Deus Justificou o Ímpio

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English: God Justified the Ungodly

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Por John Piper Sobre Certeza de Salvação
Uma Parte da série God's Invincible Purpose: Foundations for Full Assurance

Tradução por Carlos Diones dos Santos

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Romanos 3:21-4:8

Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem. Não há distinção, pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus. Deus o ofereceu como sacrifício para propiciação mediante a fé, pelo seu sangue, demonstrando a sua justiça. Em sua tolerância, havia deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. Onde está, então, o motivo de vanglória? É excluído. Baseado em que princípio? No da obediência à Lei? Não, mas no princípio da fé. Pois sustentamos que o homem é justificado pela fé, independente da obediência à Lei. Deus é Deus apenas dos judeus? Ele não é também o Deus dos gentios? Sim, dos gentios também, visto que existe um só Deus, que pela fé justificará os circuncisos e os incircuncisos. Anulamos então a Lei pela fé? De maneira nenhuma! Ao contrário, confirmamos a Lei. Portanto, que diremos do nosso antepassado Abraão? Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se gloriar, mas não diante de Deus. Que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça.” Ora, o salário do homem que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida.. Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade do homem a quem Deus credita justiça independente de obras: “Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados! Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa!”“.

A justificação da retidão de Deus

Semana passada tentei mostrar que o problema mais profundo que a morte de Cristo resolveu foi o de que o próprio Deus parecia ser injusto ao fazer vista grossa aos pecadores que mereciam condenação. O Antigo Testamento é um testemunho da verdade de que Deus é "tardio em iras e grande em beneficência e verdade; que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão, e o pecado; que ao culpado não tem por inocente" (Êxodo 34:6-7).

E eu disse que nunca teremos esse problema enquanto estivermos centrados em Deus de uma maneira que pensemos sobre pecado e retidão.

O pecado (Romanos 3:23) não é, em princípio, um crime contra o homem. E sim contra Deus. "Pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus." O pecado sempre acontece quando valorizamos algo no mundo mais do que a Deus. É menosprezar a sua glória. É desonrar o seu nome.

Mas a justiça de Deus é o seu compromisso com o que é ultimamente correto—a saber, manter a honra do seu nome e o valor de sua glória. A justiça é o oposto do pecado. O pecado menospreza a excelência de Deus quando o favorecemos; a justiça magnifica a Deus quando o escolhemos.

Portanto, quando Deus fecha os olhos para o pecado e deixa os pecadores irem sem punição, parece que Ele está sendo injusto. Parece que Ele está dizendo: desprezar o meu valor não significa nada; menosprezar a minha glória não é importante; desonrar o meu nome não importa. Se fosse verdade, Deus seria injusto. E estaríamos sem esperança.

Mas Deus não deixou isso ser verdade. Ele apresentou o seu Filho, Jesus Cristo, para que através da morte Ele pudesse demonstrar que Deus é justo. A morte do Filho de Deus é a declaração do valor que Deus põe em sua glória, e o ódio que Ele tem pelo pecado, e o amor que tem pelos pecadores.

A justificação do ímpio

Outra palavra para esse "fechar os olhos para o pecado" que fez Deus parecer injusto é "justificação"—a justificação do ímpio (Romanos 4:5). É disso que quero falar hoje. Não apenas o fato de Deus ter fechado os olhos para o pecado há muito tempo atrás, mas também para o de seu povo que pecou ontem, nesta manhã e que irá pecar amanhã.

O verso 26 diz que quando Jesus morreu, duas coisas aconteceram, não uma apenas. "Mas, no presente, demonstrou a sua justiça, a fim de ser justo e justificador daquele que tem fé em Jesus." Isso prova que Deus é justo e que os crentes são justificados.

Eu não quero focar hoje no ato subjetivo da fé pela qual recebemos justificação. Quero focar no trabalho objetivo de Deus em justificar. Porque acredito que se focarmos nesse trabalho grandioso—no que Ele fez em vez do que fazemos—encontraremos a fé para recebê-lo em nossos corações.

Demos uma olhada nas quatro coisas que a justificação significa para aqueles que recebem o dom através da confiança em Jesus.

1. Perdão para todos os nossos pecados

Primeiro, ser justificado significa ser perdoado por todos os pecados.

Todos os pecados—passado, presente e futuro

Dê uma olhada em Romanos 4:5–8 onde Paulo revela a verdade da justificação citando o Antigo Testamento.

5) Todavia, àquele que não trabalha, mas confia em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça. 6) Davi diz a mesma coisa, quando fala da felicidade do homem a quem Deus credita justiça independente de obras: 7) “Como são felizes aqueles que têm suas transgressões perdoadas, cujos pecados são apagados! 8) Como é feliz aquele a quem o Senhor não atribui culpa!”“.

