Satanás Usa o Desejo Sexual

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English: Satan Uses Sexual Desire

© Desiring God

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Por John Piper Sobre Sexualidade
Uma Parte da série The Works of the Devil: Overcome by Christ

Tradução por Desiring God


1 Coríntios 7:1-7
Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência. Digo, porém, isto como que por permissão e não por mandamento. Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.

O nosso foco no domingo que antecede o Natal será a grande verdade de 1 João, que “o Filho de Deus veio ao mundo para desfazer as obras do diabo.” Na última semana expusemos uma dessas obras, isto é, que Satanás se esforça para levar embora a Palavra de Deus quando esta é pregada. Hoje nós exporemos outra obra de Satanás, ou seja, que ele usa o desejo sexual.

O texto ensina pelo menos quatro coisas.

Tabela de conteúdo

1. Celibato é um dom a ser celebrado

Você poderia chamar 1 Coríntios 7 o manifesto de Paulo para a vida solteira. Quando ele diz no versículo 1 “bom seria que o homem não tocasse em mulher”, tem em vista a mesma coisa que no versículo 8: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu.” “Bom seria que o homem não tocasse em mulher” significa “É bom ser solteiro.”

Paulo versus a Concepção Moderna de Celibato

Paulo estava tão plenamente comprometido com a vida de celibato que ansiava que todos tivessem a mesma vida. Mas a razão porque ele tinha grande apreço pela vida solteira é exatamente oposta daquela por que muitos hoje gostam da vida solteira e mesmo romperiam casamentos a fim de novamente gozar a solteirice. Hoje a solteirice é apreciada por muitos porque traz a liberdade suprema para a auto-realização. Você mexe os seus próprios pauzinhos. Ninguém restringe o seu modo de ser.

Mas Paulo estimava a sua solteirice porque ela o deixava totalmente à disposição do Senhor Jesus. Nem esposa nem filhos precisariam ser levados em conta quando a missão por Cristo fosse perigosa. Nenhum dinheiro precisaria ser gasto em roupas e na educação do pequeno Paulo júnior. Não precisaria ser dispensado tempo preservando e cultivando a relação com sua esposa.

Celibato Como Propósito de Escravidão a Cristo

Segundo os versículos 32-35, Paulo promovia o celibato porque ele se deleitava em servir a Cristo com tão poucas distrações quanto fosse possível, e almejava isso para os outros também. A disposição contemporânea promove solteirice (mas não castidade) porque ela livra da escravidão. Paulo promove a solteirice (e castidade) porque ela livra para a escravidão — ou seja, escravidão a Cristo.

Deus chamou muitos de vocês para uma vida de celibato. O ensino dessa passagem para você é que esse é um dom a ser celebrado. Você estaria pensando — como muitos de vocês — em que sentido a sua liberdade pode ser maximizada pela causa de Cristo aqui e pelo mundo. Você tem algumas vantagens que a pessoa casada não tem.

2. Celibato não é para todas as pessoas

Nem todos são chamados ao celibato como Paulo. O versículo 7: “Porque quereria que todos os homens fossem como eu mesmo; mas cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra.” Da mesma forma que Paulo gostaria de recomendar o celibato a todas as pessoas, ele faz referência à sabedoria de Deus que chama alguns para casar. Celibato não é para todas as pessoas.

3. Casamento é uma barreira para a torrente de fornicação e adultério

Casamento é uma barreira para a onda de fornicação — relações sexuais fora do casamento. Após dizer no versículo 1 que bom seria que o homem não tocasse em mulher (isto é, celibato é bom), Paulo diz no versículo 2: “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.”

A Clara Proibição ao Intercurso Sexual Pré-marital

Essa é uma clara proibição ao intercurso sexual pré-marital. Há evangélicos alegando hoje que a palavra para “imoralidade” no Novo Testamento (porneia) referese somente à promiscuidade, mas não ao intercurso sexual pré-marital para casais comprometidos. Mas esse é um exemplo de se definir uma palavra com muito pouca sensibilidade ao contexto moral e teológico em que ela é empregada.

