Rute: Doce e Amarga Providência

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English: Ruth: Sweet and Bitter Providence

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Por John Piper Sobre Soberania de Deus
Uma Parte da série Ruth: Sweet & Bitter Providence

Tradução por Francisco José Batista Chambel

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Rute 1

1 No tempo em que os Juízes governavam sobre o povo israelita, uma fome assolou o país. Certo homem de, Belém, cidade da região de Judá, emigrou com sua esposa e seus dois filhos para os campos de Moab. 2 Esse homem chamava-se , Elimélec, sua mulher, Noemi e seus dois filhos , Maalon e  Quilion. Eram efrateus de Belém de Judá. Ao chegarem aos campos de Moab, ali se estabeleceram. 3 Após algum tempo Elimélec veio a falecer, e Noemi ficou apenas na companhia de seus dois filhos solteiros.4 Eles tomaram para si mulheres moabitas, uma chamada Orpa, e a outra, Rute. E permaneceram nestas terras por uns dez anos.5 Aconteceu que Maalon e Quilion também morreram. E Noemi ficou só, sem os filhos e viúva.
6 Então levantou-se, na companhia das duas noras, para regressar dos campos de Moab, pois ouvira dizer que o Senhor tinha visitado o seu povo e lhes tinha dado pão.  7 Elas partiram dos campos de Moab com o objetivo de voltar para Judá, contudo durante a caminhada,  8 Noemi sugeriu a elas: “Ide e voltai cada qual para a casa da vossa mãe. Que o Senhor use de Misericórdia para convosco, como vós usastes comigo e com os que morreram! 9 Que o Senhor conceda a cada uma de vós paz e segurança no lar de um novo marido!” Em seguida abraçou-as, mas elas choraram em alta voz 10 exclamando: “Não! Nós queremos voltar contigo para junto do teu povo!” 11 Noemi porém encorajou-as: “Voltai, minhas filhas; por que havereis de me acompanhar? Porventura tenho eu ainda filhos no meu seio que possam vir a ser vossos maridos?  12 Voltai, minhas filhas, parti, pois estou demasiado velha para voltar a casar-me! E mesmo que eu pudesse dizer: “Tenho ainda esperança: esta noite mesmo estarei com o meu marido e conceberei filhos”. 13 Acaso iríeis esperar até que eles crescessem, sem casardes de novo? De modo algum, minhas filhas! É grande a minha amargura por vossa causa, pois a mão do Senhor pesa sobre mim.”
14 Elas choraram novamente em alto pranto; Entretanto Orpa abraçou sua sogra e deu-lhe um beijo de despedida. Porém Rute permaneceu com ela.15 Noemi disse então: “Olha tua cunhada voltou para junto do seu povo e para os seus deuses; volta também com ela!” 16 Ao que lhe respondeu Rute: “Não insistas comigo para que te abandone e te deixe. Pois aonde quer que fores, eu irei contigo, e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!  17 Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultada; que o Senhor me trate com rigor e ainda o acrescente, se até a morte me separar de ti.
18 Então Noemi compreendeu o quanto Rute estava decidida a seguir em sua companhia, e por isso não se opôs mais a ela.
19 Partiram, pois as duas e chegaram a Belém. Mal chegaram à cidade, ocorreu ali certo alvoroço por causa delas, e as mulheres da cidade comentavam: “Será que esta é Noemi?” 20 Mas ela lhes pediu: “Não me chameis mais de Noemi, chamai-me antes Mara porque  o Todo-Poderoso me tratou com amargura. 21 Parti com as mãos cheias, e o Senhor fez-me voltar demãos vazias! Por me chamais Noemi quando o Senhor me humilhou e o Todo-Poderoso me maltratou?”
22 Foi assim, portanto, que regressou Noemi, tendo consigo a sua nora Rute, a moabita, que veio dos campos de Moab. Elas chegaram a Belém no início da temporada da colheita da cevada.

O meu objetivo é o de fazer uma pregação utilizando o  livro de Rute nos próximos quatro Domingos — um capítulo cada Domingo. Uma das formas de tornar o mês de Julho muito memorável e de renovação e introspeção, para nós próprios, é de ler esta bela história uma vez a cada semana. (Demora mais ou menos 25 minutos a um ritmo descontraído.) É uma história que nos mostra como "Deus age de uma forma misteriosa, executando as suas maravilhas." É uma história para pessoas que se perguntam onde está Deus quando não há visões, sonhos ou profetas. É para pessoas que se perguntam onde está Deus quando uma tragédia após outra ataca a sua fé. É uma história para pessoas que se perguntam se realmente conduzir uma vida íntegra em tempos difíceis vale mesmo a pena. E é uma história para pessoas que não conseguem imaginar que nada de extraordinário possa nascer das suas vidas ordinárias na fé. É um livro encorajador e renovador e quero que sejamos encorajados e renovados neste verão.

