Abençoe Áqueles Que Te Odeiam
De Livros e Sermões BÃblicos
Tradução por Carla Schnerring
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Por Rosaria Champagne Butterfield
Sobre Santificação e Crescimento
Mas eu digo a vocês que me ouvem, amem seus inimigos, façam o bem áqueles que os odeiam, abençoem os que os amaldiçoam, orem por aqueles que os maltratam. (Lucas 6:27-28)
Há mais de duas décadas, em uma noite de julho excepcionalmente quente em Syracuse, Nova Iorque, eu estava na entrada do Pastor Ken Smith e bati à porta. Eu vinha fazendo isso há meses, jantando com meus inimigos.
Eu era uma professora de inglês, lésbica e ativista feminista na Universidade de Syracuse. Pensava que estava fazendo uma pesquisa sobre esse estranho grupo de pessoas chamadas cristãos, pessoas que se opunham aos direitos civis plenos para homossexuais com eu. Ken era pastor da Igreja Presbiteriana Reformada de Syracuse. Naquela noite de julho, Ken abriu a porta, me abraçou calorosamente e me deu boas vindas. Jantar com meus inimigos foi uma experiência fascinante. Isso me fez sentir uma verdadeira liberal.
Eu sabia que estava em território inimigo. Mas eu não acredito nisso, eu era a inimiga. Como pode ser? Eu estava do lado da justiça social, das reparações para os desprivilegiamos, da reconciliação racial e da inclusão equitativa para todos.
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Identificando o Inimigo
Por anos — e antes de me tornar crente e Ken se tornar pastor — Eu aproveitei a companhia da família Smith durante as refeições. Assisti às devoções familiares de Ken e participei do canto dos Salmos. Então, naquele jantar de julho, percebi a verdade. Eu não era a vítima jantando com meus perseguidores. Eu não estava à mesa do inimigo. Eu era a inimiga.
Eu achava que estava do lado certo da história. Foi um golpe perceber que eu estava perseguindo Jesus o tempo todo. Não o personagem histórico chamado Jesus. Mas o Rei Jesus. O Jesus que é o soberano Rei deste mundo e se tornaria meu Senhor. Meu Jesus. Meu Profeta, Sacerdote, Rei, Amigo, Irmão e Salvador. Aquele Jesus.
Não gosto de pensar que eu era a inimiga que odiava, a inimiga que amaldiçoava e a inimiga que abusava. Mas é a verdade. E, em vez de me odiar de volta, Ken Smith reuniu uma equipe tão ampla de guerreiros de oração que provavelmente não conhecerei todos os crentes que oraram pela minha salvação até chegar ao céu.
De Maldições a Amaldiçoado
Mais recentemente (cerca de um ano atrás), me vi sob ataque novamente, e desta vez em três frentes diferentes.
Um grupo nacional de direitos LGBTQ+ ficou bravo comigo quando o desfile do ORGULHO de 2020 foi cancelado pela primeira vez em cinquenta anos. Cristãos de um ministério de discernimento acreditavam que eu estava sendo bondosa demais em meu evangelismo na comunidade LGBTQ. Cristãos gays autodeclarados achavam que eu estava sendo dura demais em minha rejeição ao "Cristianismo Gay." Era tentador lidar com isso de forma carnal — desejar que todas essas pessoas pudessem ser trancadas na mesma sala e resolver suas diferenças.
Mas não é isso que Deus nos chama a fazer quando estamos sob ataque. Deus nos chama a amar nossos inimigos. Esse período foi espiritualmente rico, repleto de cânticos de Salmo, reflexões, arrependimentos e oração. À medida que os ataques negativos se intensificaram, as palavras do grande puritano John Owen começaram a fazer sentido. Owen considera a união com Cristo "a causa de todas as outras graças que um crente recebe" (A Puritan Theology, 485). Isso ocorre porque a união com Cristo depende, primeiro, de Cristo conhecer você.
Conhecido por Cristo
A questão para o cristão que sofre não é, em primeiro lugar, se você conhece Cristo. A questão primordial é: Cristo conhecer você? A união com Cristo é, primeiro sobre, Cristo conhecer você. Sofre por Cristo é um grande privilégio. É o privilégio de João 10:27: "Minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem." Porque Jesus conhece o crente, ouvimos sua voz, o seguimos e sofremos com ele.
Você quer saber por que a igreja carece de unidade? Porque tentamos construir nossa unidade em questões — em nossas posições sobre os assuntos mais urgentes do dia. Mas a unidade não se origina, e nunca se originará, da lealdade compartilhada a questões. A unidade cristã flui da nossa união com Cristo, porque é ele quem nos capacita a morrer para nós mesmos.
O conforto que encontramos em Cristo não é repouso passivo em nossa poltrona favorita. Mesmo em inglês, a palavra conforto remete a um significado mais profundo, originário da Idade Média, que se refere ao fortalecimento moral e físico necessário. O conforto é ativo. Deus nos dá conforto porque somos fracos demais para continuar, e seu conforto nos revigora. O conforto de Deus é poder. Não é apenas para nos fazer sentir melhor. É para nos tornar mais semelhantes a Jesus.
Comunhão no Sofrimento
O Catecismo de Heidelberg de clara que nosso "único conforto na vida e na morte" não será encontrado em nenhum dos valores aos quais dediquei minha vida por décadas: justiça social, reparações para os desfavorecidos, reconciliação racial e inclusão equitativa para todos. Não. Meu único conforto na vida e na morte, diz o majestoso Heidelberg, é
que eu, com corpo e alma, tanto na vida quanto na morte, não sou meu, mas pertenço ao meu fiel Salvador, Jesus Cristo; que com seu precioso sangue satisfez plenamente todos os meus pecados e me livrou de todo o poder do diabo; e assim me preserva de modo que, sem a vontade de meu Pai celestial, nem um cabelo pode cair da minha cabeça; e que todas as coisas devem servir à minha salvação; por isso, pelo seu Santo Espírito, ele também me assegura a vida eterna e me torna de coração disposto e pronto, doravante, a viver para ele. (ênfase adicionada)
Qual á a grande diferença entre um crente e um não crente? O crente não pertence a si mesmo.
O que significa para um crente a experiência de ódio, abuso, calúnia e discriminação injusta? Significa que, sob a providência de Deus, essas circunstâncias dolorosas são "subservientes à minha salvação". O ódio que um crente recebe é subserviente, o que significa que é instrumental; é um meio para um fim. E qual é esse fim? Participar da "comunhão em seus sofrimentos" (Filipenses 3:10 KJV). Crescer em santificação. Tornar-se mais como Jesus.
A Perseguição Tem um Senhor
As palavras de Lucas são direcionadas apenas aos crentes, a "vocês que ouvem." Alguém com um novo coração, ouvidos receptivos e olhos iluminados. Vivemos em um mundo barulhento — podcasts, televisão, mídia social e assim por diante — mas Jesus nos diz para ouvi-lo.
Que privilégio incrível é ser alguém escolhido, eleito, salvo, justificado, santificado e guiado diariamente pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores. Se nada mais for bom em sua vida além do fato de que Jesus abriu seus ouvidos, você já é mais abençoado do que qualquer perseguição ou perseguidor que surgir em seu caminho. A perseguição é subserviente — é um meio para um fim. E esse fim é a sua santificação.
Na providência de Deus, como crentes, teremos muitas oportunidades de amar, fazer o bem, abençoar e orar por aqueles que nos odeiam. E, à medida que Deus amplia nossos corações por meio de seu Espírito, nos confortando através da união com Cristo e nos assegurando de sua soberania, não falharemos em fazê-lo.