Pecadores?
De Livros e Sermões BÃblicos
Tradução por Michael SuziganPor John Piper
Sobre Santificação e Crescimento
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Conferência da Vida Voltada para Deus
Quero começar com uma história que espero que encoraje os mais jovens entre nós, colocando dentro de vocês a paixão para fazer algo significativo com suas vidas para a glória de Deus — e para fazer isso em breve, enquanto vocês são jovens. Porque talvez vocês nunca envelheçam.
O tema desta primeira Conferência da Vida Voltada para Deus — os prazeres de Deus — tem suas raízes primeiro na Bíblia, por causa de quantas vezes Deus nos diz o que o agrada. Mas suas raízes também estão na vida de um pastor e professor da Escócia que morreu em 1678. Seu nome era Henry Scougal, e ele morreu quando tinha 27 anos. Chamo a atenção para sua idade porque ele era muito jovem quando morreu, no entanto, o impacto de sua vida foi incrível.
Ele escreveu uma obra duradoura, A Vida de Deus na Alma do Homem, mas não a escreveu como um livro. Ele escreveu como uma longa carta para um amigo — uma carta de 100 páginas que começa com: "Meu querido amigo". Aquele amigo começou a compartilhar a carta, e ela se mostrou tão poderosa na vida dos outros que Gilbert Burnet a publicou no ano em que Scougal morreu. Ela tem servido a igreja há mais de trezentos anos.
Scougal não foi a única pessoa que viveu uma vida curta, mas extremamente significativa:
- David Brainerd, o missionário dos índios americanos, morreu em 1747 aos 29 anos, e seus diários moldaram o início do movimento missionário moderno.
- Henry Martyn, um missionário na Índia e na Pérsia, morreu em 1812 quando tinha 31 anos, suas memórias inspiram gerações até hoje.
- Robert Murray M’Cheyne, um pastor escocês cujo programa de leitura da Bíblia ainda estamos usando hoje, morreu em 1843 aos 29 anos.
- Jim Elliot, missionário do povo Huaorani do Equador, foi martirizado ao lado de outros quatro homens em 1956 quando tinha 28 anos. Na verdade, todos os cinco mártires naquele dia tinham menos de 33 anos.
E para ampliar o escopo: Alexandre, o Grande, morreu aos 33 anos. Martin Luther King Jr. aos 39. Mozart aos 35 anos. Emily Brontë aos 30 anos. John Keats aos 26 anos. Anne Frank aos 15 anos.
Que Deus dê a vocês, jovens, uma paixão para fazer suas vidas contar para a glória de Deus — e para fazer isso em breve, enquanto vocês são jovens. Porque talvez vocês nunca envelheçam.
E se você for velho como eu, ou estiver no meio do caminho, ore como eu: “Deus, faça com que cada dia restante valha a pena. ” Se você tem setenta anos pela frente, não os desperdice, mesmo agora na adolescência. E se você tem setenta anos vividos, não desperdice o que sobrou. Uma das razões para criar esta nova conferência de outono como uma conferência intergeracional é compartilhar algumas das paixões desta escola com aqueles que podem vir para a escola e com aqueles que, assim como eu, gostariam que pudéssemos assistir a todas as aulas.
O que Torna uma Alma Excelente?
Mas voltando a Henry Scougal e ao tema desta primeira Conferência da Vida Voltada para Deus, os prazeres de Deus. Uma frase em sua longa carta deu forma a este tema. Ele escreveu: “O valor e a excelência de uma alma devem ser medidos pelo objeto de seu amor”.
Você pode ver a excelência de uma alma pelo que essa alma ama. E por “ama”, ele não quer dizer amor piedoso pelo que é desagradável; ele quer dizer o amor que temos pelo que nos deleita e nos dá prazer. Ele diz: “Os prazeres mais arrebatadores, os deleites mais sólidos e substanciais que a natureza humana é capaz de ter, são aqueles que surgem dos afetos de um amor bem definido e bem-sucedido”. É disso que ele está falando quando diz: “O valor e a excelência de uma alma devem ser medidos pelo objeto de seu amor”, por sua afeição bem definida.
