Quando não se é uma mulher típica

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English: When You’re Not a Typical Woman

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Por Abigail Dodds Sobre Mulheres

Tradução por Simone Salinas

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Acho que não sou uma mulher típica. Ela falou de seu amor por esportes e sua falta de emocionalidade ao fazer essa (ironicamente típica) confissão. A afirmação me inspirou novamente a perguntar Quantas de nós se denominariam uma mulher típica?

Afinal de contas, o que significa "mulher típica"? E ser típica é uma coisa boa ou não?

Em minhas conversas com moças de diferentes idades, notei que temos vários entendimentos do que é ser mulher típica, mas poucas de nós pensam em si mesmas como sendo uma. Comece uma conversa com uma mulher em sua igreja, pergunte tudo sobre ela, descubra sobre sua história de vida, e não raro você atingirá um ponto em que ela lhe dirá que não se sente (ou sentia) uma mulher típica. Talvez não pensemos em nós mesmas como especiais ou únicas, mas muitas de nós já tiveram a experiência de sentir — para o bem ou para o mal — que não se encaixavam no molde.

Talvez você não gostasse de brincar de boneca quando criança, ou talvez você ame usar ferramentas elétricas. Às vezes você não está certa de que quer filhos, ou você não gosta de fazer compras, mas sim de marcenaria. Algumas têm a sensação incômoda de incompetência como mãe ou por não terem habilidades culinárias, ou eram consideradas meninas moleques, ou ainda, foram a única garota com graduação em matemática. Conheço muitas mulheres cujos maridos falam mais do que elas, ou que têm dificuldade em se conectar com outras mulheres — ou inúmeras outras maneiras em que as mulheres não se sentem propriamente típicas, a depender do que sua visão de típica é.

Algumas ficam felizes em ser diferentes do que dita a norma — e têm orgulho — como se quanto mais se aproximassem do que é considerado masculino, mais empoderadas e respeitadas elas fossem. Elas veem as mulheres como limitadas e até patéticas, então faz sentido que queiram se distanciar dessa noção. Outras ficam tristes — e até têm vergonha — que ninguém as tenha ensinado a ser mulher, e agora encontram-se à procura de sua feminilidade às cegas.

Tudo menos típico

Como cristãs que têm o benefício da revelação de Deus da verdade na Bíblia para nos ajudar a navegar este mundo, bem como o benefício da própria criação para nos mostrar os desígnios de Deus, não devemos nos focar naquilo que a sociedade chama de típico. O objetivo de uma mulher cristã não é ser típica. Especialmente se ser típica que dizer ser uma mulher extremamente maquiada, hiperfeminina, que não põe a mão no trabalho duro, e que não gosta de pensar. Onde está isso na Bíblia? Graças a Deus, também não se mencionam divãs nem as belezas sulistas*. Pelo contrário, vivemos nossa vida em Cristo e em busca da santidade — e isso é tudo menos típico.

Quando eu era pequena e via minha mãe, filha de fazendeiro, usar a motosserra para cortar galhos secos, colocá-los no trailer e transportá-los até a pilha de galhos, eu estava aprendendo a ser mulher. Quando a via preparar nossa casa para receber inúmeros convidados e cozinhar para tantas pessoas, eu estava aprendendo a ser mulher. Quando a ouvia falar sobre a Bíblia com dúzias de pessoas em nossa sala de estar às terças à noite, eu estava aprendendo a ser mulher, pois ela era uma mulher e fazia aquelas coisas. E graças a Deus, para mim, ela era mais — era uma mulher cristã.

