Todo Aquele Que É Nascido De Deus Não Vive Na Prática De Pecado

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: No One Born of God Makes a Practice of Sinning

© Desiring God

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Por John Piper Sobre Santificação e Crescimento
Uma Parte da série You Must Be Born Again

Tradução por Desiring God

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. 2 Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 3 E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro. 4 Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei. 5 Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado. 6 Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu. 7 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo. 8 Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 9 Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. 10 Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão.

A questão que vamos abordar hoje é: como pessoas que experimentaram o milagre do novo nascimento lidam com a sua própria natureza pecaminosa enquanto tentam viver na plena segurança da salvação? Ou seja, como lidamos com o conflito entre a realidade do novo nascimento de um lado e o nosso pecado contínuo do outro lado? Como você equilibra o perigo de perder a segurança da salvação e o perigo de ser prepotente de que você é nascido de novo quando talvez você não seja? Como podemos desfrutar da segurança de ser nascido de novo e não subestimar a natureza pecaminosa de nossas vidas que é tão fora de compasso com o ser nascido de novo?

A primeira carta de João, mais do que qualquer outro livro na Bíblia, parece ser projetado para nos ajudar nesta prática batalha diária. Considere 1 João 5:13: "Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus." O livro é escrito, ele diz, para ajudar os crentes a ter plena segurança de que eles nasceram de novo — ou seja, que eles tem uma vida espiritual nova que nunca vai morrer. João quer que você — Deus quer que você — experimente algo nessa carta que o faça profundamente confiante de que você passou da morte para a vida.

1 João 3:14 diz: "Nós sabemos que já passamos da morte para a vida." Jesus diz em João 5:24:"Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida.". Então, João e Jesus têm um zelo de que os crentes saibam que o julgamento está atrás de nós, e a morte está atrás de nós, porque o nosso julgamento aconteceu quando Jesus foi julgado no nosso lugar, e a nossa morte aconteceu quando Jesus morreu no nosso lugar. E, portanto, nova vida está em nós e essa vida não pode perecer e não pode ser roubada. É eterna. Essa é a segurança que João e Jesus querem para você: "Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus." (1 João 5:13).

Tabela de conteúdo

A Tolice Dos Falsos Professores

Mas algo está acontecendo nas igrejas às quais João está escrevendo, que o preocupa profundamente. Seja lá o que for, isso ameaça destruir essa segurança. Há falsos professores que estão dizendo coisas que podem dar a impressão de boas novas e forte segurança, mas terão o efeito exatamente oposto. Lidando com estes falsos professores, João nos mostra como lidar com o nosso próprio pecado em relação à luta pela segurança. O que estes falsos professores estavam dizendo?

Primeiro, eles estavam dizendo que o pré-existente Filho de Deus, Jesus Cristo, não veio em carne. Eles não acreditavam na união plena do pré-existente Filho de Deus com uma natureza humana carnal como a nossa. Aqui está o que Paulo diz sobre eles em 1 João 4:1-3: "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo."

Desconectando Cristo e a Carne

Há muita coisa que poderíamos dizer sobre essa antiga heresia, mas eu apenas quero focar em uma coisa. Estes falsos professores desconectavam Cristo da carne. Veja o verso 2: "Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;". Eles não gostavam da ideia de o pré-existente Cristo ser unido com a carne humana.

Aqui está a razão que é relevante para a nossa questão hoje. Essa visão da pessoa de Cristo não ser unida à carne física de modo corporal evidentemente teve um efeito prático e moral na maneira com que estes falsos professores viam a vida cristã. Assim como eles desconectavam a pessoa de Cristo da vida física ordinária, eles desconectavam a existência do crente com a vida física ordinária.

Desconectando Cristãos e a Carne

Um dos lugares mais claros para ver isso está aqui em nosso texto: 1 João 3:7. João diz: "Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém [ele tinha os falsos professores em vista]; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo." O que ele está dizendo? Ele está dizendo: esteja ciente dos falsos professores porque eles dizem que você pode ser justo e não praticar a justiça. "...não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo."

Em outras palavras, João se opôs não apenas a sua visão sobre Cristo, que eles desconectam sua pessoa da vida corporal ordinária de fazer coisas, mas ele também se opõe a sua visão da vida cristã quando eles desconectam nossa pessoa da vida ordinária corporal de fazer coisas: "A carne não importou realmente para Jesus, o que importou foi que de alguma forma, em um modo espiritual, ele foi o Cristo e não houve união real do pré-existente Cristo com o homem físico Jesus. E nossa carne não importa realmente também, mas de alguma forma, em um modo espiritual, nós nascemos de novo, mas não há união real entre a nova criação e a nossa vida física que pratica a justiça ou o pecado." Isto leva diretamente ao erro que João aponta em 1 João 3:7, que você pode ser justo em algum modo espiritual, e não praticar a justiça em sua vida física ordinária.

