A oração para acabar com todas as orações
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Marshall Segal Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Juan Flavio De Sousa De Freitas
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Amém! Ora, vem, Senhor Jesus! (Apocalipse 22:20)
A última oração da Bíblia é também uma das mais curtas; e, no entanto, está repleta de tristeza e expectativa, angústia e esperança, agonia e alegria. Você consegue imaginar o apóstolo João, o discípulo que Jesus amava (João 13:23), saboreando essas três palavras — “Vem, Senhor Jesus!” — enquanto estava abandonado entre criminosos na ilha de Patmos? A promessa de que Cristo voltará é mais doce do que quando a vida na Terra parece dura e implacável?
É quase como se João tentasse atrair o Jesus ressuscitado do céu, orando com todas as suas forças. O solo árido e rochoso sob seus joelhos era mais do que uma prisão; era um modelo da maldição, trinta quilômetros quadrados invadidos pelas consequências do pecado. O sofrimento faz isso. Ele abre nossos olhos para tudo o que o pecado arruinou, para toda a dor e destruição que causou no mundo. E, de uma forma estranha, o sofrimento muitas vezes nos desperta para a promessa da sua vinda.
A fraqueza e a doença nos fazem ansiar ainda mais por novos corpos. Conflitos relacionais prolongados nos fazem ansiar ainda mais pela paz. Guerras, furacões e terremotos nos fazem ansiar ainda mais pela segurança. Nosso pecado remanescente nos faz ansiar ainda mais pela impecabilidade. “Vem, Senhor Jesus!” é o clamor de alguém que realmente espera que um mundo melhor venha, e em breve. O sofrimento apenas intensifica esse anseio e essa expectativa.
Muitas orações em uma
A oração “Vem, Senhor Jesus!” é, na verdade, muitas orações em uma. O que acontecerá quando Cristo finalmente voltar? Os versículos iniciais de Apocalipse 21 nos dizem quantas de nossas orações serão respondidas naquele dia.
Vem, Senhor Jesus, e seca nossas lágrimas. Os seguidores de Jesus não são poupados da tristeza nesta vida. Na verdade, segui-lo muitas vezes significa mais lágrimas. O próprio Jesus nos alertou que seria assim: “No mundo tereis aflições” (João 16:33). Mas um dia, “Limpará de seus olhos toda lágrima” (Apocalipse 21:4). Naquele mundo, não teremos aflições, nem tristezas, nem angústias, nem perseguições, nem perigos. Quando ele voltar, nunca mais teremos motivos para chorar.
Venha, Senhor Jesus, e ponha fim à nossa dor. Alguns anseiam pelo fim da angústia; outros sentem as consequências do pecado em seus corpos. A dor os acompanha como uma sombra. Apocalipse 21:4 continua: “... não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor”. Você consegue imaginar alguém que lutou contra a dor crônica por décadas acordando uma manhã e não sentindo mais dor? Será como um homem que nunca viu nada claramente finalmente colocando seu primeiro par de óculos, exceto que o sofredor sentirá essa sensação em cada músculo e nervo. A ausência da dor libertará seus sentidos para desfrutar do mundo como nunca antes.
Venha, Senhor Jesus, e mate a morte. Jesus veio para destronar a morte. Hebreus 2:14-15 diz: “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte, aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão”. Todos os que estão lendo este artigo já foram escravos do medo da morte. Mas a morte perdeu seu aguilhão quando o Filho de Deus morreu. E um dia, a própria morte morrerá. Quando o Autor da vida vier, “não haverá mais morte” (Apocalipse 21:4).
Venha, Senhor Jesus, e livre-nos do pecado. Esse fardo pode ser mais sutil nesses versículos, mas não teria sido sutil na imaginação de João. Ele escreve no versículo 3: “Eis que a morada de Deus está com os homens”. E ele sabia que Deus não pode habitar com o pecado. Para que Deus venha e habite conosco, ele terá primeiro que erradicar o pecado que permanece em nós, e é exatamente isso que ele promete fazer. O pecado que se esconde em cada sombra e atrás de cada esquina será repentinamente extinto. Ele lançará toda causa de pecado em sua fornalha ardente (Mateus 13:41). “Quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque assim como é o veremos” (1 João 3:2).
