Não Podemos nos Apegar à Amargura e a Deus

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English: We Cannot Cling to Bitterness and God

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Por Vaneetha Rendall Risner Sobre Sofrimento

Tradução por Michael Suzigan

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Perdão. A simples palavra já pode nos irritar. Feridas passadas instintivamente vêm à mente, fazendo com que o perdão pareça impossível (ou pelo menos superficial). O que parece natural é persistir nas coisas horríveis que os outros nos fizeram, ensaiando seus erros e planejando nossa retaliação, mesmo que fique apenas em nossa imaginação.

Eu sei. Eu tratei minha raiva enquanto me remoía com as maneiras pelas quais as pessoas me machucaram. Um amigo próximo que terminou nossa amizade de longa data por causa de um mal-entendido. Uma mulher que eu orientei por anos e que me falou mal de mim pelas costas. Meu marido que de repente me deixou por outra pessoa. O médico cujo erro descuidado acabou com a vida do meu filho.

Lembro de estar sentada no escritório de um conselheiro, falando sobre uma traição dolorosa. Quando a palavra perdão foi mencionada, fiquei furiosa. Parecia que ele estava sugerindo que eu oferecesse a essa pessoa uma de “saída livre da prisão”, o que era impensável depois de tudo o que sofri. Só de ouvir a palavra fiquei com raiva. Por que eu deveria perdoar? Ainda mais quando a pessoa nem parecia estar arrependida.

Mas quando meu conselheiro mencionou os princípios bíblicos do perdão, não pude ignorar suas palavras. Percebi que não tinha entendido completamente o que era o perdão — e o que não era.

Tabela de conteúdo

O que É e o que Não É o Perdão

Existem muitas definições de perdão, mas uma definição simples é abrir mão do direito de machucar os outros em resposta à maneira como eles nos machucaram. Perdoar significa recusar-se a retaliar ou guardar rancor contra as pessoas pelas maneiras como elas nos feriram. É um ato unilateral — não condicionado à pessoa estar arrependida ou mesmo disposta a reconhecer o que fez.

Perdoar não é dizer que o pecado não importa. Não é aprovar o que a outra pessoa fez, minimizar a ofensa ou negar que fomos injustiçados. Perdoar é reconhecer que a outra pessoa pecou contra nós e pode nunca ser capaz de consertar as coisas. O apóstolo Paulo escreve: “Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo” (Efésios 4:32). Se Deus em Cristo nos perdoou, então perdoar alguém não pode significar diminuir o mal que eles fizeram. Deus jamais poderia fazer isso com o pecado e permanecer justo.

O perdão nem sempre significa reconciliação ou restauração. E não requer restaurar a confiança ou convidar as pessoas que nos machucaram de volta a um relacionamento. O perdão é incondicional, mas a reconciliação e a restauração significativas são condicionais (no evangelho e nas relações humanas) ao arrependimento genuíno do ofensor, à disposição humilde de aceitar as consequências de suas ações e ao desejo de ambas as partes de trabalhar no relacionamento.

Perdoar as pessoas também não significa que elas não sofrerão consequências por seus pecados. Quando as perdoamos, no entanto, deixamos essas consequências para Deus, que diz: “Minha é a vingança, eu recompensarei” (Romanos 12:19). Isso não significa que não podemos tomar medidas legais, se justificadas, contra alguém que nos prejudicou. Em algumas circunstâncias, isso pode ser vital para a reabilitação do infrator ou para proteger outras vítimas potenciais.

O perdão custa caro. Na Bíblia, ele envolve derramar sangue (Hebreus 9:22). Sacrifício. Morte. Honestamente, o primeiro passo do perdão ainda se parece muitas vezes com a morte. Quero me agarrar ao meu direito de ficar com raiva e muitas vezes fico ressentida de ter que abrir mão disso. Isso tudo parece tão injusto. Minha carne ainda exige algum tipo de retribuição.

Minha resistência me mostra que preciso da ajuda de Deus para entender o perdão e perdoar verdadeiramente.

Por Onde Começamos?

Muitas vezes eu tive que dizer: Senhor, não quero perdoar agora, mas poderia me dispor a perdoar? O Senhor perdoou todos os meus pecados e eu sei que qualquer coisa que eu perdoar aos outros é pequena em comparação (Mateus 18:21–35). Mas não consigo sem o Senhor. Por favor, me ajude.