Tabela de conteúdo

O Trabalho de Deus Nos Tempos Mais Obscuros

De acordo com 1:1,a história passou-se no tempo dos Juízes. Isto foi o período de 400 anos após a entrada de Israel na terra prometida sob a liderança de Josué e antes que houvessem reis em Israel (mais ou menos entre 1500 a.C. e 1100 a.C.) O livro dos Juízes vem antes de Rute nas nossas Bíblias inglesas1 e podemos ver pelo seu último verso que tipo de período era. Juízes 21:25 diz-nos: “Naqueles dias não havia rei em Israel; por isso, cada um fazia o que era justo aos seus próprios olhos”2 Era um tempo muito obscuro em Israel. O povo pecava, Deus mandava inimigos contra ele, o povo depois gritava por ajuda, e Deus suscitava misericordiosamente um juiz para o livrar. Uma e outra vez o povo entrou em rebelião, e aparentemente em todos os aspetos exteriores, os propósitos de Deus para a retidão e glória de Israel falhavam. O que o livro de Rute nos dá é uma pequena espreitadela ao trabalho escondido de Deus nas piores crises.

Olhando para o último verso de Rute (4:22). A criança nascida de Rute e de Booz durante o período dos Juízes é Obed. Obed torna-se o pai de Jessé e Jessé torna-se o pai de David que conduziu Israel aos seus tempos de maior glória. Uma das mensagens principais deste livrinho é que Deus trabalha mesmo nos piores tempos3. Mesmo nos tempos de pecado do seu povo Ele pode e Ele planeia para a sua maior glória. Isto veio a demonstrar-se verdade a nível nacional4. E podemos ver que isto também é verdade a um nível mais pessoal e também familiar. Deus trabalha mesmo nos tempos difíceis. Quando pensamos que Ele está mais afastado de nós ou que Ele está contra nós, a verdade é que Ele está a construir as pedras basilares5 de uma maior felicidade nas nossas vidas.

Não julgueis o Senhor pelos fracos sentidos
Mas confiai na sua Graça.
Que por detrás de uma escassa Providência
Ele esconde um rosto sorridente

Penso que seja esta a mensagem de Rute, Vejamos como este autor desconhecido, sob a inspiração do Espírito Santo, nos ensina isto.

Adicionar Angústia à Fome

Nos versos 1-5 está descrita a miséria de Noemi (1:1), havia uma fome que assolava Judá onde Noemi o eu marido Elimélec e os seus filhos Maalon e Quilion viviam, Noemi sabe bem quem causa a fome.É Deus. Em Levítico 26:3-4 diz,
”Se cumprirdes os meus decretos e guardardes os meus mandamentos, e os puserdes em prática, dar-vos-ei as chuvas na estação própria; e a terra dará os seus produtos.”

Quando as chuvas são retidas, é pela mão “dura” de Deus.

Depois, há a decisão de permanecer em Moab — uma terra pagã de deuses estrangeiros (1:15; Juízes 10:6). Ora isto era brincar com o fogo. Deus tinha chamado o seu povo a separar-se das terras vizinhas. Então quando morre o marido de Noemi (1:13), o que poderia ela sentir senão que o julgamento de Deus a tinha seguido e tinha adicionado angústia juntamente com a fome?

Depois (em 1:4), os seus dois filhos tomam mulheres moabitas, uma chamada Orpa, e outra Rute, e mais uma vez a mão de Deus cai sobre eles. O verso 5 resume a tragédia de Noemi após dez anos de casamentos sem filhos. “ Ambos Maalon e Quilion morreram e portanto esta mulher (Noemi) tinha ficado sem os seus dois filhos e o seu marido.” A fome, uma imigração para a nação de Moab que era pagã,a morte do seu marido, o casamento dos seus dois filhos com mulheres estrangeiras e a morte dos seus dois filhos – golpe 6atrás de golpe, tragédia após tragédia. E agora?

