Como você fala sobre sofrimento com pessoas que estão no meio dele?
De Livros e Sermões BÃblicos
Por John Piper
Sobre Sofrimento
Uma Parte da série Ask Pastor John
Tradução por Felipe Kauss Goulart
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O texto seguinte é uma transcrição editada do áudio.
Como você fala sobre sofrimento com pessoas que estão no meio dele?
Eu penso que você precisa de um coração pastoral, sábio, sensível, paciente e com discernimento quando você se aproxima de uma pessoa em sofrimento, especialmente uma que acabou de entrar em profundo choque e dor (como a morte de uma pessoa amada, ou com a notícia de que alguém está com câncer, ou uma criança que nasceu com uma profunda invalidez).
Existem situações nas quais a realidade aterrissa com tal força que o que é primeiramente necessário é suporte, apoio antes de explicação. E você precisa vir acompanhado de muitas afirmações simples como “Estou aqui”. Como os amigos de Jó, sete dias e nenhuma palavra. Aqueles foram dias bons para Jó. Bons dias para Jó. E quando eles abriram suas bocas estúpidas e começaram a oferecer explicações inadequadas as quais colocaram Jó no banco da culpa que eles se tornaram falsos confortadores.
Então estar lá fisicamente e oferecer muito contato, oração, suporte, e carregar o fardo do dia a dia (como providenciar refeições, limpar a casa, e fazer atividades práticas que precisam ser feitas quando você está no hospital o dia inteiro), este tipo de atitudes comunicam o amor de Deus de uma forma muito poderosa.
E então nós tentamos discernir quando eles estão prontos para ouvir mais verdades bíblicas. Você provavelmente deveria começar com a sólida verdade “Deus é por você. Creia Nele.” Eles podem parecer que não estão crendo, mas você continua dizendo a verdade “Deus é por você. Cristo morreu por você”. “Aquele que nem mesmo o seu próprio Filho poupou... como não nos dará também com ele todas as coisas?” (Romanos 8:32) E depois, assim que eles, possivelmente, pressionarem você contra o tempo com o porquê isto aconteceu, então você pode seguir em frente com as verdades que no começo pareciam ser mais difíceis.
Eu mencionei algum tempo atrás, durante uma gravação, que existem algumas famílias em nossa igreja agora mesmo, que tem lindos testemunhos do fato de que toma tempo para vir descansar na soberania de Deus no meio de uma grande crise. Então eu quero dar as pessoas tempo.
Eu tenho essa frase que eu aprendi do livro de Jó que fala sobre “palavras para o vento” (Jó 6:26). E penso que isso significa que às vezes você diz coisas no meio da crise que ninguém deveria levar a sério. Elas deveriam ser palavras para o vento.
Digamos que você está sentado e ouvindo alguém que está dizendo algo como, “Eu não penso que Deus pode me amar e fazer isso”. Bom, se você conhece essa pessoa, e ela tem andado com Deus por um longo tempo, em vez de deixar as palavras entrarem nos seus ouvidos, alojarem-se, e produzirem dúvidas em você sobre a fé dela, você deveria apenas deixar o vento levar essas palavras embora. Você deveria dizer para si mesmo, “Isso não veio do coração dela, essas são palavras para o vento, deixa-as ir”. Porque ela vai se lamentar por ter dito isso, e ela realmente não queria dizer isso. É só que ela não tem palavras agora para expressar a dor, e essas pareciam ser algo que poderia funcionar.
Eu gosto de trazer as pessoas comigo o longe o suficiente para que elas nunca digam coisas como essas, mas como pastor eu não tenho a luxo de ditar o que meu povo diz. Eu só quero ser paciente e ajudar.
Se uma pessoa não está encontrando conforto acreditando que Deus está envolvido até nas nossas catástrofes, eu penso que ajuda apontar o contrário, para ver se o oposto do envolvimento de Deus é mais confortante para ela do que o envolvimento. Eu penso que o que as pessoas podem precisar ouvir num ponto como esse é, “Se Deus não é poderoso o suficiente para parar aquele acidente, qual ajuda Ele pode te oferecer agora?”.
Em outras palavras, fazer com que as pessoas pensem um pouco além da imediata afirmação do problema teológico que elas estão levantando, para que as conseqüências de rejeitar a soberania de Deus serem sentidas como algo pavoroso, ameaçador e terrível como é. E quão precioso é isso, de ter Deus ao nosso lado, agora em nossa crise, e que pode, em sua soberania, trabalhar todas as coisas juntas para o nosso bem, o que nós não teríamos se Ele fosse um tipo de Deus que não poderia parar aquele acidente.
Nós devemos ser pacientes com as pessoas e não assumir que suas palavras “para o vento” são suas últimas palavras.