Agora, João tem três respostas a este ensinamento falso.

A Encarnação de Cristo Dura Para Sempre

Primeiro, ele insiste que a carne de Jesus e a pessoa do pré-existente Cristo são inseparáveis. 1 João 4:2: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus." Note que não diz "veio pra carne" como se a união com a carne e ossos aconteceram por um pequeno período e depois parou. Ele diz "veio em carne".

Essa encarnação dura para sempre. A segunda pessoa da Trindade vai para sempre ser unida com a natureza humana. Nós vamos sempre conhecê-lo como Jesus. um como nós, e infinitamente acima de nós — o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29). Deus não desprezou nem despreza a criação física que ele fez. Ele veio em carne. E o Filho de Deus permanece em carne para sempre. Então, a primeira resposta de João ao ensinamento falso é tornar reta a sua visão de Cristo. Sua existência física não é miragem. Não é secundária. Não é sem importância. O fato de ele ter um corpo marca e identifica-O para sempre.

O Agir Cristão Confirma O Ser Cristão

A segunda resposta de João ao falso ensinamento é negar enfaticamente o ensino de que a vida espiritual pode ser separada da prática física. João, na verdade, insiste que a vida espiritual deve ser validada pela prática física, ou então a vida espiritual simplesmente não é real. É isso que ele quer dizer em 1 João 3:7: "Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.". Os enganadores estavam dizendo: você pode ser justo e ainda não praticar a justiça. João diz: pessoas que são justas são as que praticam a justiça. O agir confirma o ser.

É isso o que João diz muitas e muitas vezes na sua carta. Por exemplo, em 1 João 2:29, ele diz: "Se sabeis que ele é justo, reconhecei também que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele." Em outras palavras, a prática da justiça é a evidência e a confirmação de ser nascido de novo.

Não Praticar Pecado: Evidência Do Novo Nascimento

Ou considere 1 João 3:9: "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus." A prática do pecado é a evidência e a confirmação de que um sujeito não é nascido de Deus. O agir confirma o ser. Não praticar o pecado é a evidência e a confirmação de ser nascido de novo.

E a razão pela qual o novo nascimento inevitavelmente muda a vida de pecado, João diz, é que quando nascemos de novo, a "semente de Deus" permanece em nós, e nós "não podemos viver pecando". É de tal maneira que a conexão entre o novo nascimento e a vida física diária existe. A semente pode ser o Espírito de Deus, a Palavra de Deus ou a Natureza de Deus — ou os três. Qualquer que seja especificamente, Deus mesmo está trabalhando no novo nascimento tão poderosamente que não podemos viver pecando. A semente de Deus não pode estar em paz com um padrão de comportamento pecaminoso.

Esses falsos professores que pensam que podem separar quem eles são espiritualmente de quem eles são fisicamente não entendem a encarnação nem a regeneração. Na encarnação, o pré-existente Cristo é realmente unido com um corpo físico. E na regeneração, a nova criação em Cristo tem efeitos reais e inevitáveis em nossa vida física de obediência.

Rejeitar Toda Noção de Ausência de Pecado no Nascido de Novo

A terceira resposta de João ao falso ensinamento é rejeitar toda noção de ausência de pecado em pessoas nascidas de novo. Evidentemente, o modo com que este falso ensinamento estava operando era que, ao desconectar ser justo de praticar justiça(3:7), eles eram capazes de dizer: "Bem, mesmo se o seu corpo faz coisas pecaminosas, não é realmente você. O você real é o você nascido de novo; e o você real está tão acima da vida física diária que nunca é corrompido pelo pecado".

Então, esta desconexão que os falsos professores fizeram entre quem você é e o que você faz os levou, evidentemente, a dizer que crentes nunca realmente pecam. Como eles poderiam? Eles são nascidos de Deus. São novas criaturas. Eles têm a semente de Deus neles. Então, João dirige suas armas a este erro três vezes. É importante que você os veja.

1) Não Há Cristãos Sem Pecado.

1 João 1:8: "Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós." Nós! Nós crentes nascidos de novo. Em outras palavras, não deixe o engano destes falsos professores operar. Não há cristãos que não cometem pecado.