Agora, Scougal disse isso sobre a alma humana — como ver a excelência de uma alma humana. Mas o que me impressionou em 1987 foi que isso também é verdade para Deus. Podemos observar o valor e a excelência do próprio Deus se Ele nos revelar o objeto de suas afeições bem colocadas — seus deleites e prazeres sólidos e substanciais.
Em outras palavras, este tema da primeira conferência está enraizado em uma das paixões da Escola e Seminário Bethlehem. Ou seja, queremos conhecer a Deus. Queremos saber o que é grande, belo, excelente e digno de Deus, porque você não pode desfrutar de Deus, amar a Deus, confiar em Deus ou honrar a Deus se não o conhece. Se você não sabe realmente como Ele é.
Então Henry Scougal nos deu um novo caminho para o conhecimento de Deus. Poderíamos dizer: O valor e a excelência de Deus devem ser medidos pelo objeto de seu amor — seu deleite, seus prazeres.
O Prazer de Deus em Seu Povo
Minha tarefa sob este tema é pensar com vocês sobre os prazeres de Deus nas reações humanas — isto é, nossas reações a Deus pelo o que Ele é, diz e faz. Ou para dizer de outra forma: será que Deus tem prazer em seu povo, em quem somos e no que fazemos?
A resposta bíblica é claramente sim:
- Isaías 62:4–5: “Nunca mais te chamarão: a Desamparada . . . chamar-te-ão: O meu prazer está nela; e a tua terra: A casada; porque o SENHOR se agrada de ti . . . como o noivo se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus.”
- Sofonias 3:17: “O Senhor, teu Deus. . . se deleitará em ti com alegria; ele calar-se-à por seu amor; regozijar-se-á em ti com júbilo.”
- Colossenses 1:9–10: “não cessamos de orar por vós, e de pedir que . . . andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus.”
- 2 Coríntios 5:9: “Pelo que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes.”
- Filipenses 4:18: “estou suprido, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.”
- Hebreus 13:16: “E não vos esqueçais da a prática do bem e da mútua cooperação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada.”
Então, a resposta é sim. Deus pode e tem prazer em seu povo — em quem eles são e no que fazem. Como C. S. Lewis coloca em O Peso da Glória: “Agradar a Deus . . . ser um verdadeiro integrante da felicidade divina . . . receber o amor de Deus, não apenas a sua piedade, mas ser o motivo do prazer, como um artista deleita-se em sua obra ou o pai em seu filho — parece impossível, é um peso ou carga de glória que nossa imaginação mal pode suportar. Mas assim é.”
Merecedor do Descontentamento
Agora a pergunta é: como isso é possível? “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar.” (Habacuque 1:13). Mas todos os seres humanos são pecadores. Paulo escreve:
Tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, como está escrito: Não há justo, nem sequer um; . . . Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda boca se feche e todo o mundo seja condenável diante de Deus. Por isso pelas obras da lei nenhuma carne será justificada diante dele, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. (Romanos 3:9–10, 19–20)
Isso significa, diz Paulo, que, em virtude de nossa natureza pecaminosa, os seres humanos não são filhos de Deus. Eles são filhos da ira. Ele acrescenta em Efésios 2:1–3: “Em que dantes andastes . . . segundo o príncipe da autoridade do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência — Entre os quais todos nós também dantes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.”
Toda a humanidade é filha da ira. A ira de Deus — não o prazer de Deus, mas o descontentamento de Deus — está vindo até nós assim como a herança de um pai vem naturalmente a um filho: "Filhos da ira". Ou como Jesus disse: “aquele que não crê no Filho não verá a vida; mas a ira de Deus sobre ele permanece.” (João 3:36). Permanece. Ela era nossa por natureza. E sem repouso permanece — para todo o sempre (Apocalipse 14:10–11).
Então, como poderia haver um povo em quem Deus pudesse se deleitar, um povo em quem Ele sentiria prazer, em vez do descontentamento da ira? Como isso é possível? E se houvesse uma maneira que Deus pudesse realmente se agradar com os pecadores, como Ele poderia então ser santo e justo? Uma coisa é ser misericordioso com os desagradáveis; outra coisa é se deleitar com os ímpios.
Chamado para a Vida por Cristo
O cristianismo existe, a igreja existe, a Escola e Seminário Bethlehem existe, porque Deus respondeu a este que é o maior de todos os problemas com Cristo.
Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque dificilmente alguém morreria por um justo; pois, poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco , pelo fato de que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. (Romanos 5:6–9)
Esse é o maior evento e a notícia mais gloriosa de todo o mundo: “Tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira”. O amor de Deus em Cristo nos salvou da ira de Deus. Deus nos salvou de Deus. “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós” (Romanos 8:32). Quem, então, não está sob a ira de Deus? Resposta: Todos os que são justificados. “sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”
E quem são os justificados? Romanos 8:30 diz: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” Todos aqueles que são predestinados a serem filhos de Deus são chamados. Todos os chamados são justificados, o que significa que todos os chamados são trazidos para a fé, porque somente pela fé alguém é justificado. Romanos 5:1: “[Sendo] pois, justificados pela fé, temos paz com Deus.” Portanto, todos os chamados creem.
É isso que o chamado de Deus faz — cria vida e fé. Portanto, podemos preencher Romanos 8:30 assim: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou.” É tão certo que é como se todo o processo já estivesse terminado.
Dupla Imputação
Portanto, a chave fundamental de como os pecadores podem agradar a Deus e se tornar um ingrediente real na felicidade divina é a justificação em Cristo pela fé. Como isso é possível? A justificação inclui duas coisas. Em comunhão com Jesus Cristo, ela inclui o perdão dos pecados e a imputação da justiça de Deus.
Porém àquele que não faz nenhuma obra, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Como também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: “Bem-aventurados aqueles cujas maldades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado.” (Romanos 4:5–8)
Em Cristo, primeiro, os pecados de todos os que crêem são pregados na cruz (Colossenses 2:14). Eles são punidos, condenados (Romanos 8:3). Ao confiar em Jesus, ao abraçá-lo como nosso Salvador exaltado, recebemos perdão por causa daquela transação única por todos na cruz. Esse é um aspecto da justificação: nossos pecados não são usados contra nós. Eles foram imputados em Jesus. “O qual levou ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pedro 2:24).
O outro aspecto da justificação é que Deus considerou sua própria justiça em Cristo como nossa. Ele nos considerou justos em união com Cristo. Como Paulo diz: “sofri a perda de todas essas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo. E seja achado nele, não tendo a minha justiça, que vem da lei, mas a que vem da fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé” (Filipenses 3:8–9).
Ou como ele diz em Romanos 5:19, comparando a desobediência de Adão e a obediência de Cristo: “como pela desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.” Ou mais uma vez em 2 Coríntios 5:21: “Àquele [Cristo] que não conheceu pecado, [Deus] fê-lo pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus.”
Pela Graça Através da Fé
Em resumo, o amor de Deus nos resgata da ira de Deus, dando seu único Filho como um substituto para nós. Através da obediência absoluta de Cristo até a morte, Ele carregou nossos pecados e entregou a justiça perfeita, que é então imputada a nós — contada como nossa — na justificação.
Cristo por si só é a única origem, fundamento e base de nossa justificação. Não acrescentamos nada ao seu sofrimento e morte justificadores. Não acrescentamos nada à sua justiça justificadora. Nenhum de nossos feitos, nenhum de nossos pensamentos e nenhum de nossos sentimentos adiciona qualquer coisa à justiça que Deus considera como base para nossa justificação. É tudo de Cristo. Deus é cem por cento por nós para sempre por causa da justificação.
Nosso perdão e nossa justiça imputada, para usar as palavras de Paulo em Romanos 3:24–25, são “gratuitamente pela sua graça . . . para propiciação pela fé”. A fé não faz parte da justificação da justiça. A fé recebe perdão e a fé recebe justiça — porque a fé recebe a Cristo. A fé acolhe a Cristo, abraça a Cristo, como Salvador e Senhor de exaltação suprema.
Então! Deus agora olha para nós com contentamento, prazer? Será que os pecadores justificados nesta vida são agradáveis a Deus, mesmo antes da glorificação final que elimina o pecado? Sim. Deus disse quando olhou para Cristo em seu batismo e em sua transfiguração: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mateus 3:17; Mateus 17:5). Em outras palavras: “Tenho muito prazer em contemplar meu Filho”. Portanto, uma vez que estamos unidos a Cristo e contados como justiça com sua justiça, somos filhos estimados, amados e deleitados de Deus.
