúdo

O poder libertador da esperança cristã

Dentre as muitas esperanças que foram necessárias no ano passado, e foram até mesmo frustradas, foram as esperanças no governo. Talvez nós em Mineápolis sentimos isso de forma mais profunda do que os outros, mas não estamos sozinhos nisso.

Entre confinamento e agitação social, as cidades enfrentaram novos contratempos e ameaças. Clamores por justiça direcionados às autoridades governamentais, deveriam, pelo menos, encontrar alguma resposta terrena e humana nesta vida — na melhor das hipóteses. Mas a justiça de hoje não compensa o tempo perdido e, mais ainda, não pode trazer de volta as vidas perdidas. A justiça que nossas cidades esperam e trabalham, é essencialmente humana, e não divina.

As cidades que temos de melhor estão profundamente destruídas, assim como suas populações. E elas não encontrarão a cura e a restauração, ainda que modestas, sem os homens e mulheres que possuem uma esperança verdadeira. E talvez em nenhum lugar em toda a Bíblia revele para nós, por assim dizer, a anatomia e a psicologia da esperança cristã, como a epístola aos Hebreus. No auge da carta (capítulos 10–12), vemos como a esperança funcionou na vida de Moisés, Jesus e da igreja primitiva — e como podemos nos apegar à esperança real nos desafios que enfrentamos e que ainda estão por vir.

Ele viu além da riqueza

A história do maior evento no Antigo Testamento, o êxodo, começa com a história de sua maior figura, Moisés. Deus frustrou o plano da serpente, que tentou acabar com a vinda do libertador do povo de Deus, exterminando cada menino sob o governo de Faraó. Deus levantou o instrumento de seu resgate, resgatando-o primeiro da matança. Sendo posto em um cesto e encontrado pela filha de Faraó, o libertador cresceu na própria casa daquele que tentou exterminá-lo.

E "Moisés, já adulto" fez uma escolha excepcional: ele "recusou ser chamado de filho da filha de Faraó, porque preferiu ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar do prazer transitório do pecado" (Hebreus 11:24-25). Isso ele fez "pela fé." Como isso aconteceu? Está escrito: "Por causa de Cristo, considerou a desonra uma riqueza maior do que os tesouros do Egito, pois contemplava a recompensa" (Hebreus 11:26).

É isso que faz a fé - ela olha em volta os tesouros atuais do mundo incrédulo e apesar do que é visível aos nossos olhos naturais, ela vê através e além. Ela olha além da realidade secundária que vemos com os olhos físicos para as realidades primárias de Deus, Sua Palavra e Seus propósitos e promessas revelados. Moisés aprendeu que Deus chamou Abraão da incredulidade e prometeu fazer dele uma nação, e cumprir através de sua linhagem a antiga promessa de que um descendente feriria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). E Moisés sabia da criação dessas presas antigas. Quando atingiu a maioridade, ele tinha que fazer uma escolha.

Mesmo assim, como Moisés pôde recusar a riqueza, os privilégios, o conforto e a facilidade que o cercava no palácio do Egito incrédulo? Somente por ter olhado "para a recompensa." Ele não olhou para os tesouros passageiros do presente, mas para o tesouro duradouro e distante que viria, no futuro, baseado nas promessas de Deus. Essa dimensão futura - a fé aplicada não apenas no presente mas no que virá - é o que frequentemente chamamos de esperança.

Então, a vida de Moisés baseou-se na esperança. Ele olhou através e além das alegrias efêmeras que o cercavam na riqueza e na descrença do Egito e abraçou um caminho de reprovação e maus-tratos imediatos pelos tesouros maiores que ele viu em Cristo.

Ele tudo suportou pela alegria vindoura

E um modelo ainda maior do que Moisés é o profeta que veio depois dele e passou ele, aquele a quem Moisés esperava. "Jesus foi considerado digno de maior glória do que Moisés, da mesma forma que o construtor de uma casa tem mais honra do que a própria casa" (Hebreus 3:3). Moisés foi fiel como um servo, Cristo é fiel como um filho (Hebreus 3:5). Então, o que o Filho quer nos ensinar?

No ponto alto da exortação da epístola de Hebreus, o autor exorta seus leitores a perseverar. "E corramos com perseverança a corrida proposta para nós" (Hebreus 12:1). Eles "precisam perseverar", como está escrito no capítulo 10:36. Perseverar significa que aquele que corre está enfrentando alguma resistência, seja interna ou externa: obstáculos externos ou cansaço interno, terreno difícil ou desânimo. Nenhum modelo humano poderia ser melhor que Jesus, mas não olhamos apenas para Ele, mas também vemos o que Ele viu“. . . tendo os olhos fitos em Jesus . . . pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, ao desprezar a vergonha" (Hebreus 12:2).

