A fraqueza não justifica o pecado
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Steven Lee Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Waideman Leticia
Você pode nos ajudar a melhorar por rever essa tradução para a precisão. Saber mais (English).
Tudo que me vem à mente sobre minha primeira e única maratona é o desapontamento. Após me formar na universidade, decidi realizar um dos desejos da minha lista: correr uma maratona. Com um emprego estável e sem compromissos familiares, parecia o momento perfeito. Embora nunca tenha corrido uma meia maratona, ingenuamente acreditei que três anos de cross country no ensino médio seriam suficientes para enfrentar os 42 km. Eu estava muito enganado.
Ignorando os detalhes e sem o treinamento adequado para corridas longas, não preparei meus pés e pernas para o impacto. No dia da corrida, avancei sem hesitação até os 29 km, mas então, nos últimos 13 km, meu corpo começou a falhar, e meu ego ficou ferido.
Quando penso na maratona, não me lembro das belas corridas ao longo da praia de La Jolla, na Califórnia, nem da euforia de acumular quilômetros ou da emoção do dia da prova. Tudo o que recordo são os dolorosos 13 km, mancando até a linha de chegada. A lembrança das minhas fraquezas é o que permanece.
Tabela de conteúdo |
Falhas e Fraquezas
É fácil lembrar de nossas falhas: desistência, abandono, divórcio, separação, demissão, falência e imperfeição. Da mesma forma, as fraquezas constantes se destacam em nossas mentes: fragilidade física, alimentação inadequada, inteligência abaixo da média, dificuldades de aprendizado, fragilidade emocional e traumas de infância.
Em um nível, devemos nos orgulhar de nossas fraquezas. Queremos seguir o exemplo do apóstolo Paulo, que afirmou: “Me gloriarei ainda mais das minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim” (2 Coríntios 12:9). Nossas fraquezas são oportunidades para que o poder de Cristo se manifeste por meio da dependência e da fé. Refiro-me aos aspectos dolorosos, mas moralmente neutros, que fazem parte dos planos divinos para nós nesta era.
Surpreendentemente, nós podemos até mesmo nos orgulhar da nossa fragilidade advindas das nossas feridas. Deus deseja estar “perto dos que têm o coração quebrantado e salvar os de espírito abatido” (Salmos 34:18). Deus transforma o mal em uma oportunidade de revelar o Seu poder, presença e conforto. Recebemos de Deus conforto na aflição, para que também possamos consolar aqueles que estão em tribulação (2 Coríntios 1:4). O quebrantamento é um treinamento para servir bem aos outros.
Embora possamos aprender a aceitar e até mesmo nos orgulhar de nossa fraqueza, é importante não confundir fraqueza com pecado.
Fachadas e Desculpas
O pecado frequentemente se disfarça de fraqueza ou fragilidade, apresentando-se como algo moralmente neutro, quando, na verdade, é uma doença fatal que pode nos destruir. Somos tentados a justificar nossas transgressões — luxúria, raiva, impaciência, ambição egoísta, dureza, gula, desonestidade, fofoca, entre outras — como características naturais da condição humana ou como consequências de traumas passados. É fácil acreditar que, devido ao nosso passado, temos uma maior propensão a agir dessa maneira do que os outros. No entanto, embora nosso passado possa influenciar nossos pensamentos e comportamentos atuais, isso não nos exime da responsabilidade de lutar contra nossos pecados.
Em uma famosa citação, o puritano John Owen afirma: “Mate o pecado, ou ele matará você.” Essa verdade se aplica tanto aos pecados eventuais quanto àqueles que consideramos especialmente sedutores e persistentes. Independentemente de nosso passado, temperamento ou personalidade, não há justificativas para abraçar o pecado.
Por exemplo, se um jovem enfrenta dificuldades com a pornografia porque foi exposto a material ilícito muito cedo, isso é sério. Ele foi vítima do pecado por parte daqueles que o expuseram a isso, e agora sofre com a crescente tentação e os diversos danos que isso causou ao seu cérebro. Mas as inclinações e propensões pecaminosas do jovem não são desculpas para o seu pecado.