Isso é central na justificação. Se agarre a essas três frases maravilhosas dos versos 7 e 8: "transgressões perdoadas," "cujos pecados são apagados,"“ a quem o Senhor não atribui culpa.”.

Note que Paulo não limita o perdão dos pecados aos que cometemos antes de acreditarmos—como que se os pecados passados estivessem perdoados, mas os do futuro não estivessem garantidos. Não há limitações como aquelas mencionadas. A bênção da justificação é que as transgressões são perdoadas, os pecados apagados e "o Senhor não atribui culpa." Afirmado de forma absoluta e inoportuna.

Porque Cristo carregou os nossos pecados e culpa

Como Ele conseguiu fazer isso? Romanos 3:24 diz que somos justificados "por meio da redenção que há em Cristo Jesus." A palavra "redenção" significa liberação, libertação ou soltura de algum tipo prisão ou servidão. O que quero dizer é que quando Jesus morreu por nós, Ele nos libertou da prisão de nossos pecados. Ele arrebentou as amarras da culpa que nos condenava.

Paulo diz em Gálatas 3:13 que "Cristo nos redimiu da maldição da Lei quando se tornou maldição em nosso lugar." Pedro diz (em 1 Pedro 2:24): "Ele mesmo levou em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro." Isaías disse: "E o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós." (53:6).

Portanto a justificação—o perdão dos pecados—vêm até nós por causa de Cristo que levou os nossos pecados, suportou a maldição, carregou a nossa culpa e nos livrou da condenação. Esse é o significado de sermos justificados "por meio da redenção que há em Cristo Jesus." Fomos livrados da punição porque Ele sofreu a punição.

Cristo sofreu apenas uma vez

E lembre-se disso: e sofreu apenas uma vez. Ele não é sacrificado de novo e de novo na Santa Ceia ou na Missa como que o seu primeiro sacrifício não tivesse sido suficiente. Hebreus 9:26 diz que "ele não tem necessidade de oferecer sacrifícios dia após dia, primeiro por seus próprios pecados e, depois, pelos pecados do povo. E ele o fez uma vez por todas quando a si mesmo se ofereceu" (cf. Hebreus 7:27). E novamente em 9:12, "ele adentrou o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, de uma vez por todas, e obteve eterna redenção." Isso é crucial para que possamos compreender a glória do que Deus fez por nós na cruz.

Você vê a conexão entre a irrepetível e única morte de Cristo e a totalidade dos seus pecados e os pecados de todo o povo de Deus? Não são alguns pecados, ou só alguns tipos, ou os do passado apenas, mas os pecados que Cristo apagou por todo o seu povo.

Portanto o perdão da justificação é o perdão de todos os nossos pecados, passado, presente e futuro. Isso foi o que aconteceu quando Cristo morreu.

2. Considerado justo com uma justiça alheia

Ser justificado significa ser considerado justo com a justiça de Deus nos sendo imputada, ou contada como nossa.

Não somos apenas perdoados e deixados parados perante Deus. Ele não somente põe os nossos pecados de lado, como também nos considera como justos e nos põe em pé ao seu lado. Ele nos dá a sua própria justiça.

A justiça de Deus através da fé em Jesus.

Dê uma olhada nos versos 21–22. Paulo acaba de dizer no verso 20 que nenhum ser humano poderia ser justificado pelas obras da lei. Você nunca poderia estar em uma posição correta perante Deus baseado em esforços legalísticos. Ele disse (para mostrar como a justificação é alcançada), "Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem.”.

Então mesmo que ninguém possa ser justificado pelas obras da lei, existe uma justiça de Deus que você pode ter através da fé em Jesus Cristo. Isso é o que quero dizer quando digo que ser justificado significa ser contado como justo. A justiça de Deus é contada através da fé em Jesus.

Quando Jesus morreu para demonstrar que a justiça de Deus, como vimos semana passada nos versos 25–26, Ele tornou essa justiça disponível como um dom para os pecadores. Se Cristo não tivesse morrido para demonstrar que Deus foi justo ao fechar os olhos para o pecado, a única forma que a justiça Dele poderia ter se manifestado seria através da nossa condenação. Mas Cristo morreu. Assim como a justiça de Deus não é mais uma condenação, mas um dom da vida para todos aqueles que acreditam.

2 Coríntios 5:21

2 Coríntios 5:21 é uma das mais empolgantes passagens sobre esse grande dom de justiça imputada. "Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus."

Cristo não conhecia o pecado. Ele era um homem perfeito. Ele nunca pecou. Ele viveu perfeitamente para a glória de Deus toda sua vida e em sua morte. Ele era justo. Todos nós, por outro lado, pecamos. Menosprezamos a glória de Deus. Fomos injustos.

