Norma Normata: a norma que é regida

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English: Norma Normata: A Rule That Is Ruled

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Por R.C. Sproul Sobre Verdade
Uma Parte da série Right Now Counts Forever

Tradução por Rev. Gustavo Pereyra Romero

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A palavra latina Credo significa simplesmente “creio”, e corresponde à primeira palavra do Credo Apostólico. Através da sua História a Igreja fez frente à necessidade de adotar e abraçar posições confessionais para expressar claramente a Fé Cristã e para distinguir a verdade do erro e das declarações falsas da fé. Tais credos distinguem-se das Escrituras pela compreensão destas serem a norma normans (“a norma que rege”), enquanto os credos são norma normata (“a norma que é regida”).

Historicamente os credos cristãos têm abrangido desde breves até extensas afirmações confessionais. O mais antigo credo cristão encontra-se na declaração do Novo Testamento “Jesus é Senhor”. O Novo Testamento faz desta declaração algo críptico pois indica que ninguém pode fazer esta afirmação a não ser pelo Espírito Santo. O que se entende por isso? Por um lado o Novo Testamento nos diz que as pessoas podem honrar a Deus com a boca mas seus corações estão longe d’Ele. Isto é, as pessoas podem recitar um credo e fazer declarações categóricas de fé sem, todavia, acreditar realmente no que dizem. Assim, por que o Novo Testamento estabelece que ninguém pode fazer esta afirmação a não ser pelo Espírito Santo? Talvez seja pelo que custava fazer tal declaração no contexto da Antiga Roma.

O juramento de lealdade exigido aos cidadãos romanos para demonstrarem sua ligação ao império em geral e ao imperador em particular consistia em dizer publicamente, “Kaisar Kurios,” que significa, “César é senhor”.

Na Igreja do século primeiro, os cristãos sujeitavam-se à obediência aos magistrados civis, inclusive às medidas opressoras do César, e mesmo assim, na hora de afirmar publicamente que César era o senhor, os cristãos não podiam fazê-lo com a consciência tranqüila. Como substituto dessa frase, os primeiros cristãos faziam a afirmação “Jesus é Senhor”.

Mas dizer isso provocava a ira do governo romano, e em muitos casos, custava-lhe ao cristão a sua própria vida. Portanto, as pessoas tendiam a não manifestar aberta e publicamente esta declaração a no ser que fossem movidos a isso pelo Espírito Santo. O simples credo “Jesus é Senhor”, ou afirmações mais extensas, tais como o Credo dos Apóstolos, dão uma idéia geral dos ensinamentos básicos essenciais. Os credos resumem o conteúdo do Novo Testamento.

Os credos também utilizaram esse resumo de conteúdo para excluir as heresias do século quarto. Na aconfissão do Credo Niceno, a Igreja afirmou categoricamente sua crença na divindade de Cristo e na doutrina da Trindade. Essas afirmações foram consideradas verdades essenciais da fé Cristã. Eram essenciais porque sem a inclusão dessas verdades, qualquer afirmação cristã seria considerada falsa.


Na época da Reforma, houve uma proliferação de credos, à medida que as comunidades protestantes achavam necessário, face às controvérsias reinantes na época, de fazerem afirmações definitivas sobre suas crenças e de como sua fé diferia da teologia da Igreja Católica Romana. O próprio Vaticano acrescentou suas próprias afirmações de fé no Concilio de Trento a meados do século dezesseis em resposta ao movimento protestante. Mas cada grupo Protestante, tais como os Luteranos, a Igreja Suíça Reformada e a Igreja Escocesa Reformada sentiram que era necessário esclarecer as verdades que eles estavam afirmando.

Isso se fez necessário, não somente pelos desacordos dentro dos diferentes grupos Reformados, mas também para esclarecer a posição protestante frente às freqüentes interpretações errôneas apresentadas pelos católico-romanos. A declaração confessional do século dezessete, conhecida como a Confissão de Fé de Westminster, é uma das afirmações de credo mais precisas e abrangentes que se produziram durante a Reforma. Constitui um modelo de precisão e ortodoxia bíblica. Todavia, devido à sua extensão e abrangência resulta difícil encontrar a dois defensores da Confissão de Fé de Westminster que estejam de acordo em todos e cada um dos seus pontos.

Por essa razão, as igrejas que utilizam esta ou outras confissões similares, geralmente limitam os seus requisitos de adesão a um reconhecimento do “sistema de doutrina nela contido”. Esses credos protestantes posteriores, não só pretendiam afirmar o que eles consideravam como questões essenciais do Cristianismo, mas esclarecer os detalhes de cada comunhão religiosa que utilizaria tais abrangentes confissões de fé.

Em nossos dias tem surgido uma forte aversão contra as confissões de fé de qualquer tipo ou em qualquer nível. Por outro lado, o relativismo tão dominante na cultura moderna é um empecilho para qualquer confissão de verdades absolutas. E não só isto, mas também temos observado uma reação negativa muito forte contra a natureza racional e proposicional da verdade. Afirmações confessionais são uma tentativa de mostrar um entendimento coerente e unificado do amplo alcance das Escrituras.

Nesse sentido, são breves declarações do que historicamente temos conhecido como “teologia sistemática”. A idéia da teologia sistemática pressupõe que todo o que Deus diz é coerente e sem contradição. Assim, embora estes credos não sejam estabelecidos por mera especulação racional, todavia, estão escritos de maneira a serem inteligíveis e compreendidos pela razão. Sem tais confissões, a anarquia teológica reinaria na Igreja e no mundo.