Será que Deus me chamou para escrever?

De Livros e Sermões Bíblicos

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English: Has God Called Me to Write?

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Por John Piper Sobre Santificação e Crescimento
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Tradução por Pedro Henrique Lima de Oliveira

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Transcrição do Áudio

Da última vez você falou aos escritores, e eu quero que você fale novamente. Fale com aqueles entre nós que são escritores (ou aqueles entre nós que aspiram servir a igreja como escritores) sobre chamado. A maioria dos escritores cristãos parece escrever a fim de se expressarem, não por uma convicção consciente de que Deus os chamou para escrever — certamente não no sentido formal de chamado ao ministério como dos pastores. Então fale aos escritores. Como eu saberia se Deus está me chamando para esse trabalho?

O chamado de Deus no Novo Testamento é principalmente o nosso chamado das trevas para a luz. Você sabe disso. Muitas pessoas sabem disso. É principalmente nosso chamado na conversão. Então quando falamos sobre chamado, é normalmente dessa forma que o Novo Testamento fala sobre isso.

Mas também pode se referir ao nosso trabalho, como em 1 Coríntios 7:15. Quando se refere, pode significar o lugar em que Deus nos colocou quer gostemos ou não. Em outras palavras, não é guiado por nossos desejos, como a servidão. Paulo lida com isso em 1 Coríntios 7. Se você está em uma posição horrível de servidão, esse é o seu chamado no momento, quer você goste disso ou não. Pode significar também algo que você pode escolher, como liberdade da servidão, que ele também trata em 1 Coríntios 7. Aliás, a maioria das pessoas no mundo não tem liberdade de escolher o próprio trabalho e ainda assim tem um chamado. Eu quero deixar isso claro, porque nós ocidentais temos tantas opções incríveis — com 15 anos já sonhamos com 10 coisas que podemos ser quando crescermos. A maioria das pessoas no mundo não tem esse tipo de liberdade, mas ainda assim elas têm um chamado. Onde quer que estejam, eles podem ter um chamado.

No entanto, eu estou me direcionando àqueles que têm alguma liberdade na qual podemos discernir entre as possíveis coisas a fazer. Então o meu entendimento desse tipo de chamado é que ele é uma obra de Deus nas nossas mentes e corações e habilidades e relacionamentos que resulta em um desejo de escrever que é recorrente, não temporário; de longo prazo, não momentâneo; envolvente, não meramente interessante; benevolente, não egoísta; que exalta a Cristo, não a si mesmo, e que se prova útil para a vida dos outros. Essa é a minha definição de um chamado para escrever. Vou dizer novamente: é um desejo de escrever que é recorrente, não temporário; de longo prazo, não momentâneo; envolvente, não meramente interessante; benevolente, não egoísta; que exalta a Cristo, não a si mesmo, e que se prova útil para a vida dos outros..

Então me permita ilustrar como emerge esse chamado através dos níveis de impulso de escrever que muitos de nós passamos. É bom escrever por causa da descoberta. Nós aprendemos enquanto escrevemos e escrevemos enquanto aprendermos. Esse processo é bom. É uma das principais razões para manter um diário, por exemplo, quando você é mais novo ou mais velho — um caderno de ideias onde você pode desenvolver as suas ideias e os seus pensamentos. Esse impulso, no entanto, ainda não é o chamado de Deus para escrever. Esse impulso está em você. Você ainda não sabe se você tem um chamado divino para ser um escritor.

Em segundo lugar, é bom escrever por causa do artesanato ou da beleza. Seres humanos amam criar coisas. Alguns criam refeições deliciosas, servidas lindamente. Alguns criam casa lindas com tudo decorado de modo agradável. E alguns criam máquinas que fazem coisas incríveis. Alguns criam planos de aula para ensinar. Alguns criam pinturas, esculturas, músicas, pátios, sacadas, portos, e mais e mais coisas. Somos criadores por natureza. E temos uma satisfação apropriada em criar coisas. E muitas pessoas buscam criar algo belo com a escrita — algo interessante, algo envolvente. E isso é bom, mas ainda não é o chamado divino para escrever. Somente ter esse impulso não é um chamado.

E então há o impulso de escrever, não somente para aprender e não somente para criar algo belo ou interessante ou envolvente, mas também o impulso de instruir e despertar e deleitar e transformar pessoas em obedientes adoradores de Cristo. Quando esse impulso toma uma pessoa, ela está experienciando um chamado de Deus para escrever. Então o impulso de escrever, para descobrir e aprender, nunca é suficiente. Ele é bom. Ele é real. Mas ele não satisfará. O impulso de fazer algo belo e interessante e envolvente nunca é suficiente. Ele é real e bom, mas ele não satisfará a pessoa que tem um chamado divino de Deus na sua vida para escrever.

Um chamado divino para escrever é um chamado de Deus, por Deus e para Deus. Enquanto a escrita não é para Deus, ela não é um chamado de Deus. Dessa forma, nós movemos do descobrimento da verdade para a escrita como expressão criativa — para a escrita com o papel de um servo na escrita — que há pouco descrevi dessa forma: o impulso de instruir e despertar e deleitar e transformar pessoas em obedientes adoradores de Cristo. Intruir na extenção infinita da verdade, despertar para a glória de Deus que brilha por meio de tudo que Ele fez, deleitar com o artesanato da poesia e dicção e estilo e estória, transformar as pessoas em gente que se alegra em Deus conosco e anda de modo que agrada a Deus.

O que significa que o chamado para escrever é em todos os sentidos um chamado para influenciar e transformar, despertar, instruir e deleitar. E é um chamado, portanto, para orar e confiar em Deus, pois não somos capazes de fazer tudo isso por meio da escrita. A escrita tem de se tornar um instrumento nas mãos do Espírito Santo e do Seu poder miraculoso. Logo a pessoa com o chamado de Deus para ser uma escritora é uma pessoa chamada para fazer na vida dos outros, por meio da escrita, aquilo que só Deus pode fazer.