A Obsessão pelo Facebook e a Angústia do Tédio
De Livros e Sermões BÃblicos
Por Tony Reinke Sobre Santificação e Crescimento
Tradução por Michael Suzigan
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O Facebook nunca foi tão viciante.
Em 2013, 63% dos usuários entraram diariamente no Facebook. Em 2014, esse número subiu para 70%. Se você abre o Facebook todos os dias, você se junta a mais de 864 milhões de outras pessoas com a mesma rotina compulsiva.
Para muitos de nós, o Facebook é um tipo de vício, um hábito padrão que agora está reprogramando nossos cérebros.
Ofir Turel, psicólogo da Universidade California State Fullerton, tem a pesquisa para mostrar isso. Para provar seu ponto, ele demonstra que é mais provável que os viciados no Facebook dirigindo um carro respondam mais rápido a um alerta de notificação nos seus celulares do que às placas de rua. "Este é o poder do Facebook", disse ele.
Turel foi co-autor de um estudo que mostra que o vício em Facebook ativa as mesmas regiões impulsivas da mente de viciados em drogas, mas com uma diferença significativa. Os viciados em Facebook, ao contrário dos usuários compulsivos de drogas, “têm a capacidade de controlar seu comportamento, mas não têm a motivação para controlar esse comportamento porque não veem a gravidade das consequências”, escreveu ele.
Muitos de vocês usam o Facebook e o Twitter para fins nobres, e isso deve ser aplaudido. Muitos de vocês estão lendo esta postagem por causa do Facebook. Mas a realidade autoevidente é que o vício em Facebook, como muitos vícios, é induzido pelo tédio. O Facebook é um refúgio para quando a vida fica monótona, uma máquina caça-níqueis digital em que jogamos para ganhar fichas de notícias interessantes ou vídeos engraçados. Ele foi projetado para ser assim.
Para muitos usuários, o Facebook é a válvula de escape para a qual nos voltamos, para satisfazer nosso Vício em Distração Induzida pelo Tédio (Boredom-Induced Distraction-Addiction, BIDA, em inglês). Neste ponto o vício se torna problemático.
O vício prejudicial do Facebook floresce porque não conseguimos ver o seu custo em nossas vidas. Então, quais são as consequências dos comportamentos compulsivos induzidos pelo tédio? Aqui estão três a considerar.
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1. O vício em Facebook sufoca a oração.
Parece não haver nenhum estudo comparando o tempo gasto em redes sociais com a satisfação pela oração na vida de uma pessoa, mas todas as indicações são de que há um problema se agravando.
Recentemente, perguntei a Tim Keller, pastor e autor do novo livro best-seller sobre oração, o quão generalizada é a falta de oração. “Isso é anedótico, mas todos com quem converso parecem tão ocupados, se comunicando tão incessantemente o tempo todo, que acho que há cada vez menos oração, cada vez menos as pessoas tomam um momento ou vão a um lugar solitário para orar. Tenho certeza de que estamos orando menos do que fazíamos no passado.” Então, o que isso diz sobre nossa saúde espiritual? "Nossa saúde espiritual", respondeu ele com franqueza, "está cada vez pior".
Quando a vida fica chata, nos voltamos cada vez mais para as surpresas (e diversões) de nossas fontes de notícias, não para a oração.
2. O vício em Facebook encobre a nossa autopercepção.
Em segundo lugar, vícios como o Facebook turvam nossa autopercepção. Essa foi a visão do matemático do século XVII Blaise Pascal. Ao observar os jovens do seu tempo, ele notou que se você "tirar a distração deles, você os verá abatidos pelo desânimo" porque " é realmente triste ... assim que somos compelidos a pensar em nós mesmos, e ficamos sem distração".
A falta de distração e o silêncio vêm com um peso que tentamos aliviar com frivolidade, disse Pascal. E assim, somos atraídos por distrações como o Facebook, para nos divertirmos, nos encaixarmos, nos expressarmos — qualquer coisa para quebrar o peso do silêncio.