Aperfeiçoado, Amado e Disciplinado
Mas você diz, eu ainda peco. Ele não está descontente com o meu pecado? Sim, Ele está. Mas isso não anula o prazer dele em você, pois você está em Cristo. Considere estas palavras, que o escritor de Hebreus cita em Hebreus 12:5–6 de Provérbios 3:11–12:
Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, e
não desanimes quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige ao que ama,
e açoita a qualquer que recebe por filho.
No próprio ato de disciplinar seu filho por comportamento desagradável, Ele nunca perdeu o prazer em seu filho. Então, quando você passar por sofrimento como filho de Deus, lembre-se de duas coisas sobre o tratamento de Deus com você.
- Meu Pai desaprova a corrupção remanescente em mim e está me amando o suficiente para refinar minha fé e minha santidade por meio da disciplina.
- Meu Pai está disciplinando na base inabalável e imutável de que estou totalmente perdoado por todos os meus pecados, todo o meu comportamento desagradável, e totalmente justo em Cristo, e totalmente agradável diante de meu Pai, como ele me vê em união com seu Filho perfeito Jesus.
Agora, isso pode parecer um paradoxo para você, que Deus disciplinaria aqueles a quem ele considera em Cristo como perfeitos. Mas escute Hebreus 10:14: “Porque com uma oblação [Cristo] aperfeiçoou para sempre aqueles que são santificados.” Nossa perfeição, de certa forma, está acabada. “Porque com uma única oblação, ele [nos] aperfeiçoou para sempre . . .” Deus nos vê como aperfeiçoados em nossa união com Cristo, perdoados, justificados.
Mas, em outro sentido, ainda não somos imaculadamente perfeitos . Ele aperfeiçoou aqueles que estão sendo agora, pouco a pouco, santificados — gradualmente santificados. Sabemos disso muito bem. Em nossas vidas diárias e terrenas, somos problemáticos e imperfeitos.
E a essência absolutamente crucial da ética cristã, que diferencia o cristianismo de todas as outras religiões, é que buscamos nossa santidade diária e terrena exatamente com base no fato de que já somos santos. Buscamos diariamente a justiça terrena com base no fato de que já somos justos. É por isso que Paulo diz coisas como: “Limpai, pois, o fermento velho. . . assim como sois, sem fermento” (1 Coríntios 5:7). E buscamos agradar a Deus na vida cotidiana porque já somos perfeitamente agradáveis a Deus em Cristo.
O Prazer de Deus em Nossas Vidas
Podemos ter sucesso? Essa é a nossa última pergunta, e a fazemos ao Senhor.
Pai, com imensa gratidão em meu coração pelo que Cristo fez ao morrer por mim, por me trazer à fé nele, pelo perdão de todos os meus pecados, e pela imputação de sua perfeita justiça a mim, para que nele eu seja agradável aos seus olhos — com profunda gratidão por toda essa gloriosa realidade do evangelho, eu agora lhe pergunto: Posso, no meu cotidiano, Te agradar pelo modo que penso, sinto e ajo? Meu pensamento, sentimento e modo de agir podem se tornar um ingrediente para o seu prazer?
Pai, não estou pedindo que você substitua a obediência de Cristo pela minha obediência como base da minha justificação. Deus me livre! Não estou pedindo que meu crescimento imperfeito em santidade substitua a santidade perfeita de Cristo como a base do Senhor ser cem por cento por mim. Estou tomando minha posição e perguntando: Você pode encontrar prazer em meus esforços imperfeitos para pensar, sentir e agir em santidade, em amor e em justiça?
<p>A resposta de Deus a essa pergunta na Bíblia é sim.
- Paulo ora pelos cristãos Colossenses: “[Que possais] andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda boa obra (Colossenses 1:10).
- Ele diz aos filipenses: “o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus.” (Filipenses 4:18).
- Ele diz aos coríntios: “Pelo que muito a desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes.” (2 Coríntios 5:9).
- Ele exorta os efésios: “Aprovando o que é agradável ao Senhor” (Efésios 5:10).
