Para onde os seus vinte anos o levarão?

De Livros e Sermões Bíblicos

Tabela de conteúdo 1 Seis lições para começar bem 2 Quando os alicerces falham 3 Seis lições para os seus vinte anos 4 Faça da fidelidade o seu alicerce

Seis lições para começar bem

Quem você é em seus vinte anos, para melhor ou pior, inevitavelmente irá moldar quem você se tornará, para melhor ou pior.

Se você está nos seus vinte agora, irá traçar a linha de sua história - alegria e tristeza, sucesso e fracasso, gratidão e arrependimento - para os caminhos que você escolhe nessa selvagem e incerta intersecção em sua vida. Você refletirá nas amizades que fez e manteve (e perdeu), onde gastou seu tempo e dinheiro, com quem namorou (e talvez se casou), onde e como você trabalhou e, talvez, acima de tudo, que tipo de relacionamento teve com Jesus (ou não).

Nossos vinte anos não precisam decidir como será o resto das nossas vidas, mas apesar de como muitos tratam esses anos, eles realmente importam. Com a paciência, a misericórdia e o poder de Deus, qualquer um de nós pode se arrepender repentinamente e mudar radicalmente, em qualquer lugar ao longo do caminho - aos 35, aos 55, até mesmo aos 75 anos. Quaisquer decisões que tenhamos tomado até aqui, o Espírito Santo continua falando a cada um de nós: “Hoje, se vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração.” (Hebreus 3:7,8, NVI). O melhor dia para finalmente acabar com o pecado, deixar de lado a complacência espiritual e a procrastinação e mudar a trajetória de nosso futuro sempre será hoje.

Que misericórdia e bondade, porém, quando Deus amolece nosso coração quando somos jovens, para que possamos estabelecer um alicerce mais firme, seguro e satisfatório em Cristo para as próximas décadas.

Quando os alicerces falham

A maioria de nós sequer percebe que estamos construindo um alicerce em nossos vinte anos. Presuminos que nos estabeleceremos e nos tornaremos sérios em alguns anos. Gostaríamos de alugar a vida por algum tempo.

Nossa vida espiritual não é um apartamento, no entanto, para ser trocado quando nos sentimos prontos para a mudança. Estamos sempre nos tornando quem seremos (Romanos 6:19, Provérbios 4:18-19), mesmo quando somos jovens. Talvez especialmente quando somos jovens, porque a mudança de vida só se torna mais difícil. O que fazemos hoje solidifica o alicerce sob nós ou o corta e o enfraquece. E, como quase todo proprietário de casa pode lhe dizer, as fundações são notoriamente difíceis de reparar (uma lição que muitos aprendem tarde demais).

Jesus nos adverte sobre os perigos de não construir bons alicerces. Ele fala sobre duas casas, uma construída sobre algo mais forte do que a casa em si (a rocha) e, a outra, construída sobre algo leve e macio como a areia. Ambas construídas tijolo por tijolo, dia após dia, decisão após decisão. Ambas construídas com segurança. Ambas construídas com a expectativa de muitos anos incríveis pela frente. E, então, vem a chuva.

O que acontece com a vida construída num alicerce fraco e relapso? “Mas quem ouve estas minhas palavras e não as pratica é como um insensato que construiu a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela caiu. E foi grande a sua queda.” (Mateus 7:26-27) Há muito mais maneiras de arruinar nossas vidas na casa dos vinte anos do que de estabelecê-la e fortalecê-la. O caminho é largo e leva à queda, ao afastamento.

Mas juntamente com Sua advertência, Jesus fez uma promessa aos fiéis: "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, e ela não caiu, porque tinha seus alicerces na rocha.” (Mateus 7:24-25). Ninguém se gloria em ter um bom alicerce (ou mesmo pense sobre ele), até que venha o vento e a chuva para derrubar a sua casa. Os ventos da adversidade, as chuvas de desapontamentos e as tempestades da realidade ainda chegarão para aqueles que construíram bem em seus vinte anos, mas a esperança em Deus não irá desmoronar.