O próprio Deus encarnado precisou de perseverança e de esperança. E aonde Ele procurou por esperança a ponto de não apenas suportar uma resistência comum, mas suportar a cruz? Foi a alegria que lhe fora proposta - a alegria de terminar Sua obra, a alegria de conseguir uma noiva e acima de tudo, a alegria de voltar imediatamente para a presença de Seu Pai e sentar-Se à Sua destra.

A esperança para o próprio Cristo e para os cristãos de hoje não é o otimismo que vem do homem. Não é o poder de um caráter resiliente ou uma animação normal ou pensamento positivo. A esperança cristã é sobrenatural. Assim como aconteceu com Moisés, a esperança vê além da riqueza ao redor e das promessas de conforto imediato, e assim como aconteceu com Jesus, ela se move em direção ao desconforto proposital, até mesmo à morte, não por qualquer amor sádico à dor (Jesus desprezou a vergonha da cruz), mas por causa da firme esperança, fora de nós mesmos, pela alegria que nos espera do outro lado — alegria que fará com que cada dificuldade valha a pena, quando chegarmos à presença de Deus.

Eles se apegaram a algo melhor

E finalmente, os cristãos primitivos. Apesar de Moisés e Jesus serem modelos, não seria difícil menosprezar seus feitos incomuns. E sobre o restante de nós? O livro de Hebreus nos ensina sobre a psicologia da esperança não apenas por Moisés e Jesus (e outras figuras celebradas em Hebreus 11), mas também por cristãos comuns sem nome da igreja primitiva.

Ao incitar seus leitores a perseverarem na fé cristã, diante das provações atuais, Hebreus faz com que se lembrem de como eles perseveraram e da esperança que tinham naqueles primeiros dias, quando chegaram à fé em Cristo, e da esperança resiliente que floresceu nessa fé.

"Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento. Algumas vezes, vocês foram expostos publicamente a insultos e tribulações; em outras ocasiões, fizeram-se solidários com os que assim foram tratados. Vocês se compadeceram dos que estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos seus próprios bens, pois sabiam que possuíam bens maiores e permanentes." (Hebreus 10:32–34)

Alguns deles foram presos por causa da sua fé. Naqueles dias, as autoridades não forneceram comida para os prisioneiros. Então, esses cristãos primitivos enfrentaram um dilema: Devemos levar alimentos para nossos amigos na prisão e assim sermos ligados a eles e também nos expormos aos maus tratos? Se eles confessassem ser cristãos publicamente, seus bens materiais, provavelmente, seriam saqueados. Mas eles tinham uma fé maior do que seus bens materiais. Então assim o fizeram. E como suspeitaram, eles sofreram por isso.

No entanto, eles aceitaram alegremente o roubo de seus bens, sabendo que tinham um bem maior e duradouro — a mesma palavra no grego, mas plural na primeira instância e singular na segunda. Eles estavam dispostos a ter seus bens terrenos (plural) roubados — até mesmo com alegria — porque sabiam que tinham um bem único, eterno e melhor, a saber, o próprio Cristo como sua grande recompensa.

O exemplo desses cristãos primitivos comuns nos ensina que a esperança cristã não significa que todo o nosso bem, alegria e recompensa está no futuro. Nós realmente olhamos para o futuro. Mas mesmo hoje, temos um bem maior e duradouro em Cristo. Não apenas teremos. Nós temos Ele, agora mesmo. Nossa forte esperança para o futuro está ligada à alegria que temos hoje, em Cristo, como antecipação.

E Cristo é Aquele que nos sustenta agora, a cada passo do caminho conforme resistimos às barreiras e obstáculos, internos e externos, desse tempo. A esperança cristã não significa que corremos vazios e caminhamos sozinhos no caminho da resistência, até que Ele venha. Nós O temos agora mesmo, Aquele que prometeu estar conosco (Mateus 28:20) e nos dá Seu Espírito sem limitações (João 3:34).

Busque a cidade vindoura

Nós realmente precisamos de perseverança. Os cristãos sempre a tiveram, mesmo que alguns a tenham de forma mais intensa hoje em dia.

Não esperamos que nossas cidades terrenas — com sua equidade, justiça, proteção e oportunidades imperfeitas — possam satisfazer nosso profundo anseio pela cidade eterna. Nós "buscamos a cidade vindoura" (Hebreus 13:14). Nós "esperamos uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial", sabendo que o próprio Deus está preparando uma cidade para nós (Hebreus 11:16). Somos daqueles que "esperam a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e construtor é Deus" (Hebreus 11:10).

Por agora, sabemos que somos "estrangeiros e peregrinos na terra", acolhendo as divinas promessas de longe (Hebreus 11:13), reconhecendo que não estamos em casa. Não, por enquanto. Mas, oh, temos uma esperança que já experimentamos.

E nessa alegria, somos capazes de nos envolver com nossas cidades atuais, quebradas e pecaminosas, como cidadãos terrenos leais à nossa cidadania celestial, prontos para pagar hoje o preço pela recompensa que está por vir.