É possível para os pecadores imperfeitos e justificados agradar a Deus — ser um ingrediente no prazer divino — não apenas pela união com Cristo na justificação, mas também por depender de Cristo na santificação — na transformação. Não apenas porque somos perfeitos em sua justiça, mas também porque Ele nos capacita para nossa justiça.
Seis Peças em Paulo
Por que é assim? Como o Deus santo e perfeito pode se agradar de meus pensamentos, sentimentos e ações imperfeitos como cristão? A resposta está em dois versículos incríveis em 2 Tessalonicenses. Existem seis partes para a resposta. Vou mostrá-los enquanto leio:
Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça a dignos da sua vocação [que seria agradável aos seus olhos], e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder; Para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (2 Tessalonicenses 1:11–12)
Vamos juntar as peças.
- Primeiro, na base, na raiz da nossa ação, do nosso trabalho, do nosso comportamento, está a graça de Deus e de Cristo. Graça — favorecimento totalmente não conquistado e desmerecido.
- Essa graça se manifesta no poder de Deus em nós para as boas obras.
- Sentimos esse poder em nós pela fé. Desviamos o olhar de nós mesmos. Admitimos que não podemos fazer nada sem Ele. Olhamos para a graça e a abraçamos. E confiamos na graça como nossa esperança valiosa de santidade.
- Nessa fé, fazemos boas obras. Nós praticamos a justiça. Nós temos misericórdia. Nós amamos. Fazemos justiça. Paulo chama essas de “obras da fé” e, em outros lugares, as chama de “obediência da fé”.
- Jesus recebe a glória por nossas obras de fé porque sua graça e seu poder foram decisivos para realizar as obras de fé.
- Desta forma, você anda dignamente de seu chamado, para que sua caminhada, seu comportamento, sejam agradáveis a Deus.
Vou ler de novo:
Pelo que também rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça a dignos da sua vocação [que seria agradável aos seus olhos], e cumpra todo o desejo da sua bondade, e a obra da fé com poder; Para que o nome de nosso Senhor Jesus Cristo seja em vós glorificado, e vós nele, segundo a graça de nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.
Em suma, Deus está satisfeito com nossas obras de fé porque elas são suas obras de poder — da graça. Ou, em outras palavras, Deus está satisfeito com nossas obras feitas na dependência de sua graça, porque então sua graça recebe a glória. O doador recebe a glória. E essa é a razão pela qual ele criou o mundo — para “o louvor da glória da sua graça” (Efésios 1:6).
Repetido em Hebreus
Esta é a maneira como o escritor de Hebreus faz o mesmo argumento com as mesmas seis peças:
Ora, o Deus de paz . . . Vos aperfeiçoe em toda boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre. Amém. (Hebreus 13:20-21)
- No fundo está Jesus Cristo, com sua graça soberana: "Por meio de Cristo Jesus".
- Ele trabalha em nós. Ou seja, sua graça se manifesta como poder em nossas vidas para as boas obras.
- Fazemos a vontade dele por meio desse poder.
- Jesus recebe a glória.
- Portanto, nossa obediência é agradável aos olhos de Deus.
E a parte que não foi mencionada em 2 Tessalonicenses é a ligação entre o poder de Deus e nossa obediência, a saber, a fé. Mas o escritor já havia deixado bem claro em Hebreus 11:6 como a fé é essencial para obedecer e agradar a Deus: “Sem fé é impossível agradar a Deus”.
Perdoado e Capacitado para Agradar
Em resumo, a mesma fé que nos une ao perdão de Cristo para justificação, nos une ao poder de Cristo para santificação. A mesma fé que nos torna perfeitamente agradáveis a Deus pela imputação de sua justiça, nos torna progressivamente agradáveis a Deus por nossa justiça.
Você não será perfeito nesta vida. Mas você pode ser agradável a Deus nesta vida — perfeitamente agradável por causa da justificação e progressivamente agradável por causa da transformação. Você pode se tornar, além de qualquer expectativa, um ingrediente no prazer divino.
A glória de Deus em Jesus Cristo transbordando em graça é o deleite supremo de Deus. Quando abraçamos a graça de Deus em Cristo como nossa única esperança de imputação e transformação, Ele fica satisfeito. Ou, como gostamos de dizer aqui na Escola e Seminário Bethlehem, somos o seu prazer quando Ele é a nossa riqueza.