Quando no capítulo proibiu a imoralidade, Paulo mais definitivamente tinha em mente sexo pré-marital entre casais comprometidos. Veja, por exemplo, em 1 Coríntios 7:36-37. “Mas, se alguém julga que trata indignamente a sua virgem, se tiver passado a flor da idade, e se for necessário, que faça o tal o que quiser; não peca; casem-se. Todavia o que está firme em seu coração, não tendo necessidade, mas com poder sobre a sua própria vontade, se resolveu no seu coração guardar a sua virgem, faz bem.” O que nos leva de volta ao ponto do versículo 1, “bom seria que o homem não tocasse em mulher.” Agora, sejamos honestos. Não está claro o que Paulo ensina sobre sexo prémarital para casais comprometidos? Ele ensina que a vida de solteiro é o preferido (como vimos antes), mas que se o desejo sexual é forte… o quê? Vão em frente e durmam juntos, desde que vocês estejam comprometidos um com o outro e tenham gozado todas as outras formas de intimidade? Não! Ele diz que se o desejo é forte, case. Intercurso sexual pré-marital para casais comprometidos não é uma opção cristã. E eu recomendo um artigo de um conselheiro cristão da Standard deste mês, pela excelente exposição de algumas das razões por trás desse padrão divino de castidade (“The Eroding Effect of Premarital Sex”, por P. Roger Hillerstrom).

A mesma coisa é clara a partir do nosso texto no versículo 2. “Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido.” Ele não diz que ficar comprometido é a solução para a tentação sexual. Ele não diz que um compromisso verbal anterior ao casamento justifica o ato do intercurso sexual. Ele diz “Se o seu desejo por relações sexuais com a sua companheira é forte, vá em frente, case.” Casamento é a barreira designada por Deus à torrente de fornicação no mundo. Você não pode cometer fornicação após estar casado.

Uma Barreira contra o Adultério

Mas você pode cometer adultério. Este é o porquê de Paulo se pôr a mostrar que casamento tem também o propósito de ser uma barreira contra o adultério. Os versículos 3-5: “O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.”

É claro a partir desse texto que as boas relações sexuais no casamento pretendem ser uma barreira contra a torrente de adultério. Maridos e esposas têm o dever de se dispor às relações sexuais um com o outro de forma tal que a tentação do adultério seja significativamente enfraquecida.

Três Elementos da Satisfação Sexual no Casamento

Note cuidadosamente a forma como eu disse isso. Maridos e esposas têm o dever de se dispor às relações sexuais um com o outro de modo tal que a tentação do adultério seja significativamente mitigada. A implicação desse texto é que maridos e esposas devem satisfazer sexualmente um ao outro, tal que seus olhos e corações não perambulem atrás de satisfação em outro lugar. Há muitos elementos que cooperam com essa satisfação. Deixe-me mencionar três deles.

1. A Freqüência do Intercurso Sexual

Um desses elementos é mencionado por Paulo no versículo 5, isto é, a freqüência do intercurso sexual. Ele diz que casais não devem se abster por muito tempo das relações sexuais para que não sejam vítimas da tentação do adultério. Freqüência é um elemento que coopera com a satisfação nas relações sexuais.

2. Atração Física

Outro elemento seria se marido e esposa são fisicamente atraídos um ao outro. Eu admito que essa é uma questão muito delicada e complexa. É delicada porque há muitas coisas em nós que não podemos mudar e outras que são difíceis de mudar. É complexa porque a união íntima de duas pessoas pode fazer com que elas vejam beleza uma na outra que outras pessoas não podem ver.

Todavia, se é verdade que a atração física de um pelo outro é parte daquilo que torna satisfatória uma relação sexual, penso que esse texto implica que maridos e esposas têm o dever espiritual de tentarem ser atrativos um ao outro. Nenhum de nós pode competir com os símbolos sexuais dos nossos dias. E nem deveríamos tentar isso. Há alguns de nós, de fato, que colocam ênfase demasiada na aparência exterior. Mas certamente a visão bíblica é um balanço entre uma autoconsciência excitada por cada ruga e quilograma e fio de cabelo grisalho de um lado, e por outro lado uma negligência descuidada que não atenta à consideração do nosso parceiro quanto à forma que deveríamos nos vestir, comer, tomar banho ou agir em público. A exortação dessa porção das Escrituras é que deveríamos ser sexualmente satisfatórios ao nosso cônjuge a fim de afastar os pensamentos da tentação de procurar satisfação em outro lugar.