Ao lermos narrativas de mulheres piedosas nas escrituras, o mesmo acontece — temos a vantagem da observação, de observar mulheres específicas em situações específicas. Observamos as parteiras das hebreias temerem mais a Deus do que faraó, e assim, salvarem os filhos dos hebreus (Êxodo 1:15–21). Vimos Raabe se conectar sinceramente a Yahweh, pondo a vida em risco ao ajudar seu povo (Josué 2:1–21), e Sarah acreditar que Deus proveria um filho apesar das circunstâncias (Hebreus 11:11), e a Maria adolescente engrandecer ao Senhor na mais estranha das circunstâncias (Lucas 1:26–38), e ainda Prisca arriscar seu pescoço por Paulo (Romanos 16:3–4). Em todas essas situações, aprendemos sobre ser mulher — não como um manual do que fazer de nossas vidas, mas como exemplos variados de mulheres tementes a Deus em diferentes tempos. E aprendemos que, longe de ser típicas, devemos ser mulheres de fé na vida e circunstâncias que Deus nos deu.

Joia rara de Deus

Imagino se podemos concordar que a maneira que nos sentimos sobre ser mulher não tem relevância decisiva sobre quem somos. Talvez sintamos que não nos encaixamos no molde, mas Deus nos chama para viver de modo a quebrar as expectativas do mundo. Então em nossos sentimentos de desajuste, Ele na verdade nos deu um presente. Nossos sentimentos de desajuste não alteram a realidade. Somos mulheres. Ao agirmos, ao fazermos o que quer que façamos, o fazemos como mulheres, e assim nos tornamos uma narrativa viva que modela a feminilidade para aqueles que nos cercam, para o bem ou para o mal.

Como mulheres cristãs, estamos dizendo aos outros como Deus é. Não porque Deus seja mulher, mas porque somos a semelhança dele, vestidas de Cristo, e temos seu Espírito em nós. Somos suas representantes — como mulheres. Contamos uma história com tudo que dizemos e fazemos sobre quem é Deus. O fato de Deus ter feito você mulher é uma parte essencial da história que Ele está contando sobre si mesmo.

Então o que a sua vida diz às pessoas ao seu redor sobre Deus e a joia rara da criação, a que Ele chamou mulher? Quando andamos em santidade com nossas peculiaridades dadas por Deus, nas circunstâncias que Ele cria em amor, contamos ao mundo a verdade sobre Deus. Quando nos deixamos levar pelas tendências pecaminosas, distorcemos a verdade sobre Ele. E talvez a coisa mais importante e poderosa que contamos às pessoas ao nosso redor, como mulheres cristãs, é que não estamos presas no pecado.

Nunca estamos impotentes no pecado, pois o mesmo poder que ergueu Cristo dos mortos opera em nós para nos renovar. A história que contamos ao nos arrependermos e nos convertermos é a do evangelho. É a coisa mais verdadeira que podemos contar com nossas vidas.

Não seja típica

Outra coisa maravilhosa que Deus fez foi criar um corpo para levar a sua glória. Sou tão grata por meus filhos terem outras mulheres cristãs com quem aprender além de mim — mulheres com uma vida de obediência a Deus. Assim, eles podem ver mulheres fiéis habilidosas em gerenciar e organizar, mulheres vencendo deficiências, mulheres que ensinam ciências e piano, mulheres que gostam de passar roupa e que planejam muito bem as refeições, e que amam dar risada. Elas são atípicas, pois no que quer que façam, o fazem para a glória de Deus — e isso é de fato raro.

Assim, eu as encorajo a serem libertas, todas vocês mulheres atípicas. Deus não pede que você seja típica. Ele a chama para ser dele. Ele chama para a submissão inequívoca e lealdade a Ele — e isso é a coisa mais amável que Ele poderia pedir de você.

Uma vida de obediência a Deus é a vida mais arriscada que é verdadeiramente segura. E ao pedir nossa submissão a Ele, ao seu livro e aos seus desígnios, Ele automaticamente nos capacita através do poder ilimitado de seu filho Salvador.


Nota da tradutora

A autora se refere à noção de fragilidade feminina (as mulheres de antigamente, retratadas desmaiadas num divã) e à expressão “Southern belles”, utilizada para definir uma jovem branca educada e decente da classe média alta do sul dos Estados Unidos.