Seis lições para os seus vinte anos

Então, como construímos um bom alicerce em nossos vinte anos? Após anos de bons conselhos, experiência pessoal humilhante e depois de caminhar com outras pessoas e orientá-las, tentei destacar algumas lições especialmente preciosas e proveitosas (entre muitas).

1. Proteja seu alicerce com dedicação

Preserve sua devoção integral a Cristo. Muitos de nós se casa e têm filhos aos vinte anos e, ao fazermos isso, somos homens e mulheres divididos. O apóstolo Paulo disse:

“O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido.” (1 Coríntios 7:32-34)

Em breve, Deus pode chamá-lo para cuidar de sua esposa e filhos de formas que, inevitavelmente, dividirão seu coração, seu tempo e sua devoção. Então, Paulo encoraja os crentes a aproveitarem a oportunidade de estarem solteiros para “viver em plena consagração ao Senhor” (1 Coríntios 7:35). A solteirice tem suas dores e desafios singulares. Não é fácil para muitos (não foi fácil para mim). Mas não permita que as dificuldades da solteirice roubem de você as oportunidades que ela oferece - para o foco, para o ministério, para desfrutar de Jesus, para construir alicerces.

Se não conseguimos nos dedicar a Cristo quando estamos solteiros, o que nos faz pensar que iremos fazê-lo quando a vida ficar mais complicada e nossas responsabilidades forem multiplicadas? Agora é tempo de ancorarmos nossos corações, prioridades e planos no propósito para o qual fomos feitos e salvos: glorificar a Deus desfrutando da presença Dele hoje, amanhã e sempre. Muitos, tragicamente, perdem a visão do Seu chamado em seus vinte anos e depois, não a recuperam plenamente de novo.

2. Aprenda como ler a Bíblia.

Você pode pensar que aprendeu a ler na escola, mas ler a palavra de Deus não é o mesmo que ler qualquer outra coisa. Em primeiro lugar, muitos de nós nunca realmente aprendemos a ler. Muitas aulas nos ensinaram a ler rapidamente e a recitar algum fato para uma prova. Ouvir o Deus do céu, entretanto, é um tipo de leitura totalmente diferente. Portanto, não é de admirar que muitos de nós tentem ler a Bíblia aos vinte anos e considerem a leitura difícil, confusa e pouco recompensadora. Muitos de nós desiste e acaba deixando que alguém outro nos fale o que Deus diz.

Deus diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça, para que o homem (ou mulher) de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra.” (2 Timóteo 3:16-17) - para que você seja completo para toda boa obra, preparado para tudo o que tiver de enfrentar em seus vinte, trinta anos e além. E quando você ficar confuso, desencorajado ou sobrecarregado, lembre-se o que Paulo prometeu: “Reflita no que estou dizendo, pois o Senhor lhe dará entendimento em tudo” (2 Timóteo 2:7).

Se você se dedicar a esse livro, dia após dia, durante muitos anos, orando e pedindo ajuda, verá Deus se manifestar repetidas vezes com entendimento.

Uma das melhores formas de aprender a ler a Bíblia por si mesmo é começar lendo-a em voz alta com outra pessoa, especialmente se você encontrar alguém que já lê e desfruta da Bíblia há anos. Mas mesmo que seja alguém que esteja essencialmente onde você está, a leitura consistente da Bíblia pelos olhos de outra pessoa ampliará os seus. Seja sozinho ou com um amigo, você pode começar com apenas um capítulo por dia, talvez começando pelo evangelho de João, depois passando por Efésios e, finalmente para todo o Novo Testamento, do início ao fim. A partir daí, eu pessoalmente gosto de um plano de leitura que inclui leituras do Antigo e do Novo Testamento (e inclui vários dias por mês para atualização ou memorização mais focada).

3. Fique confortável sobre seus joelhos

Orar, como qualquer outro aspecto na vida do cristão, não é fácil para nenhum de nós. Por mais que eu tenha conhecido jovens que lutam para ler a Bíblia, conheci o dobro de jovens que lutam ainda mais para orar - especialmente sozinhos, mas também em grupos.