(Deixe-me inserir uma advertência. Não infira a partir disso que se o seu parceiro não o satisfaz você tem o direito de procurar satisfação em outro lugar. Casamento é infinitamente mais do que sexo. E um desapontamento nessa área não é uma dispensa honrada dessa relação.)

3. A Integridade de Ambos os Lados no Relacionamento

A despeito da freqüência das relações sexuais e da atratividade de um pelo outro, a satisfação também depende, em terceiro lugar, da dignidade de ambos os lados no relacionamento. Se há raiva, mágoa, ressentimento, sentimentos feridos, nós usualmente não procuramos o contato mútuo, tanto menos nos abraçamos. Assim, o texto é também uma exortação para que nos humilhemos, nos arrependamos e busquemos perdão e renovação em nosso casamento.

[…]

Até o momento definimos, então, que:

  1. Celibato é um dom a ser celebrado.
  2. Celibato não é para todas as pessoas.
  3. Casamento é uma barreira para a torrente de fornicação e adultério, pois dispõe a forma de Deus para a satisfação do desejo sexual.

4. Satanás Usa o Desejo Sexual

Eu não estou dizendo que Satanás cria o desejo sexual. Deus é que criou o desejo sexual. Sentir desejo sexual não é algo pecaminoso ou satânico. Satanás não cria o desejo sexual; ele o usa — ou mais precisamente, abusa dele.

Desejo Forte e Vulnerabilidade a Satanás

O versículo 5 diz “Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” Quando o desejo sexual aumenta, Satanás dirige a sua bateria de mísseis em marcha rápida. O aumento do desejo sexual não significa vitória de Satanás, mas vulnerabilidade a ele.

Há uma verdade muito simples operando aqui: quanto mais intenso for o desejo sexual, mais propensos estaremos ao engano de julgar que não é errado satisfazer esse desejo por meio da fornicação, adultério ou masturbação. A mesma verdade se aplica a todas as áreas da nossa vida: quanto mais forte for o nosso desejo por alguma satisfação, mais vulneráveis estaremos ao engano sobre o que é certo ou errado no que se refere à forma que tentamos satisfazer esse desejo.

Por exemplo, esta é a razão porque quando você ou sua companhia espera que você esteja sozinho num carro para decidir o que é certo ou errado a respeito da fornicação é quase certo que você decidirá a favor dela. Satanás toma o desejo e usa o poder do desejo para fazer a sugestão soar aceitável. Nós estamos numa condição melhor para a reflexão moral quando o desejo está num nível baixo, tal que quando as ondas das racionalizações satânicas quebrem sobre nossas mentes no momento da tentação, teremos um ponto de apoio na verdade e não seremos lançados para a conduta que parece ser tão boa.

Os Esforços de Satanás Para Destruir a Pérola do Desejo Sexual

Deixe-me dizer isso novamente. Satanás não cria o desejo sexual. O desejo é bom e Satanás nunca produziu algo bom. Seu objetivo pleno é destruir o que Deus criara para ser bom. Existem dois modos pelos quais você pode destruir uma pérola. Você pode cortar ela fora da ostra antes que tenha amadurecido ou você pode dar ela de alimento aos porcos. Satanás faz o possível para remover o desejo sexual da ostra da graça e da verdade de Deus. Se ele conseguir que pessoas isolem o sexo da realidade de Deus, ele terá virtualmente destruído seu verdadeiro significado e beleza. Ele também faz o possível para tomar a pérola do desejo sexual e, ao invés de colocá-la no pendente do casamento, dá de comer aos porcos da fornicação, do adultério, da pornografia, do incesto, do abuso infantil e da homossexualidade.

Mas a pérola do desejo sexual é feita para crescer e chegar à plenitude da sua beleza na graça e na verdade de Deus, seu fabricante, e então ser tomada e colocada no pendente dourado do casamento. Ou, para aqueles que são chamados para tomar o caminho do celibato, a pérola do desejo sexual é feita para ser um tipo de rolamento minúsculo no carango da criatividade humana.

