A Tentação Não É Uma Inimiga Simples

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English: Temptation Is No Simple Enemy

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Por Marshall Segal Sobre Santificação e Crescimento

Tradução por Ana Cristina Bonetti

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A tentação muitas vezes prevalece contra nós por causa de nossas suposições simples e ingênuas sobre ela.

Esperamos que a tentação entre pela porta da frente, vestida como um lobo, anunciando-se em alto e bom som. Mas a tentação muitas vezes prefere a porta dos fundos, a janela do quarto e aquela fresta entre os pisos. A tentação baseia-se na sutileza e na nuance, no engano e na surpresa, na ignorância e na ingenuidade. Para começar a saborear a vitória, precisamos começar a tratar a guerra como uma guerra. Precisamos estudar o inimigo de nossas almas.

Nos lembramos da história de Sansão e Dalila porque ela dominou o homem mais forte do mundo. Mas, já paramos para realmente nos perguntar como? Como Dalila subjugou um homem que acabara de matar mil homens? Quando desvendamos os segredos de sua sedução, eles podem se tornar armas para nós contra qualquer tentação que enfrentemos.

Tabela de conteúdo

A Ambição da Tentação

O primeiro passo para levar a tentação mais a sério é lembrar que a tentação tem uma missão: arruinar sua alma e roubar você de Deus. Nenhuma tentação é inocente ou trivial. Todas as tentações tramam e esquematizam para este único objetivo: sua miséria sem fim. A tentação lhe agradará para lhe abusar, lhe seduzirá para desfazê-lo, lhe distrairá para destruí-lo.

Dalila talvez estivesse motivada pelo dinheiro e não pelo ódio, mas ainda assim estava determinada a destruir Sansão. Os filisteus, seus inimigos assassinos, disseram-lhe, "Convença-o e veja em que consiste o segredo da grande força que ele tem e com que poderíamos amarrá-lo, para assim podermos subjugá-lo" (Juízes 16:5). Poucos versículos antes, Sansão havia matado mil deles com apenas uma queixada (Juízes 15:16). Esses homens estavam sedentos por sangue, o sangue de Sansão, e Dalila estava mais do que disposta a preparar o massacre.

Como a mulher proibida, os lábios da tentação destilam mel, "mas no final é amarga como fel e afiada como uma espada de dois gumes" (Provérbios 5:4). A tentação nos rouba a honra e desperdiça nossas vidas (Provérbios 5:9); ela estraga nossas forças e arruína nosso trabalho (Provérbios 5:10); ela termina apenas em futilidade e arrependimento (Provérbios 5:11). "O ladrão", Jesus diz, "vem apenas para roubar, matar e destruir" (João 10:10). Essa é a missão da tentação, por mais doce e agradável que possa parecer no momento.

Então, como Dalila procurou destruir Sansão? Como a tentação venceu até mesmo o homem mais forte?

A Tentação Lidera com Prazer

A primeira lição pode parecer óbvia: a tentação nos seduz ao nos oferecer prazer. "Seduza-o e veja em que consiste o segredo da grande força que ele tem e com que poderíamos subjugá-lo" (Juízes 16:5). Antes que a tentação possa nos trair à destruição, ela precisa nos cortejar com alguma promessa de satisfação.

"Conte-me, por favor, de onde vem a sua grande força", Dalila diz a Sansão, "e como você pode ser amarrado e subjugado" (Juízes 16:6). Poderíamos esperar que ela o bajulasse ou flertasse, mas, em vez disso, ela lhe pergunta diretamente sobre o seu segredo. Como preto e branco em uma página, talvez nem mesmo soe como uma sedução. Mas esse tipo de conhecimento é intimidade. Perguntar era testar o amor dele e convidá-lo a se apaixonar mais profundamente por ela.

Claramente, Sansão não confiava completamente nela (ele mentiu para ela), mas ele, também claramente, apreciava a atenção e o carinho dela. Caso contrário, ela não teria tido uma segunda chance. Ele entretinha seus jogos porque havia experimentado seu amor — um amor vazio, certamente, mas que o agradava da mesma forma. Todo pecado depende desse amor. Como John Piper diz, "O poder de toda tentação é a perspectiva de que me fará mais feliz. Ninguém peca por dever". Que pecados o assolaram e que felicidade eles prometeram?