Noemi Tenta Expulsar Rute e Orpa

No verso 6 Noemi escuta a notícia de que “o Senhor tinha visitado o seu povo e lhes tinha dado pão”. Portanto ela decide voltar a Judá. As suas duas noras, Rute e Orpa, partem com ela até meio caminho, ao que parece, mas depois nos versos 8-13 ela tenta persuadi-las a voltarem para casa. Penso que existam três razões para as quais o autor do livro dedica tanta ênfase às tentativas de Noemi de fazer com que Rute e Orpa regressem.

Isto é a miséria de Noemi.

Primeiramente, a cena destaca a miséria de Noemi. Por exemplo, no verso 11:” Noemi disse: “Voltai, minhas filhas; por que havereis de me acompanhar? Porventura tenho eu ainda filhos no meu seio que possam vir a ser vossos maridos? Voltai, minhas filhas, parti, pois estou demasiado velha para voltar a casar-me!” Por outras palavras, Noemi não tem mais nada para lhes oferecer. A sua condição é pior que a delas. Se elas tentarem ser fiéis a ela e ao nome de família dos seus maridos, elas só encontrarão dor e miséria. Ela conclui no verso 13, “De modo algum, minhas filhas! É grande a minha amargura por vossa causa, pois a mão do Senhor pesa sobre mim.” Não fiquem comigo porque Deus está contra mim. A vossa vida pode chegar a ser tão amarga quanto a minha.

Um Costume Israelita

A segunda razão nos versos 8-13 é para preparar-nos para um costume em Israel que irá causar uma a reviravolta na situação de Noemi nos próximos capítulos. Este costume é que quando um marido Israelita morria, o seu irmão ou um parente próximo tinha de se casar com a viúva para continuar a linhagem do irmão (Deuteronómio 25:5-10). Noemi faz referência a esta norma (no verso 11) quando ela diz que já não tem filhos para se casarem com Rute e Orpa. Ela acha que é em vão que Orpa e Rute continuem comprometidas com a linhagem da sua família. Ela não se lembra, claramente, que existe um outro parente chamado Booz que pode preencher o papel de irmão.

Aqui há uma lição. Mesmo quando tenhamos decidido que Deus está contra nós, normalmente exageramos no nosso desespero. Ficamos tão amargurados que não somos capazes de ver os raios de luz que “espreitam em torno das nuvens”7. Foi Deus que acabou com a fome e que lhe abriu o caminho até à sua terra natal (1:6). Foi Deus que lhe preservou um conterrâneo para que ele pudesse continuar a linhagem de Noemi (2:20). E foi Deus que fez com que Rute ficasse com Noemi. Mas Noemi está tão amargurada pela Providência árdua de Deus que ela não é capaz de ver a sua Misericórdia a trabalhar na sua vida.

A Fidelidade de Rute

A terceira razão para os versos 8-13 é fazer com que a fidelidade de Rute para com Noemi pareça incrível. O verso 14 diz que “Orpa abraçou sua sogra e deu-lhe um beijo de despedida”, mas que Rute ficou com ela. Nem mesmo outro argumento no verso 15 fez com que Rute a deixasse. Isto é ainda mais incrível após a descrição sombria, dada por Noemi, do seu futuro juntas. Rute fica apesar de parecer que lhe espera um futuro aparentemente desesperante de viuvez e esterilidade. Noemi pintou o futuro de negro e Rute deu-lhe a mão e caminhou neste mesmo futuro com ela.

As incríveis palavras de Rute encontram-se nos versos 1:16-17,” Ao que lhe respondeu Rute:

“Não insistas comigo para que te abandone e te deixe. Pois aonde quer que fores, eu irei contigo, e onde pernoitares, aí ficarei; o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus!  17 Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultada; que o Senhor me trate com rigor e ainda o acrescente, se até a morte me separar de ti!”
A Mulher Ideal de Deus