Mas Deus, que nos escolheu em Cristo Jesus antes da fundação do mundo, ordenou que houvesse uma troca magnífica: Ele faria de Cristo pecado—não um pecador, pecado—nosso pecado, nossa culpa, nossa punição, nosso afastamento de Deus, nossa injustiça. E Ele tomaria a justiça de Deus, que Cristo tinha tão incrivelmente reivindicado, e nos daria e nos faria vesti-la e tomá-la como nossa da forma que Cristo fez com nossos pecados.

O importante aqui não é que Cristo se torna moralmente um pecador e nós moralmente justos. O ponto aqui é que Cristo carregou um pecado alheio e sofreu por ele, e carregamos uma justiça alheia e vivemos por ela.

A justificação precede a santificação

Garanta que você consiga ver a realidade objetiva disso fora de nós mesmos. Essa não é ainda a realidade da santificação—o processo atual de se tornar moralmente justos de uma forma que pensamos, sentimos ou vivemos. Aquilo também é um dom (veremos isso em três semanas). Mas é baseado neste. Antes que qualquer um de nós possa fazer progresso real no evangelho ao ser parcialmente justo, devemos acreditar que fomos totalmente contados como justos. De uma forma diferente, o único pecado que você pode subjugar praticamente no poder de Deus é um pecado perdoado. O grande dom da justificação precede e habilita o processo de santificação.

3. Amado por Deus e tratado com a graça

Ser justificado significa ser amado por Deus e tratado com a graça.

Cristo prova a medida do amor de Deus por nós

Se Deus não te amasse, não haveria nenhum problema para resolver através da morte do seu Filho. Foi o seu amor por você que o fez fechar os olhos para os seus pecados e o fez parecer injusto. Se Ele não te amasse, Ele poderia ter resolvido o problema do pecado simplesmente ao condenar todos nós à destruição. Isso teria justificado a sua justiça. Mas Ele não fez isso. E a razão é porque Ele te ama.

Isso é mostrado lindamente em Romanos 5:6–8.

Enquanto éramos ainda fracos, no tempo oportuno Cristo morreu pelo ímpio. Por que alguém dificilmente morreria por um homem justo—apesar de que por um homem bom alguém até mesmo se atreveria a morrer. Mas Deus mostra o seu amor por nós em que quando ainda éramos ainda pecadores Cristo morreu por nós.

O que Ele está nos provando é que a morte do seu Filho não é apenas a verdade da sua justiça, como também a medida do seu amor.

O dom gratuito de Deus

Em Romanos 3:24 Paulo disse que somos justificados "por sua graça como um dom." O amor de Deus pelos pecadores transborda em dons de graça—isto é, dons que vêm da bondade abundante de Deus e não por nossas obras ou valor.

O perdão dos pecados e a justiça de Deus são dons gratuitos. Isso significa que eles não nos custa nada porque eles custaram tudo em Cristo. Eles não podem ser obtidos através de obras ou herdadas através dos pais ou absorvidas através de sacramentos. Eles são gratuitos, são recebidos através da fé.

Romanos 5:17 diz dessa forma:

Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo.

O perdão dos pecados e a justiça de Deus são dons gratuitos da graça que fluem do amor de Deus.

Ser justificado significa ser perdoado, ser contado como justo e ser amado por Deus.

4. Protegidos por Deus para sempre

Finalmente, ser justificado significa ser protegido por Deus para sempre.

Essa é a bênção coroadora. Paulo proclama em Romanos 8:30. "E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou."

Se você é justificado, também será glorificado. Você alcançará a glória da era por vir e viverá para sempre com Deus em alegria e santidade. Por que tanta certeza disso?

Isso certo porque o efeito da morte do Filho de Deus é objetivo, real, definitivo e invencível para o povo de Deus. O que Ele alcançou foi para todo o sempre. O efeito do sangue de Cristo não é inconstante—Num momento salvando e logo em outro perdendo e depois salvando e depois perdendo.

Essa é a questão do verso 32, "Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?"—Isto é, Ele também não nos glorificará?! Sim! O mesmo sacrifício que assegurou a nossa justificação assegurará a nossa glorificação.

Se você está justificado nesta manhã, você está além de acusação e condenação. Verso 33: "Quem fará alguma acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica." Veja o motivo: se Deus te justificou através da morte do seu Filho, ninguém—no céu, na terra ou debaixo dela—ninguém pode te acusar de nada. Você será glorificado.

Por que? Porque você não tem pecado? Não. Porque você foi justificado pelo sangue de Cristo.