Mais tarde, Pascal escreve: “Nada é tão insuportável para o homem quanto estar completamente em repouso, sem paixões, sem negócios, sem diversão, sem estudo. Ele então sente sua insignificância, seu desamparo, sua insuficiência, sua dependência, sua fraqueza, seu vazio. Cansaço, melancolia, tristeza, irritação, irritação, desespero surgirão imediatamente do fundo de seu coração.”
“Sem a solitude desconectada, não podemos sentir o peso de nossa necessidade; não podemos provar nosso desespero por Deus.” O peso do tédio tem a intenção de nos abrir para nossa insuficiência e nos despertar para nossa fome por graça.
3. O vício pelo Facebook nos cega para a beleza.
Como os estrategistas do Facebook sabem bem, os seres humanos não conseguem se conformar com a monotonia. Tente. Seu coração não vai permitir.
Não fomos criados para viver no tédio. Nosso tédio decorre de nosso pecado, e nosso tédio acumulado acabará por nos tornar tremendamente vulneráveis à atração de distrações triviais e seduções corruptoras.
Sam Storms escreve: "O tédio é contrário ao impulso natural, dado por Deus, por fascinação, excitação, prazer e euforia". Ele adverte que quando confrontado com uma vida de tédio, você morre emocionalmente ou "corre loucamente para qualquer emoção extrema e extravagante que possa encontrar para substituir seu sofrimento por prazer, seja pornografia, adultério, drogas ou fantasias de fama e poder". Ou, em seu tédio, você se voltará para distrações que parecem tão inócuas como entretenimento e à máquina caça-níqueis digital chamada Facebook.
O modo como reagimos ao tédio diz muito sobre nossos corações e explica por que somos tão propensos a estilos de vida e hábitos viciantes, escreve Storms.
Muitas pessoas que caem em vícios pecaminosos são pessoas que já estiveram terminalmente entediadas. A razão pela qual os vícios são tão poderosos é que eles exploram aquele lugar em nossos corações que foi feito para a comunhão transcendente e o romance espiritual. Esses hábitos viciantes entorpecem e amortecem nossos anseios por uma satisfação que tememos nunca encontrar, ou fornecem uma falsa satisfação alternativa que achamos que trará felicidade a longo prazo — alternativas como cocaína, comer em excesso, relações ilícitas, ocupação, eficiência, imagem ou obsessão com a beleza física. Todos eles encontram seu poder no desejo inescapável do coração humano de ser fascinado, satisfeito e encantado. Nossos corações invariavelmente nos levarão aos prazeres fugazes do vício ou a Deus.
Essa mesma sedução está por trás dos “grandes” vícios, dos “pequenos” vícios e de todos os vícios intermediários. Nas palavras de um velho axioma, mente vazia, oficina do diabo. Porém, mais fundamentalmente, os entediados se acomodam rapidamente com o pecado. Qualquer distração que alivie temporariamente nosso tédio se torna nosso ponto cego ético. Aí está o problema.
A Cura para o Nosso Tédio
Para criaturas como nós, criadas para adorar a glória, devemos encontrar um objeto digno de nossa adoração. A cura para o tédio não é diversão ou distração, mas um encanto substancial, diz John Piper. Devemos encontrar Deus, “para sermos intelectual e emocionalmente estonteados pela supremacia infinita, eterna e imutável de Cristo em todas as coisas”.
Isso significa que o ímpeto de silenciar nosso tédio com o hábito compulsivo de puxar a alavanca da máquina caça-níqueis chamada Facebook é algo que pode ser quebrado. Mas isso só acontecerá se nossa visão determinante de Deus for grande o suficiente para vê-lo como belo e "infinitamente criativo", tão criativo, que para aqueles que o adoram, diz Piper, "não haverá tédio para os próximos trilhões de eras de milênios".