Quanto mais ponderamos estas palavras mais incríveis elas se tornam. O compromisso de Rute para com a sua sogra destituiva8 é simplesmente impressionante. Primeiro, isto significa que ela tem de deixar a sua própria família e a sua terra de origem. Segundo, significa que ela tem conhecimento que terá uma vida de viuvez e de infecundidade, porque Noemi não tem nenhum marido para lhe dar filhos, e se ela se casasse com alguém que não é da família o seu compromisso para com Noemi seria perdido. Terceiro, significa também ir para uma terra estrangeira para um novo povo, novos costumes e uma nova linguagem. Quarto, é também algo ainda mais radical do que um casamento. “Onde morreres, também eu quero morrer e ali serei sepultada” (verso 17). Por outras palavras, ela nunca voltará para casa mesmo que Noemi morra. Mas o mais incrível compromisso de todos é este: “ O teu Deus será o meu Deus (verso 16). Noemi tinha acabado de dizer no verso 13; “A mão do Senhor pesa sobre mim.” A experiência de Noemi de Deus era de amargura. Mas apesar disto, Rute abandona a sua herança religiosa e faz do Deus de Israel o seu Deus. Talvez ela já tivesse feito este compromisso anos antes, quando o seu marido lhe tida falado do grande amor de Deus por Israel e do seu poder no Mar Vermelho e do seu propósito glorioso de paz e de retidão. De uma maneira ou de outra Rute tinha posto a sua confiança no Deus de Noemi apesar das suas experiências amargas.

Aqui temos uma imagem da mulher ideal de Deus. Fé em Deus que é capaz de ver para além das contrariedades amargas. Liberdade das seguranças e confortos do mundo. Coragem para se aventurar no desconhecido e no estranho. Compromisso radical nas relações apontadas por Deus. Oh que de Belém possa nascer tal mulher!

Oh que de Belém possa nascer tal mulher!

Rute e Noemi voltam juntas para Belém de Judá (verso 19). Ela responde no verso 20,

“Não me chameis mais de Noemi (que significa minha doçura), chamai-me antes Mara (que significa amargurada) porque  o Todo-Poderoso me tratou com amargura. Parti com as mãos cheias, e o Senhor fez-me voltar demãos vazias! Por me chamais Noemi quando o Senhor me humilhou e o Todo-Poderoso me maltratou?”

E então afinal o que é que fazemos com a teologia de Noemi? Eu prefiro sempre escolher a teologia de Noemi ao invés dos pontos de vista sentimentais acerca de Deus que dominam nas revistas e livros evangélicos contemporâneos. Noemi é inabalável e tem a certeza de três coisas: que Deus existe. Que Deus é Soberano. Que Deus a afligiu. O problema de Noemi é que ela se esqueceu da história de José que também foi para um país estrangeiro. Ele tinha sido vendido como escravo. Ele foi acusado por uma mulher adúltera e metido na prisão. Ele teve todas as razões para dizer com Noemi, “ O Todo-Poderoso me tratou com amargura”. Mas ele manteve a sua fé e Deus transformou tudo para o seu bem pessoal e para o bem nacional de Israel. A lição chave em Génesis 50:20 é esta:” Premeditastes contra mim o mal (disse José aos seus irmãos). Mas Deus aproveitou-o para o bem”. Noemi tem o direito de acreditar, num Deus soberano e Todo-Poderoso, que governa os afazeres de nações e famílias e dá a cada dia a sua quota-parte de prazer e de dor. Mas ela precisa de abrir os seus olhos para os sinais dos seus propósitos Misericordiosos.

Foi Deus que fez passar a fome e lhe abriu um caminho de volta a casa. Vejam bem como há um toque delicado de esperança no final do verso 22 “Foi assim, portanto, que regressou Noemi, tendo consigo sua nora Rute, a moabita, que veio dos campos de Moab. Elas chegaram a Belém no início da temporada da colheita da cevada.” Se Noemi ao menos soubesse ver o que isto vai significar. Não só isto mas Noemi também precisa de abrir os olhos e ver Rute. Que dádiva! Que bênção! E no entanto enquanto ela e Rute estão perante os cidadãos de Belém, Noemi diz no verso 21 “Parti com as mãos cheias, e o Senhor fez-me voltar de mãos vazias”. Não é bem assim Noemi! És só tu que estás tão exausta da noite da adversidade que não és capaz de ver o amanhecer da alegria. O que diria ela se ela pudesse ver que Rute iria ganhar uma criança e que esta criança iria ser o avô do maior rei de Israel, e que o rei de Israel iria pré-figurar o Rei dos Reis, Jesus Cristo, o Senhor do universo? Eu penso que ela diria:

Não julgueis o Senhor pelos fracos sentidos
Mas confiai na sua Graça.
Que por detrás de uma escassa Providência
Ele esconde um rosto sorridente

Quatro Lições Resumidas

Deixem-me concluir com quatro lições resumidas.