Se Deus não é real e Cristo não ressuscitou dos mortos, então a oração é realmente tão estranha, até mesmo lamentável, quanto qualquer outra coisa que possamos fazer (1 Coríntios 15:19). Mas se Deus é real, e realmente ouve, então orar é atividade mais importante e produtiva que podemos fazer todos os dias. E Ele quer que nós oremos persistente e confiantemente, não ocasional e hesitantemente. “Assim sendo, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade.” (Hebreus 4:16) Não é um trono para os perfeitos, os merecedores, os bem-falantes e os abastados. Um Pai está sentado nesse trono, cheio de paciência, misericórdia e graça para aqueles que confiam Nele o suficiente para orar.

Precisamos de Deus na oração e por meio dela mais do que de qualquer outra coisa. Não faremos nada de valor real e duradouro sem Deus (João 15:5), o que significa que não faremos nada de valor real e duradouro sem a oração. Portanto, peça a Jesus como orar (Lucas 11:1-4), pratique algumas orações simples da Bíblia e reserve tempo suficiente para esperar, experimentar e constinuar insistindo. Ficamos mais confortáveis sobre os nossos joelhos passando mais tempo sobre eles.

4. Aperfeiçoe sua luta contra o pecado

Embora possa haver centenas de maneiras de arruinar nossa vida aos vinte anos, elas podem ser atribuídas a um grande inimigo: nosso próprio pecado. Certamente Satanás nos tentará, ameaçará e atacará, outros pecarão contra nós e o sofrimento atrapalhará ou, até mesmo, inviabilizará nossos planos, mas o pecado pode nos desfazer.

Paulo escreveu: “Pois se vocês viverem de acordo com a carne, morrerão; mas, se pelo Espírito fizerem morrer os atos do corpo, viverão.” (Romanos 8:13). Muitos aprendem a lutar e participar dessa guerra em seus vinte anos. Outros muitos evitam a batalha e pagam por seu comodismo mais tarde. Os sábios aprendem como discernir o pecado, apressam-se a confessá-lo ou confrontá-lo, descansam no poder perdoador e purificador de Cristo e, então, fazem o que podem para continuar e não pecar mais.

Uma das primeiras coisas a se aprender sobre essa guerra é que ninguém deveria lutar sozinho. Ao enfrentarmos o pecado teimoso e perigoso que ainda está em nosso coração, precisamos de outras pessoas para lutar conosco e por nós. Em Hebreus 3:12-13 está escrito: “Cuidado, irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo, que se afaste do Deus vivo. Pelo contrário, encorajem-se uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama "hoje", de modo que nenhum de vocês seja endurecido pelo engano do pecado.”. O pecado tem como alvo nossas fraquezas esquecíficas com mentiras que somos mais suscetíveis a acreditar, então, frequentemente, precisamos de alguém que não tenha nossas mesmas fraquezas e lutas para, consistentemente, lembrarnos o que realmente é verdade.

5. Comprometa-se com a igreja local

Se você me forçar a escolher apenas uma lição desta lista, seria essa (pode ser uma opção surpreendente): junte-se a uma igreja local saudável e construa a sua vida em torno dela. Encontre uma igreja que exalte a Cristo, que creia na Bíblia, que pregue o evangelho, que despreze o pecado, que pratique a disciplina da igreja e que faça discípulos e, depois, trate-a como sua família (Mateus 12:50). A igreja é apenas uma ideia distante para muitos cristãos e talvez ainda mais para aqueles que estão na casa dos vintes anos, quando geralmente estamos menos estabelecidos e comprometidos. Não espere para se comprometer com a igreja apenas quando estiver mais estabelecido. Em invés disso, estabeleça-se no contexto de pessoas que amam a Jesus e lhe inspiram a amá-Lo, obedecê-Lo e desfrutá-Lo.