O prazer pecaminoso sempre será atraente se não tivermos colocado nosso coração em um prazer superior. "Tu me farás conhecer a vereda da vida, a alegria plena da tua presença, eterno prazer à tua direita" (Salmos 16:11). Alegria plena, não as frações com as quais frequentemente nos contentamos com o pecado. Prazer eterno, não as emoções efêmeras da luxúria, da ganância, da preguiça ou da inveja. O poder da tentação depende de acreditarmos que o pecado é melhor que a plenitude e a eternidade. Depende de estarmos cansados ou entediados de Deus, o prazer mais profundo e forte do universo.

A Tentação se Acumula na Vergonha

Se o pecado não pode nos atrair com prazer, ele nos atacará com vergonha. Dalila não estava progredindo na sedução, então ela começou a questionar a integridade de Sansão. Ela lhe disse, "Como você pode dizer que me ama se não confia em mim? Esta é a terceira vez que você me fez de boba e não me contou o segredo da sua grande força" (Juízes 16:15). Você percebe a ironia na estratégia dela? "Como você pode dizer que me ama se não confia em mim?" Enquanto isso, o coração dela está nas mãos dos homens perigosos lá fora.

Assim como Dalila, a tentação esconde seus próprios motivos assassinos para envergonhar seu alvo. A tentação pode não dizer, como Dalila, "Como você pode dizer que me ama?", mas talvez pergunte, "Como você pode dizer que ama a Deus?"

Uma razão pela qual alguns cedem com tanta frequência é porque acreditam que o pecado é quem eles são. Satanás é um acusador. E ele não acusa ocasionalmente, mas dia e noite (Apocalipse 12:10). Se ele conseguir convencê-lo de que você ainda é o mesmo velho homem — escravizado pela pornografia, consumido pela inveja, enfurecido pela ira, indefeso diante da preguiça — ele pode te convencê-lo a fazer quase tudo. Nossa vergonha e autopiedade são o alimento de Satanás. Sem elas, ele e todos os seus planos morrerão de fome e perecerão.

Quando Satanás vier acusá-lo — "Como você pode dizer que ama a Deus?" — saiba de antemão como responderá. "Eu não sou quem eu era (2 Coríntios 5:17). Fui crucificado com o meu Rei (Gálatas 2:20). Meu pecado foi cancelado (Colossenses 2:14) e não me domina mais (Romanos 6:14). Em Cristo, agora não há condenação para mim (Romanos 8:1). Deus me deu tudo o que preciso para resistir à tentação (2 Pedro 1:3; 1 Coríntios 10:13). Portanto, eu não serei envergonhado (Romanos 10:11)."

A Tentação te Desgasta

Dalila seduziu Sansão, depois o envergonhou e, eventualmente, o desgastou. "Importunando-o o tempo todo, ela o cansava dia após dia, a ponto de ele ficar extremamente abatido" (Juízes 16:16). O que começou com um flerte brincalhão terminou em fadiga e desespero. Ela pressionou e implorou, pressionou e implorou, até que ele (até ele!) não pôde suportar o peso de suas investidas. A tentação já foi assim para você?

Talvez você tenha resistido a explodir de raiva do seu cônjuge inicialmente, mas ele não cederia. Talvez você tenha se recusado a clicar naquele site inicialmente, mas algumas horas depois você estava mais cansado e vulnerável. Talvez você tenha trabalhado duro a semana toda e não tenha cedido à preguiça, apenas para cair em mais maratonas de séries e filmes no fim de semana. Talvez você tenha se alimentado com autocontrole por muitas semanas, mas os desejos lentamente o dominaram. A tentação raramente é uma flecha única a ser evitada, mas é, muitas vezes, uma onda ampla e prolongada de guerra destinada a nos desgastar até que nos rendamos.

Se a tentação depende da exaustão, a batalha contra ela deve ser mais do que apenas o que se deve ou não fazer no momento. Além das armas com as quais a maioria de nós está familiarizada — a palavra de Deus, o jejum e a oração, a comunhão e a prestação de contas — nossa capacidade de resistir aos ataques da tentação depende, pelo menos em parte, da saúde e da vitalidade de nossos corpos. Um bom sono, uma alimentação saudável e exercícios regulares são armas muito mais eficazes contra nossos pecados mais resistentes do que imaginamos ou esperamos. Se os negligenciamos ou desprezamos, convidamos Satanás a causar estragos.

Portanto, se quisermos vencer a tentação, devemos estudá-la — como ela seduz, envergonha e exaure — e preparar nossas almas para a guerra. Mergulhe em uma Alegria superior, ancore sua identidade e segurança em quem Deus diz que você é e, então, durma um pouco. A tentação não é uma inimiga simples, então nossa vitória não será fácil. Mas, em Cristo, será garantida.