1. A Soberania de Deus

Deus o Todo-Poderoso reina em todos os afazeres dos homens. Ele reina sobre todas as nações (Daniel 2:21) e ele reina sobre as famílias. A sua Providência vai desde o congresso dos Estados Unidos até às nossas cozinhas9. Sejamos como as mulheres de fé no Antigo Testamento. Independentemente de outras coisas de que elas duvidassem, elas jamais duvidavam de que Deus estava envolvido em cada parte das suas vidas e de que ninguém poderia opor-se à sua vontade. Ele dá a chuva e Ele tira a chuva. Ele dá a vida e Ele tira a vida. Nele vivemos, nos mexemos e temos o nosso ser. Nada, desde um palito até ao Taj Mahal- é retamente compreendido exceto se for em relação a Deus. Ele é realidade que tudo engloba e que tudo permeia. Noemi estava certa e devemos juntarmo-nos a ela nesta convicção. Deus o Todo-Poderoso reina sobre os afazeres dos homens.

2. A Providência Misteriosa de Deus

A Providência de Deus às vezes é muito difícil. Deus tinha lidado com Noemi de forma amarga- pelo menos a curto prazo parecia que só havia amargura. Talvez alguém dirá: foi tudo por causa do pecado de ir para Moab e de casar com mulheres estrangeiras. Talvez, mas não necessariamente, o Salmo 34:19 diz: “Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor o livra de todas elas”. Nem no Velho nem no Novo Testamentos existem promessas de que os crentes irão escapar à aflição desta vida. Mas suponhamos que as calamidades de Noemi eram por causa da sua desobediência. Isso faz com que a história seja duplamente encorajadora porque mostra como Deus quer e pode transformar os seus julgamentos em alegrias. Se Rute foi trazida para a família através do pecado, então é ainda mais impressionante que ela tenha sido feita avó de David e antecessora de Jesus Cristo. Não pensemos jamais que os pecados do passado signifiquem que não existe esperança para o futuro.

3. Os Bons Propósitos de Deus

Isto conduz-nos à terceira lição. Não só Deus reina sobre todos os afazeres dos homens, e não só é a sua providência às vezes muito difícil, mas em todos os seus trabalhos e propósitos está o bem e a felicidade do seu povo. Quem poderia imaginar que no pior de todos os tempos- o período dos Juízes - Deus estava a trabalhar silenciosamente nas tragédias de uma família para preparar o caminho para o maior rei de Israel? Mas não só isso, Ele estava a trabalhar para encher Noemi e Rute e Booz e os seus amigos com grande alegria. Se alguma coisa nos aconteceu neste verão que faz com que o futuro pareça sem esperança, aprendamos de Rute que Deus neste momento está a trabalhar para nos dar um futuro e esperança. Confiemos N´Ele e esperemos com paciência. As nuvens sombrias estão cheias de Misericórdia e irão dissipar-se em bênção sobre as nossas cabeças.

4. Liberdade Como A de Rute

Finalmente, aprendemos que se confiarmos na soberana Bondade e Misericórdia de Deus para nos acompanhar durante todos os dias da nossa vida, então poderemos ser livres como Rute. Se é Deus que chama, podemos deixar a família, podemos deixar o trabalho, podemos deixar o Minnesotai10, e fazer compromissos radicais e empreender novos empreendimentos.

Ou podemos encontrar a liberdade, a coragem e a força de manter um compromisso já feito.

Quando acreditamos na soberania de Deus e que ele gosta imenso de trabalhar poderosamente por aqueles que confiam n´Ele, isto dá-nos uma liberdade e alegria que não podem ser abanadas por tempos difíceis. O livro de Rute dá-nos uma espreitadela no trabalho escondido de Deus durante os tempos mais árduos. E como em tantas outras Escrituras como diz São Paulo (Romanos 15:4,13), Rute foi escrito para que possamos ter esperança em abundância.


Nota do tradutor

1Igual nas edições portuguesas/brasileiras

2 A tradução portuguesa diz:” cada um fazia o que bem lhe parecia”
3Outra possível tradução: “tempos de crise”
4Com a glória que mais tarde Israel atingiu com o rei David
5Outra tradução possível: “Fundamentos”
6“Golpe” do inglês “Blow”, outra tradução possível seria “desilusão”
7Esta expressão designa um fenómeno chamado “raios crepusculares” ou “God´s rays`s/ “raios de Deus” no qual os raios do Sol penetram as nuvens ou aparecem à volta dela sobretudo ao amanhecer/ entardecer
8Que a quer destituir/ que a quer mandar embora
9Expressão idiomática que exprime o alcance ilimitado e a omnipotência da Providência de Deus
10Um dos 50 estados dos Estados Unidos da América