Muitas vezes, tenho que repetir essa oração até que Deus mude meu coração. Quando o faz, Ele geralmente me ajuda a ver as feridas da pessoa que me machucou — feridas que não diminuem, justificam ou desculpam a ofensa, mas que suavizam minha atitude em relação à pessoa.

Depois que estou empenhada em querer perdoar, começo o processo de perdão nomeando o que aconteceu e todas as repercussões negativas das ações e palavras da pessoa. Eu incluo tudo. O que eu perdi. O que tem sido difícil. Como isso me fez sentir. Quero saber do que estou abrindo mão antes de perdoar para poder seguir em frente, sabendo que contei o custo.

Para a maioria das ofensas, o perdão é tanto uma decisão inicial de deixar de lado a amargura quanto um processo longo e contínuo. Quando ofensas vêm à mente e memórias dolorosas começam a voltar, eu preciso intencionalmente parar de ensaiá-las e pedir ao Senhor que me ajude a me livrar destes pensamentos e praticar o perdão.

Por que o Perdão É Vital para a Alegria

Durante anos, não percebi a importância do perdão e, de alguma forma, achei que era opcional; agora o vejo como um mandamento. “Assim como Cristo vos perdoou”, diz Colossenses 3:13, “assim fazei-o vós também”.

Portanto, para perdoar verdadeiramente aqueles que nos ofenderam, devemos primeiro receber o perdão de Deus, reconhecendo nossa necessidade diante dele, o que nos capacita para perdoar os outros. O perdão cristão é vertical primeiro, depois horizontal. Ao longo das Escrituras, nosso Senhor entrelaça seu perdão a nós com nosso perdão aos outros (Mateus 6:14–15). E como em todos os seus mandamentos, sempre para o nosso bem.

Perdoar aqueles que nos feriram nos liberta. Evita que a amargura crie raízes, amargura que nos contaminaria e a todos ao nosso redor (Efésios 4:31). Quando nos apegamos ao ressentimento, inconscientemente damos ao nosso ofensor poder contínuo sobre nossos corações, o que nos mantém escravizados pela nossa raiva. Esta prisão que criamos nos afasta de nosso Senhor porque não podemos nos apegar à amargura e a Deus.

Da mesma forma, perdoar aqueles que nos prejudicaram desfaz o domínio da amargura sobre nós. Deus, que perdoou nossa enorme dívida, nos dá o poder de perdoar os outros. É o poder dele, não o nosso. Este é o milagre do perdão cristão: quando perdoamos, Cristo faz algo profundo em nós e por nós. Essas feridas infligidas pelos outros nos enxertam firmemente em Cristo, a videira, e sua vida flui ainda mais poderosamente através de nós. O processo libera o poder de Deus em nossas vidas de uma maneira incomparável, fazendo com que o perdão seja um dos passos mais transformadores que podemos dar.

Perdão, Liberdade e Paz

Alegria e tristeza muitas vezes coexistem, mas alegria e amargura não. A amargura e o rancor roubam a vitalidade de nossas vidas, a paz e a alegria revigorante da presença de Deus.

Vemos o poder do perdão e da graça na vida de José (Gênesis 50:15–21) e Jó (Jó 42:7–10), que perdoaram aqueles que os ofenderam. E vemos o domínio do rancor e raiva sobre outros como Joás, que assassinou o sacerdote que discordava dele (2 Crônicas 24:20–22), e até mesmo sobre Jonas, que estava zangado com a compaixão de Deus (Jonas 4:1–3). Ser capaz de perdoar não muda apenas o nosso presente; muda o nosso futuro. Quando perdoamos, podemos começar a andar em liberdade e alegria.

Não sei como você está na sua jornada para o perdão. Talvez a ferida para você ainda esteja fresca e seja necessário tempo para processar tudo o que aconteceu. Talvez você esteja se apegando à amargura por muito tempo, e Deus está pedindo para você deixá-la ir. Se você se vê assim, eu te encorajo a orar. A confiar em Deus. A perdoar seu ofensor. Você não vai se arrepender.

E depois de ter perdoado, depois de ter sido libertado da prisão da amargura, você vai se surpreender com a rapidez com que Deus começa a inundar sua vida com a alegria e a paz que você perdeu.