O Senhor do céu e da terra ama a igreja o suficiente para escolhê-la antes da fundação do mundo, sofrer tortura e morte por ela, edificá-la e guiá-la por Seu próprio Espírito e depois passar a eternidade com ela. E, no entanto, com que facilidade os tolos e imaturos entre nós desprezam, menosprezam e negligenciam a igreja. Alguns ficam irritados ou incomodados com sua carência e cansados com sua fraqueza. Eles se magoam ou se ofendem facilmente com falhas e erros dela. E guardam rancor. Eles esperam que ela nos emocione, satisfaça e conforte e, ainda assim, resistem a sacrificar muito para servi-la. No entanto, nossos vinte anos são uma oportunidade para aprender a amar a igreja como Jesus ama - para valorizar a noiva que Ele morreu para ter.

Não deixe que sua igreja fique no canto da manhã de domingo, mas mergulhe em suas histórias, seus dons, suas necessidades, suas vidas. Não finja que você pode sobreviver sem a igreja (1 Coríntios 12:21) e não presuma que as pessoas em sua igreja não precisam de você. Comprometa-se, agora e o resto desta vida, à igreja local.

6. Prepare-se para passar pelo sofrimento

Por que muitos cristãos professos se afastam da fé entre seus vinte e trinta anos? Talvez eles nunca tenham entendido a verdade do evangelho ou talvez os cuidados do mundo e os prazeres do pecado capturaram seus corações. Muitos, no entanto, apesar de tudo o que Jesus disse, simplesmente não estão preparados para sofrer. Eles esperavam que o cristianismo tornaria sua mais fácil, confortável e menos dolorosa. E, então, veio o sofrimento.

Jesus nos adverte para estramos preparados: “as (sementes) que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Crêem durante algum tempo, mas desistem na hora da provação.” (Lucas 8:13). Eles caem por causa de suas raízes rasas e sua “fé” frágil. Eles não tinham ouvido: “De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos.” (2 Timóteo 3:12). Eles não haviam aprendido a se alegrar nas provações, sabendo que “a prova da sua fé produz perseverança” (Tiago 1:3-4). Em vez disso, o sofrimento fez com que questionassem Deus, depois ressentissem de Deus e, então, duvidassem de Sua existência.

Se quisermos passar bem pelo sofrimento, precisamos de fé e perspectivas com raízes mais profundas. Precisamos aprender sobre o bem que Deus faz no sofrimento - removendo nossa autossuficiência, purificando o nosso orgulho, fortalecendo nossa resistência, demonstrando nossa esperança e alegria, treinando-nos para cuidar dos outros, preparando-nos para “uma glória eterna que pesa mais do que todos eles” (2 Coríntios 4:17). Em Cristo, não apenas esperamos o sofrimento, mas sabemos que ele nos servirá, nos fortalecerá e nos amadurecerá. Nossos vinte anos proporcionam a muitos de nós as primeiras experiências reais de sofrimento, nossas primeiras oportunidades de nos aproximarmos de Deus no fogo ou de nos afastarmos lentamente.

Faça da fidelidade o seu alicerce

Uma linha traçada a partir dessas lições pode ser simplesmente essa: aprenda sobre fidelidade aos vinte anos - fidelidade a Cristo, fidelidade à Sua palavra, fidelidade onde quer que Ele o tenha colocado. Jesus disse aos seus discípulos: “quem é fiel no pouco, também é fiel no muito” (Lucas 16:10). O segredo para a fidelidade e a frutificação futuras, em grande parte, é a pequena e, muitas vezes, esquecida fidelidade naquilo para o que somos chamados hoje. E a maneira comprovada para arruinar a fidelidade e frutificação de amanhã é o descuido e a complacência de hoje.

Busque a Deus para saber o que Ele o chamou para fazer com sua vida, como esse chamado contribuirá ao que Ele está fazendo no mundo e, em seguida, peça a Ele que o torne fiel. Viva nesses anos e nas décadas seguintes para ouvi-Lo dizer: “Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor!” (Mateus 25:21).