Pitirim Sorokin, um professor de sociologia em Harvard, e J. D. Udwin realizaram um estudo em história social que concluiu que “os períodos de liberdade sexual foram os mais pobres do ponto de vista cultural, ao passo que aqueles períodos em que a moralidade e a convenção social impuseram restrições sobre a atividade sexual foram os mais ricos na produção criativa” (Christianity Today, Nov. 23, 1984, p. 29). Mas Satanás usará qualquer coisa que puder para arruinar essa pérola do desejo sexual, cortando-a da graça e da verdade de Deus, ou dando-a de comer aos porcos do adultério e da pornografia, ou restringindo pessoas solteiras de porem suas energias a serviço de uma vida de diligência criativa pela causa de Cristo.

Satanás é Real e Poderoso

Por favor, tome isso com bastante seriedade. Satanás não é alguém fácil de derrotar. Ele é real e poderoso. Ele mantém milhões de pessoas firmemente em sua servidão. E ele está procurando mais pessoas a todo o momento. Eu ouvi ontem de alguém da nossa comunidade a respeito de uma pessoa que rejeitou uma refeição num vôo, e quando inquirida do por que disso, essa pessoa disse que estava jejuando e orando a Satanás. Quando inquirida acerca do que estava orando, ela disse que estava orando pelo rompimento do casamento de pastores.

Se você fosse um adorador de Satanás, e procurasse saber quais são os objetivos do seu mestre, tal que saberia então como orar, onde iria para saber mais a respeito? Você iria ao encontro da Bíblia, pois ela dá um retrato verdadeiro daquilo com que Satanás está ocupado no mundo. E você leria, entre outras coisas, que ele está ocupado em destruir casamentos. Satanás é totalmente comprometido com o adultério e com todos os problemas pessoais que levam a ele. Aprenda das Escrituras esta manhã. Quando você luta contra a tentação sexual, sua luta é contra Satanás. Não porque ele criou o desejo, mas porque ele usa o desejo de forma muito poderosa e enganadora.

Resistindo às Mentiras de Satanás Pelo Conhecimento de Deus

Mas nunca esqueça, “O Filho de Deus veio ao mundo para desfazer as obras do diabo.” O significado do advento é a vitória para todos aqueles que conhecem o Filho de Deus. Há uma forma de resistir à tentativa de Satanás de usar o seu desejo sexual.

Deixe-me encerrar dirigindo a sua atenção à passagem em 1 Tessalonicenses 4, mais exatamente os versículos 3-5. Aqui Paulo mostra a diferença crucial entre aqueles governados por suas paixões e aqueles governados por um senso de santidade e reverência. “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus.”

O ponto-chave é “que não conhecem a Deus.” Se você perguntasse a Paulo ‘O que eu posso fazer para que eu fique protegido do poder de Satanás de me enganar no pecado sexual?’ sua resposta seria ‘Conheça a Deus.’ Dedique-se com esmero ao conhecimento de Deus. Seja diligente na busca por uma visão sempre mais ampla de Deus.

Ele disse em Romanos 1:28, “E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm.” Mas se você acumula o conhecimento de Deus é diligente em sua busca, a escravidão da torpeza será rompida. Em Gálatas 4:8, Paulo disse “Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses.” Libertação da escravidão de Satanás e das suas forças vem pelo conhecimento de Deus.

Ou, como Pedro expressou em sua segunda carta (1:3): “Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude.” Quanto melhor conhecer a glória e a virtude de Deus, menor será o poder que Satanás terá sobre você. Você não pode ser facilmente enganado de que o caminho de Satanás é melhor quando você realmente conhece o caminho de Cristo.

A única forma de lutar contra a mentira do prazer pecaminoso é com a verdade do prazer reto. Quando você chegar ao conhecimento pleno de Deus — que “em Sua presença há plenitude de alegria e em Sua mão direita estão prazeres para todo o sempre” — você terá vencido Satanás de uma vez por todas. Ele é um mentiroso e não tem poder sobre aqueles que realmente conhecem a Deus.