Ainda que nossas experiências passadas possam nos ajudar a entender as nossas lutas (anorexia, gula, ansiedade, insegurança, ataque de fúria, impaciência, e assim por diante), elas certamente não são desculpas. Os cristão estão sempre — ou deveriam estar — em um caminho contínuo em direção a uma crescente santidade. De fato, uma propensão para um tipo de pecado em particular deve nos tornar ainda mais vigilantes contra ele.
Fortaleça Seus Joelhos Enfraquecidos!
O autor de Hebreus reconhece a tentação do cansaço e do desânimo na luta contra o pecado. Todavia, ele não usa esse cansaço como justificativa para os pecados de seus leitores; em vez disso, os convoca a se levantar, capacitados por Deus, e a lutar com determinação. Ele diz: “Levante suas mãos exauridas e joelhos enfraquecidos para que possam alcançar a graça de Deus” (Hebreus 12:12, 15). Mas como eles podem fazer isso?
O escritor exorta seu público a se livrar do pecado e da tentação, olhando para Jesus Cristo, “o fundador e aperfeiçoador da nossa fé” (Hebreus 12:2). Essa orientação é simples, mas eficaz na luta contra a armadilha do pecado: olhe para Jesus. Reflita sobre Sua vida, morte e ressurreição por você. Considere Seu governo e reinado à direita do Pai, bem como como Ele lutou e perseverou até a morte, em obediência à vontade do Pai.
Assim como em uma maratona, a corrida da vida cristã é, acima de tudo, sobre terminar. Não importa como você chega lá ou quão fraco se sentiu ao longo do caminho; o importante é continuar correndo. Na vida cristã, essa corrida é a luta pela alegria em Deus, resistindo aos efeitos do pecado que ameaçam essa alegria.
Deus também oferece Sua disciplina como um gesto de graça, que restaura a vida dos crentes. Ele disciplina Seus filhos para o nosso próprio bem, visando nossa santificação (Hebreus 12:10). Embora seja natural para um pai disciplinar seus filhos, aceitar essa disciplina em nossa própria vida é muito mais desafiador.
Dificuldades e Desafios
Assim, Deus convoca os crentes: “Levantem suas mãos caídas e seus joelhos debilitados” (Hebreus 12:12). Ele nos exorta a não sucumbir ao peso do cansaço, do desânimo ou da disciplina corretiva, mas a renovar nossa busca pela santidade. Não desista nem se entregue ao pecado. Embora a dificuldade dessa tarefa possa parecer intimidante, ela aumenta o valor da recompensa. Como diz o famoso slogan: sem dor, não há ganho.
Dificuldades e desafios são bons sinais de que estamos nos esforçando efetivamente na luta contra o pecado. Ao buscar a santidade, precisamos abraçar a luta, o suor e a dor (Hebreus 12:4). O pecado e Satanás tentam roubar a alegria dos crentes, tornando-os ineficazes e desviando-os do caminho que leva à alegria e à glória eterna. Reconhecer a fraqueza não significa se render ao pecado; pelo contrário, é lembrar que não podemos lutar sozinhos. Essa consciência renova nossa fé em Cristo, confiando nos recursos infinitos que Ele nos oferece.
Fraqueza sem Pecado
É comum nos sentirmos tentados a nos entregar às nossas fraquezas, desejando ser mais semelhantes uns aos outros. No entanto, refletir sobre o poder de Deus que atua em nossas fragilidades é muito mais enriquecedor, pois Ele renova nossas energias para enfrentarmos o pecado. Em vez de nos lamentarmos por nossas incapacidades, devemos confiar naquele cuja capacidade é incalculável: Jesus, que assumiu nossas fraquezas para nos fortalecer Nele.
Nosso irmão mais velho experimentou todas as limitações da condição humana, enfrentou diversas tentações sem pecar e suportou extrema agonia e desprezo em prol da nossa redenção. Assim, temos um sumo sacerdote compreensivo que nos leva ao Pai e um Salvador que destruiu o poder do pecado, permitindo-nos experimentar uma crescente liberdade enquanto aguardamos, purificados e renovados, a eternidade ao Seu lado no céu.