Venha, Senhor Jesus, e renove todas as coisas. Em outras palavras, tudo o que não está incluído nas orações acima também será corrigido. “E vi um novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21:1). Nada aqui ficará intocado. Qualquer aspecto da vida na Terra que mais o aflige será diferente. Quaisquer medos que o atormentam, quaisquer provações que o surpreendem, quaisquer nuvens que o seguem, tudo será transformado — num piscar de olhos — e despojado de suas ameaças. No mundo vindouro, não teremos nada a temer, nada a lamentar, nada a suportar, nada a confessar. Você consegue imaginar?
Mais do que uma oração por alívio, segurança, cura ou mesmo inocência, “Vem, Senhor Jesus!” é uma oração por ele.
Sua presença é o paraíso
O coração ardente do apelo de três palavras de João não é pelo que Jesus faz, mas por quem ele é. Isso fica claro ao longo do livro do Apocalipse. O mundo que está por vir é um mundo desejável porque Jesus vive nele. Afinal, a oração de João — “Vem, Senhor Jesus!” — é uma resposta à promessa de Jesus, repetida três vezes nos versículos anteriores: “Eis que presto venho... E eis que cedo venho... Certamente, cedo venho” (Apocalipse 22:7, 12, 20).
Enquanto o apóstolo definhava na prisão, ele podia ver o Noivo no horizonte (Apocalipse 1:12-16). Seu cabelo era branco como a neve. Seus olhos estavam cheios de fogo. Seus pés eram como bronze polido. Seu rosto era como o sol brilhando em toda a sua força. O homem com quem ele havia caminhado, conversado, rido e certamente chorado, agora totalmente glorificado e pronto para receber e resgatar sua noiva, a igreja. O Tesouro não estava mais escondido em um campo, mas cavalgando nas nuvens.
Até mesmo a visão dos novos céus e da nova terra em Apocalipse 21 faz do próprio Deus o maior prêmio do mundo vindouro: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus” (Apocalipse 21:3). Sim, queremos um mundo sem tristeza, sem dor, sem medo, sem morte. Mas é melhor ter um mundo como o nosso com Deus do que ter qualquer outro mundo sem ele. Sua presença define o paraíso.
Randy Alcorn escreve:
Nada é mais frequentemente diagnosticado erroneamente do que nossa saudade do céu. Achamos que o que queremos é sexo, drogas, álcool, um novo emprego, um aumento, um doutorado, um cônjuge, uma televisão de tela grande, um carro novo, uma cabana na floresta, um apartamento no Havaí. O que realmente queremos é a pessoa para quem fomos feitos, Jesus, e o lugar para o qual fomos feitos, o céu. Nada menos do que isso pode nos satisfazer... Podemos imaginar que queremos mil coisas diferentes, mas Deus é aquele por quem realmente ansiamos. Sua presença traz satisfação; sua ausência traz sede e saudade. Nossa saudade do céu é uma saudade de Deus. (Heaven, 166, 171)
Uma Segunda Vinda
Embora a breve oração do apóstolo seja o convite mais memorável em Apocalipse 22, não é o único. A Bíblia não termina apenas com um apelo desesperado para que Cristo retorne, mas também com um convite caloroso aos cansados, aos que sofrem e aos que têm sede espiritual.
E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede, venha; e quem quiser tome de graça da água da vida. (Apocalipse 22:17)
Enquanto João antecipa o retorno de Cristo, reunindo seu povo e exterminando todos os seus inimigos, seus últimos pensamentos não são de julgamento, mas de misericórdia. Ele não termina com fumaça subindo do tormento, mas com uma fonte gratuita e transbordante oferecida a todos os que vierem. Suas palavras ressoam com um convite antigo e glorioso, Isaías 55:1-2:
Ó vós todos os que tendes sede, vinde às águas, e vós que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite. Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura.
Quando Jesus vier, comeremos, beberemos e desfrutaremos sem fim. A fome e a sede se tornarão memórias distantes. Se as tristezas roubaram seu sono, se a dor tornou difíceis até mesmo os dias normais, se a morte levou aqueles que você ama, se a vida às vezes pareceu estar contra você, se você não consegue se livrar de uma dor incômoda por mais, então venha e coma com ele. Este mundo pode ser o único mundo que você conhece, mas um mundo melhor está chegando, e ainda há lugar à mesa.
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