2) O Nascido de Novo Tem um Advogado.

1 João 2:1: "Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;". Em outras palavras, João não assume que se você pecar, você não é nascido de novo. Ele assume que se você pecar, você tem um Advogado, Jesus Cristo. E apenas aqueles que são nascidos de novo tem esse Advogado.

3) Existe Pecado Que Não Leva à Morte.

1 João 5:16-17: "Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que rogue. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.."

Note a última cláusula: "Há pecado que não é para morte". É por isso que você pode ver o seu irmão cometendo pecado. Ele é seu irmão. Ele é nascido de novo. E ele está pecando. Como pode ser? Porque há pecado que não leva à morte. Eu não penso que há tipos particulares de pecados em vista, mas graus de enraizamento e persistência habitual. Há um ponto de pecado confirmado que pode o tirar da linha de retorno e você será como Esaú que buscou arrependimento e não conseguiu encontrá-lo (Hebreus 12:16-17).

Como o Nascido de Novo Lida Com o Seu Pecado?

Agora, nós chegamos à questão que levantamos no começo. Como pessoas que experimentaram o milagre do novo nascimento lidam com sua própria natureza pecaminosa enquanto tentam viver em plena segurança da sua salvação? Minha resposta é: você lida com isso do jeito que você usa os ensinamentos de João. João adverte contra a hipocrisia (declarando ser nascido de novo quando a sua vida o contradiz), e João celebra o Advocacia e A Propiciação de Cristo aos pecadores.

A pergunta é: como você usa essas duas verdades? Como você usa a advertência de que você pode enganar a si mesmo? Como você usa a promessa: "se nós pecarmos, temos um Advogado"? A evidência do novo nascimento está em como essas duas verdades funcionam na sua vida:

Aqui está o jeito que elas funcionam se você é nascido de novo:

1) Evitando Prepotência, Voando para o Advogado

Você está escorregando na direção de um modo de pensar morno, imprudente e prepotente sobre sua própria natureza pecaminosa. Você está começando a descer uma ladeira ou ser indiferente a se você é santo ou mundano. Você está perdendo sua vigilância contra atitudes e comportamentos maus — e começando a se acostumar a padrões pecaminosos de comportamento.

Quando a pessoa que nasceu de novo experimenta isso, a verdade de 1 João 3:9 ("aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado") tem o efeito, pelo Espírito Santo, de despertá-lo do perigo dessa condição de tal maneira que ele voa para o seu advogado e a sua propiciação em busca de misericórdia, perdão e justiça. Ela confessa o seu pecado e recebe limpeza (1:9), seu amor por Cristo é renovado, a doçura do seu relacionamento é recuperada, o ódio ao pecado é restaurado e a alegria do Senhor novamente se torna a sua força.

2) Evitando o Desespero, Voando para o Advogado

Você está se afundando em medo, desencorajamento e até desespero de que a sua justiça, o seu amor pelas pessoas e a sua luta contra o pecado não são bons o suficiente. Sua consciência o está condenando, e seus próprios feitos parecem tão imperfeitos para você que nunca poderiam provar que você nasceu de novo.

Quando a pessoa que nasceu de novo experimenta isso, a verdade de 1 João 2:1 tem o efeito, pelo Espírito, de resgatá-la do desespero: "Filhinhos meus [ele queria mostrar ternura para com as suas consciências], estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo;"

A advertência de João sobre a hipocrisia o chama de volta do precipício da prepotência. A promessa de João sobre um Advogado o chama de volta do precipício do desespero.

O Poder Redentor da Palavra de Deus

O novo nascimento lhe possibilita ouvir as Escrituras e usar as Escrituras de forma auxiliar e redentora. Novo nascimento não usa a promessa "Nós temos um Advogado" para justificar uma atitude de indiferença ao pecado.

O novo nascimento não usa a advertência "Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado" para derramar gasolina nas chamas do desespero. O novo nascimento tem um discernimento espiritual que identifica como usar o ensinamento de João: o novo nascimento é disciplinado e tornado sóbrio pelas advertências, e o novo nascimento é excitado e capacitado pela promessa de um Advogado e de uma Propiciação.

Que O Senhor confirme o seu novo nascimento por ambas respostas com a palavra de Deus. Que ele lhe conceda a aderência tanto à advertência quanto ao conforto e coloque-os ao uso espiritual adequado na preservação da plena segurança da sua salvação.